30 de nov. de 2010

Rebeldia (Isaías 1:20)

Rebeldes. A rebeldia é um dos piores pecados, porque o rebelde vai contra um conhecimento que sabe ser verdadeiro e bom (3 Néfi 6:18). A rebeldia vem do orgulho e gera primeiro arrogância, discórdia e desdém e depois apostasia, distorção dos convênios e finalmente negação do testemunho do Espírito Santo.

Falando sobre esse tema, o Presidente Spencer W. Kimball disse que os rebeldes “deixam de prestar testemunho a seus descendentes, destroem a fé em seu próprio lar e negam o ‘direito do sacerdócio’ às gerações posteriores que de outro modo talvez tivessem sido fiéis em todas as coisas (...)”. Disse também que muitos dos rebeldes só chegam a se arrepender “com o uso de forças externas.” Estes precisam “ser descobertos, castigados e punidos antes que possam passar por uma transformação” (Milagre do Perdão, “Estas (...) Coisas o Senhor odeia (...)”, pg. 44).
Infelizmente a Casa de Israel não aceitou a correção do Senhor e continuou em sua franca rebeldia, pro isso foram dispersos e destruídos.

26 de nov. de 2010

Quem é o Davi que há de surgir nos últimos dias?

Você já deve ter ouvido essa “doutrina profunda” a de que um homem chamado Davi há de surgir nos últimos dias e ele reinará em Israel, já que o primeiro Davi pecou. Temos que ter cuidado com essa especulação. Primeiro porque embora as escrituras mencionem a doutrina de um novo Davi que reinará (Jeremais 33:15-21), a interpretação feita pode estar equivocada. De fato esta equivocada.
O Davi que há de surgir nos últimos dias para reinar na casa de Israel não é o élder David A. Bednar como já ouvi alguns membros comentarem! Nem mesmo é um homem com o nome “Davi”. Não é o homem poderoso e forte mencionado em D&C 85:7. O Davi mencionado das escrituras que há de reinar nos últimos dias é tão somente o próprio Senhor Jesus Cristo.

“Porque assim diz o Senhor Deus; Eis que eu,eu mesmo, procurarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei. (...) eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas (...) E suscitarei sobre elas um pastor, ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhe servirá de pastor. (...) O meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu o Senhor, o disse” (Ezequiel 34:11, 15, 26).
O Sumo Pastor de almas é o Senhor Jesus Cristo (D&C 50:44, Alma 5:37-38, GEE "Bom Pastor"). Ele apascentará seu povo e reinará sobre suas ovelhas.
Essa é a mesma doutrina explicada em Isaías, sobre o Renovo de Davi (Isaías 11:1). Joseph Smith aprendeu que esse Renovo de Davi é Cristo (D&C 113:1-2).
O élder Bruce R. McConkie explicou: “Que o Renovo de Davi é Cristo esta perfeitamente claro. Agora veremos que é chamado Davi, que ele é um novo Davi, o Davi Eterno que há de reinar para sempre no trono de seu antigo antepassado: “porque será naquele dia, diz o Senhor, dos Exércitos”, isto é no grande dia milenial da coligação, que eles “servirão ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhes levantarei” (Jeremias 30:8-9). (...) O Trono de Davi foi derrubado séculos antes do nascimento de Cristo (...) As promessas porém persistem. O trono eterno será restaurado no devido tempo, e ocupado por um novo Davi, o qual há de reinar para todo sempre.” (The Promised Messiah, pg. 192-195)
Porque o Reino do Senhor Jesus Cristo é comparado com o reino do Rei Davi, filho de Jessé? O guia de Estudo para as Escrituras explica: "Apesar dessas calamidades, o reinado de Davi foi o mais brilhante da história israelita, pois (1) uniu as tribos em uma só nação, (2) assegurou a posse incontestável do país, (3) baseou o governo na religião verdadeira, de modo que a vontade de Deus era a lei de Israel. Por essas razões, o reinado de Davi mais tarde foi considerado como a época de ouro da nação e um protótipo da era mais gloriosa que o povo esperava, quando o Messias viesse (Isa. 16:5; Jer. 23:5; Eze. 37:24–28)"

23 de nov. de 2010

Racismo

Uma das piores formas de preconceito é o racismo, que é a idéia equivocada de que uma raça é superior a outra. O racismo é um instrumento do diabo e causou muitas das piores desgraças na humanidade.
No Brasil o racismo é crime inafiançável, no Evangelho é um pecado gravíssimo que frutifica do orgulho.
Néfi estava falando sobre vários pecados como mentira, roubo, tomar o nome do Senhor em vão, sentir inveja, ter malícia, disputar com os outros e cometer libertinagens ao declarar que o Senhor ordenara “que não façam qualquer destas coisas, porque quem as fizer perecerá”.
E disse também: “Pois nenhuma destas iniqüidades vem do Senhor, porque ele faz o que é bom para os filhos dos homens; e não faz coisa alguma que não seja clara para os filhos dos homens; e convida todos a virem a ele e a participarem de sua bondade; e não repudia quem quer que o procure, negro e branco, escravo e livre, homem e mulher; e lembra-se dos pagãos; e todos são iguais perante Deus, tanto judeus como gentios” (2 Néfi 26:32-33).
A mentira de que um homem é superior a outro gera o preconceito. Essa mentira foi usada por Cortez e os espanhóis, que saquearam os astecas; usada pelos portugueses, que em busca de riquezas compravam ou capturavam negros da África; usada por Hitler, que achava que sua estirpe era mais elevada que os outros; e usada por Osaba Bin Laden ao destruir as torres gêmeas.
Quando os judeus abraçaram tal mentira, dizendo que por serem descendentes do patriarca Abraão eram superiores aos outros homens, Deus os repreendeu pela boca de seu profeta, João Batista: “E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.”
O povo do Senhor não deve ser racista. Quando os nefitas começavam a cometer esse pecado Jacó os advertiu severamente:
“Portanto eu vos dou um mandamento, que é a palavra de Deus: que não mais os injurieis por sua pele escura nem os injurieis por causa de sua imundície; mas deveis recordar vossa própria imundície e lembrar-vos de que a imundície deles lhes adveio por causa de seus pais. (...) Ó meus irmãos, dai ouvidos as minhas palavras; despertai a sensibilidade de vossa alma; sacudi-vos, a fim de acordardes do sono da morte; e livrai-vos das penas do inferno, para não vos tornardes anjos do diabo e serdes jogados no lago de fogo e enxofre, que é a segunda morte” (Jacó 3:9, 11).
Jacó estava falando aos membros da Igreja de sua época. Infelizmente alguns membros da Igreja hoje são racistas. Que pecado terrível! Acaso esses membros não se lembram da História da Igreja e da Doutrina da Igreja?
Ora, uma das razões principais porque os membros da Igreja fora expulsos do Missouri foi a de que eram contra a escravidão dos negros e dos índios. Isso perturbou os donos de terras daquele Estado, que não pensavam dessa forma. Uma ordem de extermínio foi emitida e os membros da Igreja tiveram que deixar seus lares.
Na doutrina de Igreja vemos que todas as nações são convidadas para o banquete nupcial com o Salvador. É verdade que algumas nações foram convidadas primeiro que outras, mas isso não dá direito aos que chegaram primeiro de acharem-se superiores aos outros. Afinal, não importa a ordem do convite – todos terão a mesma recompensa: a vida eterna, caso permaneçam fieis (Mateus 20:1-16).
O élder Joseph W. Sitati, dos Setenta ensinou: “Depois de Sua Ressurreição, o Salvador indicou que o tempo para que o evangelho fosse levado aos gentios havia chegado (...).
Por meio do profeta Joseph Smith, o Senhor revelou que os critérios determinantes para a ordem em que as nações dos gentios devem ser convidadas inclui a capacidade de nutrir espiritual e temporalmente o reino de Deus como estabelecido na Terra pela última vez.
Vemos que, à medida que a Igreja Restaurada começou a ser estabelecida sobre a Terra, os profetas vivos procuraram a vontade de Deus e a seguiram a respeito de como o evangelho deveria espalhar-se entre as nações.” (Conferência Geral outubro de 2009, http://lds.org/conference/talk/display/0,5232,23-2-1118-33,00.html#notes)
Com essa doutrina em mente, entendemos que embora houvesse homens que não receberam o sacerdócio antes de 1978, Deus e sua Igreja nunca foram preconceituosos. Isso não combina com o povo de Deus.
Por isso tomemos cuidado com piadas racistas e comentários maldosos sobre pessoas de outras nações, culturas ou raças. Além de falar sobre a história da Igreja e doutrina querendo achar argumentos racistas. Deus se ofende de alguém que se considera superior aos outros. Ele disse: “Não apreciareis uma carne mais que outra, ou seja, nenhum homem se considerará melhor que outro” (Mosias 23:7).
Disse também o Senhor através de seu profeta, o presidente Gordon B. Hinckley: “Surgem conflitos raciais em toda a sua sordidez. Fui alertado de que até aqui, entre nós, algumas dessas coisas acontecem. Não entendo isso. Achei que tínhamos todos nos regozijado com a revelação dada ao Presidente Kimball em 1978. Eu estava no templo na ocasião. Nem eu nem os que estavam comigo tivemos a menor dúvida de que essa revelação era a mente e a vontade do Senhor. Foi-me dito que às vezes se ouvem comentários e insultos racistas em nosso meio. Lembro a vocês que nenhuma pessoa que faça comentários depreciativos a respeito de outras raças pode considerar-se um verdadeiro discípulo de Cristo; nem tampouco pode achar que está agindo de acordo com os ensinamentos da Igreja de Cristo. Como poderia um portador do Sacerdócio de Melquisedeque ser arrogante a ponto de se achar qualificado a receber o sacerdócio, enquanto que outro que vive em retidão, mas cuja pele seja de outra cor, não se qualifique?
Durante todo o meu tempo de serviço na Primeira Presidência, reconheci e falei diversas vezes sobre a diversidade que vemos em nossa sociedade. Ela está a nosso redor e devemos fazer um esforço para assimilá-la.
Que todos nós reconheçamos que cada pessoa é filha do Pai Celestial e que Ele ama todos os Seus filhos. Irmãos, não há fundamento para o ódio racista no sacerdócio desta Igreja. Se qualquer um ao alcance de minha voz tiver esse tipo de inclinação, que busque ao Senhor, peça perdão e não se envolva mais com isso” (A Liahona, Maio de 2006, pg. 58).

22 de nov. de 2010

Quais são as prioridades da vida?

O élder Jensen, da presidência dos setenta falou, num recente serão para o MAS em São Paulo (21/11/2010 – Caxingui), sobre a importância das prioridades em nossa vida, e disse: “Quando nossas prioridades estão fora de ordem, perdemos poder.”

Mas quais são nossas prioridades? Quais deveriam ser?
Eu creio que essa pergunta não possa ser completamente respondida de modo genérico e padronizado. Cada idade, cada circunstância, cada fase da vida alteram as prioridades. Por exemplo, para um rapaz da Igreja de 19 anos a prioridade é, sem dúvida, ir para missão e tornar-se um missionário; mas para uma moça de 19 anos a prioridade pode ser a de tornar-se uma excelente aluna na faculdade e ajudar sua mãe. Para um idoso avó a prioridade pode ser passar tempo com os netos, e para um jovem menino a prioridade pode ser ganhar no campeonato de futebol. Entretanto um rapaz de 19 anos que seja fisicamente impossibilitado não tem como prioridade fazer uma missão, bem como uma moça de 19 anos pode ter como prioridade cuidar do marido e do recém nascido bebê. E no caso do avó a prioridade pode ser fazer uma missão de casal no Templo. E quanto ao menino pode ser trabalhar duro, mesmo na tenra idade para ajudar seus pais e família a sobreviver.

Aquilo que queremos e aquilo que podemos nem sempre se transfiguram em prioridades. Mas sempre aquilo que devemos torna-se nossa prioridade. De modo ideal aquilo que queremos e o que podemos combina perfeitamente com o que devemos. Por exemplo: quero ter filhos, posso ter filhos e devo ter filhos. Todavia nem sempre é assim. Uma mulher fiel pode desejar ter filhos entender que deve ter filhos, mas não pode gerar filhos por ser estéril. Neste caso, a graça de Cristo lhe é suficiente – ela será justificada, e se permanecer fiel um dia poderá ter filhos. Mesmo que, neste exemplo, a mulher não possa ter filhos, ela será julgada pelo seu desejo em fazer aquilo que devia ter feito (D&C 137:9).
Além disso, o que devemos não deve ser realizado por meios iníquos. Por exemplo, devemos falar do evangelho as pessoas que não são da Igreja – mas se o fizermos usando de mentiras ou criticas sobre outras religiões estamos errados e nosso dever é vão.

Há algumas prioridades básicas de todo homem: amar a Deus de todo coração poder mente e força, e amar ao próximo como a si mesmo (Lucas 10:27). A prioridade de alguém que busca o reino de Deus e sua justiça faz com que este indivíduo mereça a bênção de que tudo lhe será acrescentado (3 Néfi 13:33).
Se nossa prioridade for Deus, então não hesitaremos de cumprir seus mandamentos. Não será problema para alguém que coloca Deus acima de tudo e todos pagar o dízimo ou fazer jejum todo mês ou visitar os aflitos ou ir ao Templo com freqüência.
Fazendo as primeiras coisas as segundas coisas se colocam no devido lugar. Assim sendo, devemos achar espaço para ler as escrituras e orar em nosso atarefado dia. Se o fizermos estamos colocando Deus em primeiro lugar.
Meu pai costuma dizer que o mandamento mais importante para nós é aquele que temos mais dificuldade em cumprir. Assim sendo, se priorizarmos nossos esforços para cumprir tal mandamento colocamos Deus em primeiro lugar.
Nem sempre é fácil reconhecer qual é a prioridade. Há inúmeros conflitos de interesse, tentações, opiniões, desafios, etc. Deve-se buscar revelação para se descobrir. Felizmente o Senhor, os profetas e apóstolos que nos amam, nos ajudaram a descobrir quais são nossas muitas responsabilidades. Se ponderarmos em espírito de oração seus conselhos nas escrituras certamente as descobriremos. Se as colocarmos no devido lugar prosperaremos.

O link para descobrir as prioridades para os próximos seis meses é esse: http://lds.org/conference/sessions/display/0,5239,23-2-1299,00.html

21 de nov. de 2010

REVELAÇÃO: Receber, Reconhecer e Agir

Cada vez mais precisamos confiar nas revelações de Deus. O mundo tem tantas vozes que é extremamente difícil saber qual voz é a correta e qual delas trará felicidade.

O povo do Senhor deve confiar Nele e viver de toda palavra que sai da boca de Deus. A revelação é essencial para que possamos confiar em Deus, ouvir sua voz e tornarmo-nos felizes hoje e para sempre. Ninguém pode viver sem as revelações de Deus e ser feliz no mundo atual.
Portanto, novamente, posto algo a cerca do tema revelação. Precisamos saber como (1) receber revelação, depois precisamos (2) reconhecer quando a revelação nos chega e por fim (3) agir conforme o que recebemos.


Receber Revelação. A revelação é a comunicação sagrada que Deus tem com os homens (GEE “Revelação”). O mandamento que nos chega como um agradável convite é: pedi e recebereis, batei e ser-vos-á aberto, buscai e encontrareis (3 Néfi 14:7-8). Deus deseja revelar-se a nós (D&C 76:5). Ele o faz de diversas formas (visões, sonhos, ministrações de anjos, sentimentos, pensamentos, através de amigos, etc.), mas sempre pelo poder do Espírito Santo. Como a revelação vem pelo Espírito precisamos ser dignos dele. O Espírito não habita em templos impuros (Alma 34:36). O cumprimento dos mandamentos faz com que estejamos qualificados para revelação (I João 3:4). Para termos o Espírito conosco precisamos guardar o convênio batismal (Oração sacramental, D&C 20:77). Se o fizermos então nos esforçaremos para lembrar de Cristo. Lembramos Dele ao ler as escrituras, orar e servir o próximo. Quando guardamos seus mandamentos lembramos Dele e com conseqüência exercermos fé, nos arrependemos e tornamo-nos preparados para desfrutar do dom da expiação. Por meio dessa graça santificadora o Espírito é autorizado a nos guiar. Mesmo nós pecadores.
De forma misericordiosa os rebeldes também podem e recebem revelação. Entretanto, quando isso acontece é para adverti-los (1 Néfi 3:29), chamá-los ao arrependimento (Mosias 27:10-17) ou para condená-los segundo a justiça de Deus (Jacó 4:14, Isaías 6:10).
A revelação esta disponível a todos, homens, mulheres e crianças; jovens e velhos; membros da Igreja ou não (1 Néfi 10:17, 2 Néfi 26:33). Todavia os não-membros poderem ser guiados pela luz de Cristo (Morôni 7:16) e receberem revelações pelo poder do Espírito Santo (GEE “Espírito Santo”), apenas se obtiverem o dom do Espírito Santo poderão ter revelações constantes em sua vida.
As revelações são comumente suaves e mansas (II Reis 19:12). A voz de trovão é sentida mais pelos iníquos do que pelos justos. O Senhor não se agrada dos que precisam ser compelidos com fortes revelações para agir justamente (D&C 58:26).
Para recebermos revelação devemos pedi-la em oração (Alma 37:37). Os requisitos para recebermos o que queremos são: fé em Jesus Cristo, real intenção e coração sincero (Morôni 10:4-5). Algumas perguntas e desejos não poderão ser respondidos e atendidos no tempo que julgamos ser o melhor para o nosso bem (D&C 88:64). Mas Deus sempre ouve as orações e sempre as responde.

Reconhecer a Revelação. A maioria de nossas orações não é respondida imediatamente. Isso porque deve haver um tempo onde nossa fé será provada (Éter 12:6). Mas tão logo isso ocorra uma investidura de revelação é derramada dos céus. Deus revela-se de muitas maneiras. Mas mesmo que o víssemos pessoalmente não o reconheceríamos se não estivéssemos prontos para reconhecê-lo, como foi no caso dos discípulos que estavam indo a Emaús (Lucas 24:13-16). Reconhecer a revelação é um dom que vem aos que são humildes (D&C 112:10).
Reconhecemos a revelação quando sentimos que Deus esta falando particularmente a nós. Isso pode acontecer a qualquer momento e diversas maneiras. Por exemplo: durante um discurso na Igreja ou a leitura de uma passagem de escritura escrita a mais de mil e seiscentos anos.
Não é fácil diferenciar a revelação da emoção e da imaginação. Com o turbulento mundo gritando ao nosso redor e com a ansiosidade e hesitação reinantes em nossa vida o Espírito é abafado e até afastado, a menos que tomemos cuidado.
A freqüência a lugares santos, a meditação e estudo diário das escrituras e a oração constante são elementos fundamentais para reconhecer a revelação.
Há também ocasiões em que Deus não nos revela de imediato para que possamos andar pela fé e colher os frutos de nosso próprio arbítrio. Algumas decisões precisam ser tomadas por nós sem muita interferência do Senhor. E nesse particular é preciso lembrar que quanto mais próximos de Deus mais pensamos como Ele, o que significa que para certas decisões não precisamos de uma resposta especifica e grandiosa. Como o missionário que recebeu a revelação em D&C 80:3-5:
“Portanto ide e pregai meu evangelho, seja para o norte ou para o sul, para o leste ou para o oeste, não importa, porque não vos podeis enganar. Portanto declarai as coisas que ouvistes e em que verdadeiramente acreditais e sabeis ser verdadeiras. Eis que esta é a vontade daquele que vos chamou, vosso Redentor, sim, Jesus Cristo.”

Agir conforme a revelação recebida. Isso exige coragem e fé. Quando estivermos precisando de revelação devemos pedi-la. Se a resposta não vier não devemos ficar paralisados, desmotivados ou descrentes. Se estivermos fazendo nosso melhor para guardar os mandamentos e a revelação não vier devemos agir conforme pensamos ser o melhor. Deus consagrará nossa ação e cresceremos em fé e em obras. Por isso um justo deve se sentir feliz quando Deus não lhe revela sua vontade, porque Deus esta dando a este uma oportunidade de fazer muitas coisas de sua própria e livre vontade e realizar muita retidão, sem ser compelido (D&C 58:26-29).
Por isso se você estiver pensando em, por exemplo, mudar de emprego, primeiro deve orar a respeito. Se a resposta não vir e você estiver guardando os mandamentos da melhor forma que consegue – e mesmo assim a revelação não vier – então FAÇA ALGUMA COISA. A ação é parte essencial da fé (Tiago 2:26). No futuro, ao olharmos para trás notaremos com gratidão que fomos guiados por Deus e nem nos demos conta: como os lamanitas que foram batizados com fogo e Espírito Santo e não o souberam na época de sua conversão (3 Néfi 9:20).
Após recebermos e reconhecermos a revelação devemos ser gratos a Deus por sua bondade em nos guiar (D&C 59:21).
À medida que temos experiências espirituais aumentamos nossa compreensão de como o processo de revelação acontece e nos apercebemos mais rapidamente quando Deus esta falando, também recebemos mais força para agir prontamente.

Que possamos usar a revelação mais em nossas vidas!

19 de nov. de 2010

Comentários de Isaías 1:18

Vinde então, e argüi-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.


Vinde. A conjugação para o verbo vir nesta escritura esta no imperativo afirmativo – é, portanto, uma ordem, um mandamento. Todavia nos soa como um agradável convite: “Vinde a mim todos os que estais cansamos e oprimidos e eu os aliviarei” (Mateus 11:28) e “Vinde a mim e salvai-vos” (3 Néfi 12:20). “Vinde a mim” é um dos convites mais repetidos nas escrituras e sempre esta relacionado ao processo de santificação por meio do evangelho e da expiação. Eis alguns dos convites para irmos à Ele:
» Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei presentes, e vinde perante ele; adorai ao Senhor vestidos de trajes santos – I Crônicas 16:29
» Vinde, filhos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor – Salmos 34:11
» Vinde contemplai as obras do Senhor – Salmos 46:8 (Salmos 66:5)
» Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou – Salmos 95:6
» Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó – Isaías 2:3
» Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos – Isaías 45:20
» Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim – Isaías 55:3
» Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei – Mateus 11:28
» Vinde a mim todos vós, extremos da terra, comprai leite e mel sem dinheiro e sem preço – 2 Néfi 26:25 (Isaías 55:1)
» Vinde a mim, benditos, pois eis que vossas obras foram obras de retidão na face da terra – Alma 5:16
» Sim, diz ele, vinde a mim e participareis do fruto da árvore da vida; sim, comereis e bebereis livremente do pão e da água da vida; Sim, vinde a mim e apresentai obras de retidão; e não sereis cortados e lançados ao fogo – Alma 5:34-35
» Arrependei-vos e vinde a mim, ó vós, confins da terra, e salvai-vos – 3 Néfi 9:22 (3 Néfi 12:20)
» Vinde a mim e sede batizados em meu nome, a fim de que sejais santificados, recebendo o Espírito Santo, para comparecerdes sem mancha perante mim no último dia – 3 Néfi 27:20
» Vinde a mim e sede batizados em meu nome, a fim de que recebais a remissão de vossos pecados e recebais o Espírito Santo, para que sejais contados com o meu povo, que é da casa de Israel – 3 Néfi 30:2
» Arrependei-vos e vinde a mim e sede batizados e reorganizai a minha igreja; e sereis poupados – Mórmon 3:2
» Vinde a mim ó vós, gentios, e mostrar-vos-ei as coisas maiores, o conhecimento que está oculto por causa da incredulidade! – Éter 4:13
» Vinde a mim ó vós, casa de Israel, e ser-vos-ão reveladas as grandiosas coisas que o Pai vos reservou desde a fundação do mundo e que não chegaram a vós por causa da incredulidade – Éter 4:14
» Arrependei-vos pois, todos vós, confins da terra, e vinde a mim e crede no meu evangelho e sede batizados em meu nome; porque aquele que crer e for batizado será salvo, mas o que não crer será condenado – Éter 4:18
» E ele disse: Arrependei-vos todos vós, confins da terra; e vinde a mim e sede batizados em meu nome e tende fé em mim, para que sejais salvos – Morôni 7:34
» Sim, vinde a Cristo, aperfeiçoai-vos nele e negai-vos a toda iniqüidade – Morôni 10:32
O élder Neil L. Andersen, do Quorum dos Doze Apóstolos ensinou: “O convite ao arrependimento raramente é uma repreensão, mas um pedido amoroso para que nos voltemos e retornemos a Deus. É o convite de um Pai amoroso e de Seu Filho Unigênito para que sejamos mais do que somos, que busquemos um modo de vida mais elevado e que sintamos a felicidade de guardar os mandamentos. Sendo discípulos de Cristo, regozijamo-nos nas bênçãos do arrependimento e na alegria de sermos perdoados. Elas se tornam parte de nós, moldando nosso modo de pensar e sentir. (...)
Que maravilhoso privilégio temos de abandonar o pecado e achegar-nos a Cristo! O perdão divino é um dos frutos mais doces do evangelho, que remove a culpa e a dor de nosso coração e as substitui por alegria e paz de consciência. Jesus declara: “Não volvereis a mim agora, arrependendo-vos de vossos pecados e convertendo-vos, para que eu vos cure?”(...)
Ele nos ama. Somos membros de Sua Igreja. Ele convida cada um de nós a nos arrepender, a abandonar nossos pecados e a achegar-nos a Ele. Testifico-lhes que Ele está ao nosso lado. (“Arrependendo-vos (…) para que Eu Vos Cure”, A Liahona, Novembro de 2009, pg.41)

Vinde então, e argüir-me. Depois que os israelitas demonstrassem sincero e humilde arrependimento poderiam ir ao Senhor em franca petição para que o sangue expiatório tivesse efeitos sobre eles fazendo com que os julgamentos de Deus lhes fossem afastados.
O profeta Zenos disse: “E ouviste-me por causa das minhas aflições e da minha sinceridade; e é por causa de teu Filho que foste assim misericordioso comigo; portanto clamarei a ti em todas as minhas aflições, porque em ti está a minha alegria; porque, por causa de teu Filho, afastaste de mim teus julgamentos” (Alma 33:11).
Aqueles que se arrependem podem clamar: “Oh! Tende misericórdia e aplicai o sangue expiatório de Cristo, para que recebamos o perdão de nossos pecados e nossos corações sejam purificados” (Mosias 4:2).
Como o perdão é um dom concedido por Deus, não podemos obtê-lo a menos que ele deseje nos dar. Daí a palavra usada na escritura: argüir, que significa argumentar, disputar, examinar e arrazoar. O Senhor nos convida a esse tipo de conversa (D&C 50:10-12). Quando arrazoamos com o Senhor exercemos nossa fé e arbítrio lhe mostrando humildemente nossas obras e desejos. Demonstramos nossa esperança de que suas promessas podem e serão aplicadas a nós. E ainda exercemos caridade ao incluir o amor a Deus e aos homens. Uma oração desse tipo, por exemplo, foi feita por Jacó (Gênesis 32:24-20), Enos (Enos 1:2), Joseph Smith (D&C 121:1-6) e Néfi (Helamã 7:6-11). Todos nós, em algum momento da vida, precisaremos arrazoar com o Senhor, ou seja, ir até ele arrependidos e argüi-lo, para obtermos a remissão de nossos pecados e a palavra mais segura de profecia. Argüir deduz a oração da fé, a oração que leva a ação justa e consagrada.

Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Não há pecado que não possa ser perdoado, com exceção feita ao pecado de negar o Espírito Santo.
Tanto a escarlata como o carmesim são tons intensos de vermelho. A matéria colorante extraía-se de um inseto, Coccus ilicis, chamado kermes pelos árabes, nome de que provém o nosso vocábulo carmesim. Somente a fêmea produzia a cor. O simbolismo dessas cores esta claro em Isaías: mesmo os pecados mais crônicos, profundos, intensos e conspurcados poderiam ser alvejados e clareados pelo sangue do Unigênito.
O branco simboliza a pureza, a retidão e a luz. É oposto do imundo, profano e pecaminoso. O poder de Cristo é tão grande que pode tornar o mais negro carmesim no mais claro e reluzente branco. É por isso que Isaías usa a neve e a branca lã como símbolos do perdão absoluto.

O poder da Expiação na purificação do pecador. Isaías, assim como todos os outros profetas tinham como principal missão serem testemunhas especiais de Cristo (Jacó 7:11). Em seu livro encontramos mais referências a vida, missão e sacrifico de Jesus Cristo do que em qualquer outro livro do Velho Testamento.
Quando Adão comeu do fruto proibido trouxe ao mundo duas mortes: a morte física e a morte espiritual. A morte física é a separação do corpo mortal do espírito pré-mortal. A morte espiritual é o pecado. Por causa do pecado tornamo-nos impuros diante de Deus.
Para vencer os efeitos da Queda Jesus Cristo foi enviado. Só um ser perfeito, dotado de atributos divinos, poderia realizar um sacrifício infinito e eterno para que tanto a morte espiritual quanto a física fossem vencidas. Jesus Cristo é o Redentor porque por meio de seu sacrifício no monte da Oliveiras e na Cruz concede ao penitente perdão. Por meio Dele todos os homens podem se tornar limpos dos pecados (Pregar Meu Evangelho, capítulo 3, pg. 51-52; Alma 34:8-16).
Cristo também é o Salvador, pois nos salvou da morte física. Assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados por Cristo (I Coríntios 15:21-22).
A Expiação salvará todos os homens que nasceram da morte física incondicionalmente. Mas não redimirá a todos, ou em outras palavras não purificará a todos – somente os que viverem o evangelho (Alma 11:40; 2 Néfi 9:23-24)
Nenhum poder é maior do que a Expiação. A expiação é a expressão máxima de caridade. A fé, o sacerdócio, a esperança, a ciência, o conhecimento e todos os outros atributos, dons e faculdades são inferiores a caridade, que é o puro amor de Cristo (I Coríntios 13; Morôni 7:46-48). A purificação absoluta e completa só pode se dar por meio da expiação.
O presidente Boyd K. Packer, do Quorum dos Doze disse: “Não há circunstância na qual se manifestem mais intensamente a generosidade, a bondade e a misericórdia de Deus, do que no arrependimento. Vocês compreendem o supremo poder purificador da Expiação feita pelo Filho de Deus, nosso Salvador e nosso Redentor? Ele disse: “Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam” (D&C 19:16). Nesse sublime ato de amor, o Salvador pagou as penalidades por nossos pecados para que não tivéssemos que pagar.
Para aqueles que realmente desejarem, há um caminho de volta. O arrependimento é como um detergente. Ele faz sair até as manchas mais impregnadas de pecado.” (“Limpar o vaso interior”, A Liahona, novembro de 2010)

Neve. Embora o clima do tempo de Isaías fosse predominantemente seco, a neve podia ser vista durante o inverno no alto das montanhas. Ocasionalmente havia neve no deserto, quando a temperatura caia abruptamente.
Um estudioso disse: “O clima em Israel varia segundo as características de cada região: a costa, as montanhas, a depressão do Jordão. Fundamentalmente o ano se divide em duas estações: o verão, quente e seco, e o inverno, frio e úmido. A costa da Palestina é quente (de 10 a 15 graus no inverno e de 27 a 32 graus no verão). Nas montanhas, a temperatura é uns 5 graus mais baixa que na costa, com grandes diferenças entre o dia e a noite. No verão, nas montanhas (Jerusalém, por exemplo) as temperaturas são de 30 graus durante o dia e de 18 graus durante a noite. Nas montanhas, o mau tempo não se deve à umidade, como ocorre na costa, e sim, aos fortes ventos: o vento que arrasta as chuvas procede do Mediterrâneo, e o vento abrasador (siroco ou khamsin), vem do deserto nos meses de maio e outubro (Isaías 27:8; Jeremias 4:11) (...) A neve não é desconhecida nas montanhas da Palestina, por exemplo, em Belém, Jerusalém ou Hebrom. Na Transjordânia, as nevascas às vezes chegam a bloquear as estradas.” (Oseías de Lima Vieira, professor de Geografia e bacharel em direito Uberlândia. Texto postado no seguinte endereço eletrônico: http://oseiasgeografo.blogspot.com/2008/04/clima-da-terra-santa.html ).

7 de nov. de 2010

Isaías 1:3 - o boi conhece mais que Israel

O boi conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende.


Israel não tem conhecimento. A forte imagem de Isaías de que até animais domésticos entendem mais do que o povo eleito é impressionante. Como continuação dessa acusação podemos relacionar a seguinte escritura: “Oh! Quão grande é a nulidade dos filhos dos homens! Sim, são até menos que o pó da terra. Pois eis que o pó da terra se move de cá para lá, separando-se segundo a ordem de nosso grande e eterno Deus.” (Helamã 12:7-8). Sobre essa triste realidade podemos verificar o episódio em que Balaão, um profeta de Deus, que tivera revelações extraordinárias, foi superado por um pacato animal doméstico (Números 22:23-33). Somos filhos de Deus, e nesse aspecto muito maiores que o pó da Terra ou o boi e o jumento. Todavia, se pecarmos, rebaixamo-nos a um estado pior do que os animais – negamos o conhecimento que possuímos – o qual nos ensina que somos filhos de Deus e seus herdeiros (Romanos 8:16-17). Podemos até reconhecer nossa origem divina e podemos saber quem é Deus e como Ele age – e estamos certos que Israel reconhecia quem eram à vista de Deus e quem era esse poderoso Ser – entretanto, eles não produziam obras de acordo com esse conhecimento. O mesmo se dá conosco: se não agirmos de acordo com o que conhecemos igualamo-nos aos antigos israelitas. E também igualamo-nos ao diabo, que pode até mesmo recitar as escrituras, mas não as quer aplicar (Mateus 4:6; Tiago 2:17-19). O conhecimento se não colocado em prática não gera entendimento ou sabedoria, não gera bênção ou salvação – gera maldição e condenação (Jacó 4:14).

5 de nov. de 2010

Hermenêutica Teológica

O Senhor Jesus Cristo disse: “Examinai as escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam” (João 1:39). O que quer dizer examinar? Recorrendo a um dicionário você vai encontrar os seguintes significados: inspecionar, atender, investigar minuciosamente, estudar, meditar a respeito de algo, observar, apurar, provar e verificar. Então, para que examinemos as escrituras devemos estar prontos para fazer mais do que uma leitura casual de uma passagem. Examinar é ler, ponderar, orar e, depois, aplicar a escritura a vida pessoal, familiar e social.


Percebi pelo menos cinco razões para examinar as escrituras: (1) o Senhor ordenou isso: “eis que vos digo que deveis examinar estas coisas. Sim, ordeno-vos que examineis estas coisas diligentemente” (3 Néfi 23:1); (2) para que conheçamos Jesus Cristo: “Eis que te digo que nenhum dos profetas escreveu nem profetizou sem ter falado sobre este Cristo” (Jacó 7:11); (3) para que possamos saber o que em breve se sucederá: “Examinai estes mandamentos, porque são verdadeiros e fiéis; e as profecias e as promessas neles contidas serão todas cumpridas” (D&C 1:37); (4) para que conheçamos nossa responsabilidade: “E falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, pregamos a Cristo, profetizamos de Cristo e escrevemos de acordo com nossas profecias, para que nossos filhos saibam em que fonte procurar a remissão de seus pecados” (2 Néfi 25:26); e (5) para que tenhamos vida eterna: “vós cuidais ter nelas a vida eterna” (João 1:39).

Portanto, dá para se ver a importância do estudo da palavra de Deus. Sem um exame atento corremos o risco de perder a vida eterna! E a vida eterna é tudo o que queremos: felicidade sem fim.

Há aquele conto, muito usado pelos oradores e professores da Igreja, sobre três homens que morreram e foram à porta do céu. Lá encontraram um mensageiro na porta. Tal ser perguntou ao primeiro homem: “você conhece Jesus Cristo?” A resposta imediata foi: “sim, eu o sei quem ele é – estudei a Bíblia de capa a capa”. O Mensageiro disse: “esta bem, vá para aquele lugar ali abaixo” – e apontou na direção pelo qual o homem deveria ir, e este se foi satisfeito. O segundo homem se aproximou, então: “o senhor conhece Jesus Cristo?” A resposta foi: “Sim, estudei as escrituras, guardei os mandamentos, servi o próximo – eu o conheço!” O Mensageiro apontou para esquerda e disse “esta bem, vá para lá”, e o homem se foi contente. O terceiro homem se aproximou. O mensageiro lhe indagou chamando-lhe pelo nome: “Conheces Jesus Cristo?”, pelo que o homem caiu de joelhos no chão e, chorando, disse: “Senhor meu e Deus meu!” Ele reconheceu que aquele mensageiro era, na verdade, o próprio Senhor e Salvador Jesus Cristo. Este entrou no céu, a direita do Senhor.

O conto ilustra bem não só a importância de reconhecer Cristo quando morrermos, mas de estudarmos e aplicarmos as escrituras para que possamos conhecê-lo. O primeiro homem tinha lido as escrituras, e o segundo havia lido e aparentemente se esforçado um pouco mais. Mas nenhum dos dois havia se transformado com a palavra de Deus, razão pela qual não puderam reconhecer o Salvador. Também há uma outra lição, que faço questão de ressaltar: quanto mais conhecemos o Salvador, mais próximos ficamos Dele – o que foi ilustrado pelo fato que o primeiro homem foi chamado de “você”, o segundo de “o senhor” e o terceiro pelo seu próprio nome.

Visto a importância das palavras de Deus, não é de se negar a grande importância da interpretação. A interpretação escriturística, ou a hermenêutica teológica é vital para cumprirmos o mandamento de examinar as escrituras. Interpretar significa aclarar, dar o significado, fazer entender, traduzir e exprimir a idéia.

Interpretar as escrituras pode não ser algo tão fácil. Mas é algo que fazemos o tempo todo – mesmo durante uma mera leitura. Quando lemos: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gênesis 1:1) interpretamos os caracteres que formam palavras no idioma que usamos, e transformamos o significante em significado. Isso é interpretar: relacionar o símbolo com o seu significado. Captamos a mensagem de acordo com nosso conhecimento enciclopédico e nosso conhecimento espiritual. A maior parte dos leitores interpretará essa passagem da seguinte maneira: “No princípio – começo, no início – Deus – que é o Ser Supremo – criou, ou seja, fez, os céus – que é um lugar acima da terra – e a terra – que é um lugar abaixo dos céus.” É fácil recorrer a essa interpretação lingüística com um dicionário. Basta achar o significado das palavras e substituí-las por sinônimos.

Se recorrermos a comparação escriturística com outras passagens poderemos compreender melhor esse versículo. Há mais dois relatos da criação nas obras-padrão, na Pérola de Grande Valor:

“E ENTÃO o Senhor disse: Desçamos. E eles desceram no princípio; e eles, isto é, os Deuses, organizaram e formaram os céus e a Terra” (Abraão 4:1).

“E ACONTECEU que o Senhor falou a Moisés, dizendo: Eis que eu te revelo o que concerne a este céu e a esta Terra; escreve as palavras que eu digo. Eu sou o Princípio e o Fim, o Deus Todo-Poderoso; por meio de meu Unigênito eu criei estas coisas; sim, no princípio criei o céu e a Terra sobre a qual estás” (Moisés 2:1)

Aprendemos com a simples comparação de relatos que havia mais de um Deus que criou os céus e a terra. Vemos que o Pai criou através de seu Unigênito. E que criar significa organizar e formar e não necessariamente fazer aparecer do nada ou fazer surgir algo novo, que antes não existia. Se aplicarmos a interpretação enciclopédica após a comparação acharemos nossos significados que poderão aumentar nossa visão dos versículos.

Podemos ainda, por meio de guias, dicionários bíblicos e outros recursos, aplicar uma outra espécie de interpretação, que é a interpretação histórico-cultural. Podemos descobrir quem foi Moisés, o que a palavra Deus significava para os hebreus. O que quer dizer Unigênito, etc.

Ainda poderíamos aplicar a interpretação histórico-lingüística que nos faria entender o valor correto ou aproximado de cada termo usado na passagem. Indo um pouco além poderíamos unir o método de comparação entre passagens e comparar o texto estudado com o mesmo texto numa outra língua. Novos e interessantes sentidos são descobertos neste processo.

A comparação não se resume a traçar paralelos entre as obras-padrão, da língua própria ou de outra, antiga ou moderna. A comparação pode ser usada com as escrituras vivas – que saem da boca dos profetas atuais. Quando o profeta interpreta uma escritura ou passagem podemos ter certeza que seu sentido é aquele. O único cuidado que devemos ter é o de estar recebendo a mensagem certa. Porque como se sabe muito bem ao estudar comunicação – nem sempre o receptor recebe a mensagem que o emissor transmitiu – devido a falhas surgidas nas fases desse processo.

Mas não é tão complicado quanto parece. Deus fala de modo claro e simples, de uma forma que o homem finito e decaído possa entender. Sim, ele fala com “evidente humildade, como um homem fala com outro, em [nossa] própria língua” (Éter 12:39). Entretanto, Deus nunca é simplório. Suas palavras são simples mas poderosas, pois penetram na alma humana, ou seja, tem capacidade de afetar o corpo e o espírito do homem (D&C 11:2).

O mandamento de pedir, buscar e bater é o mesmo mandamento de orar e vigiar – é um convite a revelação feito pelo próprio Senhor. É uma das promessas mais repetidas em todas as escrituras[1]. Pedir implica em humilhar-se perante Deus e desejar acreditar (Alma 32:24-28). Buscar significa ponderar, ter um coração sincero e real intenção (Morôni 10:4). Bater deduz o pagamento do preço da revelação – a prova da fé (Éter12:6, D&C 9:7).


[1] Para citar algumas: Mateus 7:7; Lucas 11:9; 3 Néfi 14:7; 3 Néfi 27:29; D&C 4:7; D&C 49:26; D&C 88:63.