23 de abr. de 2012

Empatia


            Aprendi recentemente algo sobre os convênios que fiz com o Senhor. Aprendi que quando eu desejei "entrar no rebanho de Deus e ser [chamado como membro de] seu povo; e sendo que [estive disposto] a carregar os fardos uns dos outros, para que [ficassem] leves; Sim, e [estive disposto] a chorar com os que choram; sim, e consolar os que necessitam de consolo e servir de [testemunha] de Deus em todos os momentos e em todas as coisas e em todos os lugares em que [me encontrasse], mesmo até a morte; para que [fosse redimido] por Deus e [contado junto] com os da primeira ressurreição, para que [tivesse] a vida eterna" (Mosias 18:8-9) - assumi o compromisso de sofrer! Isso mesmo. Afinal como eu choraria com os que chorassem e consolaria os que necessitavam de consolo se não passasse por experiências semelhantes ou iguais a de meus irmãos? Como desenvolver empatia sem nunca passar por provas de grande sofrimento?
            Bem, alguns hão de dizer que podemos aprender as grandes lições da vida por revelação. Verdade é que o Espírito sabe todas as coisas, e podemos aprender muito por revelação. A graça da Expiação compensa quando as experiências estão além ou aquém de nosso alcance e somos investido com um conhecimento superior ao nosso. Mas lembrem-se de que o sábio Deus, não privou nem mesmo o Imaculado Unigênito do sofrimento. Na realidade, o próprio Jesus decidiu e escolheu por si mesmo sofrer - preferindo aprender por experiência própria - a fim de desenvolver verdadeira empatia por nós. Lembrem-se também que fazia parte do Plano virmos a Terra e sermos provados na carne, usando nosso arbítrio, podemos desfrutar de experiências pessoais (Abraão 3:25).
            Se quisermos cumprir nossos convênios e herdar um lugar à mão direita de Deus precisamos de empatia. E a empatia vem pela agonia, provação, tribulação, tristeza e sofrimento pessoal. As dores fazem parte da jornada mortal. E são, na realidade, um de seus aspectos principais.
            A empatia pelo próximo nos conduz a empatia para com Deus. Como andar como Deus sem seguir-lhe primeiramente os passos? E como seguir os passos de do Salvador, sem passar por algum tipo de privação ou dificuldade?  Deve ser pensando nessas coisas que Pedro escreveu:
            "Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. (...) Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais suas pisadas" (I Pedro 2:19, 21, itálicos adicionados).

            Obviamente o propósito do sofrimento não se resume ao desenvolvimento de empatia. Muitos sofrem por causa de seus próprios pecados. Alguns sofrem para desenvolver outros atributos que os qualificarão para vida eterna. Outros sofrem por causa do mau uso do arbítrio alheio. Há vários motivos - muitos dos quais desconhecidos pelo homem finito. Mas não tenho dúvida, que um dos motivos principais pelo qual um santo dos últimos dias, que fez sagrados convênios com Deus, sofre é para desenvolver empatia. Sim, para que se aperfeiçoe, chegue a unidade da fé (sentindo e compreendendo verdadeiramente o próximo, se tornando uno em sentimento e determinação) e ao conhecimento do Filho de Deus (adquirindo o que Jacó nos instou a buscar em Jacó 4:12), e se torne homem ou mulher perfeito - "â medida da estatura completa de Cristo" (Efésios 4:11-13).
            Ao entender essas coisas, imaginei que alguém poderia retrucar: "Mas quando me batizei na Igreja não me disseram que estava assumindo mais sofrimento! Eu não pedi para ser recusado, rejeitado, perseguido, traído, acusado, discriminado, angustiado e atribulado!" Essa pessoa pode sentir-se como aquela que assina um contrato que lhe parece muito bom, sem perceber, no entanto, as letras miúdas do mesmo, que lhe trariam algum desconforto caso fossem conhecidas a princípio. Mas meus caros, há sofrimento para os que fazem convênios e para os que não fazem. Todos são iguais neste aspecto. Todos passam por sofrimentos. Todavia, os que fizeram convênios, e são chamados santos, podem fazer como que os sofrimentos passem por eles e os transforme, como ensina Élder Maxwell em uma das citações abaixo. Escolhamos, portanto, sofrer o quanto Deus quiser que soframos, pois " todas essas coisas [nos] servirão de experiência e serão para o [nosso] bem" (D&C 122:7).


Declarações sobre empatia:

                É um dos requisitos para se tornar um homem de Deus. Explicando sobre as características que moldam um homem de poder, o Élder H. Burke Perteson disse que conhecimento puro, mencionado em Doutrina e Convênios 121:42, se demonstra quando o homem "evita as meias-verdades e procura demonstrar empatia."

                É uma das coisas que os pais precisam ensinar a seus filhos. O Presidente David O. McKay declarou: "Se os pais falham em ensinar obediência aos filhos, se não são obedecidos no lar, então a sociedade o exigirá e conseguirá. Portanto, é melhor educar um filho no lar ensinando obediência com bondade, empatia e compreensão do que deixá-lo para que seja brutalmente disciplinado pelos meios que a sociedade imporá, se essa obrigação não for cumprida no lar". (The Responsibility of Parents to Their Children, p. 3.)”

                Falando sobre as "personalidades diferentes, bem como os diversos graus de energia, interesses, saúde, talentos e oportunidades", a irmã Irmã Patricia T. Holland que serviu na Presidência Geral das Moças, disse que "existem muitas coisas que podem ser partilhadas, mas uma coisa é necessária para nossa união: a empatia e compaixão do Filho de Deus."("'Uma coisa necessária': tornar-nos mulheres com mais fé em Cristo"; Manual do Curso do Casamento Eterno, pg. 369).

                Contando sobre seu pai, o presidente Kimball disse: "“Meu pai enfrentou muitas tristezas e enfermidades e teve que superar muitas dificuldades. Tudo isso serviu apenas para torná-lo uma pessoa mais forte e fazer com que sentisse maior empatia pelo próximo.

                É um dos atributos de liderança no evangelho: "A longanimidade é algo mais profundo do que a simples paciência. Exige um sentimento de empatia e a compreensão de que cada pessoa é diferente das outras. Alguns talvez não consigam compreender um conceito ou princípio; outros talvez não concordem e por isso necessitem de persuasão; e outros, por sua vez, talvez tenham falta de motivação. O líder longânimo está mais interessado em desenvolver e treinar almas do que em terminar mais rapidamente um trabalho ou de alguma outra maneira, ou por meio de outras pessoas." ("Lição 2: Honrar o arbítrio daqueles que lideramos", Princípios de liderança Manual do Professor, pg. 8)

                O Élder Neal A. Maxwell ensinou que a empatia faz parte de perseverar até o fim: “Parte do processo de perseverar bem consiste em sermos suficientemente humildes em meio a nosso sofrimento para aprendermos com nossas experiências relevantes. Em vez de simplesmente passarmos por essas coisas, elas precisam passar por nós, de modo a santificar todas essas experiências para nosso bem. Da mesma forma, nossa empatia é eternamente enriquecida ao consolarmos e auxiliarmos aqueles que estão passando por ‘todas essas coisas’ que podem dar-nos experiências e que são para o nosso bem”. (D&C 122:7) (The Neal A. Maxwell Quote Book, 1997, p. 101)

                O Élder Orson F. Whitney teve um sonho onde viu o Salvador no Monte das Oliveiras, sofrendo por nossas dores e pecados. Ele contou sobre o efeito daquela visão do Senhor: "Jamais me esquecerei a grande impressão que Sua dor deixou em mim. Comecei a chorar por pura empatia pelo Seu sofrimento. Senti todo o meu coração entregar-se a Ele; senti que teria morrido por Ele ou feito qualquer coisa que Ele me pedisse" (“Y.M.M.I.A. Annual Conference”, Contributor, setembro de 1895, pp. 667–668.)

                O presidente Brigham Young exortou os pais, especialmente os que criam filhos pequenos: "Pode-se ver, ouvir e testemunhar muitas ocasiões em que há discórdia entre os filhos—alguns de vocês passam por essa experiência e outros não. Vou dizer-lhes algumas palavras a respeito e sua vida futura, de modo que não tenham filhos briguentos, que vivam em discórdia. O primeiro passo é serem vocês mesmos de boa índole. Jamais percam a calma ou fiquem mal-humorados. (…) Eles têm tanta vitalidade que seus ossos quase não doem com o esforço que fazem. Possuem tanta energia —vida, vigor e atividade, que precisam usá-los. Por isso as crianças brigam umas com as outras. Não percam a calma e procurem sempre usar empatia para entendê-los e acalmá-los. Sejam brandos e afáveis. (DBY, pp. 209–210)

                "Quando o Presidente Grant falava da tristeza que sentimos por ocasião da morte de um ente querido, ele falava com uma empatia nascida da experiência pessoal. Além de seu filho Heber,
seis outros membros de sua família imediata precederam-no na morte. Quando ele tinha nove dias de idade, perdeu o pai. Em 1893, sua esposa Lucy morreu aos 34 anos depois de lutar durante três anos contra uma doença grave. A morte de Daniel Wells Grant, seu único outro filho homem, aos cinco anos de idade, ocorreu dois anos depois. Em 1908, pouco depois de o Presidente Grant e sua esposa Emily terminarem uma missão na Europa, Emily morreu de câncer de estômago. Um ano depois, a mãe de Grant faleceu. Em 1929, onze anos depois de ser designado Presidente da Igreja, sua filha Emily morreu aos 33 anos de idade." ("Consolo na hora da morte", Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Heber J. Grant, pg. 43)

                A empatia permitiu que o Presidente Joseph F. Smith escrevesse a seu amigo: "Foi com profundo pesar que fiquei sabendo do falecimento de seu bebê em sua casa. Sei o que você está sentindo, pois eu próprio tive de passar pelo mesmo tipo de experiência amarga enquanto estava lá. Quis escrever-lhe, mas avaliando sua situação por mim mesmo, resolvi não fazê-lo. Nessas circunstâncias, eu me sentiria mais propenso a procurar um refúgio distante, tranqüilo e solitário, em que tivesse a companhia apenas de Deus,e nesse lugar,sozinho,dar vazão a meus sentimentos e minha dor, tendo somente Deus por testemunha. (…) O tempo, e apenas o tempo, esse grande bálsamo das feridas, seria capaz de tocar minha alma, e creio que sem dúvida você sente o mesmo. Mas passada a dolorosa angústia inicial do pesar, quando a alma tiver sido tranqüilizada pelo tempo e pelo destino, então uma palavra oportuna pode tocar a terna corda da amizade que flui de um coração para outro na empatia da dor. O Senhor realmente sabe o que é melhor, e sabemos que os inocentes que foram chamados da Terra tão pouco depois de terem chegado, ainda imaculados dos sórdidos elementos deste mundo decaído, retornam a Ele de quem vieram, puros e santos, redimidos desde o princípio pelo sacrifício Daquele que disse:“Dos tais é o reino dos céus”.Minha mais sincera e fervorosa oração é: Ó Deus, ajuda-me a viver de modo a ser digno de reunir-me a meus inocentes filhos em seu lar contigo" ("Salvação das Criancinhas", Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph F. Smith, pg. 134)

                Élder Robert J. Whetten, que serviu nos Setenta ensinou: "Todos nós vivemos um dia depois do outro e cada um de nós, todos os dias, a despeito de nossa idade ou condições, depara-se com diferentes escolhas no que tange ao nosso relacionamento com outras pessoas. Ao nos esquecermos um pouco de nós mesmos e desenvolvermos empatia para servir aos outros, seremos refinados e ensinados pelo Espírito e compreenderemos o que Paulo quis dizer ao declarar: "Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé ( . . . )". Nossa solidariedade, quando oferecida liberalmente aos outros, transformar-se-á em amor divino e acarretará uma mudança em nós de maneira que "quando ele aparecer, [seremos] como ele (...)". ("Verdadeiros Seguidores", Conferência Geral Outubro de 1999)

                O Élder Neal A. Maxwell disse: "De modo singular em Sua Expiação, Jesus “desceu abaixo de todas as coisas, no sentido de que compreendeu todas as coisas (...)”. (D&C 88:6; ver também D&C 122:8) Quão profunda e imensa deve ter sido essa descida ao desespero! Ele fez isso para salvar-nos e para compreender o sofrimento humano. Portanto, não devemos ressentir-nos com as experiências que podem ensinar-nos a desenvolver ainda mais a nossa empatia. (Ver Alma 7:11-12) Um coração indolente não é aceitável, tampouco um coração ressentido. Para participarmos plenamente da “comunicação de suas aflições” é preciso que aceitemos tudo que é exigido do verdadeiro discípulo. (Filip. 3:10; ver também I Coríntios 1:9). Além disso, Jesus não apenas tomou sobre Si os nossos pecados para expiá-los, mas também nossas enfermidades, dores e sofrimentos. (Alma 7:11–12; Mat. 8:17.) Portanto, Ele conhece pessoalmente tudo por que passamos e como estender-nos Sua perfeita misericórdia — e também como socorrer-nos. Sua agonia é ainda mais assombrosa ao pensarmos que Ele pisou no lagar “sozinho”. (D&C 133:50) Às vezes o Deus do Céu chora (Ver Moisés 7:28.) Assim, podemos pensar na agonia da infinita Expiação de Jesus e no que o Pai sentiu por Seu Filho e por nós. Não há uma escritura que explique claramente o que Deus realmente sentiu, mas não há como deixarmos de imaginar o que Ele deve ter sentido em relação ao sofrimento de Seu Filho." ("Lavrar com Esperança", A Liahona, Julho de 2001, pg. 74).

                O Élder Maxwell ensinou também: "A atitude de serenidade espiritual de Jesus permitia-Lhe tratar a todos com atenção individualizada e empatia, embora a maior parte de Sua missão messiânica se tenha cumprido no curto e atarefado período de três anos (...)
                Jesus tinha empatia pelas pessoas mesmo em Sua agonia no Getsêmani e na cruz. Ele restaurou uma orelha cortada. Cuidou para que Sua mãe, Maria, recebesse apoio do Apóstolo João. Deu esperanças de um futuro melhor para um ladrão que sofria. ("Sabedoria e Ordem", A Liahona, Dezembro de 2001, pg. 22).
                Em outra ocasião o Élder Maxwell reafirmou sua convicção: "Nosso conhecimento da perfeita empatia que Jesus tem por nós, individualmente, ajuda-nos imensamente a suportar
nossos vários tipos de dor (...)
                Jesus compreende totalmente! Sua empatia é perfeita! Ele sabe como ajudar-nos! (...)
                Presto-lhes meu testemunho do esplendor e da realidade da grande e gloriosa Expiação. Louvo a Jesus por suportar tudo o que Ele suportou e por descer abaixo de todas as coisas para compreender todas as coisas. Louvo ao Pai por tudo o que Ele passou ao ver Seu Primogênito, Seu Amado, Seu Unigênito, em quem Ele tanto Se alegrava, sofrer tudo o
que Jesus sofreu. Louvo ao Pai por essa divina empatia e por tudo o que Ele suportou e experimentou naquele momento." ("Testificando da Grande e Gloriosa Expiação", A Liahona, abril de 2002, pg. 7-12).
                Falando sobre como ajudar os membros novos o Presidente Henry B. Eyring disse: "Precisamos ouvir aos membros novos com compreensão e empatia. Isso também exige dons espirituais, já que nossas experiências raramente poderão se comparar às deles. Não é suficiente dizer: “Eu compreendo, sei como você se sente”, a menos que seja verdade. Mas o Salvador sabe. Ele está preparado para ajudá-los a serem amigos que compreendem até mesmo aqueles que acabaram de conhecer, se pedirem com fé. Antes que Ele nascesse, os profetas sabiam o que Ele faria para poder ajudá-los a serem amigos por Ele" (pg. 31, Julho de 2002).

                Élder Lynn A . Mickelsen, dos Setenta, disse: "Mas se estivermos certos, e eles estiverem errados? Não deveríamos expor a todos a nossa situação para que eles julguem se fomos nós que erramos? O Senhor deixou bem clara a Sua instrução referente a esse dilema. Não temos o direito de julgar. Não é nossa responsabilidade examinar o argueiro, porque a trave em nosso próprio olho obstrui a nossa capacidade de enxergar. Sempre existe o outro lado da moeda. É preciso empatia, o dom de sentir o que os outros sentem e compreender o que estão passando. A empatia é um fruto natural da caridade. Ela estimula e amplia a nossa capacidade de servir. Empatia não é pena; é compreensão e preocupação. Ela é a base da verdadeira amizade. A empatia leva-nos ao respeito e abre a porta do ensino e aprendizado. Os índios sioux compreendiam esse grande princípio, ao orar: “Grande Espírito, ajuda-me a nunca julgar outra pessoa sem que antes eu tenha caminhado duas semanas em seus mocassins”. ("A Expiação, o Arrependimento e a Roupa Suja", A Liahona, Novembro de 2003, pg. 12).

                A irmã Gayle M. Clegg, que serviu na Presidência Geral da Primária, explicou: "As palavras empatia e compaixão têm raízes em palavras latinas e gregas que significam “sofrer com”. Empatia significa ver com os olhos de outra pessoa, identificando-se com ela e compreendendo por que ela se sente ou age da maneira que o faz. Ter compaixão faz com
que desejemos ajudar a pessoa a sentir-se melhor porque compreendemos o que ela está sofrendo." ("Ensinar nossos filhos a aceitar as diferenças", A Liahona, Junho 2004, pg. 39).

                Marleen S. Williams, que é Professora Associada de Psicologia, Universidade Brigham Young, explicou sobre "Aprender a lidar com as mágoas e perdas e seguir em frente pode fortalecer-nos. Quando você consegue reconhecer e superar os sentimentos dolorosos, desenvolve capacidades emocionais, espirituais e psicológicas que podem ajudá-lo em outras áreas de sua vida. Sua capacidade de desenvolver empatia pode aumentar quando você se familiariza com o pesar." (A Liahona, Outubro de 2004).

                “Nossos jovens precisam de amor e atenção, e não de indulgência”, ensinou o Presidente Benson. “Eles precisam de empatia e compreensão, não de indiferença, por parte do pai e da mãe. Eles precisam do tempo dos pais. Os ensinamentos bondosos da mãe e seu amor e confiança no filho ou filha adolescente podem literalmente salvá-los de um mundo iníquo.” “Elogiem mais seus filhos do que os corrijam”, aconselhou ele. “Elogiem-nos até pelas menores realizações. (...) Incentivem seus filhos a procurá-los (...) com seus problemas e dúvidas, ouvindo-os todos os dias." (“The Honored Place of Women”, Ensign, novembro de 1981, pg. 107)

                "Nossa jornada na vida nos proporciona muitas experiências especiais que se tornam blocos de sustentação para a nossa fé e testemunho. Essas experiências chegam a nós das mais variadas formas e em épocas imprevisíveis. Podem ser eventos marcantes e espirituais ou momentos esclarecedores. Algumas experiências virão na forma de grandes desafios e provações difíceis que testam nossa capacidade de lidar com eles. Qualquer que seja a experiência, cada uma nos proporciona a chance de crescer espiritualmente, adquirir mais sabedoria e, em muitos casos, servir aos outros com mais empatia e amor. Como declarou o Senhor ao Profeta Joseph Smith para restaurar-lhe a confiança durante um dos seus momentos de provação mais significativos na cadeia de Liberty: “Todas essas coisas te servirão de experiência e serão para o teu bem” (D&C 122:7)" ("Experiências Especiais", A Liahona, Maio de 2008, pg. 11)

                Élder Alexander B. Morrison, que serviu nos Setenta, disse: "Se quisermos comunhão com as aflições de Cristo (ver Filipenses 3:10), precisamos pagar o preço de nos empenharmos de todo o coração para conhecê-Lo e imitá-Lo. Esse preço pode de fato envolver sofrimento, mas a isso se devem somar a compaixão, a empatia, a paciência, a humildade e a disposição de sujeitar a nossa vontade à de Deus." (A Liahona, Junho de 2008, pg. 38)

                O Élder Marlin K. Jensen, dos Setenta, ensinou: "Podemos encontrar grande consolo na capacidade que Cristo tem de identificar-Se com nossas próprias experiências pessoais — uma característica conhecida como empatia. O registro do ministério de Cristo está repleto de demonstrações de empatia e bondade para com as pessoas que eram diferentes." (A Liahona, Agosto de 2010, pg. 42).

20 de abr. de 2012

A importância das perguntas - Comentário sobre Apocalipse 7:13-14

                      Durante a sua visão João foi indagado por um dos élderes sobre a multidão de santificados. Sua resposta permitiu que o Senhor especificasse as bênçãos que todo fiel pode receber.
                O Senhor frequentemente usa perguntas para ensinar seus filhos. Às perguntas do evangelho podem ser classificadas basicamente em quatro tipos: perguntas de compromisso; perguntas para lembrar; perguntas para pensar e perguntas do coração.
                As perguntas de compromisso são aquelas que exigem um "sim" ou um "não" como resposta e uma atitude. São perguntas diretas, simples e que requerem, além de uma afirmação, uma ação posterior do receptor. Encontramos, por exemplo, o Salvador fazendo esse tipo de pergunta a Pedro: "Simão, filho de Jonas, amas-me?" (João 21:15-17). A resposta de Pedro não deveria incluir apenas um "sim", mas também uma atitude consciente de apascentar as ovelhas de Deus.
                As perguntas para lembrar são aquelas que exigem o uso da memória - tal como quando o Senhor perguntou aos discípulos no Novo Mundo se as profecias de Samuel haviam se cumprido e porque, afinal, elas não haviam sido registras. "E aconteceu que Néfi se lembrou de que isso não havia sido escrito. E aconteceu que Jesus ordenou que fosse escrito; por conseguinte foi escrito, como ele ordenou." (3 Néfi 23:9-13)
                As perguntas para pensar são aquelas feitas para que novas conclusões sejam alcançadas - ou seja, para que o receptor da pergunta tenha sua compreensão magnificada e patamares mais elevados sejam visualizados. Quando o Senhor perguntou a Adão onde Ele estava (Genesis 3:9), não era porque Ele, Deus (que é onisciente e onipresente), não conhecia o paradeiro de Adão - mas porque ele, Adão, precisava aprender algo sobre si mesmo. O mesmo vale para centenas de perguntas feitas pelo Senhor em todas as escrituras[1]. Elas instigam a mente e o espírito. Evidentemente as perguntas de compromisso e para lembrar exigem operações mentais - mas as perguntas para pensar geram um entendimento que, a princípio, não esta armazenado na mente.
                As perguntas do coração, ou perguntas da alma, também fazem com que as pessoas reflitam sobre algo que já aprenderam ou que achem novas soluções e  novos entendimentos - mas elas envolvem as coisas do espírito. A resposta a essas perguntas geralmente são expressões de fé e testemunho - são uma resposta espiritual. Muitas vezes, entretanto, a pergunta da alma não será seguida de uma resposta imediata, pois tem um efeito penetrante tal que cerra a boca e conduz a uma longa introspecção.
                Quando o Senhor pergunta a Pedro quem seus discípulos julgam ser Ele, e Pedro responde com seu testemunho dizendo que Jesus é o Cristo, esse é um claro exemplo de uma pergunta do coração (Mateus 16:15-16). Outro exemplo de uma pergunta do coração ocorre quando o Senhor diz: "Pois, qual é mais fácil? dizer: perdoados te são teus pecados; ou dizer: levanta-te e anda?" (Mateus 9:5)
                As perguntas do coração são as perguntas mais importantes a serem feitas. Às vezes são duras, tais como as de Alma ao perguntar: "Podereis pensar em ser salvos, quando vós haveis deixado subjugar pelo diabo?" (Alma 5:20) O intuito dessas profundas questões sempre é o de salvar. Por isso são sinceras e cheias de poder espiritual.
                Embora uma classificação de perguntas possa ser útil para analisar as escrituras, o mais importante é entender que quando uma pergunta é feita pelo Espírito Santo provoca um efeito extraordinário para o bem[2]. Nas teofanias e ministração de anjos e profetas aos filhos amados de Deus encontramos perguntas. Por exemplo, às perguntas tem um papel importante na visão de Néfi. Em vez do anjo explicar detalhadamente a visão, ele convidava Néfi a meditar e a chegar a suas próprias conclusões: "Néfi, que vês tu?" (1 Néfi 11:14) As perguntas do evangelho permitem o uso correto do arbítrio, que consequentemente qualificam o recebedor da pergunta a sentir e aprender mais. Além disso, quando as próprias dúvidas e perguntas são solucionadas gozamos da recompensa de nossos próprios esforços, e encontramos uma alegria profunda, que ultrapassa o beneficio trazido por uma resposta gratuita, instantânea e fácil.


[1] Vemos as perguntas para pensar distintamente, por exemplo, na ocasião em que o Senhor apareceu ao irmão de Jarede. O Senhor lhe perguntou: "porque caíste?" (Éter 3:7) Essa era uma pergunta exigia a consideração de uma nova situação que o irmão de Jarede se encontrava, portanto lhe permitia verificar sua condição frágil e o grande poder e os atributos de Deus. A segunda pergunta de Deus ao irmão de Jarede revela uma prova de fé e um convite ao aprendizado: "Viste mais que isso?" (Éter 3:9) Essa é uma pergunta para meditar também, mas que permitia que o irmão de Jarede expressasse seu desejo profundo de aprender os mistérios de Deus. Já a próxima pergunta era uma pergunta de compromisso: "Crês nas palavras que eu direi?" Exigia um sim ou não como resposta e uma ação correspondente a afirmação.
[2] O Pregar Meu Evangelho, manual usado na obra missionária, ensina a importância de perguntas e como elas podem abençoar os filhos de Deus: "Jesus Cristo frequentemente fazia perguntas para ajudar as pessoas a ponderar os princípios e aplicá-los. Suas perguntas faziam com que as pessoas pensassem, meditassem e assumissem compromissos. As boas perguntas ajudarão você compreender os interesses, preocupações ou dúvidas que as pessoas têm. Elas podem melhorar seu ensino, convidar o Espírito e ajudar seus pesquisadores a aprender. (...) As boas perguntas podem levar os pesquisadores a perguntarem quando não compreenderem, quando tiverem uma dúvida ou quando quiserem saber o que fazer. As boas perguntas podem ajudar as pessoas que você estiver ensinando a expressarem seus sentimentos e ao fazê-lo descobrirem que estão desenvolvendo um testemunho. (...) Aprenda a fazer perguntas quando for inspirado pelo Espírito. O tipo certo de pergunta no momento certo pode ajudar imensamente os seus pesquisadores a aprenderem o evangelho e a sentirem o Espírito. Da mesma forma, o tipo errado de pergunta feita no momento errado pode interferir com o aprendizado das pessoas. Para fazer a pergunta adequada no momento certo é preciso que você esteja em sintonia com o Espírito, ouça as pessoas que você estiver ensinando e se concentre durante toda a aula. O ensino eficaz pode ser um trabalho árduo, exigindo que você e seu companheiro tenham muita concentração e esforço. ("Técnicas de Ensino -Fazer Perguntas", pg. 198-199)

2 de abr. de 2012

Quem é Gazelém?


            Alma, falando a seu filho Helamã, que estava recebendo o sagrado dever de preservar os registros sagrados, disse:
            "E agora te falarei sobre aquelas vinte e quatro placas, para que as guardes a fim de que os mistérios e as obras das trevas e suas obras secretas, ou seja, as obras secretas daquele povo que foi destruído [os jareditas], sejam dados a conhecer a este povo; sim, que todos os seus homicídios, roubos e pilhagens e todas as suas maldades e abominações sejam dados a conhecer a este povo; sim, e que conserves estes intérpretes. Pois eis que o Senhor viu que o seu povo começou a trabalhar nas trevas, sim, a cometer secretamente assassinatos e abominações secretas; disse portanto o Senhor que, caso eles não se arrependessem, seriam varridos da face da Terra. E disse o Senhor: Prepararei para meu servo Gazelém uma pedra que brilhará na escuridão como luz, para mostrar ao meu povo que me serve, para mostrar a eles as obras de seus irmãos; sim, suas obras secretas, suas obras de trevas e suas iniquidades e abominações" (Alma 37:21-23).
            O Manual de Aluno do Seminário do Livro de Mórmon explica o termo Gazelém da seguinte maneira: "Aparentemente o nome dado a um vidente desconhecido" (pg. 125).
            Esse nome não é hebraico, nem egípcio - parece originar-se da linguagem usada pelos jareditas (que não foram confundidos na época da torre de Babel) - que era a linguagem de adamita - ou seja, a língua que Adão falava. Essa hipótese é reforçada porque a passagem que é citado Gazelém começa com "E disse o Senhor".
            Fato é que Gazelém é uma pessoa, não é uma pedra, como alguns poucos tentam interpretar. A escritura diz, em todas as traduções que tive acesso: "prepararei para meu SERVO Gazelém uma pedra" e não "prepararei para meu servo uma pedra, Gazelém".
            O Élder Bruce R. McConkie, um dos maiores teólogos da Igreja, explicou que nomes incomuns foram dados a alguns dos primeiros santos citados nas revelações, para protegê-los de seus inimigos[1]. O nome do Profeta era substituído pelo nome Enoque ou Gazelém. Quando o perigo de perseguição findou, os nomes verdadeiros foram revelados. O cabeçalho atual da Seção 78 de Doutrina e Convênios, uma das passagens onde o nome Gazelém aparecia[2], explica: " Nem sempre convinha que a identidade dos indivíduos a quem o Senhor se dirigia nas revelações fosse conhecida pelo mundo; por isso, nesta e em algumas revelações subseqüentes, os irmãos foram chamados por nomes que não eram os seus. Quando a necessidade de manter em segredo os nomes dessas pessoas havia passado, seus nomes verdadeiros passaram a ser mencionados entre colchetes. Uma vez que já não há necessidade de usar os nomes codificados, apenas os nomes verdadeiros são agora usados, como nos manuscritos originais."
            O Élder McConkie também disse que provavelmente havia uma razão de Joseph Smith usar o nome Enoque ou Gazelém, mas isto não nos esta revelado.
            Por fim, o Élder McConkie conclui dizendo que talvez Alma estivesse se referindo ao Profeta Joseph Smith, que traria à luz uma parte do registro Jaredita, através do relato de Morôni (trata-se do livro de Éter). Ele também diz pode referir-se a um título para aqueles que tem o poder de traduzir registros antigos e sagrados[3].
            Que Joseph Smith pode ser apropriadamente identificado como o servo do Senhor, que nunca época de trevas e combinações secretas receberia uma pedra que brilharia na escuridão como luz, para mostrar ao povo que serve a Deus as obras de seus irmãos - isso ninguém duvida. Joseph Smith usou a Pedra do Vivente e também o Urim e Tumim para traduzir o Livro de Mórmon - pedras que literalmente (especialmente a primeira citada) brilhavam na escuridão.
            Todavia, filio-me com grande propriedade, a segunda hipótese do Élder McConkie, elevando o termo "Gazelém" a título genérico e não nome próprio e individual. Penso que Gazelém deve ser entendido tal como entendemos os termos "Elias" e "Élder" - que identificam vários personagens que recebem responsabilidades semelhantes (GEE "Elias"). Sabemos que muitas coisas ainda hão de ser reveladas (Regras de Fé #9). Haverá necessidade de um outro vidente (ou outros), um novo Gazelém, que traduzirá coisas que o Profeta Joseph não pode traduzir na época que viveu entre nós, devido a iniquidade dos homens de sua época.
            A ideia que Gazelém é um título geral encaixa-se muito bem com o contexto de Alma 37, pois Alma vê que Deus cumpre suas profecias, com relação aos registros sagrados, não em uma ocasião ímpar e particular - mas em vários momentos da História Humana. Muitos milhares de lamanitas haviam sido restituídos por causa dos registros sagrados, mas Deus ainda manifestaria "seu poder a futuras gerações" (Alma 37:18-19).
            Como não temos uma revelação explicando mais sobre Gazelém não há posição oficial da Igreja, nem consenso harmônico entre os estudiosos. Há apenas hipóteses que devem ser tratadas como tal, até que o Senhor nos dê mais luz.


[1] "Strange and unusual names were placed by the Prophet in some of the early revelations so that the individuals whom the Lord was then addressing would not be known to the world. The purpose for keeping these identities secret from their enemies having long since passed, the true names are now found in the Doctrine and Covenants. Two of the names which identified the Prophet himself were Gazelam and Enoch. (D. & C. 78:9; 82:11; 104:26, 43, 45, 46.) Presumptively these and other names used at the same time have particular meanings, which are not now known to us." ("GAZELAM", Mormon Doctrine, Pg.307)
[2] O nome que aparecia nas revelações de Doutrina e Convênios era, na realidade, Gazelam e não Gazelem (traduzido para o português Gazelém), embora seja pacifico o entendimento que os nomes são variantes de idêntico significado.
[3] "With reference to the name Gazelam, it is interesting to note that Alma in directing Helaman to preserve both the Urim and Thummim and the plates containing the Book of Ether, says that such record will be brought to light by the Lord's servant Gazelem, who will use "a stone" in his translation work. (Alma 37:21-23.) It may be that Gazelem is a variant spelling of Gazelam and that Alma's reference is to the Prophet Joseph Smith who did in fact bring forth part at least of the Ether record. Or it could be that the name Gazelem (Gazelam) is a title having to do with power to translate ancient records and that Alma's reference was to some Nephite prophet who brought the Book of Ether to light in the golden era of Nephite history." ("GAZELAM", Mormon Doctrine, Pg.307)