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8 de jan. de 2013

O PODER DO MAL - parte 2


O poder do diabo no Segundo Estado
A vida nesta Terra é um tempo de provação (Abraão 3:25). Provação  para aqueles 2/3 que escolheram seguir o Salvador Jesus Cristo. Os outros (1/3) - que escolheram Lúcifer nunca terão direito a um tempo de provação, e consequentemente não receberão um corpo físico - mas permanecerão para sempre com seus corpos de espírito. Isso por si só já os limita. Sim, seu poder se limita, pois há muitas coisas que não se pode fazer sem um corpo.
O Élder David A. Bednar explicou: "Satanás não tem um corpo, e seu progresso eterno foi interrompido. Assim como a água que flui no leito de um rio é contida por uma represa, o progresso eterno do adversário foi interrompido por ele não ter um corpo físico. Devido a sua rebelião, Lúcifer negou a si mesmo todas as bênçãos e experiências mortais que são possíveis graças a um tabernáculo de carne e ossos. Ele não pode aprender as lições que só um espírito com corpo é capaz de aprender. Ele não pode se casar nem desfrutar as bênçãos da procriação e da vida em família. Não pode vivenciar a realidade da ressurreição literal e universal de toda a humanidade. Um dos mais fortes significados da palavra condenado, conforme aparece nas escrituras, evidencia-se por essa incapacidade de continuar a desenvolver-se e de tornar-se semelhante ao Pai Celestial.
Uma vez que o corpo físico é um elemento tão importante no plano de felicidade do Pai e em nosso desenvolvimento espiritual, não admira que Lúcifer procure frustrar nosso progresso tentando-nos a usar nosso corpo de modo impróprio. Uma das maiores ironias da eternidade é a de que o adversário, que é miserável justamente por não ter um corpo físico, procure seduzir-nos e tentar-nos a partilhar de sua miséria utilizando nosso corpo de modo impróprio. A própria ferramenta que ele não tem e não pode usar torna-se, assim, o alvo principal de seu empenho em levar-nos à destruição física e espiritual." (As coisas como realmente são, Serão do SEI - BYU, 3 de Maio de 2009, clique aqui para ler o serão completo).
O poder de Satanás se manifestou primeiramente no Éden. As escrituras relatam que Satanás é a "antiga serpente"(D&C 76:28, Apocalipse 12:9, 20:2). Em Gênesis e Moisés lemos que Satanás tentou Adão e Eva para que comessem do fruto que Deus lhes havia proibido. Satanás usou uma meia verdade para enganar Eva. Ele disse que se comessem do fruto proibido, Adão e Eva seriam como Deus, conhecendo o bem e o mal - isso era verdade. A mentira, entretanto, era a de que não morreriam. Adão e Eva comeram do fruto da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, transgredindo expressamente um mandamento de Deus. A tragédia do Éden, entretanto, se tronou uma das maiores bênçãos de todas - para o desgosto do Inimigo. Graças a Queda, a vida mortal se tornou possível, e a Provação se iniciou. Sem a Queda, não haveria necessidade de uma Expiação. e Sem a expiação não há ressurreição e Vida Eterna. Satanás, em vez de atrapalhar, adiantou os propósitos do Criador (GEE "Queda", ver também http://lucasmormon.blogspot.com.br/2012/02/mandamento-em-conflito-no-jardim.html)
Deus amaldiçoou o diabo, dizendo: "Por teres feito isso, maldita serás sobre todo gado e toda besta do campo; sobre teu ventre andarás e pó comerás todos os dias de tua vida; E porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua semente e a semente dela; e ele ferirá tua cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar." (Moisés 4:20-21). A semente do diabo, que são seus seguidores, e a da Mulher, que é Cristo, são inimigas. Paulo disse: "E que concórdia há entre Cristo e Belial?" (II Coríntios 6:15). E mais tarde, Tiago: "não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). Assim Satanás tornou-se o mestre do mal e das trevas - o opositor de Cristo. As características do demônio são totalmente antagônicas a de Cristo - de modo que não podemos confundir ambos. E nem podemos servir aos dois senhores ao mesmo tempo - porque ou odiaremos a um e amaremos ao outro, ou nos dedicaremos a um e desprezaremos o outro - não podemos servir a Deus e a Diabo simultaneamente! (Mateus 6:34)
É claro que Satanás ficou irado ao ver que não atrapalhara em nem mesmo minimamente o Plano de Deus, e por isso jurou, em sua ira, destruir os homens - arrastando-os para o inferno.
Vemos que ele obteve sucesso logo no inicio do mundo, pois enganou Caim, para que assassinasse Abel, seu irmão. Caim se tronou Perdição - recebendo o mesmo título de Satanás - porque para ambos não há qualquer esperança de redenção (Moisés 5:21-41).
A fúria do diabo não cessou. Ele obteve sucesso usando suas táticas demoníacas, de modo que toda humanidade se tornou corrupta, exceto oito almas. O Senhor precisou enviar um dilúvio para purificar o mundo (GEE "Dilúvio").
Depois que o planeta começou a ser povoado outra vez, Satanás instigou os homens novamente. Em Helamã lemos que "foi também esse mesmo ser [Satanás] que pôs no coração do povo a ideia de construir uma torre tão alta que alcançasse o céu. E foi esse mesmo ser que enganou o povo que veio daquela torre para esta terra [os jareditas]; que espalhou obras de trevas e abominações por toda a face da terra até arrastar este povo à mais completa destruição e ao inferno sem fim. Sim, o mesmo ser que inculcou no coração de Gadiânton a continuação de obras tenebrosas e assassinatos secretos [entre os nefitas]; e tem-nas propagado desde o princípio do homem até agora. E eis que é ele [Satanás] o autor de todo pecado. E eis que leva avante suas obras de trevas e assassinatos secretos; e transmite suas conspirações e seus juramentos e seus convênios e seus planos de terrível iniquidade, de geração em geração, à medida que consegue apoderar-se do coração dos filhos dos homens." (Helamã 6:28-30).
Enoque teve uma visão extraordinária. Ele viu que "o poder de Satanás estava sobre toda a face da Terra. E ele viu anjos descendo do céu; e ouviu uma alta voz, dizendo: Ai, ai dos habitantes da Terra. E ele viu Satanás; e tinha uma grande corrente na mão, que cobria de trevas toda a face da Terra; e ele olhou para cima e riu; e seus anjos rejubilaram-se. E Enoque viu anjos que desciam do céu, prestando testemunho do Pai e do Filho; e o Espírito Santo desceu sobre muitos". Todavia, Enoque viu "que o Deus do céu olhou o restante do povo e chorou". O Senhor explicou que chorava porque os pecados de seus filhos lhes condenaria e "Satanás será seu pai e angústia, seu destino; e todo o céu chorará sobre eles, sim, toda a obra de minhas mãos; portanto não deverão os céus chorar, vendo que eles sofrerão?" (Moisés 7:25-37).
Essa parte da visão de Enoque se refere especificamente à época que antecedeu o Dilúvio. Entretanto, como os profetas modernos dizem, vivemos em um tempo de iniquidade comparável aos dias de Noé. Satanás tem "poder sobre seu próprio domínio" (D&C 1:35). E por isso, hoje, podemos saber que Deus esta chorando, e o diabo rindo. Mas tal situação é temporário, pois vira o dia em que Satanás será amarado e, depois, expulso para sempre.

Táticas do Diabo em espécie
Satanás é um ser ardiloso. As escrituras dizem que seu plano é astuto (2 Néfi 9:28). Seu plano! Satanás tem um plano. Ele é um ser inteligente e com muita experiência. Ele é calculista, meticuloso e capcioso. Ele usa de "táticas"para destruir os homens. As escrituras chama essas táticas de "ardis do diabo" (Alma 11:21). Falarei brevemente sobre elas.
                O Presidente Thomas S. Monson declarou:
                "Estamos cercados — às vezes somos até bombardeados — por mensagens do adversário. Ouçam algumas delas, que sem dúvida lhes soarão familiares: “Só desta vez não vai fazer mal”. “Não se preocupe, ninguém vai saber”. “Você pode parar de fumar ou de beber, ou de tomar drogas quando quiser”. “Todo mundo faz isso, portanto não pode ser tão ruim assim”. As mentiras são infindáveis.
                Embora em nossa jornada encontremos bifurcações e retornos ao longo da estrada, simplesmente não podemos nos dar ao luxo de enveredar por um desvio do qual talvez jamais consigamos voltar. Lúcifer, como o astuto flautista [de Hamelin], toca sua alegre melodia e atrai os incautos para longe da segurança do caminho escolhido, para longe dos conselhos de pais amorosos, para longe da segurança dos ensinamentos de Deus. Ele busca não apenas a assim chamada escória da humanidade, ele busca todos nós, inclusive os próprios eleitos de Deus. O rei Davi ouviu, vacilou e, depois, seguiu e caiu. O mesmo fez Caim, em uma época anterior, e Judas Iscariotes, em uma era posterior. Os métodos de Lúcifer são ardilosos, e suas vítimas, numerosas." (http://www.lds.org/general-conference/2010/10/the-three-rs-of-choice?lang=por&media=video)
Néfi concede-nos um rol exemplificativo muito útil para nosso dias:
"Pois eis que nesse dia ele [o diabo] se enfurecerá nos corações dos filhos dos homens e incitá-los-á a se irarem contra o que é bom. E a outros pacificará e acalentará com segurança carnal, de modo que dirão: Tudo vai bem em Sião; sim, Sião prospera. Tudo vai bem - e assim o diabo engana suas almas e os conduz cuidadosamente ao inferno. E eis que a outros ele lisonjeia, dizendo-lhes que não há inferno; e diz: Eu não sou o diabo, porque ele não existe - e assim sussurra-lhes aos ouvidos até agarrá-los com suas terríveis correntes, das quais não há libertação. Sim, são agarrados pela morte e pelo inferno; e a morte e o inferno e o diabo e todos os que assim foram dominados deverão apresentar-se diante do trono de Deus e serem julgados de acordo com suas obras; daí deverão ir para o lugar preparado para eles, um lago de fogo e enxofre que é tormento sem fim. Portanto, ai do que repousa em Sião! Ai do que clama: Tudo vai bem! Sim, ai do que dá ouvidos aos preceitos dos homens e nega o poder de Deus e o dom do Espírito Santo! Sim, ai do que diz: Recebemos e não necessitamos mais!
E por fim, ai de todos os que tremem e estão irados por causa da verdade de Deus! Pois eis que o que está edificado sobre a rocha recebe-a com júbilo; e o que está edificado sobre um fundamento de areia treme de medo de cair. (...)
Maldito é aquele que confia no homem ou faz de carne o seu braço ou dá ouvidos aos preceitos dos homens, a menos que seus preceitos sejam dados pelo poder do Espírito Santo." (2 Néfi 28:21-29, 31)
O diabo enfurece alguns. O Presidente Thomas S. Monson contou a pouco tempo: "Recentemente, quando eu assistia ao noticiário na televisão, percebi que muitas das principais matérias eram de natureza semelhante, pois contavam tragédias que, basicamente, tinham raízes em uma única emoção: a raiva. O pai de um bebê foi preso por maltratar a criança. Afirmava-se que o choro do bebê tinha enfurecido o pai a tal ponto que ele quebrou um dos membros e várias costelas da criança. Foram alarmantes as notícias do aumento da violência das gangues e do aumento acentuado dos assassinatos praticados por elas. Outra notícia daquela noite foi sobre uma mulher baleada pelo marido, de quem estava separada e que teve um ataque de ciúme e fúria ao encontrá-la com outro homem. E, naturalmente não faltaram as habituais coberturas de guerras e conflitos no mundo inteiro." Depois ele ensinou: "Enfurecer-se é ceder à influência de Satanás. (...) A raiva é instrumento de Satanás e é destrutiva de muitas formas." Por fim, o profeta rogou-nos: "Que não alimentemos hostilidade contra ninguém, mas sejamos pacificadores, tendo sempre na lembrança a admoestação do Salvador: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" ("Amansa teu temperamento", Conferência Geral, outubro de 2009, leia o discurso completo).
O diabo pacifica alguns. Meu presidente de Estaca sempre diz, repetindo os profetas: "a procrastinação é ladra da vida eterna". Satanás muitas vezes nos insta a cumprir os mandamentos, mas amanhã - e não hoje. Ele também nos aliena nas terríveis consequências do pecado. Ele diz que poderemos nos arrepender, ou que Deus é muito bom, e por isso não ira nos castigar. Nesses últimos dias muitos dizem: "Comei, bebei e alegrai-vos, porque amanhã morreremos; e tudo nos irá bem." Muitos também dizem: "comei, bebei e diverti-vos; não obstante, temei a Deus - ele justificará a prática de pequenos pecados; sim, menti um pouco, aproveitai-vos de alguém por causa de suas palavras, abri uma cova para o vosso vizinho; não há mal nisso. E fazei todas estas coisas, porque amanhã morreremos; e se acontecer de sermos culpados, Deus nos castigará com uns poucos açoites e, ao fim, seremos salvos no reino de Deus." (2 Néfi 28:7-8). Essa são "doutrinas falsas, vãs e tolas" (2 Néfi 28:9).
O diabo lisonjeia alguns. Muitas vezes Satanás incita os homens a descrença. Sim, até mesmo sussurra-lhes que ele não existe e que não é o diabo. Ele diz que Satanás é um ser mitológico ou criado pela mente humana. Creio que essa é uma de suas táticas mais bem sucedidas.
Lembro que quando eu era um missionário de tempo integral, quando eu servia em um ramo longínquo - e o trabalho era muito desafiador - de fato, foi minha área mais difícil no campo missionário; lembro que Satanás sussurrou-me que ele não existia e que não era o diabo. Compreendi que se eu acreditasse nisso, deixaria de crer na origem de meu chamado como missionário - e até minha crença em Deus seria abalada. Mas refutei essa tentação. Sei que o diabo é um ser real, e que devemos ter cuidado com suas mentiras.
O diabo faz com que alguns se irem contra a verdade. Faz com que outros confiem mais nos homens - em suas ideias, teorias e caprichos. Ele também faz com que alguns se envolvam em combinações secretas. Estas combinações são as maiores e mais destrutivas de suas táticas. (http://lucasmormon.blogspot.com.br/2010/04/eter-8-combinacoes-secretas.html).
Uma tática recente que o diabo tem usado foi declarada pelo Élder Bednar:
"Satanás também procura incentivar os filhos e filhas de Deus a subestimar a importância de seu corpo físico. Esse tipo de ataque é extremamente sutil e diabólico. Quero dar vários exemplos de como o adversário pode pacificar-nos e acalentar-nos com uma sensação de segurança carnal (ver 2 Néfi 28:21) e incentivar-nos a colocar em risco as experiências terrenas de aprendizado com as quais nos jubilamos (ver Jó 38:7) na existência pré-mortal.
Por exemplo: todos podemos divertir-nos numa ampla gama de atividades sadias, divertidas e motivadoras, mas subestimamos a importância de nosso corpo e colocamos em risco nosso bem-estar físico ao chegar a extremos insólitos e perigosos em busca de uma crescente descarga de adrenalina. Podemos justificar-nos dizendo que nada há de errado nessas aventuras e experiências aparentemente inocentes. Contudo, quando colocamos em risco o próprio instrumento que Deus nos deu para ter experiências de aprendizado na mortalidade, seja por mera busca de emoção ou diversão, por vaidade ou para obter aceitação, estamos na verdade menosprezando a importância de nosso corpo físico.
Infelizmente, alguns rapazes e moças da Igreja atualmente ignoram “as coisas como realmente são” e negligenciam relacionamentos eternos em troca de distrações, diversões e subterfúgios digitais que não têm valor duradouro. Dói-me o coração quando um jovem casal, selado na casa do Senhor para esta vida e para toda a eternidade, pelo poder do santo sacerdócio, enfrenta dificuldades conjugais por causa do efeito viciante do uso excessivo de videogames ou de redes de relacionamentos sociais da Internet. Um rapaz ou uma moça pode desperdiçar inúmeras horas, adiar ou perder realizações profissionais ou acadêmicas e, por fim, sacrificar ternos relacionamentos humanos por causa de videogames e jogos on-line que embotam a mente e o espírito. Como o Senhor declarou: “Portanto dou-lhes o seguinte mandamento: Não desperdiçarás teu tempo nem enterrarás teu talento, de modo que não seja conhecido (…) ” (D&C 60:13)."
Então o Élder Bednar destemidamente declarou:" Ergo hoje a voz apostólica de advertência para a possível influência asfixiante, sufocante, anulante e restritiva que alguns tipos de interações e experiências realizadas no mundo virtual podem ter sobre nossa alma. Essa preocupação não é algo novo, mas aplica-se igualmente a outros meios de comunicação como a televisão, o cinema e a música. No mundo virtual, porém, esses desafios são mais difundidos e intensos. Rogo que tomem cuidado com a influência entorpecente e espiritualmente destrutiva das tecnologias do ciberespaço que são usadas para produzir alta fidelidade e promover propósitos degradantes e malignos.
Se o adversário não conseguir persuadir-nos a fazer mau uso de nosso corpo físico, então uma de suas táticas mais eficazes é induzir-nos — nós que somos espíritos com corpo — a desligar-nos gradual e fisicamente das coisas como realmente são. Em essência, ele nos incentiva a pensar e agir como se estivéssemos em nosso estado pré-mortal, sem um corpo. Se permitirmos, ele pode astutamente empregar alguns aspectos da tecnologia moderna para atingir seus objetivos. Peço-lhes que tomem muito cuidado para não ficarem tão imersos e concentrados nos pixéis, textos, fones de ouvidos, torpedos, redes sociais on-line e usos potencialmente viciantes da mídia e da Internet, a ponto de deixarem de reconhecer a importância de seu corpo físico e de perderem a riqueza da verdadeira comunicação face-a-face. Tomem cuidado com as representações e informações digitais encontradas nas diversas formas de interação computadorizada que podem exibir toda a gama de capacidades e experiências físicas." (As coisas como realmente são, Serão do SEI - BYU, 3 de Maio de 2009, clique aqui para ler o serão completo).
As táticas do diabo são várias. E são todas perigosas. Ouvir os profetas e ler as escrituras diariamente nos salva dos enganos do demônio. Mais adiante falarei com mais demora sobre isso.

(continua)

7 de jan. de 2013

O PODER DO MAL - parte 1


Introdução 
                Começo com uma advertência: aqueles que se aprofunda em estudar o mal acaba se apegando a ele. O Élder James E. Faust ensinou: "Não é uma coisa boa interessar-se por Satanás e seus mistérios. Nada de bom pode resultar de aproximar-nos do mal. Tal como quando brincamos com fogo, é muito fácil nos queimar: “O conhecimento do pecado induz à sua prática” (Joseph F. Smith, Gospel Doctrine, 5ª ed., 1939, p. 373). O único caminho seguro é manter-nos bem distante dele e de quaisquer de suas atividades iníquas e práticas depravadas. Os males do culto ao diabo, da feitiçaria, da bruxaria, do ocultismo, dos encantamentos, da magia negra e todas as outras formas de demonismo devem ser evitados como praga.
                "No entanto, o Presidente Brigham Young (1801–1877) disse ser importante “estudar (...) o mal e suas consequências” (Discourses of Brigham Young, sel. John A. Widtsoe, 1941, p. 257). Sendo Satanás o autor de todo o mal no mundo, é essencial, portanto, dar-nos conta de que ele é a influência por trás da oposição à obra de Deus. Alma declarou esse ponto sucintamente: 'Tudo que é bom vem de Deus e tudo que é mau vem do diabo' (Alma 5:40)" ("As Forças que nos Salvarão", A Liahona, Janeiro de 2007, pg. 3).
                Não podemos ignorar os ardis do inimigo (II Coríntios 2:10-11), mas isso não significa ser complacente com a iniquidade.
                O Senhor disse que se nossos "olhos estiverem fitos em minha glória, todo o vosso corpo se encherá de luz e em vós não haverá trevas; e o corpo que é cheio de luz compreende todas as coisas." (D&C 88:67). E em mais de uma ocasião Ele ensinou que "luz brilha nas trevas e as trevas não a compreendem" (D&C 6:21, 45:7, 88:46). Perceba que as trevas não podem compreender a luz, mas a luz entende a extensão, profundidade e densidade das trevas. Isso é ilustrado no Livro de Mórmon na ocasião em que Néfi foi descrito como um homem que sabia "tão bem das coisas que nos acontecerão quanto de nossas iniquidades". Néfi não era iníquo, não tinha sido iníquo - ele, contudo, sabia perfeitamente sobre o estado corrupto em que se encontravam seus irmãos. Eles estavam em trevas. Néfi conhecia essa trevas tão bem quanto sabia a respeito do futuro, pois tinha o poder de profetizar (Helamã 8:8).
                O que quero dizer iniciantemente, portanto, é que não precisamos ser curiosos com as obras das trevas. Creio que assistir filmes, promover debates e ler livros sobre exorcismo, bruxaria, satanismo, etc. nos afastam de Deus e do conhecimento da divindade. Se nos empenharmos em estudar as trevas, sendo muito otimista, conheceremos apenas as mesmas. Se nos empenharmos em buscar a luz, entretanto, adquiriremos todo o conhecimento. E não levará muito tempo, após termos iniciar a jornada para a Suprema Luz, para percebermos que nenhum beneficio pode verdadeiramente vir da escuridão espiritual.
                Falemos agora algo sobre o poder do mal e a extensão das trevas, conforme ensinado nas escrituras e nas palavras dos profetas modernos. Tal assunto é exposto tão somente para advertir quanto aos ardis do diabo, que procura "tornar todos os homens tão miseráveis quanto ele próprio" (2 Néfi 2:27).

O poder de Deus e o poder do diabo
                Lemos nas escrituras que Satanás era chamado de Lúcifer, a estrela da manhã (Isaías 14:12). Esse título sagrado foi usado como um dos nomes do Senhor Jesus Cristo (Apocalipse 22:16). Estrela da manhã sem dúvida refere-se a uma posição de autoridade, liderança e poder. Sabemos que o sacerdócio, que é o poder de Deus, foi conferido na pré-mortalidade a Seus filhos (Alma 13:2-9). Sabemos que Lúcifer possuía o sacerdócio, e ainda o desfruta (Lucas 10:19, II Tessalonicenses 2:9, Alma 12:17). Evidentemente não é o sacerdócio de Deus, o qual se opera somente pelos princípios da retidão (D&C 121:36-37).
                Nesse ponto é instrutivo lembrar que "p poder do diabo é limitado, o poder de Deus é infinito" ("O poder do mal", Discursos de Brigham Young, pg. 69). O diabo tem apenas o poder, como ensinou o Presidente Brigham Young, para queimar, destruir, enquanto Deus tem o poder para organizar, construir e salvar "O poder do mal", Discursos de Brigham Young, pg. 70).
                Meu pai me contou certa vez o que ouviu em um discurso. Ele me disse: o poder de Deus não pode ser medido, todavia, como ilustração, imagine todos os exércitos da Terra reunidos - todos os seus armamentos e até bombas nucleares - imagine toda essa força bélica - esse seria o poder de Deus. Agora, pense em soldadinhos de chumbo de um menino de 10 anos - esse é o poder do diabo. O poder do diabo é ínfimo perto do de Deus.
                Apesar do poder do diabo ser pequeno comparado ao de Deus, ele, Satanás e seus seguidores, tem feito muito estrago à alma dos homens.
               
O poder do diabo da Vida pré-mortal
                Antes de nascermos Lúcifer se rebelou contra o  Plano de Deus e Cristo. O plano de Deus preceituava que todos os filhos de Deus teriam a oportunidade de serem exaltados – ou seja, de receberem as vidas eternas (GEE "Vida Eterna"). Não obstante, alguns poderiam se perder e não alcançar a meta do destino eterno. Devido as exigências da Justiça os desobedientes, no final da provação, teriam que sofrer. Mesmo o amor de Deus não poderia roubar a justiça (Alma 42:25).
Aparentemente Lúcifer se apercebeu que alguns de seus irmãos perderiam o privilégio de serem exaltados. O Plano que o próprio Pai Celestial tinha vivido e agora estava apresentando a seus filhos, representava uma taxa de risco - justamente por causa do dom do arbítrio. Lúcifer chegou à conclusão de que havia um caminho melhor. Ele pensou em privar todos os seus irmãos da liberdade de escolha que já tinham e obrigá-los a tomar decisões certas. Essas decisões corretas fariam com que a Divina Justiça recompensasse todos com a salvação. Todavia Lúcifer não considerou ou não se importou que se privados do arbítrio fossemos nunca poderíamos crescer realmente. Sem oposição não apenas as escolhas deixariam de existir, mas também, logicamente, suas consequências. A vida eterna estaria inalcançável e desfrutaríamos de uma salvação limitada.Leí ensinou que sem o arbítrio “não haveria retidão, nem iniquidade, nem santidade, nem miséria, nem bem, nem mal” e que “se fossem um só corpo, deveriam permanecer como mortas, não tendo vida nem morte, nem corrupção nem incorrupção, nem felicidade nem miséria, nem sensibilidade nem insensibilidade” (2 Néfi 2:11). Ele também ensinou: “E se disserdes que não há lei, direis também que não há pecado. E se disserdes que não há pecado, direis também que não há retidão. E não havendo retidão não há felicidade. E não havendo retidão nem felicidade não haverá castigo nem miséria” (2 Néfi 2:13).
Lúcifer achou que seu Plano era melhor do que o do Pai. Por isso não seria razoável que tendo um plano melhor que o do Pai estivesse no lugar Dele? Foi isso o que desejou. “Aquele Satanás (...) é o mesmo que existiu desde o princípio [como Lúcifer]; e ele apresentou-se perante mim, dizendo: Eis-me aqui, envia-me; serei teu filho e redimirei a humanidade toda, de modo que nenhuma alma se perca; e sem dúvida eu o farei; portanto dá-me a tua honra” (Moisés 4:1).
O profeta Joseph Smith ensinou: “A guerra no céu foi assim: Jesus disse que haveria certas almas que não seriam salvas; e o diabo disse que salvaria todas elas e apresentou seus planos ao grande conselho,  que deu seu voto a favor de Jesus Cristo. Então o diabo se rebelou contra Deus e foi expulso, juntamente com todos que se uniram a ele.”
Lúcifer tinha grande conhecimento e autoridade entre os filhos de Deus (D&C 76:25). Possivelmente ele se equiparava a outros nobres espíritos como Miguel e Joseph Smith. Mas Jeová era maior que todos (Abraão 3:19).
Em dado momento na vida pré-mortal o Pai Celestial reuniu todos os seus filhos. Aquele grande conselho não era para deliberar sobre o Plano. O plano já existia – o próprio Pai Celestial já o havia experimentado literal e pessoalmente[1]. E nós já o havíamos examinado e estudado muito. Aquele grande conselho era para decidir uma parte especifica e vital do Plano: quem seria o Redentor.
Como nosso Pai não queria que nenhum de seus filhos de perdesse, mas jamais os privaria do arbítrio (como Lúcifer idealizara), sabia que sem um poder redentor as falhas e pecados não poderiam ser corrigidos e apagados - e consequentemente não haveria exaltação. E nos conhecendo muito bem, o Pai sabia que a vida mortal seria uma época difícil onde muitos pecados poderiam ser cometidos.
O Pai perguntou: quem enviarei para ser o Salvador? O Senhor Jeová apresentou-se. Ele era o nosso irmão mais velho e o respeitávamos e o honrávamos como nosso líder. Ele se propôs a vir a Terra e ser nosso Salvador. Ele sofreria a penalidade por todos os pecados dos filhos de Deus e concederia um meio da validar o arrependimento sincero. Ele seria o Unigênito do Pai.
Um segundo manifestou-se. Não para cumprir o plano do Pai, mas para alterá-lo negativamente: tirando-nos dons e destronando o Pai!
“E o Senhor disse: Quem enviarei? E um semelhante ao Filho do Homem respondeu: Eis-me aqui, envia-me. E outro respondeu e disse: Eis-me aqui, envia-me. E o Senhor disse: Enviarei o primeiro. E o segundo irou-se e não guardou seu primeiro estado; e, naquele dia, muitos o seguiram” (Abraão 3:27-28).
Nossa escolha naquele grande conselho foi a de ficar ao lado do Salvador. Lúcifer tornou-se Satanás. Um terço dos filhos de Deus que viriam a esta Terra (em que nós vivemos) decidiram segui-lo. Eles foram privados da dádiva de um corpo e de um teste que os qualificaria para exaltação.
O Élder Robert D. Hales, do Doze, ensinou: “Por causa da rebelião de Lúcifer, houve uma grande batalha espiritual. Cada um dos filhos do Pai Celestial teve a oportunidade de exercer o arbítrio que Ele lhes dera. Decidimos ter fé no Salvador Jesus Cristo — achegarmos a Ele, segui-Lo e aceitar o plano que o Pai Celestial apresentou para nosso bem. Mas um terço dos filhos do Pai Celestial não teve fé para seguir o Salvador e decidiu, em vez disso, seguir Lúcifer, ou Satanás (D&C 29:36) E Deus disse: “Portanto, por ter Satanás se rebelado contra mim e procurado destruir o arbítrio do homem, o qual eu, o Senhor Deus, lhe dera (…), fiz com que ele fosse expulso” (Moisés 4:3). Aqueles que seguiram Satanás perderam a oportunidade de receber um corpo mortal, de viver na Terra e de progredir. Pelo modo como usaram seu arbítrio, perderam esse mesmo arbítrio. Hoje, o que Satanás e seus seguidores podem fazer é tentar-nos e provar-nos. Sua única alegria é a de tornar-nos “tão miseráveis como [eles próprios]” (2 Néfi 2:27, 9:9) Sua única felicidade acontece quando somos desobedientes aos mandamentos” (“Arbítrio: essencial ao Plano de Vida”, A Liahona, novembro de 2010, pg. 24).
A rebelião de Lúcifer causou uma divergência entre os filhos do Pai. Miguel, o arcanjo,líder nas eternidades, tomou a frente dos que ficaram ao lado de Jeová. Lúcifer e um terço dos filhos de Deus estavam determinados a lutar contra Jeová. “Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele” (Apocalipse 12:7-9). Esse “grande dragão vermelho” que com “a sua cauda [levou] após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra” (Apocalipse 12:3-4) foi vencido “pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho” dos que ficaram do lado de Miguel (Apocalipse 12:11)
Alguns deduzem que a guerra dos céus foi uma guerra de ideias – de palavras. Imaginam estes que Lúcifer e seus seguidores tentaram persuadir com a eloquência os filhos de Deus. Embora a sutileza e lábia do diabo seja uma de suas características mais pungentes, não entendo que a guerra consistiu apenas em discussões. Nem consigo adequar tal interpretação as escrituras e experiências que tive. O diabo lutou nos céus como o faz aqui. É claro que suas armas não consistiam em espadas e lanças. E é bem verdade que a língua do demônio é sua maior ferramenta. Miguel e os santos de Deus expulsaram o demônio e suas hostes com toda fé que tinham, todo poder, sacerdócio, retidão, luz e verdade. O poder do testemunho não os levou a passivamente declarar de que lado estavam. Mas a agir segundo sentiam e sabiam.
Não houve inertes na guerra. Todos tiveram que tomar uma posição. Alguns ficaram do lado de Cristo com total devoção, outros mostraram-se menos fervorosos e outros ainda somente seguiram Cristo por não querem seguir o diabo. Diferentes graus de retidão foram demonstrados naquela situação critica. Todavia, as opiniões diversas não alteraram os resultados da batalha: Cristo venceu! A guerra, porém, não cessou. Ela continua no Segundo Estado, como lemos em Apocalipse 12:17.
“E eles [Lúcifer e seus seguidores] foram lançados abaixo e assim surgiram o diabo e seus anjos; E eis que há um local preparado para eles desde o princípio e esse local é o inferno. E é necessário que o diabo tente os filhos dos homens, ou eles não poderiam ser seus próprios árbitros; porque, se nunca tivessem o amargo, não poderiam conhecer o doce.” (D&C 29:37-39)
O Senhor permitiu que o diabo tentasse os seus filhos como parte da provação mortal. Mas se o diabo não se tornasse um diabo ainda haveria uma provação[2]. Como, porém, ele pecou e foi expulso, o Senhor permite que ele tente os filhos dos homens. Todavia, Deus estabeleceu limites para que ele, o demônio, não tente os homens acima do que podem suportar (I Coríntios 10:13).
Do mesmo modo como vencemos o diabo antes de nascermos devemos vencê-lo aqui na Terra.
Como consequência da maldade do Diabo, ele e seus seguidores nunca poderão nascer e ter um corpo. Eles estão condenados. A plenitude de seu castigo, entretanto, será cumprida no devido tempo do Senhor. Por ora eles estão soltos tentando os homens.

(continua)



[1] O Pai Celestial já foi um homem como nós e nós podemos ser como Ele. O Presidente Lorenzo Snow escreveu sobre “uma circunstância que ocorreu um pouco [antes de uma missão na Inglaterra em 1840]—algo que se fixou em minha memória para nunca mais apagar-se, por ter sido uma manifestação extraordinária. Naquela ocasião, eu estava na casa do Élder H. G. Sherwood; ele estava tentando explicar a parábola de nosso Salvador sobre o homem que contratava servos e os enviava em horas diferentes do dia para trabalhar em sua vinha. Ao ouvir atentamente a explicação dele, o Espírito do Senhor repousou sobre mim com grande poder – os olhos de meu entendimento abriram-se, e enxerguei claro como o meio-dia, com admiração e espanto, o caminho de Deus e do homem. Criei o seguinte verso com a revelação que me fora mostrada. (…) Como o homem é hoje, Deus já foi: Como Deus é hoje, o homem pode ser. Senti que se tratava de uma comunicação sagrada.” (Eliza R. Snow, Biographyand Family Record of Lorenzo Snow [1884], p. 46).
[2] O arbítrio não depende da existência do diabo. De fato é isso que ensinam as escrituras. Havia oposição no céu, mesmo sem um diabo. Decidíamos aprender ou não;escolhíamos servir ou não, resolvíamos obedecer ou não. Havia alternativas, havia escolhas a serem feitas. E as distintas opções eram atrativas, ambas resultavam em diferentes consequências e era impossível escolher as duas simultaneamente. Foi por isso que alguns cresceram mais do que outros. Como exemplo, 2 Néfi 2:15, ensina que “para conseguir seus eternos propósitos com relação ao homem” depois que Deus criara Adão e Eva, “era necessária uma oposição” – mas essa oposição já existia porque “o fruto proibido [estava] em oposição à árvore da vida”. Satanás quis destruir o plano de Deus e interferiu no Éden; mas, em vez de frustrar o Plano, acabou adiantando o processo de levar o homem à mortalidade. Se ele, o diabo, não aparecesse e desse o fruto a Adão e Eva, o Plano de Deus seguiria e num dado momento nossos primeiros pais, exerceriam o arbítrio e comeriam do fruto - pois tudo fora feito "segundo a sabedoria daquele que tudo conhece" (2 Néfi 2:24). Deus não depende do diabo para provar e exaltar seus filhos.

13 de dez. de 2011

Um Bispo, quando é desobrigado, perde as chaves do sacerdócio?


Pergunta original: Tenho um duvida e gostaria da ajuda (...) para resolve-la : Bem, quando um bispo é chamado ele recebe todas as chaves do seu cargo, certo? E quando ele é desobrigado ele permanece com as chaves mas não as exerce. O que chamamos de "bispo sem ala"... E se esse mesmo irmão é chamado como bispo novamente ele não é ordenado a bispo e sim designado, porque ele já possui as chaves. Mas isso não é o mesmo com o presidente dos mestres e dos diáconos etc... Ou seja, eu já fui presidente dessas organizações e recebia todas as chaves referentes a elas, e agora que estou saindo dos rapazes... Eu ainda possuo essas chaves? Ou elas me foram tiradas? Ou eu ainda as possuo mas não as posso usar como no caso do bispo? Essa é minha duvida, deu pra entender?


                Deus para entender sim. Para responder essa pergunta devemos compreender dois pontos principais: o que "chave" significa nas escrituras e na cultura da Igreja e a diferença entre "ofício" e "chamado".
                "Chaves dos sacerdócio" nas escrituras quase sempre se relaciona com autoridade e poder - ou seja, capacidade para realizar algo.  Esse é um sentido amplo para "chaves". Em sentido estrito as chaves são dons e prerrogativas especiais para liderar no Reino de Deus. E esse o sentido que usamos corriqueiramente na Igreja. Dizemos por exemplo: "o Bispo tem as chaves para presidir a ala" ou "o presidente do quórum de diáconos recebeu as chaves para liderar outros doze diáconos".
                Observem algumas escrituras, onde é demonstrado chaves do sacerdócio, em sentido amplo (poder) e outras em sentido estrito (autoridade para liderar):
 
                D&C 84:19 - "E esse sacerdócio maior administra o evangelho e contém a chave dos mistérios do reino, sim, a chave do conhecimento de Deus." - chave em sentido amplo (todo portador do sacerdócio de Melquisedeque possui "a chave do conhecimento de Deus).

                Isaías 22:22 -  "Porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro; ele abrirá, e ninguém fechará; fechará, e ninguém abrirá." (Apocalipse 3:7) - chave em sentido estrito (apenas Jeová, que é Cristo, possui a chave do governo deste mundo - ele é o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, ver também http://lucasmormon.blogspot.com/2010/11/quem-e-o-davi-que-ha-de-surgir-nos.html)

                D&C 13:1 - "A VÓS, meus conservos, em nome do Messias, eu confiro o Sacerdócio de Aarão, que possui as chaves do ministério de anjos e do evangelho do arrependimento e do batismo por imersão para remissão de pecados; e ele nunca mais será tirado da Terra, até que os filhos de Levi tornem a fazer, em retidão, uma oferta ao Senhor." - chave em sentido amplo (todo portador do sacerdócio Aarônico possui as "chaves do ministério de anjos e do evangelho")

                D&C 90:6 - "E também, em verdade eu digo a teus irmãos, Sidney Rigdon e Frederick G. Williams, que perdoados também lhes são os seus pecados; e eles são considerados iguais a ti [Joseph Smith] na posse das chaves deste último reino" - chaves em sentido estrito (a Primeira Presidência possui chaves para comandar o Reino de Deus).

                D&C 124:127-128 - "Dou-vos meu servo Brigham Young como presidente do conselho viajante dos Doze; Conselho esse que tem as chaves para abrir a autoridade de meu reino nos quatro cantos da Terra e, depois, enviar minha palavra a toda criatura." - chaves em sentido estrito (o Quórum dos Doze possuem as chaves para "abrir a autoridade" do Reino de Deus "nos quatro cantos da Terra")

                Eu poderia colocar outras passagens, mas estas já provam suficientemente que existe uma diferença entre chaves em sentido estrito e chaves em sentido amplo.
                O bispo, como portador do Sacerdócio, como um Sumo Sacerdote, possui todas as chaves que todo portador do sacerdócio possui - chaves em sentido amplo. Assim, mesmo quando o Bispo é desobrigado essas chaves não lhe são retiradas - porque são inerentes ao sacerdócio.
                Mas "chaves" -  como usamos atualmente na Igreja - em sentido estrito - significa autoridade para liderar. Essas chaves sempre concedem certos dons (mediante a dignidade) - como o dom do discernimento - e só podem ser exercidos sobre certos limites territoriais e temporais (um Bispo será Bispo de uma determinada região geográfica, por um certo número de anos - depois será desobrigado e deixará de ser Bispo).

                O presidente Boyd K. Packer, que é Presidente do Quórum dos Doze ensinou (observe que chave aqui é usada em sentido estrito - e assim acontece na maioria dos discursos atuais da Igreja):"A Primeira Presidência foi organizada com o Presidente, que possui todas as chaves, e um Primeiro e um Segundo Conselheiros, juntamente com o Quórum dos Doze Apóstolos, que também possuem as chaves. Juntamente com os Setenta e o Bispado Presidente, eles administram a Igreja mundial. Esse padrão de um presidente, que recebe as chaves, e um  primeiro e um segundo conselheiros repete-se em toda estaca, nos quóruns do sacerdócio, nos templos, nas missões, nas alas e ramos. Repete-se nas auxiliares. Contudo, os presidentes das auxiliares não possuem chaves do sacerdócio. Cada estaca é independente de todas as outras estacas. O presidente possui as chaves, mas ele não está sozinho. Com seus conselheiros, eles formam uma presidência. Juntamente com o sumo conselho e outros
líderes, eles governam a estaca.
                A presidência da estaca tem autoridade para chamar, desobrigar, organizar, ensinar, corrigir, de acordo com o padrão e conforme a direção das Autoridades Gerais que os presidem. Há uma presidência em cada quórum do Sacerdócio de Melquisedeque: os quóruns de élderes e sumos sacerdotes. Cada uma delas tem um presidente, que possui as chaves, e conselheiros. O mesmo acontece nas alas. Cada ala, independente de todas as outras alas, tem um bispo que possui as chaves. Com seus conselheiros, eles formam o bispado, que é uma presidência.
                O bispo é nomeado pelo presidente da estaca e aprovado pelas Autoridades Gerais, sob a direção da Primeira Presidência. Ele é chamado, ordenado pelo presidente da estaca para ser um bispo, e depois designado para presidir a ala. Ele também é designado como o sumo sacerdote presidente da ala e como presidente do quórum de sacerdotes. Seus conselheiros são designados. O bispo preside o Sacerdócio Aarônico. O bispado chama e designa outros líderes e professores para zelarem pelas famílias e membros." (Treinamento de Mundial de Liderança, Janeiro de 2003, pg. 3).

                Agora passemos a diferença entre ofício e chamado no sacerdócio. Ofício é um cargo dentro do sacerdócio. Eles são certos e determinados por revelação. Há quatro ofícios no sacerdócio Aarônico e cinco no sacerdócio de Melquisedeque. Os ofícios do sacerdócio menor são: diácono, mestre, sacerdote e Bispo; os ofícios do sacerdócio de Melquisedeque são: élder, sumo-sacerdote, setenta, patriarca e apóstolo. Não há outros ofícios na Igreja Restaurada.
                Na época de Moisés os levitas eram divididos em diferentes ofícios (parecidos com os ofícios do sacerdócio Aarônico atuais). Entretanto a lei de Moisés foi superada e temos exatamente os nove ofícios que mencionei.
                Ser selador do Templo não é um ofício. Ser profeta não é um ofício. Selador é um chamado. Profeta é uma designação genérica para os que lideram na Igreja (os membros do Quórum dos Doze Apóstolos e da Primeira Presidência) ou uma referencia a todo homem que é digno de receber revelação (Apocalipse 19:10).
                Quando um homem recebe o sacerdócio é designado a um ofício no sacerdócio. Esse ofício representa qual parcela do sacerdócio poderá exercer.
                Um chamado é uma designação temporária. Ser presidente de um quorum é um chamado e não um ofício. Os chamados são feitos pelos homens que possuem chaves (chaves em sentido estrito). Há vários chamados no sacerdócio, muitos - a maioria - não necessita da concessão de chaves para liderar. Um secretário do quorum de mestres e um sumo-conselheiro são chamados e não ofícios. Ser presidente de Estaca é possuir um chamado para liderar uma Estaca em Sião - mas o presidente de Estaca não recebe o ofício de presidente de Estaca - pois tal não existe.
                Assim, no caso de um Bispo - quando este é designado Bispo recebe o ofício de Bispo (caso não tenha sido ordenado Bispo em alguma ocasião anterior) e o chamado de Bispo! Quando ele deixar honrosamente de ser Bispo seu chamado terá cessado, mas ele ainda portará o ofício de Bispo. Se for chamado para ser Bispo uma outra vez não precisará ser ordenado (receber o ofício) - apenas designado (como Bispo de tal ala).
                Com isso concluímos que as chaves em sentido estrito do chamado de Bispo cessam com a desobrigação. Essas chaves - que são chaves para liderar, chaves dos dons - tais como o discernimento - vão embora com a desobrigação. Mas um Bispo continuará a ser Bispo - ou seja, portanto o ofício de Bispo. Esse ofício não se perde nem com a morte. É eterno, como sacerdócio é eterno.
                Assim, finalmente, um presidente do quórum de diáconos deixa de ser presidente - e deixa de ter dons e prerrogativas deste chamado - mas continuará a ser diácono para sempre!
                Na cultura atual da Igreja (e essa é a forma como usamos as palavras hoje): um Bispo deixa de ser Bispo com a desobrigação e não carrega chaves nenhuma - o mesmo valendo para qualquer chamado. Com a desobrigação encerram-se as obrigações e dons que acompanham essas obrigações.
                O élder L. Tom Perry explicou: "Os Presidentes de (…) estaca (…), bispos, presidentes de ramo e de quórum a portar as chaves do sacerdócio de que precisam para presidir. Uma pessoa que serve em uma dessas posições detém as chaves somente até sua desobrigação. Os conselheiros não recebem as chaves, mas recebem autoridade delegada por chamado e designação." (Treinamento Mundial de Liderança, Junho de 2003, pg. 5).

19 de mai. de 2011

Poder Sobre as Nações - Comentário sobre Apocalipse 2:26

Poder sobre as nações
Ter poder sobre as nações pode significar (1) ter autoridade sobre as nações da Terra; (2) liderar politicamente as nações da Terra; e (3) receber e desfrutar de Vidas Eternas.

                1- Aquele que porta o sacerdócio tem maior poder que todos os soberanos da Terra juntos. Se for da vontade de Deus ele poderá "desafiar os exércitos das nações, dividir a Terra, quebrar todos os grilhões, (...) subjugar principados e poderes." (TJS Gênesis 15:31).
                O profeta Néfi, filho de Helamã, por exemplo, recebeu o poder selador, pelo qual tinha "poder sobre o povo" para feri-lo "com fome e com pestilência e destruição, segundo a iniqüidade do povo" (Helamã 10:6).
                O poder dos profetas esta muito acima do poder dos homens porque é o poder de Deus. Embora o Senhor permita que o homem seja seu próprio árbitro (D&C 29:35), através do sacerdócio Ele pode impedir, limitar e alterar os atos humanos. A seguinte história ilustra esse princípio: "Quando os exércitos de Hitler prepararam-se para invadir a Polônia, as comunicações com a Checoslováquia foram cortadas. A irmã  Toronto [que era esposa do presidente de Missão na Alemanha, e fora para Dinamarca por segurança] conta: “Vendo que eu estava muito preocupada e cada vez mais ansiosa [por causa de seu marido e dos missionários da missão], o Presidente [Joseph Fielding] Smith aproximou-se de mim, colocou um braço protetor em meus ombros e disse: “Irmã Toronto, esta guerra não terá início enquanto o irmão Toronto e seus missionários não chegarem a esta terra da Dinamarca’”.
                Na Checoslováquia, o Presidente Toronto e seus missionários terminaram seus negócios na quinta-feira, 31 de agosto. Pouco antes de partirem, porém, um dos missionários foi novamente preso e jogado na prisão. A rápida e inspirada intervenção do Presidente Toronto permitiu-lhe mostrar às autoridades alemãs que se tratava de um caso de identidade trocada, e o élder foi rapidamente libertado. Naquela noite, o grupo embarcou em um trem especialmente enviado para retirar a delegação britânica. Aquele foi o último trem a deixar a Checoslováquia. Eles passaram por Berlim na manhã do dia seguinte, e à tarde embarcaram na última balsa que sairia da Alemanha para a Dinamarca. A Alemanha invadiu a Polônia naquele mesmo dia, que é considerado geralmente como o início da Segunda Guerra Mundial. A profética promessa do Élder Joseph Fielding Smith à irmã Toronto foi cumprida com precisão." ("A Retirada dos Missionários", História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pg. 525). O presidente Smith era um profeta do Senhor, que possuía o Santo Sacerdócio - e com tal poder realizou esse milagre.
                Além disso, a autoridade sobre as nações, naturalmente, inclui o poder de gerar vida e conduzi-las. E nesse aspecto o papel da maternidade é o mais preponderante.
                O Presidente Brigham Young disse: "As mães são um instrumento motriz nas mãos da Providência para guiar os destinos de nações. (…)  Conseqüentemente, pode-se ver de imediato o que lhes desejo inculcar na mente: que as mães são o mecanismo que dá estímulo ao ser humano e guia os destinos e a vida dos homens na face da Terra."
                Ele disse também sobre as irmãs fiéis que não podem ter filhos: "Muitas irmãs lamentam não terem sido abençoadas com filhos. Dia virá em que terão milhões de filhos a sua volta e serão mães de nações, se forem fiéis aos convênios." ("Compreender o Novo e Eterno Convênio do Casamento", Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young, pg. 167)

                2- O sacerdócio conforme recebido por Adão era um poder espiritual e político. Na era patriarcal havia uma teocracia (Abraão 3:26). E nesse sentido, os profetas e santos tinham "poder sobre as nações".
                Em alguns outros momento da História do mundo vemos o governo teocrático de Jeová surgir em sua plenitude. Seus servos, nesta ocasião, tinham, portanto, "poder sobre as nações", para regê-las com a palavra de Deus. É o caso da sociedade de Sião, nos tempos de Enoque (Moisés 7:17-21) e dos nefitas logo após a visita do Salvador (4 Néfi 1:1-22).
                Moisés tentou santificar seu povo para receberem leis mais elevadas, mas, por causa do orgulho e incredulidade eles não estavam prontos (D&C 84:23-25). No final, recusaram Deus como seu rei (I Samuel 8:7).
                Quando o Salvador voltar, estabelecerá um reino único sobre toda a Terra (GEE "Milênio"). Ele dará a seus servos poder sobre as nações, para selá-las para vida eterna (D&C 77:11). No milênio, os cargos eclesiásticos poderão também ser políticos e administrativos. Por exemplo, o bispo será um juiz comum para sua respectiva localidade.
                Os santos literalmente reinarão durante o milênio (Apocalipse 20:6).

                3- A promessa para Igreja de Tiatira referia-se ao terceiro significado de se ter poder sobre as nações. Era uma promessa que extrapolava a realidade mortal e finita. Era uma promessa para os que vencessem, ou seja, àqueles que recebessem sua exaltação.
                "Vidas Eternas" é uma expressão usada pelo Senhor para explicar que os que obtiverem o mais alto grau de glória poderão ter filhos espirituais, tal como o Pai Celestial. Eles se tornaram reis e sacerdotes do Deus Altíssimo (D&C 76:56). Eles reinarão sobre os anjos e sobre todos os mundos e reinos. A seguinte escritura nos abre essa grandiosa perspectiva:
                "E também, em verdade vos digo: Se um homem se casar com uma mulher pela minha palavra, que é a minha lei, e pelo novo e eterno convênio e for selado pelo Santo Espírito da promessa por aquele que foi ungido, a quem conferi esse poder e as chaves desse sacerdócio e for dito a eles: Surgireis na primeira ressurreição; (...) e herdareis tronos, reinos, principados e poderes, domínios, todas as alturas e profundidades (...), ser-lhes-á feito de acordo com todas as coisas que meu servo disse, nesta vida e por toda a eternidade; e estará em pleno vigor quando estiverem fora do mundo; e passarão pelos anjos e pelos deuses ali colocados, rumo a sua exaltação e glória em todas as coisas, conforme selado sobre sua cabeça; glória essa que será uma plenitude e uma continuação das sementes para todo o sempre.
                Então serão deuses, pois não terão fim; portanto serão de eternidade em eternidade, porque continuarão; então serão colocados sobre tudo, porque todas as coisas lhes serão sujeitas. Então serão deuses, porque terão todo o poder e os anjos lhes serão sujeitos.
                Em verdade, em verdade vos digo: A não ser que guardeis minha lei, não obtereis esta glória.
                Pois estreita é a porta e apertado o caminho que leva à exaltação e à continuação das vidas, e poucos há que o encontram, porque no mundo não me recebeis nem me conheceis.
                Mas se me receberdes no mundo, então me conhecereis e recebereis vossa exaltação; para que, onde eu estiver, estejais vós também.
                 Isto é o significado de vidas eternas: Conhecer o único sábio e verdadeiro Deus e Jesus Cristo, a quem ele enviou. Eu sou ele. Recebei, portanto, minha lei." (D&C 132:19-24, itálicos adicionados)

9 de dez. de 2010

Crença + Ação = Poder

Uma das formulas mais importantes para se compreender é: Crença + Ação = Poder. A crença é a própria fé. A ação é a prova da fé e o poder é manifestação da graça divina em milagres, sinais, testemunhos e bênçãos. Eu poderia escrever essa formula de outro modo: “fé + obras = milagre” ou “acreditar + agir = conhecer” ou “sentir + fazer = saber”. Todas querem dizer o mesmo.
A primeira parte da formula vem quando entramos em contato com a palavra de Deus, por que “a fé é pelo ouvir” (Romanos 10:17). Depois de considerar a palavra de Deus devemos exercitar nossas faculdades – dando lugar à palavra em nosso coração (Alma 32:27). Como o coração é o símbolo da vontade e disposição do homem (GEE Coração), dar lugar a palavra de Deus no coração significa agir conforme a palavra recebida. Em outras palavras significa guardar os mandamentos. Ou a ter real intenção. Vemos isso no relato de Joseph Smith. Ele pediu a Deus revelação e agiu – foi a bosque orar, um lugar previamente escolhido, ajoelho-se, com a intenção de perguntar a qual Igreja deveria se unir. Se Deus falasse a Joseph: a Igreja católica é a certa, ele seria padre! Se Deus falasse é a metodista: ele seria pastor! Ele iria fazer algo a respeito da resposta. Isso é real intenção. É por isso a revelação veio. Não recebemos o poder, senão agirmos ou em outras palavras: não recebemos testemunho senão antes da prova da fé (Éter 12:6).
A passividade não leva a revelação, pois a prova da fé é comumente um período de tempo em que andamos no escuro, sem ter perfeito conhecimento, mas um grande desejo de aprender, fazer e mudar. A fé não é um conhecimento perfeito. Mas pode vir a tornar-se um conhecimento perfeito. A crença leva a fé em Cristo, que direciona a esperança Nele, que leva a ação justa (caridade), que por sua vez conduz ao poder de Deus (santificação) que aponta para vida eterna.

23 de jul. de 2010

Ensinamentos de 1 e 2 Néfi: O que é Revelação?

Néfi não dá um conceito de revelação, mas ensina tanto em seu registro sobre ela, que podemos extrair uma definição simples e clara: revelação é a comunicação sagrada que Deus tem com seus filhos. Neste sentido quando precisamos falar com Deus oramos, e quando Deus quer falar conosco revela sua vontade.
A oração e a revelação estão claramente expressas no seguinte versículo:
“E aconteceu que eu, Néfi, sendo muito jovem, embora de grande estatura, e tendo também grande desejo de saber dos mistérios de Deus, clamei, portanto, ao Senhor; e eis que ele me visitou e enterneceu meu coração, de maneira que acreditei em todas as palavras que meu pai dissera; por esta razão não me revoltei contra ele, como meus irmãos” (1 Néfi 2:16). Nesta ocasião, Néfi estava orando numa situação critica: que determinaria o futuro seu e de sua família – ele precisava saber se seu pai tinha razão em sair de Jerusalém, de sua confortável e bela casa, deixando amigos e parentes, para adentrar um deserto perigoso e cruel. Comumente buscamos revelação em momentos de necessidade. Felizmente o Senhor sempre esta disponível – sempre ouve nossas orações. Como falou o Presidente Boyd K. Packer: “Aprenda a orar. Ore sempre. Ore na mente e no coração. Ore de joelhos. A oração é sua chave pessoal para o céu. A fechadura está do seu lado do véu” (“Oração e Inspiração”, Conferência Geral, outubro de 2009).
Quando Néfi mostrou “grande desejo” de conhecer os mistérios de Deus e depois clamou, era como se usasse a chave da qual falou o Presidente Packer e permitisse que Deus lhe revelasse algo. Os mistérios de Deus são verdades espirituais dadas por revelação (GEE “Mistério de Deus”). Aprendemos muito com esse versículo. Primeiro que a revelação pode ser dada aos inexperientes – Néfi era jovem. Aprendemos sobre o desejo sincero – o qual indica a fé necessária para que a comunicação aconteça. Também verificamos que quando Deus nos visita com uma revelação ele o faz, na maior parte das vezes, com um enternecimento de coração – a revelação é mais sentida do que apercebida pelos sentidos físicos – como a visão ou a audição. Esse sentimento é um fruto do Espírito Santo, que, no caso de Néfi o ajudou a não se revoltar e murmurar como faziam seus irmãos mais velhos. Também o permitiu compartilhar seu testemunho com sua família (1 Néfi 2:17).
A revelação pode vir de muitas maneiras. Néfi cita diversas. Ele começa seu registro contando sobre duas grandes revelações que seu pai teve. Na primeira, Leí viu um grande pilar de fogo (1 Néfi 1:6). Essa manifestação extraordinária é semelhante ao evento em que Moisés viu a Sarça Ardente e Joseph Smith viu um pilar de Luz. É uma manifestação típica, podemos dizer, daqueles que são chamados para grandiosos trabalhos de salvação no inicio de uma dispensação. Depois Leí foi para casa. Curiosamente foi para cama (1 Néfi 1:7). Ensinando-nos que as visões da eternidade retiram a força – causam fadiga física. Então Leí teve uma outra revelação, um sonho, pois estava “dominado pelo Espírito” (1 Néfi 1:8). Com esse sonho Leí entendeu as coisas que os profetas entendem muito bem: a verdade do que era, do que foi e do que será. E com investidura, não só de conhecimento, mas de autoridade, começou a pregar e a profetizar – a sua família e a seu povo (1 Néfi 1:16, 18). Como Leí era um profeta, a revelação de Deus fluía através dele. Ele se tornara um canal vivo de revelação – um oráculo da vontade de Deus. Todavia, o iníquo povo de Jerusalém não lhe deu ouvidos (1 Néfi 1:19).
Até aqui aprendemos pelo menos três formas de revelação: a visão, o sonho e os ensinamentos dos profetas vivos. A visão ocorre quando nossos sentidos físicos estão despertos, e os sonhos quando estamos inconsciente. Às vezes a manifestação não permite distinguir se é um sonho ou visão (1 Néfi 8:2) – se no corpo ou fora do corpo (II Coríntios 12:2-3) – pois a revelação é tão real e tangível que a distinção se torna obsoleta.
Um profeta é um homem chamado por Deus, que tem a devida autoridade para pregar. Tal profeta prega sempre a respeito de Cristo e sempre adverte com relação à iniqüidade. Reconhecemos um profeta pelos seus frutos (Mateus 7:15-20). Os frutos são os resultados que se mostram. Se o profeta é uma testemunha especial do Salvador e se ele fala a verdade, e não mente, então é um profeta verdadeiro. Todavia não é apenas e somente por observação que verificamos se um profeta é verdadeiro. A melhor maneira é orar a respeito do profeta, perguntando a Deus se ele é um profeta verdadeiro. Creio que assim é a melhor forma, por que aprendemos pelas escrituras que muitos viram os profetas fazendo milagres, e não os reconheceram como servos de Deus (Helamã 10:13). E se os reconheceram não quiseram segui-los, porque preferiam a luz ás trevas.
A revelação pode vir ainda por meio de ministração de anjos. Néfi recebeu tal dádiva (1 Néfi 1:14). Objetos sagrados podem conceder revelação – como a Liahona, no caso da família de Leí, (1 Néfi 16:10) ou o Urim e Tumim, no caso de Joseph Smith. A revelação pode vir por uma voz apercebida pelos ouvidos físicos ou uma voz na mente. Ela pode vir no coração, sendo um sentimento e impressão que indicarão uma ação.

11 de jul. de 2010

Revelação

Porque preciso de revelação?


O profeta Joseph Smith disse: “a Salvação não pode vir sem revelação; é inútil alguém ministrar sem ela.”

Vivemos num mundo tumultuoso e perigoso. O Salvador disse que se esses tempos não fossem abreviados nenhuma carne se salvaria. Enfrentamos toda espécie de perigo e tentação. Alguns de nós somos perseguidos por amigos e colegas por causa de nossas crenças, outros sofrem por causa de familiares intolerantes e iníquos. Alguns caíram na armadilha do pecado e se sentem sujos. Outros são rebeldes e desafiam os mandamentos de Deus. Mães, pais e irmãos sofrem por causa da iniqüidade de algum filho, irmão ou parente. Alguma oportunidade perdida, algum convênio quebrado, alguma história que não foi contada como deveria ser causam mágoa, tristeza, decepção e ira. Parece-me que Satanás está solto e tem uma grande correte que cobre toda a Terra, e olha para os céus, como fez antes do dilúvio e ri – devido a seu domínio. Não preciso dizer muito mais, pois todos nós sabemos muito bem dessas coisas. Os noticiários estão repletos de sangue e fumaça e as iniqüidades são declaradas claramente por cima dos telhados das casas. Estamos nos últimos dias.

Apresentei alguns motivos, mas há muitos outros, porque um bom Pai Celestial, que enviou-nos à um mundo perigoso como esse, fazendo-nos esquecer de nossa vida anterior, desejaria comunicar-se conosco por revelação.

Precisamos de revelação para vencermos o homem natural. O “homem natural é inimigo de Deus, e tem sido dês da queda de Adão – e sê-lo-á para sempre, a não ser que ceda ao influxo do Santo Espírito (...) e se torne santo”. Ceder ao influxo do Santo Espírito é ser capaz de receber o dom da revelação.

Precisamos de revelação para vencermos a adversidade e a tentação. Catástrofes naturais, depressão, eventos fortuitos e crises, além de desemprego, pornografia, homossexualismo, teorias aparentemente plausíveis que desprezam as escrituras e muito mais são armas do demônio. Sem revelação não podemos conhecer a verdade. A verdade é o conhecimento das coisas como são, como foram e como serão. O Espírito Santo revela a verdade de todas as coisas. Sem esse discernimento afundamos na areia movediça do pecado e nos distraímos com o barulho da adversidade. A boca do inferno escancarada conseguirá engolir-nos a menos que recebamos revelação.

Precisamos de revelação para conduzir a nós mesmos, a nossas famílias e a outros. Para educar, instruir, ensinar, motivar, advertir e salvar precisamos de revelação. As distrações da mídia promovem diversões aparentemente inocentes, mas que restringem o potencial divino, maculam os ternos relacionamentos familiares e induzem ao pecado (principalmente o pecado sexual). Sem revelação o entretenimento será como um navio sem leme, num mar furioso, ou um cavalo sem rédeas num terreno acidentado – ou um carro desgovernado, sem freio, correndo próximo ao abismo.

Precisamos de revelação para vencermos o pecado e vencermos a vontade de pecar. A conduta e o caráter podem e serão transformados por meio da revelação. A palavra de Deus, que vem como orvalho e se destila sobre nossa alma fará com que recebamos revelação linha sobre linha, preceito sobre preceito, até que cresçamos a media da estatura completa de Cristo e não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina – a fim de nos apresentarmos a Deus puros, limpos e santos – conhecendo o salvador com oele nos conhece. Esse conhecimento vem por revelação.

Como a revelação vem?

Ao enviar-nos a Terra, nosso bom Pai Celeste concedeu-nos um meio de comunicação. Para falarmos com Deus, oramos. Para que Deus fale conosco Ele usa a revelação.

A oração consiste em chamar o Pai Celeste, expressar gratidão, fazer pedidos e terminar em nome de Jesus Cristo. Mas se a oração sempre possuir um formato padronizado, correremos o risco de sermos repetitivos, superficiais e até hipócritas. A verdadeira oração é uma conversa sincera. Devemos falar com Deus como se estivéssemos diante dele. É bem verdade que devemos ser reverentes, usando termos respeitosos como “vós”, “tu”, “ti” e “teu” em vez de pronomes comuns como “você” e “seu”.

A revelação vem de forma diversa. Ela pode vir por meio de sonho – como José do Egito, que na juventude sonhou que um dia salvaria sua família; visão – como Leí que aprendeu sobre a árvore da vida; ministração angelical, como o Rei Benjamim, que aprendeu sobre o sacrifício de Cristo a fim de ensinar seu povo; por uma voz divina, como veio a João Batista após batizar o Salvador; por uma idéia na mente, como Enos ao orar no bosque para obter perdão; ou ainda como um sentimento no coração, como Samuel o Lamanita ao declarar ao povo iníquo tudo que o Senhor lhe punha no coração. Todos nós já experimentamos a revelação. A forma mais comum sem dúvida é a impressão que temos na mente e no coração – um idéia clara que é confirmada por um sentimento de paz. Como o Senhor disse:

“Eis que te falarei em tua mente e me teu coração, pelo Espírito Santo que vira sobre ti e que habitará em teu coração. Ora eis que este é o espírito de revelação.”

Nessa escritura aprendemos que o Espírito é vital para revelação. E que esse Espírito habita em nosso coração – o coração é símbolo da vontade e disposição do homem. O que significa que se nossa vontade e disposição estiverem direcionadas para as coisas de Deus, convidaremos o Espírito a revelar-nos as verdades que o Pai deseja que aprendemos.

Como posso saber se recebi uma revelação?

Essa é uma boa pergunta. Creio que muitos de nós a temos em momentos críticos, onde precisamos desesperadamente dos conselhos de Deus.

Ao pensar sobre o tema que deveria abordar hoje, orei e pensei muito em diversos tópicos do evangelho. Cheguei a preparar um discurso, mas por fim, deixei-o de lado. Eu estava disposto a falar o que Deus desejasse. Não faria um discurso para agradar os irmãos, ou para ser elogiado. Nem queria falar um assunto que eu ache interessante apenas. Eu queria falar o que Deus desejasse, e por isso orei a ele com diligência.

Recebemos revelação quando temos desejos justos. O Senhor nos revelará aquilo que for para nosso bem. Também não podemos ser superficiais. Algumas pessoas que desejam saber que a Igreja é verdadeira, ao serem ensinadas pelos missionários oram sem real intenção. Ao fazerem isso, não recebem resposta e dizem em seu coração: “essa não é a obra do Senhor, pois suas promessas não se cumprem!” Não é assim irmãos! Para recebermos revelação temos que pedir, bater e buscar. É mais provável que a revelação venha após você ter feito sua parte. No caso dos pesquisadores, dificilmente a resposta vira, sem antes eles terem agido com fé ao lerem o livro de mórmon com sinceridade, terem visitado a Igreja e usado seu raciocínio e sentimentos para ponderar no coração o que se esta apresentando. Talvez um jejum seja necessário, ou talvez a aceitação do convite do batismo.

Acredito que alguém que esta buscando um testemunho o encontra mais rápido prestando-o do que de joelhos orando. Acredito nisso porque quando nos levantamos para falar, estamos agindo – e não apenas esperando uma resposta sem termos pagado algum preço para merecê-la.

Se receber revelação fosse fácil, sem exigir muito esforço, não haveria crescimento espiritual. Transferiríamos todas as nossas decisões a Deus. E isso nos tornaria fracos, e dependentes.

O Senhor permite que várias de nossas decisões sejam tomadas por nossa própria conta. Ele o faz, por que é sábio e nos ama. Lembro de um casal que me pergunto, quando eu era um missionário se deviam mudar de casa. A oportunidade para se mudar surgira, eles haviam orado – mas a resposta não viera. Eu orei ao Senhor para saber o que lhes dizer. A resposta veio, e lembrei-me de um estudo que eu tivera pela manhã: fale-lhes de uma citação do élder Oaks que eu lera:

“[Uma pessoa pode ter] o forte desejo de ser conduzida pelo Espírito do Senhor

Mas(...) insensatamente estender esse desejo ao ponto de desejar ser conduzida

em todas as coisas. O desejo de ser conduzido pelo Senhor é um ponto forte,

mas precisa ser acompanhado do entendimento de que nosso Pai Celestial deixa

muitas decisões para nossa própria escolha pessoal. As decisões pessoais são

uma das fontes de crescimento pelas quais precisamos passar na mortalidade.

As pessoas que tentam passar todas as decisões para o Senhor e pedem revelação

em todas as suas escolhas logo se encontrarão em uma situação na qual irão orar

por orientação e não a receberão. Por exemplo: É provável que aconteçam inúmeras

situações em que as escolhas sejam triviais ou qualquer escolha seja aceitável.

Devemos estudar as coisas em nossa mente, usando o poder de raciocínio que o

Senhor colocou dentro de nós. Depois disso, devemos orar por orientação e agir

de acordo com o que recebermos. Se não recebermos orientação, devemos agir

de acordo com o que julgarmos ser melhor. As pessoas que insistem em buscar

orientação por revelação nos assuntos que o Senhor não decidiu dirigir-nos pode

criar uma resposta a partir de suas próprias fantasias ou preconceitos, ou até

receber resposta por meio de revelação falsa”. (“Nossos Pontos Positivos Podem

Causar Nossa Ruína”, A Liahona, maio de 1995, pp. 13–14)

Lembro-me que quando voltei da missão não sabia que curso de graduação escolher. Orei e jejuei muito para que o Senhor me indicasse um curso certo. A resposta não veio. Depois de considerar vários cursos, de ler e estudar sobre várias profissões, escolhi uma. Tão logo escolhi o Pai Celestial enviou-me uma revelação confirmando que minha escolha fora boa. Essa revelação veio por meio de um sereno sentimento e me deu segurança. Mas a resposta não veio antes que eu agisse.

Em Alma 37:37 lemos: “Aconselha-te com o Senhor em tudo que fizerdes e ele dirigir-te-á para o bem (...)” Observem que aconselhar-se com o Senhor se refere a orar e jejuar – a pedir e que antes da promessa de “dirigir-te-á para o bem” – que é revelação – há o requisito “tudo que fizerdes”: “Aconselha-te com o Senhor em tudo que fizerdes e ele dirigir-te-á para o bem (...)” – o que significa que devemso agir – fazer algo – antes de recebermos revelação.

É possível que eu receba revelações constantemente?

Sim. Com o dom do Espírito Santo a revelação pode ser diária. Na verdade creio que ela o é para maioria de nós, embora talvez nem notamos. Para mantermos o Espírito precisamos ler e estudar as escrituras, orar sempre, fugir da tentação e ser bondosos. Se pecarmos não conseguiremos reconhecer a revelação. É por isso que Satanás se esforça tanto para distrair-nos. Se ele puder cortar a revelação então nos destruirá.

Podemos e devemos pedir revelação a Deus sobre todos os assuntos de nossa vida. Em termos práticos: acordamos e já oramos para sermos guiados. Então estudamos as escrituras. Muitas vezes neste estudo receberemos revelação através da experiências de pessoas que viveram no passado, ou pelas palavras do Salvador. Haverá um sentimento cálido que confirmará que aquilo é para nós. Depois prestamos atenção as idéias que nos vem a mente e aos sentimentos que temos no coração – isso é estar em espírito de oração. Durante o dia podem surgir oportunidade de prestar testemunho – se o fizermos aumentaremos o fluxo de revelação. A tentação se apresentará – se a contemplarmos ficaremos alienados.

E se a revelação não vier?

Há três motivos que fazem com que a revelação não venha: (1) você pecou, e por isso perdeu a conexão com a deidade; (2) você não reconheceu a revelação, e isso porque você não desenvolveu os atributos de Cristo de forma suficiente; e (3) porque você esta fazendo tudo certo e Deus quer ver como você vai agir em determinadas situações sem a interferência Dele. Por isso irmãos, se vocês estão se esforçando para andar nos caminhos da retidão, e a revelação sobre um assunto não vem – sintam-se felizes – porque Deus confia em vocês e deseja que façam muitas coisas de sua livre e espontânea vontade, e realizem muita retidão – para que colham os próprios frutos de plantaram. No futuro, olharão para trás e perceberão que foram guiados por Deus, mesmo que não se deram conta disso no momento, e julgavam estar sozinhos.

Testemunho.

Quero lhes testificar que os céus não estão fechados. Na verdade parecem estar mais abertos do que nunca. Sei que Deus esta desejosos de revelar-se a nós sobre todos os assuntos. E ele o faz abundantemente, de acordo com sua sabedoria e graça.

Se melhorarmos nossa comunicação com Deus e aprendermos a reconhecer como Ele nos fala venceremos o mundo e o diabo, pelo poder de Cristo. Sei que Deus nunca nos deixa sozinhos e revela claramente sua vontade com relação a assunto que afetam nossa exaltação. Também sei que ele nunca permitirá que cometamos um pecado ou façamos uma escolha equivocada, sem antes nos advertir do perigo.