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5 de mai. de 2010

EXPIAÇÃO

Vou investigar a parte mais importante do plano de Deus: a Expiação de Jesus Cristo. Tal averiguação é certamente a mais difícil de se tratar. Não que a Expiação de Jesus Cristo não possa ser suficientemente compreendida por qualquer mortal penitente, pois o Espírito pode nós ensinar que “além dele não há Salvador algum” e pode nós mostrar sua grande sabedoria e maravilhosos caminhos. A dificuldade consiste em explicar a “extensão de sua obra” a qual “ninguém pode descobrir” (D&C 76:1-2, itálicos adicionados).

De fato esse é um mistério de Deus, que nossa mente finita não pode suportar, exatamente porque a Expiação foi infinita. Como Alma disse há muitos mistérios, que permanecem ocultos, e que somente Deus conhece (Alma 40:3). A escritura a seguir expressa o que tento dizer:
“E este é o evangelho, as alegres novas, que a voz do céu nos testificou— Que ele veio ao mundo, sim, Jesus, para ser crucificado pelo mundo e para tomar sobre si os pecados do mundo e para santificar o mundo e purificá-lo de toda iniqüidade; Para que, por intermédio dele, fossem salvos todos os que o Pai havia posto em seu poder e feito por meio dele; Ele que glorifica o Pai e salva todas as obras de suas mãos, exceto os filhos de perdição, que negam o Filho depois que o Pai o revelou.”
“Portanto ele salva todos exceto esses, os quais irão para o castigo infinito, que é castigo sem fim, que é castigo eterno, para reinar com o diabo e seus anjos na eternidade, onde seu bicho não morre e o fogo é inextinguível, o que é seu tormento— E homem algum conhece o seu fim nem seu lugar nem seu tormento; Nem foi revelado nem é nem será revelado ao homem, exceto àqueles que dele forem feitos participantes; Contudo eu, o Senhor, mostro-o em visão a muitos, mas imediatamente torno a encerrá-la; Portanto seu fim, sua largura, altura, profundidade e miséria eles não compreendem, nem homem algum, a não ser os que são ordenados a essa condenação” (D&C 76:40-48, itálicos adicionados).
Para nós, Cristo sofreu de uma forma incompreensível. Ele sofreu como um filho da perdição. Ele “subiu ao alto, como também desceu abaixo de todas as coisas, no sentido de que compreendeu todas as coisas, para que fosse em tudo e através de todas as coisas, a luz da verdade” (D&C 88:6). De fato Ele “compreende todas as coisas” (D&C 88:41). Aqueles que se tornarem filhos da perdição entenderão o que Ele passou ao beber a “taça amarga” (Marcos 14:36, Alma 40:26, D&C 19:15-19). Os que forem exaltados como deuses também entenderão plenamente a expiação, pois estarão cheios de luz e o “corpo que é cheio de luz compreende todas as coisas” (D&C 88:67).
Enquanto na mortalidade, não podemos compreender a totalidade da Expiação. Dia virá em que a entenderemos (D&C 130:8-10). Para que isso ocorra temos que hoje buscar diligentemente entender o sacrifício de Cristo, mesmo que sua plenitude seja inexplicável a nós. Pois quanto mais O entendemos mais próximos ficaremos Dele e da exaltação (D&C 131:6). Devemos crescer linha sobre linha, preceito sobre preceito (2 Néfi 28:30) até que tenhamos um conhecimento perfeito (2 Néfi 9:14).
Talvez fosse isso que Paulo quisesse dizer ao orar pelos antigos efésios pedindo que estivessem “arraigados e fundados em amor” para que pudessem “perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade” e “conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.”
Entretanto, não irei explicar tudo o que um ser mortal é capaz de entender sobre o sacrifício de Cristo. O motivo é simples: há muitas coisas que Jesus fez “e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (João 21:25). Além disso, cada um deve sentir-se responsável em buscar o Senhor por si só (Atos 17:27, D&C 37:4).
Basta a escritura que se segue para perceber a magnitude do assunto: “todas as coisas têm sua semelhança e todas as coisas são criadas e feitas para prestar testemunho de mim, tanto as coisas [temporais] como as coisas que são espirituais; coisas que estão acima nos céus e coisas que estão na Terra e coisas que estão dentro da terra, tanto acima como abaixo: todas as coisas prestam testemunho de mim.” (Moisés 6:63, Alma 30:41-44).
O céu, o mar, os animais, os fósseis, as sementes, as estrelas e toda criação; a videira, a candeia, o templo, o maná e todos os símbolos das escrituras; a cobra de metal, a rocha ferida, Isaque no monte Moriá, os profetas santos como prefiguração do Messias; e até tudo o que existe nas escrituras, no testemunho, no que vemos, sentimos, ouvimos e percebemos – tudo, visível ou invisível – testifica do Cristo, pré-mortal, moral e ressurreto e mais especificamente sobre sua missão de expiar toda a Criação.
O Plano de Deus inclui três grandes eventos: Criação, Queda e Expiação. Esses três “pilares da eternidade”, como Elder Bruce R. McConkie os chama, por serem pontos fundamentais do Plano, estão intimamente inter-relacionados. Sua ligação é tal que se não houver um não pode haver outro. Ou seja, se não houvesse Criação, não haveria Queda; e se Adão não caísse, Jesus Cristo seria completamente desnecessário.
A queda de Adão e Eva afastou toda criação que conhecemos da presença de Deus. Os homens foram afastados tanto física como espiritualmente de sua presença. Portanto duas mortes acometeram todos os que vieram a gozar do Segundo Estado: a morte física e a morte espiritual (Alma 42:9, Moisés 6:48). Cristo veio a Terra com a expressa missão de vencer tanto uma morte como outra (I Coríntios 15:21-23, 2 Néfi 9:12). Ele era o único com poder de fazer isso por ser pré-ordenado para essa missão (I Pedro 1:20), por ser filho Unigênito do Pai (João 1:14, 3:16), e por ser perfeito – sem pecados (Mosias 14:9).
A palavra Expiação significa reconciliar. Expiação é o sacrifico de Jesus Cristo, que inclui seu sofrimento no Jardim do Éden, o injusto julgamento, a ida até Gólgota, a morte na cruz e finalmente a gloriosa ressurreição (GEE Expiação). A Expiação de Jesus Cristo: (1) é o ponto mais importante do Evangelho; (2) é o fato mais transcendental de toda criação; (3) é o maior poder que existiu, existe ou existirá; (4) é infinita e eterna; (5) proporciona a divina Misericórdia (graça); e (6) é o elemento essencial para salvação e exaltação de toda criação.

A Expiação é o ponto mais importante do Evangelho. O Evangelho de Jesus Cristo foi resumido por seu autor:
“Eis que vos dei o meu evangelho e este é o evangelho que vos dei—que vim ao mundo para fazer a vontade de meu Pai, porque meu Pai me enviou. E meu Pai enviou-me para que eu fosse levantado na cruz; e depois que eu fosse levantado na cruz, pudesse atrair a mim todos os homens, a fim de que, assim como fui levantado pelos homens, assim sejam os homens levantados pelo Pai, para comparecerem perante mim a fim de serem julgados por suas obras, sejam elas boas ou más— E por esta razão fui levantado; portanto, de acordo com o poder do Pai, atrairei todos os homens a mim para que sejam julgados segundo suas obras.”
“E acontecerá que aquele que se arrepender e for batizado em meu nome, será satisfeito; e se perseverar até o fim, eis que eu o terei por inocente perante meu Pai no dia em que eu me levantar para julgar o mundo. E aquele que não perseverar até o fim será cortado e lançado no fogo, de onde não mais voltará, em virtude da justiça do Pai.”
“E esta é a palavra que ele deu aos filhos dos homens. E por esta razão ele cumpre as palavras que proferiu; e não mente, mas cumpre todas as suas palavras. E nada que seja imundo pode entrar em seu reino; portanto nada entra em seu descanso, a não ser aqueles que tenham lavado suas vestes em meu sangue, por causa de sua fé e do arrependimento de todos os seus pecados e de sua fidelidade até o fim.”
“Ora, este é o mandamento: Arrependei-vos todos vós, confins da Terra; vinde a mim e sede batizados em meu nome, a fim de que sejais santificados, recebendo o Espírito Santo, para comparecerdes sem mancha perante mim no último dia. Em verdade, em verdade vos digo que este é o meu evangelho (...)”

A Expiação é o fato mais transcendental de toda criação. Em Alma 7:7, o profeta nefita ensina “que muitas coisas estão para vir”, mas “há uma coisa mais importante que todas as outras – pois eis que não [estava] longe o tempo em que o Redentor [viveria e estaria] no meio de seu povo”.
Leí disse o quanto seria importante tornar a Expiação conhecida aos habitantes da Terra “para que saibam que nenhuma carne pode habitar na presença de Deus a menos que seja por meio dos méritos e misericórdia e graça do Santo Messias, que dá sua vida (...) e toma-a novamente” (2 Néfi 2:8).
De fato, não houve e nunca haverá acontecimento de maior relevância e transcendência.

A Expiação é o maior poder que existiu, existe ou existirá.
Paulo disse: “Porque estou certo que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o provir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que esta em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:38-39).

A Expiação de Jesus Cristo é a maior expressão de caridade.
“A caridade nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; (...) Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estes três, mas o maior destes é a caridade” (I Coríntios 13:8-13, em algumas traduções a palavra “caridade” foi substituída por “amor”).
Morôni entendia isso e pode ensinar: “meus amados irmãos, se não tendes caridade, nada sois, porque a caridade nunca falha. Portanto, apegai-vos à caridade, que é, de todas, a maior, porque todas as coisas hão de falhar – Mas a caridade é o puro amor de Cristo e permanece para sempre; e para todos os que a possuírem, no último dia tudo estará bem” (Morôni 7:45-46).
Não há dor que a expiação não cure, não há pecado que ela não perdoe e não há injustiça que não concerte. Tudo que foi desfeito e refeito. Tudo que é destruído é reconstruído. O poder capacitador e restaurador, o poder justificador e santificador – são expressões do poder misericordioso que vem pela Expiação.
O poder da expiação é presente, e pode ser invocado agora. Também tem efeitos no passado e no futuro. A Expiação, por exemplo, elimina a culpa passada do pecado, concede sustento atual com dons espirituais e garante uma ressurreição entre os justos no futuro.
A expiação possibilita a fé no passado, a caridade no presente e a esperança no futuro. Temos fé em Cristo porque Ele nos amou primeiro e morreu por nós. Agimos dignamente, exercendo amor para, que por meio de seu sangue possamos voltar a viver com Deus em felicidade infinita – ai reside nossa esperança (I João 4:17-21).
Temos esperança por causa da Expiação. Temos fé porque Cristo morreu por nós. E temos caridade, porque é impossível agradar a Deus e merecer a misericórdia sem esse divino atributo:
“E novamente, meus amados irmãos, gostaria de falar-vos sobre a esperança. Como podeis alcançar a fé a não ser que tenhais esperança? E o que é que deveis esperar? Eis que vos digo que deveis ter esperança de que, por intermédio da expiação de Cristo e do poder da sua ressurreição, sereis ressuscitados para a vida eterna; e isto por causa da vossa fé nele, de acordo com a promessa. Portanto, se um homem tem fé, ele tem que ter esperança; porque sem fé não pode haver qualquer esperança. E novamente, eis que vos digo que ele não pode ter fé nem esperança sem que seja manso e humilde de coração. Sem isso sua fé e esperança são vãs, porque ninguém é aceitável perante Deus, a não ser os humildes e brandos de coração; e se um homem é humilde e brando de coração e confessa, pelo poder do Espírito Santo, que Jesus é o Cristo, ele precisa ter caridade; pois se não tem caridade, nada é; portanto ele precisa ter caridade. (...) Portanto, meus amados irmãos, rogai ao Pai, com toda a energia de vosso coração, que sejais cheios desse amor que ele concedeu a todos os que são verdadeiros seguidores de seu Filho, Jesus Cristo; que vos torneis os filhos de Deus; que quando ele aparecer, sejamos como ele, porque o veremos como ele é; que tenhamos esta esperança; que sejamos purificados, como ele é puro. Amém.” (Morôni 7:40-44, 48).

A Expiação é Infinita e Eterna.
O alcance da Expiação extrapola a realidade temporal e espacial. A expiação tem efeito a todas as criações anteriores e todas as posteriores de Deus.
Disse Alma: “nada pode haver, a não ser uma expiação infinita, que seja suficiente para os pecados do mundo” (Alma 34:12). Jacó ensinou: “é necessário que haja uma expiação infinita—porque se a expiação não fosse infinita, esta corrupção não poderia revestir-se de incorrupção” (2 Néfi 9:7).
A Expiação é Eterna por que foi um Deus Eterno (Moisés 7:35), que era e é de eternidade em eternidade (D&C 20:17), que desceu abaixo de todas as coisas.
Jeová disse: “Eis que eu sou aquele que foi preparado desde a fundação do mundo para redimir meu povo. Eis que eu sou Jesus Cristo. Eu sou o Pai e o Filho. Em mim toda a humanidade terá vida e tê-la-á eternamente, sim, aqueles que crerem em meu nome; e eles tornar-se-ão meus filhos e minhas filhas” (Éter 3:14). Seu sacrifício é infinito e eterno por que os efeitos de sua expiação são infinitos e eternos.

A Expiação proporciona a divina Misericórdia (graça).
“Todas as coisas hão de falhar” disse Morôni (Morôni 7:46). De fato, todas as coisas são passiveis de falha exceto a caridade – que é o maior atributo. É, portanto, a maior virtude e o maior poder, como já demonstrado.
Sem caridade ninguém pode satisfazer a Justiça de Deus. Isso porque é a caridade de Cristo, manifesta em Sua Expiação, que concede a Divina Misericórdia. Nas palavras de Paulo os atos de serviço abnegado a fé extraordinária de nada servem sem a caridade (I Coríntios 13).
Alma ensinou sobre a Justiça e Misericórdia de modo muito claro a seu filho rebelde:
“E agora lembra-te, meu filho, de que, se não fosse pelo plano de redenção (deixando-o de lado), assim que eles morressem sua alma se tornaria miserável, sendo afastada da presença do Senhor. E não havia meio de resgatar os homens desse estado decaído que o homem trouxera sobre si, em virtude de sua própria desobediência.”
“Portanto, de acordo com a justiça, o plano de redenção não poderia ser realizado senão em face do arrependimento dos homens neste estado probatório, sim, neste estado preparatório; porque, a não ser nestas condições, a misericórdia não teria efeito, pois destruiria a obra da justiça. Ora, a obra da justiça não poderia ser destruída; se o fosse, Deus deixaria de ser Deus. E assim vemos que toda a humanidade se encontrava decaída e estava nas garras da justiça; sim, da justiça de Deus que a condenara a ser afastada de sua presença para sempre.”
“Ora, o plano de misericórdia não poderia ser levado a efeito se não fosse feita uma expiação; portanto o próprio Deus expia os pecados do mundo, para efetuar o plano de misericórdia, para satisfazer os requisitos da justiça, a fim de que Deus seja um Deus perfeito, justo e também um Deus misericordioso.”
“Ora, o arrependimento não poderia ser concedido aos homens se não houvesse um castigo tão eterno como a vida da alma, estabelecido em oposição ao plano de felicidade, também tão eterno como a vida da alma. Ora, como poderia um homem arrepender-se, se não houvesse pecado? Como poderia ele pecar, se não houvesse lei? E como poderia haver lei, a não ser que houvesse castigo?”
“Ora, um castigo foi fixado e foi dada uma lei justa que trouxe o remorso de consciência ao homem. Ora, se não tivesse sido dada uma lei—que, se um homem assassinasse, deveria morrer—teria ele medo de morrer, se assassinasse?”
“E também, se não tivesse sido dada lei alguma contra o pecado, os homens não teriam medo de pecar. E se não tivesse sido dada a lei, que poderia a justiça ou mesmo a misericórdia fazer se os homens pecassem, uma vez que não teriam direito sobre a criatura?”
“Mas foi dada uma lei e fixado um castigo e concedido um arrependimento, arrependimento esse que é reclamado pela misericórdia; do contrário, a justiça reclama a criatura e executa a lei e a lei inflige o castigo; e se assim não fosse, as obras da justiça seriam destruídas e Deus deixaria de ser Deus.”
“Deus, porém, não deixa de ser Deus e a misericórdia reclama o penitente; e a misericórdia advém em virtude da expiação: e a expiação efetua a ressurreição dos mortos: e a ressurreição dos mortos devolve os homens à presença de Deus; e assim são restituídos a sua presença para serem julgados de acordo com suas obras, segundo a lei e a justiça.”
“Pois eis que a justiça exerce todos os seus direitos e a misericórdia também reclama tudo quanto lhe pertence; e assim ninguém, a não ser o verdadeiro penitente, é salvo.”
“Acaso supões que a misericórdia possa roubar a justiça? Afirmo-te que não; de modo algum. Se assim fosse, Deus deixaria de ser Deus. E assim Deus realiza seus grandes e eternos propósitos, que foram preparados desde a fundação do mundo. E assim ocorre a salvação e a redenção dos homens e também sua destruição e miséria.” (Alma 42:11-26)
Em resumo pode-se afirmar que a Misericórdia advinda da expiação tem efeito para os que se arrependem.
A Graça de Cristo é o poder capacitador que advém da Expiação. Porque todos pecamos a graça de Cristo compensa nossas falhas, faltas e incapacidades. Somos salvos pela graça (2 Néfi 10:24, Atos 15:11), mas somente depois de tudo que pudermos fazer (2 Néfi 25:23).

A Expiação é o elemento essencial para salvação e exaltação de toda criação.
A Expiação abençoa a toda criação. Mesmo os que se tornarem filhos da perdição nesta vida, terão, após este estado, um corpo ressurreto graças à expiação. Todos os animais e todos os elementos desta Terra serão ressurretos e glorificados graças ao sacrifício de Cristo (Moisés 7:48, 58-61). A expiação salva e exalta tudo e todos, exceto os da Perdição (D&C 76:43):
“A tua misericórdia, Senhor está nos céus, e a tua fidelidade chega até as mais excelsas nuvens. A tua justiça é como as grandes montanhas; e os teus juízos são um grande abismo [ali caem os que praticam a iniqüidade; cairão, e não se poderão levantar]. Senhor tu conservas os homens e os animais” (Salmos 36:5-6, 12).

A Expiação concederá um julgamento final aos filhos de Deus (Alma 41:2-3; 3 Néfi 27:14)
A expiação também salvará e exaltará os homens que morrerão crianças ou não tiveram conhecimento da verdade durante a mortalidade, mas aceitariam o evangelho (Mosias 3:16, 21; Morôni 8:10; D&C 137:7-10).
A Expiação poderá exaltar os outros homens (isto é, todos os que não morrem como criancinhas) se as condições da misericórdia forem satisfeitas. Elas são apresentadas por Jacó ao falar de Cristo:
“E ele vem ao mundo para salvar todos os homens, se eles derem ouvidos a sua voz; pois eis que ele sofre as dores dos homens, sim, as dores de toda criatura vivente, tanto homens como mulheres e crianças, que pertencem à família de Adão.”
“E ele sofre isto para que todos os homens ressuscitem, para que todos compareçam diante dele no grande dia do julgamento. E ordena a todos os homens que se arrependam e sejam batizados em seu nome, tendo perfeita fé no Santo de Israel, pois do contrário não poderão ser salvos no reino de Deus. E se não se arrependerem, não acreditarem em seu nome, não forem batizados em seu nome nem perseverarem até o fim, serão condenados, pois o Senhor Deus, o Santo de Israel, disse-o” (2 Néfi 9:21-24, itálicos adicionados).
Os requisitos são claros: “E nada que seja imundo pode entrar em seu reino; portanto nada entra em seu descanso, a não ser aqueles que tenham lavado suas vestes em meu sangue, por causa de sua fé e do arrependimento de todos os seus pecados e de sua fidelidade até o fim. Ora, este é o mandamento: Arrependei-vos todos vós, confins da Terra; vinde a mim e sede batizados em meu nome, a fim de que sejais santificados, recebendo o Espírito Santo, para comparecerdes sem mancha perante mim no último dia” (3 Néfi 27: 19-20).
Mais simples e claro ainda são as palavras do Salvador na ocasião em que se apresentou aos nefitas pela primeira vez: “E os que crerem em mim e forem batizados, esses serão salvos; e eles são os que herdarão o reino de Deus. E os que não crerem em mim e não forem batizados, serão condenados” (3 Néfi 11:33-34).

Eu sei que isso é verdade.

7 de abr. de 2010

Moisés 6:59-60: NASCER DE NOVO

Nossa vinda à mortalidade ocorre pelo nascimento. Deixando de lado a polêmica sobre quando se inicia a vida mortal , consideraremos a concepção como o nascimento mortal, o inicio do segundo estado e do tempo de provação (GEE Mortalidade). Há três elementos presentes no nascimento mortal: água, sangue e espírito. Eles são elementos reais e necessários para que ocorra o nascimento. Sem sangue nenhum mortal vive, pois a vida esta no sangue (Levítico 17:11, 14). Do mesmo modo, sem a água ninguém é concebido: pois há água presente na formação do feto, por exemplo, na placenta da gestante. Sem que o espírito pré-mortal entre no corpo não há vida, pois “o espírito e o corpo formam a alma do homem” (D&C 88:15). A morte ocorre com a saída do espírito do corpo (GEE Morte Física). O segundo nascimento é um símbolo do primeiro. É chamado de novo nascimento: nascimento por que os mesmos elementos – água, sangue e espírito – estão presentes; e novo porque (1) vem pelo Novo e Eterno convênio do evangelho; (2) muda o estado anterior (semelhante à mudança que ocorreu do estado pré-mortal para o mortal); (3) purifica, justifica e santifica – tornando a criatura inocente como uma criancinha, por isso é também chamado de nascimento espiritual. Ao virmos para Terra tornamo-nos afastados de Deus, tanto fisicamente quanto espiritualmente, por causa da Queda e da fraqueza humana: “Por que Adão caiu, existimos; e pela sua queda veio a morte; e fomos feitos participantes de miséria e desgraça; Eis que Satanás veio para o meio dos filhos dos homens e tentou-os para que o adorassem; e os homens tornaram-se carnais, sensuais e diabólicos e encontram-se afastados da presença de Deus. Mas Deus fez saber a nossos pais que todos os homens devem arrepender-se. E ele chamou nosso pai Adão com sua própria voz, dizendo: Eu sou Deus; eu fiz o mundo e os homens antes que existissem na carne. E ele também lhe disse: Se te voltares para mim e deres ouvidos a minha voz e creres e te arrependeres de todas as tuas transgressões e fores batizado, sim, na água, em nome de meu Filho Unigênito, que é cheio de graça e verdade, que é Jesus Cristo, o único nome que será dado debaixo do céu mediante o qual virá a salvação aos filhos dos homens, receberás o dom do Espírito Santo, pedindo todas as coisas em seu nome; e tudo o que pedires te será dado. (Moisés 6:48-52, itálicos adicionados) Desde Adão o evangelho tem sido ensinado. Aqueles que o aceitam plenamente nascem de novo: “Aí se começou a dizer entre o povo que o Filho de Deus expiara o pecado original, de modo que os pecados dos pais não podem recair sobre a cabeça dos filhos, pois estes são limpos desde a fundação do mundo.” “E o Senhor falou a Adão, dizendo: Visto que teus filhos são concebidos em pecado, quando eles começam a crescer, concebe-se o pecado em seu coração e eles provam o amargo para saber apreciar o bom. E a eles é dado distinguir o bem do mal, de modo que são seus próprios árbitros; e dei-te outra lei e mandamento.” “Portanto ensina a teus filhos que todos os homens, em todos os lugares, devem arrepender-se, ou de maneira alguma herdarão o reino de Deus, porque nenhuma coisa impura pode ali habitar ou habitar em sua presença; pois, no idioma de Adão, Homem de Santidade é seu nome e o nome de seu Unigênito é Filho do Homem, sim, Jesus Cristo, um justo Juiz, que virá no meridiano dos tempos.” “Portanto dou-te o mandamento de ensinares estas coisas liberalmente a teus filhos, dizendo: Por causa da transgressão vem a queda, queda essa que traz a morte; e sendo que haveis nascido no mundo pela água e sangue e espírito que eu fiz e assim vos haveis transformado de pó em alma vivente, do mesmo modo tereis de nascer de novo no reino do céu, da água e do Espírito, sendo limpos por sangue, sim, o sangue de meu Unigênito; para que sejais santificados de todo pecado e desfruteis as palavras da vida eterna neste mundo e a vida eterna no mundo vindouro, sim, glória imortal; Pois pela água guardais o mandamento, pelo Espírito sois justificados e pelo sangue sois santificados” (Moisés 6:54-60, itálicos adicionados). As muitas doutrinas expostas nestes versículos serão a base para os próximos capítulos. Algumas delas já forma comentadas. O que deve ficar claro é o conteúdo simbólico do evangelho, mais especificamente de suas ordenanças. Há razões para os ritos do evangelho serem como são. Evidentemente não nos foi revelado tudo sobre o assunto , mas as escrituras e os profetas explicam que o sacerdócio é uma maneira que permite o povo “saber como esperar pelo seu Filho para receber a redenção” (Alma 13:2): “Ora, essas ordenanças foram instituídas dessa maneira para que, por meio delas, o povo pudesse ter esperança no Filho de Deus, sendo um símbolo de sua ordem, ou melhor, sendo sua ordem; e isto para que pudessem esperar dele a remissão de seus pecados, a fim de entrarem no descanso do Senhor” (Alma 13:16, itálicos adicionados). A ordenança do batismo, por exemplo, é simbólica. O batismo é uma parte essencial do nascimento simbólico no reino dos céus. O batismo e todas as outras ordenanças “têm sua semelhança e todas as coisas são criadas e feitas para prestar testemunho de [Cristo], tanto as coisas [temporais] como as coisas que são espirituais; coisas que estão acima nos céus e coisas que estão na Terra e coisas que estão dentro da terra e coisas que estão embaixo da terra, tanto acima como abaixo: todas as coisas prestam testemunho de [Cristo]” (Moisés 6:63). As ordenanças não podem ser compreendidas se apenas vistas superficialmente. Cada ordenança de salvação será estuda com cuidado mais adiante. O ritual de purificação do leproso da lei mosaica continha igualmente os elementos do nascimento (água, espírito e sangue): “Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote, E o sacerdote sairá fora do arraial, e o examinará, e eis que, se a praga da lepra do leproso for sarada então o sacerdote ordenará que por aquele que se houver de purificar se tomem duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, e carmesim, e hissopo. Mandará também o sacerdote que se degole uma ave num vaso de barro sobre águas vivas, E tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmesim, e o hissopo, e os molhará, com a ave viva, no sangue da ave que foi degolada sobre as águas correntes. E sobre aquele que há de purificar-se da lepra espargirá sete vezes; então o declarará por limpo, e soltará a ave viva sobre a face do campo. E aquele que tem de purificar-se lavará as suas vestes, e rapará todo o seu pêlo, e se lavará com água; assim será limpo; e depois entrará no arraial, porém, ficará fora da sua tenda por sete dias; E será que ao sétimo dia rapará todo o seu pêlo, a sua cabeça, e a sua barba, e as sobrancelhas; sim, rapará todo o pêlo, e lavará as suas vestes, e lavará a sua carne com água, e será limpo.” “E o sacerdote tomará do sangue da expiação da culpa, e o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e no dedo polegar do seu pé direito. Também o sacerdote tomará do logue de azeite, e o derramará na palma da sua própria mão esquerda. Então o sacerdote molhará o seu dedo direito no azeite que está na sua mão esquerda, e daquele azeite com o seu dedo espargirá sete vezes perante o SENHOR; E o restante do azeite, que está na sua mão, o sacerdote porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito, em cima do sangue da expiação da culpa; E o restante do azeite que está na mão do sacerdote, o porá sobre a cabeça daquele que tem de purificar-se; assim o sacerdote fará expiação por ele perante o SENHOR.” “E o sacerdote oferecerá o holocausto e a oferta de alimentos sobre o altar; assim o sacerdote fará expiação por ele, e será limpo” (Levítico 14:2-9, 12-16, 20). O leproso se raspava para ficar semelhante a um recém-nascido. Vencer a lepra era, na época, como nascer outra vez, pois a lepra era uma praga mortal. O óleo simboliza a pureza e o Espírito de Deus (I Samuel 16:13; GEE Óleo). A ave morta representa o Deus altíssimo expiando pelas impurezas, à ave livre representa a liberdade proveniente do sacrifício de Cristo – sua expiação e ressurreição. O ritual do leproso e toda lei de Moisés é um símbolo de Cristo, da purificação advinda pela Expiação (2 Néfi 11:4; Alma 25:15-16). Água, Sangue e Espírito também são símbolos da Trindade – o quórum do sacerdócio que preside o universo: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra (que é Cristo), e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num” (I João 5:7-8). A própria Expiação também contém os elementos eternos Água, Sangue e Espírito. A água encontramos, não só como substancia essencial contida no sangue de Cristo derramado dês do Getsêmani até o sepultamento, mas quando um soldado lhe furou o lado e água e sangue saíram-lhe (João 19:24). Vemos sangue na Expiação em todos os momentos, pois o sangue é que fez a expiação pela culpa (Levítico 17:11). O sangue esta presente no Jardim, onde foi vertido da maneira mais dolorosa – saindo por cada poro (Lucas 22:44; Mosias 3:7; D&C 19:18). E no injusto julgamento, na agonizante tortura e por fim no Gólgota, onde o Salvador entregou o espírito (João 19; Mateus 26:52-70, 27) O elemento espírito está presente, por exemplo, na frase de Jesus na Cruz ao consumar sua obra: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23:46). Evidentemente Cristo não nasceu de novo na ocasião da Expiação. Ele nasceu como nós, de uma mãe mortal, passou pelo véu do esquecimento, foi batizado, recebeu o Espírito Santo e todas as ordenanças do evangelho. Mas diferente de nós Ele já era perfeito e santo antes de nascer na Terra (Deuteronômio 18:13), e continuou santo na mortalidade (Mosias 14:9). Mesmo que fosse, enquanto mortal “pouco menor que os anjos” (Hebreus 2:9), readquiriu toda glória que possuía antes do mundo existir (João 17:5). O nascimento espiritual de Cristo ocorreu na pré-mortalidade. O papel de Cristo era possibilitar a nós, seres imperfeitos, que nos tornássemos como Ele – santos sem mácula (3 Néfi 12:48; Morôni 10:33). O nascimento mortal é natural, sem ser necessário um rito sacerdotal. O nascimento espiritual precisa de cerimônias. O nascimento mortal ocorre num período temporal semelhante aos homens – em nove meses há um nascimento. Já o espiritual pode ocorrer nesta vida, depois da morte ou nunca acontecer. A despeito das diferenças demonstradas, e muitas outras, entre os dois nascimentos, o símbolo perde o sentido se tirado de seu contexto. Água, Espírito e Sangue estão presentes nos dois nascimentos. Mergulhado no útero da mãe, o feto nascerá num certo período de tempo. Imerso nas águas batismais o converso dá inicio a uma nova vida espiritual. O espírito pré-mortal acomoda-se no corpo do bebê no momento certo, formando uma alma (D&C 88:15). Semelhantemente o Espírito Santo é recebido como dom e companhia constante. Tal como o espírito pré-mortal não se separa do corpo mortal, se não com a morte, também o Espírito Santo não se aparta do justo, a não ser com o pecado – que conduz a morte espiritual. Sangue corre nas veias do feto, alimentando a mortalidade. Sangue expiatório é aplicado no converso limpando-o de suas transgressões e pecados, purificando-o e santificando-o. É importante salientar que o nascimento espiritual acontece somente depois do recebimento de todos os elementos – água, espírito e sangue – e não antes. É verdade que podemos dizer que alguém que foi recentemente batizado nasceu de novo. Mas isso não é senão uma expressão que deduz um compromisso maior . Os que foram batizados apenas iniciaram seu nascimento no reino de Deus. Porque a conversão, que é o nascer de novo, é mais um processo do que um evento. Na realidade, o nascer de novo é um processo com vários eventos. Esses eventos são ocasiões onde convênios são firmados. Esses convênios muitas vezes são acompanhados de cerimônias: são as ordenanças do evangelho. Não obstante, o recebimento das ordenanças não necessariamente faz com que alguém nasça de novo. Para nascer de novo há necessidade de ser santificado. As obras (ordenanças) por si só não garantem o novo nascimento. Assim como um feto, que passa por todas as etapas da gestação e na concepção está perfeitamente formado não necessariamente nascerá vivo; também o converso que não realizou mudanças suficientes – isto é, não se despojou do homem natural, não se tornou como uma criancinha, não guardou os mandamentos, não foi justificado ou não foi santificado não pode nascer de novo. O processo de nascer de novo recebe vários nomes nas escrituras: despojar-se do homem natural (Mosias 3:19), tornar-se como uma criancinha (3 Néfi 11:37-38), justificação e santificação (Moisés 6:60), aperfeiçoar-se por meio de Cristo Jesus (Efésios 4:12-13 e Hebreus 10:14), andar com Deus (Alma 53:21, Gênesis 6:9), ser um com Deus (João 17:11, 21), etc. O processo de nascer de novo começa com o contato com a palavra de Deus e a fé em Jesus Cristo e termina com o chamado e eleição (2 Pedro 1:10), que é quando vencemos o mundo: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.” “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num” (I João 5:1-8). Jesus Cristo disse que quem não nascer de novo não pode entrar no Reino dos céus. O Reino dos céus é o que buscamos. Ele explicou a Nicodemos, um fariseu, que o nascimento espiritual inclui o batismo e o dom do Espírito Santo. Mas não só isso, pois disse que Ele fora enviado para santificar o mundo dando sua vida. Quando Nicodemos indagou como era possível aquilo, Jesus repreendeu aquele membro do sinédrio dizendo: “Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? (...) Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João 3:1-21). Assim muitos, mesmo entre os membros da verdadeira Igreja não sabem a respeito do processo de nascer de novo. E mesmo aqueles que conhecem ainda podem aprender mais. Assim que pudermos conhecer as coisas celestiais, elas nos serão ensinadas. Porque quem receber e obedecer receberá mais (2 Néfi 28:30), até receber tudo (D&C 88:49). O Senhor ordenou que essas coisas fossem pregadas liberalmente entre os filhos dos homens (Moisés 6:58-60).

ALMA 21: AFLIÇÕES NA MISSÃO DE TEMPO INTEGRAL

Ao começar a contar sobre a jornada de Amon e seus irmãos, Mórmon diz:
“Ora, foram essas as circunstâncias que ocorreram em suas viagens, pois tiveram muitas aflições; sofreram muito, tanto física quanto mentalmente, de fome, sede e cansaço; e sofreram também muitas tribulações no espírito.” (Alma 17:5)
Ao terminar o relato de Amon e seus irmãos, Mórmon resume:
“E este é o relato de Amon e seus irmãos, de suas viagens na terra de Néfi, seus sofrimentos na terra, suas dores e suas aflições, e sua incomensurável alegria (...)” (Alma 28:8).
Fica evidente pela escritura que antes da “incomensurável alegria” vieram às adversidades.
O trabalho missionário é um dos trabalhos mais difíceis, se não for o mais difícil! Há vários motivos porque o trabalho missionário não é fácil.
Um dos motivos principais é por que é o trabalho do Senhor – e Satanás opõem-se a Deus. Todo missionário sabe que o opositor trabalha muito para destruir a obra de Deus. Na missão de Amon e seus irmãos não foi diferente.
Lemos no Livro de Mórmon algumas táticas do diabo – enfurecer, pacificar, enganar:
Alguns ele enfurece, e incita a irarem-se contra o que é bom (2 Néfi 28:19). Isso aconteceu na missão de Amon e seus irmãos – por exemplo, o próprio rei de todos os lamanitas enfureceu-se com Amon (Alma 20:13-16). E também os apóstatas nefitas “ficaram zangados” com a pregação de Aarão (Alma 21:9-10)
Alguns o diabo pacifica e acalenta com “segurança carnal”, de modo que para eles tudo vai bem (2 Néfi 28:21). É o caso dos amalequitas, amulonitas e lamanitas que viviam em Jerusalém (Alma 21:2-3, 5-10), que pensavam que todos seriam salvos no último dia (Alma 1:4)
A outros o demônio lisonjeia dizendo “eu não sou o diabo, porque ele não existe” (2 Néfi 28:22). Lemos que embora os lamanitas acreditassem num Grande Espírito, “pensavam que tudo que fizessem estaria certo” (Alma 18:5)


Outro motivo porque a obra missionária é difícil é porque envolve o arbítrio de outras pessoas. Os irmãos de Amon não tiveram um sucesso tão aparente quanto de Amon, no começo de suas missões, não porque não eram dignos, fiéis ou diligentes. Eles tinham se preparado tanto quanto Amon, mas “haviam tido a infelicidade de cair nas mãos de um povo mais duro e obstinado; portanto não quiseram escutar-lhes as palavras, tendo-os expulsado e batido neles, tendo-os enxotado de casa em casa e de lugar em lugar, até chegarem a terra de Midôni; e ali foram capturados e postos na prisão e amarrados com fortes cordas; e ficaram encarcerados por muitos dias (...)” (Alma 20:30, itálicos adicionados).
Enquanto o povo a quem Aarão e outros pregaram usaram seu arbítrio para dizer: “Não acreditamos nessas tradições tolas. Não acreditamos que saibas coisas futuras (...)” (Alma21:8), o povo de Ismael, que foi ensinado por Amon escolheu acreditar, ser batizados e organizar uma Igreja (Alma 19:35)´. Os resultados externos do trabalho missionário – como o numero de batismos – não medem verdadeiramente o sucesso de um missionário. Porque a colheita pertence ao Senhor (Alma 26: 7 – mais sobre esse assunto será tratado no capítulo 12), e as pessoas tem a liberdade de aceitar ou recusar a verdade.

A próxima razão do porque é difícil o trabalho missionário é porque precisamos adquirir os atributos de Cristo, para servos bons exemplos. Quando, logo no início de seu serviço missionário entre os lamanitas, Amon e seus irmãos estavam a caminho da Terra da Primeira Herança, no deserto, ficaram deprimidos e estavam para voltar (Alma 26:27). Quando pensamos em Amon e seus irmãos lembramos de seu sucesso, pensamos neles como homens fortes que sabiam o que estavam fazendo. Realmente isso é verdade, mas ao estimarmos eles como grandes heróis, podemos supor que não tinham imperfeições, ou que não desanimaram. Na realidade Amon e seus irmãos estavam a ponto de voltar para casa, desistindo da grande obra.
E voltariam talvez porque o deserto – com os rigores climáticos, a alimentação escassa e a pouca água – era bem diferente da agradável capital Zaraenla, e da confortável casa real. Talvez porque seu rei e pai morrera , e estavam preocupados com a família. Talvez porque ficaram assustados com a tremenda tarefa que tinham empreendido, e se sentiram sobrecarregados. Talvez porque lembraram que muitos esforços já haviam sido feitos para reconduzir os lamanitas – e todos, aparentemente haviam sido vãos.
Mas o Senhor os “confortou e disse: Ide para o meio de vossos irmãos, os lamanitas, e suportai com paciência vossas aflições; e eu farei com que tenhais êxito.” (Alma 26:27)
O Senhor também disse: “sereis pacientes nos sofrimentos e aflições , para dar-lhes bons exemplos em mim; e farei de vós instrumentos em minhas mãos para a salvação de muitas almas” (Mosias 17:11)
Quando o Senhor disse a Amon e a seus irmãos isso eles “encheram-se de coragem” (Alma 17:12) Mas essa coragem seria provada muitas e muitas vezes entre os lamanitas: Amon e seus irmãos foram “rechaçados, escarnecidos e cuspidos e esbofeteados; e [foram] apedrejados, e amarrados com fortes cordas e lançados na prisão (...) E [padeceram] toda espécie de sofrimentos; e tudo isso para que talvez [pudessem] ser o instrumento da salvação de algumas almas (...)” (Alma 26:29-30).
Não há sucesso na missão, sem passarmos por provas de fogo. A fé, a integridade, a diligência, a obediência, a caridade e tudo mais são testados ao máximo. Essa é uma prova da misericórdia de Deus, por que as aflições são para nosso bem (D&C 122:7-9).
Ao sermos provados, e passarmos bem nas provações, nos assemelhamos mais a Cristo . Parece que se não formos afligidos não poderemos ser “bons exemplos” aos não-membros, e não poderemos ser eficazes instrumentos nas mãos de Deus.
As adversidades físicas, sociais, familiares, financeiras, mentais e espirituais podem ser esperadas por todos aqueles que embarcam no serviço de Deus.
“Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus sofra agravos, padecendo injustamente (...) Porque para isso sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais suas pisadas.” (I Pedro 2: 19 e 21, itálicos adicionados)
“Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não esta presa. Portanto tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.” (II Timóteo 1:9-10, itálicos adicionados)
Pedro e Paulo, que foram mencionados acima, entendiam que o sofrimento faz parte da condição mortal. A perseguição, a injustiça, a maldade dos homens acomete todos os discípulos de Cristo neste estado telestial: “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (II Timóteo 3:12)
Lembro que na minha missão o Élder Russell M. Nelson, que nos foi visitar ensinou: “Se vocês não estão sendo perseguidos se arrependam!” Ele quis dizer que Satanás não precisa perseguir os que estão do lado dele –portanto se não estamos sendo perseguidos ou afligidos algo esta errado, e precisa mudar.
Contudo, embora soframos no trabalho missionário temos a promessa do aparo celeste. Todos as aflições não podem nos separar de Deus (Romanos 8: 31, 35-39). Na verdade nos levam mais para perto Dele (Romanos 8: 18, 28).
Vemos isso na missão de Amon e seus irmãos. Foi apenas depois de terem “seus sofrimentos” e ”suas dores e suas aflições” que tiveram a “incomensurável alegria” (Alma 28:8). Foi apenas depois de ficarem deprimidos, que o Senhor os visitou, os consolou e lhes prometeu que teriam êxito (Alma 17:10-11; 26:27)

A outra razão de dificuldade, no caso de serviço missionário de tempo integral, é que estamos longe de casa. A cultura dos lamanitas era diferente das dos nefitas e vários aspectos. As diferenças incluíam: (1) a forma de se vestir – os lamanitas andavam nus exceto por uma curta faixa de pele ao redor dos lombos (Enos 1:20), raspavam a cabeça (Alma 2:5) e se tingiam de vermelho (Alma 3:4). (2) A alimentação talvez fosse bem diferente – pois alguns comiam carne crua (Enos 1:20). (3) A forma de obter lucro ou sucesso era outra (Alma 18:7). (4) A maneira de trabalhar – se é que trabalhavam! – era diferente (Mosias 9:12). (5) A cultura era outra – festas, eventos, organização política, etc (por exemplo, Alma 20:9). E também as (6) tradições e a religião eram diferentes das dos nefitas (Alma 18:5). E havia ainda outras diferenças que os registros não mencionam por não ser esse o propósito do livro.
Os contrastes entre os povos podem ser uma adversidade. Aprender outra língua e/ou adaptar-se as circunstâncias de um povo leva tempo e é difícil. Mas o Senhor prometeu ajudar seus servos. Ele ajudou Amon e seus irmãos. Lembrem-se de que Amon e seus irmãos eram nefitas – inimigos mortais dos lamanitas – mas mesmo assim – com todas as diferenças – herdadas pela História – eles tiveram sucesso – porque não consideravam os lamanitas como inimigos, mas sim, ao contrário, como “irmãos dos nefitas”. Ao amarmos o povo que servimos as dificuldades culturais, sociais e políticas são amenizadas, e até desaparecem.

Resumo do Plano Eterno de Deus

Tentarei resumir a doutrina mais importante, que é a doutrina Expiação de Jesus Cristo e sua aplicação na vida pessoal, que é a doutrina da Santificação. Eu o farei em um página. (Espero conseguir!)
A primeira coisa que se deve entender é que as doutrinas da Expiação e da Santificação, justamente por serem as mais importantes do Plano de Deus, estão em todas as obras-padrão, em todos os sermões dos profetas e em todas as orações dos justos. É uma doutrina é vital! E todos podem encontrá-las, pois estão em toda parte.
A doutrina é muito simples. Quando compreendida e aplicada leva à vida eterna, que é o maior dom de Deus (D&C 14:7). Entretanto, o mero reconhecimento da existência dessas doutrinas não tem a força necessária para efetuar a exaltação. Deve-se não apenas conhecer, mas viver. Ninguém é salvo em ignorância. O "saber", todavia, é apenas parte, porque até o Demônio, que tem um grande conhecimento,  foi condenado às trevas exteriores, por não ser sábio o suficiente para aplicar esse conhecimento. Os demônios creem e estremecem (Tiago 2:19), mas sua crença não gera a fé verdadeira no evangelho de Jesus Cristo, que é o poder para salvação (Romanos 1:16).
A doutrina da santificação pode ser resumida da seguinte maneira: Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do evangelho são: fé no Senhor Jesus Cristo, arrependimento, batismo por imersão para remissão dos pecados, imposição das mãos para o dom do Espírito Santo, recebimento do Santo Sacerdócio, concessão da Investidura sagrada, Casamento para todo tempo e eternidade, confirmação do chamado e eleição e perseverança até o fim. Cremos que a humanidade será exaltada em obediência as leis e ordenanças do evangelho (2 Néfi 9:21-25). Mas cremos que essas leis e ordenanças seriam obras mortas se Cristo não tivesse vindo a Terra e realizado um sacrifício infinito e eterno. Se ele não realizasse a Expiação ninguém poderia ser salvo, nem exaltado (GEE "Expiação"). A Expiação é o sacrifício de Deus pelas Suas criações e pelos filhos do Pai Celestial. Esse sacrifício incluiu dor, angustia mental, física e espiritual maior do que todas as dores de todo o tempo e de toda a existência.
Deus criou a Terra, colocou nela o homem e deu-lhes mandamentos. A obediência como primeira lei foi dada para que o homem ao obedecer fosse feliz. Deus também instituiu o sacrifício de animais como símbolo de que Ele mesmo, Deus, iria um dia, se sacrificar pelo mundo (GEE "Sacrifício"). O evangelho é de Cristo. Todas as ordenanças do evangelho apontam para Cristo, pois são símbolos dele (1 Néfi 11:14). Todos os convênios e leis do evangelho (que é o plano de salvação) apontam para Cristo (Moisés 6:63). Quando essas leis são obedecidas nos transformam em "criaturas novas" - nos tornamos filhos de Deus, semelhantes a Ele. Os atributos de Cristo são adquiridos à medida que vivemos as leis e ordenanças e andamos como Cristo andou.
Jesus Cristo veio a Terra para ser o exemplo perfeito. Se o seguirmos acharemos paz e vida eterna. Satanás opõem-se a Deus. Ele não deseja a felicidade dos homens, mas a miséria e desgraça, por isso tenta os homens a não obedecer a Deus; viver segundo uma verdade relativa, e não aceitar a verdade absoluta de Deus; mudar as leis, ordenanças e convênios do evangelho; enfurecer-se contra o que é bom, buscar os prazeres da carne, ser sensual e diabólico; e encherem o coração de orgulho e maldade e desprezar o que vem do alto. Com esses objetivos, o adversário usa suas táticas diabólicas para enganar e destruir (GEE "Satanás"). Deus, em sua bondade enviou a Terra profetas, apóstolos, pastores, símbolos, convênios, amigos, o maravilho poder e dom do Espírito Santo, anjos e muitos outros dons e bênçãos para ajudar seus filhos a acharem e trilharem o caminho da perfeição.
Como nascemos na Terra pela água, sangue e espírito, assim, simbolicamente, temos que nascer de novo. Nascer de Deus é o mesmo processo conhecido como despojar-se do homem natural, tornar-se uma nova criatura, tornar-se como um criancinha, tomar sobre si o nome de Cristo, andar com Deus, processo de justificação e santificação e conversão. Todos esses nomes são títulos do mesmo processo de santificação. No reino de Deus nascemos quando somos batizados (água), recebemos o Espírito Santo (espírito) e toda plenitude da expiação (sangue). Pela água guardamos o mandamento – sendo obediente a toda palavra que procede de Deus. Pelo espírito somos justificados – pois o Espírito Santo da promessa sela os atos e convênios firmados com Deus e nos limpa, por meio de seu fogo purifica-nos, tornando-nos justos diante do Pai. O sangue de Cristo, derramado por misericórdia, santifica-nos. Santifica-nos ao dar graça após fazermos tudo ao nosso alcance para salvarmos a nós e ao próximo.
Esse sangue permite que desenvolvamos os atributos de Cristo – humildade, fé, esperança, caridade, etc. – para que sejamos a medida da estatura de Cristo, para sermos participantes da natureza divina, para obtermos conhecimento de Deus (2 Pedro 1).
Para aqueles que vencerem o mundo, e forem limpos pelo sangue do Cordeiro a promessa é que Deus revelará sua face. Ao conhecermos como também somos conhecidos e recebermos o direito de entrar na Igreja do Primogênito, sendo julgados dignos pelas testemunhas especiais de entrar no reino celestial - teremos nos tornados cheios de amor, esperança e fé. Teremos nos tornado semelhantes a Deus, que tem amor infinito. Se houver queda neste nível abençoado a maldição é para morte – e trevas exteriores será o destino destes miseráveis. Mas se houver permanência fiel e constante e perfeição por meio da graça haverá glória imortal e vidas eternas.
Todas as coisas apontam para Expiação. Tudo é um símbolo de Sua ordem. Aqueles que forem escolhidos tornar-se-ão filhos e herdeiros legais, reis e rainhas, sacerdotes e sacerdotisas. Aqueles que entenderem parte ou plenamente o que eu disse estão no caminho seguro que levará a vida eterna.
Este é o plano e a doutrina. E todas as outras coisas se ramificam dessas verdades restauradas por Joseph Smith, o profeta da Restauração. Ouvir e desejar são os primeiros passos e receber a palavra mais segura de profecia, enquanto perseverar é o último e grande passo para entrar na Vida Eterna. Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai – para saciar a busca que todos temos de paz e felicidade – se não por Ele. Ele é a luz e a vida do mundo. E eu presto testemunho que isso é verdade. Em nome de Jesus Cristo, amém.

Lucas Guerreiro