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17 de ago. de 2012

Apenas homens seguiram Lúcifer na batalha dos céus?


Perguntaram-me: "Onde está escrito que na guerra dos céus um terço das hostes celestiais em sua maioria eram homens? Realmente há mais mulheres que homens neste mundo, né?"

               Compartilharei minha resposta a seguir.
               Lemos Apocalipse o seguinte:
" E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. (Apocalipse 12:7-9)
                Em Abraão aprendemos o motivo dessa batalha: "E o Senhor disse: Quem enviarei? E um semelhante ao Filho do Homem respondeu: Eis-me aqui, envia-me. E outro respondeu e disse: Eis-me aqui, envia-me. E o Senhor disse: Enviarei o primeiro. E o segundo irou-se e não guardou seu primeiro estado; e, naquele dia, muitos o seguiram." (Abraão 3:27-28)
                As revelações modernas ampliam esse entendimento, explicando que "o diabo existiu antes de Adão, pois rebelou-se contra [Deus, o Pai], dizendo: Dá-me a tua honra, a qual é o meu poder; e também uma terça parte das hostes do céu ele afastou [do Senhor] por causa do arbítrio que possuíam. E eles foram lançados abaixo e assim surgiram o diabo e seus anjos" (D&C 29:36-37; ver também D&C 76:25--27).
                Esse evento pré-mortal é sumamente importe. Isaías também o mencionou (Isaías 4:12-15). Mas a pergunta não é sobre a batalha dos céus, mas sim, sobre os participantes da batalha. De fato, quer-se saber sobre "o sexo dos anos".
                Preliminarmente esclareço que os anjos (sejam anjos da esfera pré-mortal ou da pós-mortal) são entidade femininas ou masculinas, tal como nós. Isso difere drasticamente da crença de várias igrejas, tal como a igreja Católica. Sei disso, pois na "Proclamação ao Mundo" sobre A Família, a Primeira Presidência da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e o Quorum dos Doze Apóstolos escreveram: "O sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um. Na esfera pré-mortal, os filhos e filhas que foram gerados em espírito conheciam e adoravam a Deus como seu Pai Eterno e aceitaram Seu plano, segundo o qual Seus filhos poderiam obter um corpo físico e adquirir experiência terrena a fim de progredirem rumo à perfeição, terminando por alcançar seu destino divino como herdeiros da vida eterna." (1o e 2o parágrafos, itálicos adicionados. Ver proclamação inteira).
                Assim, eu já era do sexo masculino antes de nascer. Assim como Lúcifer, Jeová, Miguel, etc - todos eram do sexo masculino. Mas havia espíritos do sexo feminino também. Eva certamente foi preordenada para ser a mãe da humanidade na vida pré-mortal. Assim como Ester para salvar seu povo (Éster 4:14).
                Depois que morremos continuamos a ser indivíduos masculinos ou femininos. Lemos que quando o profeta Joseph Fielding Smith viu o mundo dos mortos em visão observou "nossa gloriosa mãe Eva; com muitas de suas filhas fiéis que viveram através das eras e adoraram o Deus verdadeiro e vivo" (D&C 138:39). Ele viu também vários profetas e servos de Deus que haviam morrido - todos conservando sua identidade masculina (D&C 138: 38, 40-49).
                Agora a questão central é se na batalha dos céus, aqueles muitos espíritos que foram expulsos (1/3 dos filhos de Deus que viriam a esta Terra) eram compostos de apenas ou na grande maioria de entidades masculinas. Alguns credos (como o das Testemunhas de Jeová) afirmam que os seguidores de Satanás eram apenas espíritos masculinos porque crerem na doutrina dos nefilins. Essa doutrina, que é falsa, digo logo, usa algumas passagens do Velho Testamento para construir a ideia de que anjos copularam com as belas filhas dos homens mortais e engendraram uma raça híbrida de gigantes. As passagens usadas para tal afirmação  são Gênesis 6:4 e Números 13:22 e 33. Essas passagens, todavia, não mencionam diretamente, nem dão a entender, pelo contexto, que anjos copularam com mortais. dizem somente que os "filhos de Deus" que casaram-se com "as filhas dos homens". O Manual do Aluno da Pérola de Grande Valor explica: "Os filhos dos homens eram os iníquos, em contraste com os filhos de Deus, que eram os seguidores do convênio feito com Deus." (Ver também Moisés 8:13–15.)" (pg. 19)
                Mas esse não é o argumento usada pela inquiridora. Ela diz que "há mais mulheres que homens neste mundo". Creio que há mesmo. Basta pensar um pouco para verificar que os homens vão mais a guerra que as mulheres; os homens são mais aventureiros - e por isso a taxa acidentes e mortes deve ser muito maior para os homens; há, sem dúvida, mais homens alcoólicos do que mulheres. Uma reportagem afirma que "Brasil tem quase 4 milhões de mulheres a mais que homens". Todavia a mesma reportagem diz que A diferença entre homens e mulheres, no entanto, não reflete o número de nascimentos. Hoje, nascem mais meninos que meninas nas maternidades. Essa relação, entretanto, muda na faixa dos 25 anos. A explicação: os homens estão mais expostos à violência e morrem mais jovens. “Nascem mais homens que mulheres, mas a mortalidade entre os homens, mesmo a natural, é maior que entre as mulheres. A diferença da expectativa de vida ultrapassa seis anos. Contribui para essa distância a violência nos grandes centros urbanos brasileiros”, disse o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes." (fonte: Último Segundo, Daniel Torres, iG São Paulo 29/04/2011; Veja a reportagem completa em cliqueaqui)
                É difícil, impossível para nós, saber quantos filhos masculinos e femininos Deus teve. E é difícil também fazer um levantamento geral, universal e atemporal de todos os filhos de Deus para saber se há mais homens ou mulheres. Assim é impossível usar esse argumento para mostrar que, havendo mais mulheres na Terra, mais homens seguirem Satanás. Até porque não sabemos se Deus teve 50% de filhos e 50% de filhas!
                É provável que assim como há homens bons e homens maus, e há mulheres boas e mulheres más aqui na mortalidade - tenha havido homens e mulheres bons e maus nos céus. Afinal "o que é espiritual sendo à semelhança daquilo que é material; e aquilo que é material, à semelhança do que é espiritual" (D&C 77:2). Entendo isso porque, como menciona as escrituras que citei no começo do texto, tínhamos o arbítrio na pré-mortalidade. Assim, penso, ser muito razoável supor que espíritos femininos seguiram Satanás, tal como espíritos masculinos. Ou seja, entre aquele 1/3 - havia tanto homens como mulheres.
                Alguns dirão: mas as mulheres são mais fiéis aqui na Terra. Deveriam sê-lo nos céus. Talvez. Mas há como precisar que 100% das mulheres foram fiéis durante a batalha dos céus? Não conheço escritura ou declaração dos profetas que ensine tal coisa.
                Sou grato pelas mulheres (como demonstro neste texto: vejaaqui)e sei que, quando conhecem a verdade, são muito valentes - talvez muito mais que os homens. Mas as escrituras mencionam mulheres que fizeram coisas terríveis. Por exemplo: as filhas de Noé que casaram fora do convênio com os filhos dos homens[1] fazendo a ira do Senhor se acender de tal forma a trazer o dilúvio sobre a Terra (Moisés 8:14-15); a filha de Jarede que tornou possível a destruição de todos os jareditas ao lembrar seu pai sobre as combinações secretas (vejaaqui); a terrível Jezabel que matou muitos profetas (I Reis 18:4), etc.
                Se há mulheres que usam seu arbítrio para pecar aqui, porque que não fariam o mesmo nos céus, antes de nascer? Isso devemos pensar.
                Finalmente, não nos foi revelado detalhes sobre a batalha nos céus e nem dá vida pré-mortal. O que sabemos e o que cremos esta nas escrituras. Sabemos que vivíamos com Deus, que escolhemos o Salvador Jesus Cristo. Que Lúcifer se rebelou e que 1/3 o segui. E a menos que tenhamos uma revelação, o resto é especulação sem base segura.


[1] O Presidente Joseph F. Smith explicou: “Pelo fato de as filhas de Noé terem-se casado com os filhos dos homens, contrariando os ensinamentos do Senhor, a Sua ira se acendeu, e essa ofensa foi uma das causas do dilúvio universal (…). As filhas que tinham evidentemente nascido sob convênio e que eram as filhas dos filhos de Deus, ou seja, as filhas daqueles que possuíam o sacerdócio, estavam transgredindo os mandamentos de Deus e se estavam casando fora da Igreja. Assim, estavam impedindo a si mesmas de receberem as bênçãos do sacerdócio, contrariando dessa forma os ensinamentos de Noé e a vontade de Deus (…). Hoje existem filhas insensatas daqueles que possuem esse mesmo sacerdócio que estão violando esse mandamento e casando-se com os filhos dos homens. Há também alguns filhos daqueles que possuem o sacerdócio que estão casando-se com as filhas dos homens. Tudo isso é contrário à vontade de Deus, tanto quanto era nos dias de Noé.” (Answers to Gospel Questions, 1:136–137.)

7 de ago. de 2012

Intenção ou Ação - o que vale mais para Deus?


                O Senhor se importa mais com a intenção ou com a ação? Qual é mais importante? Investiguemos as escrituras para descobrir as respostas a tais perguntas.

Vida Pré-mortal
                Na vida pré-mortal decidimos vir a Terra, sermos provados para que, se nos tornássemos dignos voltássemos à presença de Deus em glória eterna (clique aqui para saber mais sobre a Vida Pré-Mortal). Muito bem. Essa era nossa intenção. Todavia, a mera intenção não foi, e não é, suficiente para o recebimento de tal maravilha. Precisávamos de uma experiência na mortalidade - precisávamos viver pela fé, e não por visão. Precisávamos conhecer por nós mesmos algumas coisas que nos preparariam para eternidade em glória ao lado do Pai. Na Terra teríamos o privilégio de desenvolver relacionamentos familiares, passar por dor, sofrimento, morte - mas também alegria, paz e vida. Se tivéssemos tão somente a intenção de conhecer essas coisas - não as conheceríamos realmente. A informação por si só não teria o poder de transformar-nos, de nos refinar a ponto de estarmos prontos para cumprir nosso destino eterno. Precisamos ser colocados em uma situação e condição em que fôssemos agentes. Não que não tivéssemos o arbítrio nos céus - porque evidentemente o usamos para escolher o Salvador Jeová - mas a plenitude desse arbítrio só poderia ser usada quando deixássemos a presença do Pai.
                Na pré-mortalidade, como falei, escolhemos o Salvador. A simples e pacata intenção de não seguir Lúcifer não nos colocou entre os valentes, nem nos tornou "grandes e nobres" (Abraão 3:22). Os espíritos que usaram sua fé no Plano de Deus, que tinha como parte principal a Expiação do Senhor Jesus Cristo, agiram com todo vigor. Ao lado de Miguel utilizaram todo seu testemunho, sacerdócio e influência para permanecer ao lado do Pai, procurar convencer seus irmãos e expulsar os rebeldes (Apocalipse 12:11).
                Assim, nos céus, o que contou mais foi nossa ação, e não a intenção. É verdade que por trás das boas ações sempre há boas intenções. Porém boa intenção sem boa ação é insuficiente. O que contou lá foram as realizações.
                Lembremo-nos também de Lúcifer - que tinha, em parte, uma boa intenção: a de salvar todos os filhos do Pai. Claro que para isso, ele desejava implementar um "novo" Plano de Salvação - o qual nos privaria da liberdade, destronaria Deus, e o elevaria a Senhor do Universo - tendo a Honra, Poder e Glória do Pai. Seu pecado imperdoável lhe custou tudo. Ele e um terço dos filhos do Pai foram expulsos para sempre. Sua aparente boa intenção o guiou à más ações. Isso porque a boa intenção era uma mascará para intenções malignas - sim, o orgulho e rebeldia. A boa intenção neste caso não bastou. Se as ações forem más do que adianta a intenção? Na realidade, ações más demonstram, com o tempo, que no fundo a intenção também era má.

Mortalidade e Doutrina da Graça
                Agora falemos da mortalidade, este Estado no qual nos encontramos. Noé, um homem que "foi perfeito em sua geração" pregou durante muitos anos arrependimento. Não obstante, apenas oito almas humanas se salvaram pela água - sua família imediata (I Pedro 3:20). Sua intenção certamente era a de abençoar o mundo todo e salvar seus irmãos e irmãs - porque se não, qual a razão de uma missão tão longa - sim, de 120 anos? Quando o tempo da humanidade estava acabando, Noé "sentiu pesar e doeu-lhe o coração por ter o Senhor formado o homem na Terra; e isso lhe afligiu o coração" (Moisés 8:25). Todavia "Noé encontrou graça aos olhos do Senhor" (Moisés 8:27). Se as ações de Noé fossem mais importantes ele não teria "achado graça", nem teria sido considerado um homem "justo e perfeito em sua geração". A intenção de Noé é o que contou neste caso. Mas não se enganem. A intenção valeu do que as realizações neste caso, porque Noé fez tudo o que estava ao seu alcance - mas as pessoas tomaram as próprias decisões. Elas tinham o arbítrio - e o usaram erradamente para não escutar Noé.
                A doutrina da graça nos ensina que "somos salvos pela graça depois de tudo o que pudermos fazer". Assim, a graça, que é o poder capacitador e compensador que advém da Expiação de Cristo, pode santificar-nos.
                Por exemplo, temos o mandamento de sermos perfeitos. Mas eu não conheço ninguém que se ache perfeito e não creio que ninguém o seja. Todos temos falhas e é bem provável que não alcancemos a perfeição neste Estado. Entretanto nossa intenção de tornarmo-nos perfeitos junto a nossas boas ações qualificam-nos para graça divina.
                Imaginemos que para alcançar a exaltação precisemos passar em uma prova de 10 questões - cada uma valendo um ponto. Apenas os que acertarem 100% das questões poderão adentrar o Reino Celestial no grau mais elevado. Os que tirarem outra pontuações, mas não acertarem tudo - não forem perfeitos - receberão outros Reinos de Glória, mas não entrarão na exaltação e cumprirão a medida de sua criação. Pois bem, que eu saiba, apenas Jesus Cristo tirou 10 nesta prova - apenas Ele nunca errou e pecou. Então o Reino Celestial é um lugar bem vazio não é... E é muito difícil, quase que impossível alcançar a vida eterna... Não, não é assim. Não é assim devido a graça de Cristo. Imaginemos que nossa intenção seja tirar dez na prova. Essa é nossa intenção sincera. E porque temos tal desejo, se sabemos que somos fracos e falhos? Porque nosso Mestre disse-nos que é possível. Vamos supor, que ao começarmos ao terminarmos o teste, após horas de angustia e dificuldades diversas, fazendo, porém, o melhor ao nosso alcance, segundo nossa capacidade - recebamos a noticia de que nossa nota: 4. Estamos bem longe dos 10 exigido. Todavia, de forma misericordiosa, Jesus Cristo concede-nos 6 pontos a mais. Ele pode fazer isso? Sim! Porque? Porque Ele realizou a Expiação e satisfez as exigências da justiça. É como se Cristo tivesse feito a tortuosa prova para nós. Por todos nós - e tirasse 10 por todos. E agora, tendo realizado todas as provas, ainda assim permite-nos adquirir experiência, usar a borracha do arrependimento aqui e ali e fazer o nosso melhor com o tempo que nos é dado. Depois, caso falte pontos, Ele vem, de maneira extremamente compassiva e empática e nos concede a nota máxima. E isso não é tudo. Durante o teste, Ele não nos deixa sozinhos. Envia profetas, anjos e o Espírito Santo. A prova é com consulta, se quisermos. Podemos usar as escrituras e a sabedoria da velha geração. Isso não é injustiça. Não é uma prova injusta. A nota máxima que Cristo nos concede não é injusta, visto que os pontos exigidos foram alcançados. Isso é pura misericórdia. Ele é o Mestre, Ele deu a prova. Ele pode perceber e levar em conta a intenção.
                Esse exemplo simples não abrange toda a gloriosa doutrina da Expiação, mas revela que a intenção de se tornar perfeito é o fator que mais conta, caso façamos o máximo ao nosso alcance. Realmente é-nos dito que seremos julgados não só pelas obras, mas também pelos desejos de nosso coração (Alma 41:3).
                Uma parábola que exemplifica bem esse fato é a dos trabalhadores da vinha. Alguns foram chamados para trabalhar na vinha na primeira hora do dia com a promessa de que teriam a Vida Eterna, se trabalhassem. Depois outros foram sendo chamados no decorrer do dia. Faltando uma hora, mais foram chamamos. No acerto de contas, todos receberam o mesmo - independentemente da quantidade de tempo trabalhado. O que contou não foram as realizações - não apenas. Mas o fato de desejarem trabalhar, e de terem trabalhado - ainda que um pouco - comparado aos primeiros.
                Para uma melhor compreensão desse princípio creio ser adequado mencionar Oliver Granger. O Presidente Boyd K. Packer ensinou:
                "Há uma mensagem para os santos dos últimos dias numa revelação raramente citada, dada ao Profeta Joseph Smith em 1838: “Lembro-me de meu servo Oliver Granger; eis que em verdade lhe digo que seu nome será conservado em lembrança sagrada de geração em geração, para todo o sempre, diz o Senhor”. (D&C 117:12)
                Oliver Granger era um homem muito comum. Era quase cego, tendo “perdido a visão pela exposição ao frio e intempéries”. (History of the Church, vol. 4, p. 408.) A Primeira Presidência descreveu-o como “um homem da maior integridade e virtude moral; em resumo, um homem de Deus”. (History of the Church, vol. 3, p. 350.)
                Quando os santos foram expulsos de Kirtland, Ohio, numa cena que se repetiria em Independence, Far West e em Nauvoo, Oliver foi deixado para trás para vender suas propriedades pelo pouco que conseguisse receber por elas. Não havia muita chance de ele ter sucesso. E, de fato, ele não teve!
                Mas o Senhor disse: “Portanto, que pleiteie sinceramente a redenção da Primeira Presidência da minha igreja, diz o Senhor; e, quando ele cair, tornará a erguer-se, pois seu sacrifício ser-me-á mais sagrado que seu crescimento, diz o Senhor”. (D&C 117:13)
                O que Oliver Granger fez para que seu nome se tornasse uma lembrança sagrada? Não muito, na verdade. Não foi tanto pelo que ele fez, mas pelo que ele era.
                Ao honrarmos Oliver, talvez grande parte ou a maior parte da honra devesse ser prestada a Lydia Dibble Granger, sua esposa.
                Oliver e Lydia finalmente partiram de Kirtland para reunirem-se aos santos em Far West, Missouri. Tinham se afastado apenas algumas milhas de Kirtland, quando foram obrigados a voltar devido a uma multidão enfurecida. Somente mais tarde eles puderam reunir-se aos santos em Nauvoo.
                Oliver morreu aos 47 anos de idade, deixando Lydia sozinha para cuidar dos filhos.
                O Senhor não esperava que Oliver fosse perfeito, talvez nem que ele tivesse sucesso. “Quando ele cair, tornará a erguer-se, pois seu sacrifício ser-me-á mais sagrado que seu crescimento, diz o Senhor.” (D&C 117:13)
                Não podemos esperar ter sempre sucesso, mas podemos tentar fazer o melhor possível.
                “Pois eu, o Senhor, julgarei todos os homens segundo suas obras, segundo o desejo de seu coração.” (D&C 137:9)
                O Senhor disse à Igreja:
                “Quando eu dou um mandamento a qualquer dos filhos dos homens de fazer um trabalho ao meu nome e esses filhos dos homens usam toda a sua força e tudo o que têm para realizar esse trabalho e não deixam de ser diligentes; e são atacados por seus inimigos e impedidos de realizar esse trabalho, eis que me convém já não requerer das mãos desses filhos dos homens o trabalho, mas aceitar suas ofertas. (…)
                E isso dou-vos como exemplo, para vossa consolação com respeito a todos os que foram mandados fazer um trabalho e foram impedidos pelas mãos de inimigos e por opressão, diz o Senhor vosso Deus.” (D&C 124:49, 53; ver também Mosias 4:27.) ("Um desses meus pequeninos irmãos", Conferência Geral, Outubro de 2004)
                Parece então que o que mais vale para Deus é nossa intenção, quando o arbítrio de outras pessoas ou nossas próprias fraquezas nos impedem de tirar 10 na prova.

O que vale mais
                O que, afinal, vale mais para Deus: a intenção ou a ação? Depende, é a resposta mais acertada! Viemos a Terra para agir. É esperado que "[façamos] muitas coisas de nossa livre e espontânea vontade, e [realizemos] muita retidão" (D&C 58:27). A importância das ordenanças do evangelho é revelada com isso. Não basta desejar ser batizado - deve-se descer às águas e ser imerso por alguém que tenha autoridade para fazê-lo. Não basta desejar ir ao Templo, devemos ir.
                O Presidente Dieter F. Uchtdorf disse:
                "Meus queridos irmãos, as bênçãos divinas pelo serviço no sacerdócio são ativadas por nosso esforço diligente, nossa disposição em sacrificar-nos e pelo nosso desejo de fazer o que é correto. Sejamos aqueles que agem, e não os que recebem a ação. É bom pregar, mas os sermões que não levam à ação são como fogo sem calor ou água que não mata a sede.
                É na aplicação prática da doutrina que a chama purificadora do evangelho cresce e o poder do sacerdócio incendeia nossa alma.
                Thomas Edison, o homem que banhou o mundo com a brilhante luz elétrica, disse que “o valor de uma ideia está na utilização dela”. De modo semelhante, a doutrina do evangelho se torna mais preciosa quando colocada em prática.
                (...)
                Sabemos que, apesar de nossas melhores intenções, as coisas nem sempre saem de acordo com o que planejamos. Cometemos erros tanto na vida como em nosso serviço no sacerdócio. Vez por outra, falhamos e deixamos a desejar.
                Quando o Senhor nos aconselha, dizendo “continuai pacientemente até que sejais aperfeiçoados”, Ele reconhece que isso exige tempo e perseverança." (http://www.lds.org/general-conference/2012/04/the-why-of-priesthood-service?lang=por)
                Se fizermos o melhor possível a graça de Deus pode refinar-nos e purificar-nos. A intenção, portanto, é o que valerá mais. Mas essa intenção deve ser pura e mesclada com o máximo de ações boas. Insisto nisto, porque uma vez o Presidente Brigham Young disse que o inferno esta cheio de boas intenções. E o Profeta Joseph Smith reconheceu que não há nada pior do que alguém estar fazendo o mal, pensando estar fazendo o bem (Ele disse: "nada prejudica mais os filhos dos homens do que estar sob a influência de um falso espírito, quando pensam que têm consigo o Espírito de Deus" - Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 407). Assim tanto a ação como a intenção são muito importantes para Deus.
                Como iremos prestar contas a Deus, devemos estar bem preocupados em intentar o que Ele deseja que intentemos - e de agir como Ele deseja que ajamos. Se tivermos essa preocupação receberemos luz e verdade - até obtermos o Santo Espírito. O Espírito Santo nos enchera de desejos justos e nos auxiliará nas obras de retidão.

Ação e intenção entre os homens
                Por fim, quero dizer que para os homens, imperfeitos como são, na maioria das vezes, o que conta é a ação, e não a intenção. Isso porque os homens enxergam o que esta diante dos olhos, e não para o coração - como o Senhor. Devemos procurar fazer boas obras diante dos homens para que glorifiquem a Deus (Mateus 5:14). Não obstante, o mais importante é agradar a Deus. E se para fazê-lo desagradamos os homens - que seja assim!
                O Élder James E. Talmage uma vez contou uma parábola sobre dois cofres. Um dos cofres, o bom nome, é nossa reputação - fruto de nossas ações. O outro cofre são as intenções - que são conhecidas por Deus, e são a musculatura do caráter. Encerrarei com essa parábola de Élder Talmage:
                "Entre as notícias recentes, havia o relato de um arrombamento cujos detalhes eram incomuns na literatura do crime. O cofre de uma casa de penhores que lidava com joias e pedras preciosas foi alvo do ataque. Pelo cuidado e habilidade com que os dois ladrões planejaram seu roubo era evidente que se tratavam de criminosos experientes.
                Conseguiram entrar secretamente no edifício e ficaram trancados dentro dele quando as pesadas portas reforçadas foram fechadas à noite. Sabiam que o grande cofre de aço e concreto era muito bem feito, do tipo que tem a garantia de ser à prova de roubos. Sabiam que ele continha um tesouro de imenso valor e confiavam em seu sucesso por causa da paciência, persistência e habilidade que tinham desenvolvido por meio de muitos outros arrombamentos anteriores, porém de menor monta.
                Seu equipamento era completo, incluindo furadoras, serras e outras ferramentas, que eram fortes o suficiente para perfurar até o aço temperado da enorme porta, a única via de acesso ao cofre. Havia guardas armados nos corredores do estabelecimento e as pessoas que se aproximavam do cofre-forte eram diligentemente vigiadas.
                Os ladrões trabalharam durante toda a noite, furando e serrando em volta da fechadura, cujo complicado mecanismo não podia ser manipulado, mesmo por alguém que conhecesse a combinação, antes da hora estipulada por um controlador de tempo. Eles haviam calculado que com trabalho persistente teriam tempo suficiente durante a noite para abrir o cofre e pegar tudo de valor que pudessem carregar. Depois confiariam na sorte, na ousadia ou na força para conseguirem escapar. Não hesitariam em matar, se fossem impedidos de fugir. Embora as dificuldades tivessem sido maiores do que o esperado, os hábeis criminosos conseguiram, com o uso de ferramentas e explosivos, chegar até o interior da fechadura.
                Então, moveram as trancas e abriram as pesadas portas.
                O que viram ali dentro? Vocês acham que foram gavetas cheias de joias, com bandejas de diamantes, rubis e pérolas?
                Era isso e muito mais que eles esperavam confiantemente encontrar e pegar, mas em vez disso encontraram outro cofre interno, com uma porta ainda mais pesada e resistente que a primeira, equipada com uma fechadura mecânica ainda mais complexa do que aquela na qual haviam trabalhado tão arduamente. O metal da segunda porta era de qualidade tão superior que quebrou suas ferramentas de aço temperado.
                Por mais que tentassem, nem conseguiram arranhá-lo. Sua energia mal direcionada havia sido desperdiçada. Seu plano abominável havia sido frustrado.
                A reputação de uma pessoa se assemelha à porta externa do cofre do tesouro. O caráter se assemelha à porta interna. Um bom nome é uma defesa muito forte, mas por mais que ele seja atacado ou até mesmo arruinado ou destruído, a alma que ele guarda estará segura, desde que o caráter interno seja inexpugnável." (A Liahona, Fevereiro de 2010, pg. 52)

               A soma de intenções e ações resulta em quem somos - e, no final, resultará em quem seremos. O que realmente importa é quem somos: quem somos para Deus e para nós mesmos. Por meio de Cristo podemos  intentar o que Ele intenta, agir como Ele age - tornando-nos como Ele é.


Para aprofundar recomendo esse ótimo discurso de Édler Oak: "O Desafio de Tornar-se" - http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,23-2-148-15,00.html

10 de fev. de 2012

Mandamento em conflito no Jardim


Porque o Senhor deu dois mandamentos a Adão se ele não poderia cumprir os dois? - tendo em mente que Deus nunca dá ordens sem preparar um caminho para o cumprimento dessa ordem (1 Néfi 3:7)?

                É uma boa pergunta. E merece uma boa resposta. E essa resposta exige a compreensão correta de algumas cosias que aconteceram no Éden. O que eu falar aqui precisa ser verificado nas escrituras. Recomendo 2 Néfi 2, Alma 42, Gênesis 1-2, Moisés 4 e os manuais da Igreja.
               
               O Senhor deu o mandamento a Adão de crescer e multiplicar. Ele só poderia cumprir esse mandamento se exercesse seu arbítrio e comesse do fruto da árvore do bem e do mal. Eva deveria fazer o mesmo, porque não haveria família humana sem uma mulher para gerar filhos.
                Não comer do fruto proibido era um mandamento? Sim. Ter filhos era um mandamento? Sim. Havia possibilidade de cumprir os dois mandamentos simultaneamente e de imediato? Não. Porquê? "Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas." E também (preste atenção): "Para conseguir seus eternos propósitos com relação ao homem, depois de haver criado nossos primeiros pais (...) era necessária uma oposição; e até mesmo o fruto proibido em oposição à árvore da vida, sendo um doce e outro amargo. O Senhor Deus deixou, portanto, que o homem agisse por si mesmo; e o homem não poderia agir por si mesmo a menos que fosse atraído por um ou por outro." (Isto esta em 2 Néfi, vai lá procurar em qual versículo...) Ou seja, se não houvesse oposição já no Jardim Adão e Eva não poderiam exercer seu arbítrio. A Árvore do bem e do mal estava em oposição a árvore da Vida. A primeira concedia mortalidade e a segunda imortalidade. A primeira fora expressamente proibida, a segunda fora expressamente permitida por Deus. A primeira significava sair do Jardim e ter filhos, mas transgredir contra Deus; a segunda significava permanecer no Jardim, e desobedecer o mandamento de ter filhos (que era o mais importante do ponto de vista eterno).
                Como sabemos, Adão e Eva escolheram comer do fruto proibido. Por causa disso Deus não demorou e "expulsou o homem e colocou, ao oriente do jardim do Éden, querubins e uma espada flamejante, que se voltava para todos os lados a fim de guardar a árvore da vida". "Porque eis que, se Adão houvesse estendido imediatamente a mão e comido da árvore da vida [depois de ter comido do fruto proibido e se tornado mortal], teria vivido eternamente, de acordo com a palavra de Deus, não tendo tempo para o arrependimento; sim, e também a palavra de Deus teria sido vã e estaria frustrado o grande plano de salvação". Não vou adentrar nos importantes temas e doutrinas da Queda, pro que sua pergunta tem haver com um suporto "conflito" entre mandamentos. Mas não há conflito algum. Entenda que "não era conveniente que o homem fosse resgatado dessa morte física, porque isso destruiria o grande plano de felicidade." E é por isso que " foi concedido um tempo ao homem para que se arrependesse, sim, um período probatório, um tempo para arrepender-se e servir a Deus" Isto esta em Alma 42, procure os versículos por você mesmo). O homem deve cumprir o mandamento de comer da árvore da Vida e de tornar-se um ser imortal e eterno. E Deus vai sim SEMPRE preparar um caminho para que suas ordens possam ser cumpridas. Mas foi dado um tempo - porque se estendêssemos a mão agora e comecemos do fruto da Árvore da Vida seria condenação em vez de bênção! Assim, os mandamentos que pareciam ser contraditórios - não o são - são complementares - mas se posicionados devidamente.
                Finalmente explico que Adão cumpriu os dois mandamentos (mas em ocasiões distintas). Ele iniciou a mortalidade e, mais tarde, curvado pela idade, recebeu a certeza de sua exaltação (D&C 107). Ele entrou para vida eterna, e comeu do fruto da árvore da Vida. E nós podemos seguir nosso pai Adão e cumprir esse mandamento também: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus." (Apocalipse 2:7).
                A sua pergunta também abriu uma possibilidade para que eu mencionasse algo sobre os mandamentos de Deus. Em "grau de importância" o mandamento de não comer um fruto era significamente menos importante que o de iniciar a mortalidade. Comer do fruto da Árvore do Conhecimento tinha como consequência uma transgressão. E deixar de ter filhos era um pecado. (Explique isso em uma postagem antiga: http://lucasmormon.blogspot.com/2010/12/niveis-de-desobediencia.html)
               
                Os princípios eternos são baseados na luz e verdade de Deus - e não mudam. A Eterna Justiça possui leis que ordenam e regulam todas as coisas. Os mandamentos de Deus são leis alicerçadas na verdade e justiça, que são proferidas por Deus à nós. Embora o evangelho seja simples, e não necessite de muitas sistematizações e nomenclaturas, às vezes é proveitoso dividir e subdividir idéias, sem fugir da pureza da verdade - para compreender pontos doutrinários novos. É o caso dos mandamentos.
                Há basicamente três espécies de leis de Deus: mandamentos, conselhos e regras[1]. Todas as leis de Deus tem a mesma fonte (Deus) e o mesmo resultado: aqueles que as obedecem são abençoados, e os que as desobedecem são amaldiçoados. Essas espécies de leis, contudo, diferem (1) no grau ou intensidade de bênção e condenação e na (2)  mutabilidade. Por exemplo: não matar é um mandamento, não chegar em casa depois das onze da noite é um conselho e não perder o companheiro de missão de vista é uma regra. Os mandamentos são leis muito mais rígidas que os conselhos e regras - rígidas no sentido que é mais difícil que mudem - embora, como demonstrarei há mandamentos temporais e finitos. O mandamento sobre o batismo é o mesmo dês de Adão - não mudou.
                O conselho de colocar o computador num lugar público da casa, para evitar a pornografia, certamente é valioso e trará bênçãos. Alguns, que são sábios, encaram os conselhos de Deus como mandamentos. Estes desenvolvem o dom da obediência e evitam assim a desculpa, que vem pela racionalização, de que "tal lei não é um mandamento, é um conselho". Uma vez, uma moça da Igreja, tendo sido ensinada por seus líderes e por seus pais que não deveria namorar antes dos dezesseis anos conscientemente ignorou essa lei dizendo, primeiro, a si mesma e, depois, aos outros: isso é somente um conselho - não é um mandamento!" Ela viveu para perceber que fora tola.
                As regras fazem parte de um conjunto peculiar de leis de Deus. Elas são criadas e feitas para conduzir uma pessoa ou grupo a um maior nível de espiritualidade - muitas vezes porque essa pessoa espiritualmente fraca, são espiritualmente dependentes ou há circunstancias especiais que justificam estritas diretrizes. Assim vemos que os israelitas da época de Moisés precisavam de regras bem especificas: "E agora vos digo que foi necessário dar uma lei aos filhos de Israel, sim, uma lei muito severa; porque eram um povo obstinado, rápido para cometer iniqüidades e vagaroso para lembrar-se do Senhor seu Deus.  Portanto uma lei lhes foi dada, sim, uma lei de ritos e de ordenanças, uma lei que deveriam observar rigorosamente, dia a dia, para conservarem viva a lembrança de Deus e de seu dever para com ele" (Mosias 13:29-30).
                Os missionários de tempo integral de hoje possuem um conjunto de regras não porque são espiritualmente fracos, mas por segurança, padronização e eficiência. Se todos, porém, estivessem no mesmo elevado patamar espiritual não precisariam de muitas regras - viveriam pelos princípios.
                No caso dos nefitas a lei de Moisés tornou-se espiritualmente morta: "a lei tornou-se morta para nós e somos vivificados em Cristo por causa de nossa fé; contudo, guardamos a lei por causa dos mandamentos" (2 Néfi 25:25). Ou seja, porque Deus ainda não revogara as regras da lei de Moisés ele tinham que cumpri o mandamento de obediência, e portanto seguir os ritos e peculiaridades dos israelitas.
                Ainda podemos considerar as regras que um pai dá à seus filhos. Não devem chegar em casa tarde da noite. Tais regras não vinculariam filhos de terceiros. Mas quando um profeta fala que não deve-se chegar em casa tarde - o status dessa lei passa a ser geral, universal. Passa, no caso, a ser um conselho ou mandamento. Sem dúvida, hoje é um mandamento, pois Deus disse: "recolhei-vos cedo, para que não vos canseis; levantai-vos cedo, para que vosso corpo e vossa mente sejam fortalecidos" (D&C 88:124).
                Ao analisar os mandamentos de Deus dado à seus filhos, nas escrituras e na atualidade, podemos classificá-los quanto a sua temporalidade e quanto a sua destinação. O critério temporalidade refere-se ao "tempo" em que o mandamento se mantenha em vigor. E o critério destino, tem haver com o público que deve cumprir a determinada lei. Assim podemos dilatá-los em quatro: quanto a temporalidade, em finitos e infinitos; quanto a destinação, em universais e individuais. Devo, porém, fazer uma advertência, antes de expor mais detalhadamente essa classificação. O evangelho é simples. O Senhor resumiu todos os seus mandamentos em apenas dois. Se estes dois mandamentos forem vividos, toda lei, todo dom, toda bênção, todo espírito, toda fé, todo milagre - tudo que é bom, estará a nosso alcance e será nosso privilégio. Se tão somente amarmos a Deus de todo coração e ao próximo como a nós mesmos cresceremos até o entendimento perfeito de Deus e seus mandamentos não nos serão pesados.
                Os mandamentos finitos são aqueles que são limitados por tempo e espaço, e são ensinados pelo poder do Espírito Santo. Esse poder se manifesta por meio de sonhos, visões, ministração de anjos, pelos ensinamentos dos profetas e dos missionários de Deus. Na verdade o contato com a palavra de Deus pelo verdadeiro penitente é suficiente para que o Espírito ensine os mandamentos finitos. Um exemplo desse mandamento é a Palavra de Sabedoria. Tal lei foi dada especificamente para nossa época - onde surgiriam homens conspiradores e maus (D&C 89). Embora a Palavra de Sabedoria tenha princípios eternos em seu cerne, não é um mandamento infinito - pois na época de Adão, Noé, Moisés, Morôni e Paulo não era proibido, por exemplo, beber vinho.
                Mandamentos infinitos são aquelas leis de Deus que não são limitadas por tempo e espaço. São, na realidade, descrições dos princípios eternos da verdade - que nunca mudam. Esses mandamentos não necessitam ser ensinados pelo poder do Espírito Santo, eles são inatos, vindo como um conhecimento a priori - pela Luz de Cristo - que todo homem que vem ao mundo possuem. Assim, embora o poder do Espírito Santo amplie o entendimento sobre esses mandamentos, todos os homens, independentemente da cultura que tenha herdado, sociedade em que viva e religião que siga sabe que não deve matar. Vemos isso, por exemplo, no caso do rei Lamôni. Ele sabia que não era certo matar, mas racionalizou (devido as tradições de seu povo que lhe haviam sido transmitidas) que poderia matar seus servos que não conseguissem cumprir suas ordens. Quando soube dos feitos de Amon, um grande missionário do Senhor, começou a "temer muito, com medo de haver procedido mal ao matar seus servos" (Alma 18:5). A luz de Cristo, que ele possuía dês de que nasceu começou a prepará-lo para o poder do Espírito Santo. O mesmo acontece quando os missionários de hoje pregam: as pessoas que os ouvem a primeira vez sentem um espírito familiar, como se já tivessem ouvido aquelas palavras antes - como se tudo aquilo fizesse sentido e que realmente era algo para se saber mais. Por mais que tenham pecado e racionalizado - justificando a prática desses erros - e lutando contra a luz - quando a verdade chega, há tremor - e esse desconforto espiritual abre as portas para o arrependimento.
                Mandamentos individuais são aquelas leis válidas para uma pessoa ou grupo peculiar. Esses mandamentos são ensinados pelos dons do Espírito Santo, especialmente o dom do Espírito Santo - que é a companhia constante do terceiro membro da Trindade. São mandamentos particulares, são pessoais. O mandamento de traduzir o Livro de Mórmon, por exemplo, foi dado à Joseph Smith apenas. O de construir a arca somente para Noé. E o de tirar os filhos de Israel do Egito tão somente para Moisés.
                Um missionário que é chamado para servir em determinada região do mundo deve cumprir o mandamento de proclamar o evangelho naquele local. Após fazê-lo deverá retornar a sua casa, tendo terminado de cumprir a ordem especifica de Deus. Embora esse missionário deva continuar a viver os princípios que pregou e a de servir com afinco onde quer que esteja - o mandamento ímpar e intransmissível de ir pregar em certo lugar se findou.
                E ainda podemos considerar um mandamento mais pessoal, dado na bênção patriarcal. Por exemplo, o Senhor pode ordenar a um de seus filhos, através do patriarca, que preste seu testemunho em todas as reuniões de jejum e testemunho na Igreja. Esse é um mandamento particular que não vincula os outros.
                Aqueles que se preparam para a glória celestial recebem linha sobre linha, mandamento sobre mandamento. A medida que se aproximam de Cristo ser-lhes-á exigido cumprirem novos e superiores mandamentos, que não são dados aqueles que não se qualificaram para recebê-los. Por exemplo, a Lei da Consagração é um mandamento celestial dado por Deus, quando Ele julga oportuno. É um lei reservada apenas aqueles que desejam viver no Reino Celestial, por isso é individual. Todavia, a quem muito é dado, muito é exigido - e o que peca contra luz maior, recebe condenação maior.
                Os mandamentos universais são aqueles, como o nome sugere, validos para todos os homens. São mandamentos gerais que inclui todas as ordenanças, leis e convênios necessários para salvação. Um exemplo, é o batismo. Todos os homens, de todos os lugares, devem ser batizados. Até mesmo Cristo foi batizado mostrando-nos quão estreito é o caminho.
                Esses mandamentos são ensinados e aceitos pelo poder do Espírito Santo. Eles são simples e não são muitos, podendo ser enumerados facilmente: ter fé, se arrepender, ser batizado, receber o dom do Espírito Santo e perseverar até o fim. Incluso em perseverar até o fim podemos encontrar os mandamentos de se receber o sacerdócio (somente os homens), de ir ao Templo e fazer convênios lá, de casar-se para toda eternidade e o de prosseguir no caminho que conduz a salvação, tomando sobre nós o nome de Cristo e banqueteando-nos com a palavra Dele. De fato, todos os mandamentos universais podem ser resumidos em dois: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo. A obediência aos profetas, a oração e a vigia são maneiras de se receber revelação e viver de toda palavra que sai da boca de Deus.
                O cumprimento dos mandamentos universais eleva o fiel a condição de receber outros mandamentos - tais como os mandamentos individuais descritos anteriormente.  


[1] Muitas vezes nas escrituras mandamentos, leis, conselhos e regras são expressões sinônimas. Mandamentos em sentido amplo incluem os conselhos e regras. E regras em sentido estrito apenas se referem aos indicativos normativos dados com especificidade a uma pessoa ou grupo.

29 de jun. de 2011

Nem frio, nem quente - APOCALIPSE 3:15-16

                Esses versículos trazem importes ensinamentos sobre os atributos de Deus, especialmente sobre sua justiça e misericórdia, bem como o que Ele espera de nós.
                O Senhor ama todos os seus filhos e lhes dará muitas chances de vierem a Ele e serem salvos em Seu reino Celestial (2 Néfi 26:24, Isaías 49:15, 3 Néfi 10:4-6). Todavia a misericórdia não pode roubar a justiça (Alma 42:25). Ninguém pode servir a Deus e a Mamon (Mateus 6:24). É por isso que Deus não pode encarar o pecado com o mínimo grau de tolerância (Alma 45:16, D&C 1:31) - e é por isso que Ele não se deixa escarnecer (Gálatas 6:7). Se algo imundo adentrar sua presença Seu reino seria imundo (1 Néfi 15:33-34), Ele seria um mentiroso (Alma 12:22-24) - e se uma coisa ou outra acontecesse (ou ambas), conseqüentemente, Ele deixaria de ser Deus (Alma 42:13, 22-25).
                Embora devamos ser "moderados em todas as coisas" (Alma 38:10) - tal mandamento não deduz ser condescendente com o pecado e o mal. O Senhor disse que devíamos apartar-nos dos iníquos e não tocar a imundície (Salmos 6:8,Isaías 52:11, II Coríntios 6:17).
                Pelas leis eternas do arbítrio sabemos que aquele que se apega a luz recusa as trevas - e aquele que se aproxima das trevas se afasta de luz (Provérbios 4:18, D&C 88:40; João 1:5, 3:19, 8:12, 12:35; Romanos 13:12; Efésios 5:8; I João 1:5) . Alguém que procure uma possibilidade outra vai contra as leis universais (Isaías 5:20, II Coríntios 6:14, 2 Néfi 7:10, Alma 26:3, Morôni 7:15).
                O problema de alguns membros de Laodicéia era o de ter um pé no mundo e outro na Igreja. Eles, aparentemente, queriam ser considerados cidadãos de Sião, mas seus desejos estavam na Babilônia. Eram como a mulher de Ló - se propunham a obedecer a Deus, mas voltavam-se para trás, para espiar Sodoma[1] (Gênesis 19:24-26, Lucas 17:32). Por causa que não podiam dar todo coração a Deus - tendo uma obediência seletiva[2] - fazendo apenas o que lhes convinha - sendo superficiais, preguiçosos e hipócritas - Deus disse-lhes: vomitar-lhes-ei! Ou seja, simbolicamente, ao entrarem na Igreja, faziam parte do corpo de Cristo (I Coríntios 12:27) - mas por serem inconstantes - nem frios, nem quentes - seriam excomungados.
                Ser quente é ser ativo no evangelho. No evangelho. Não necessariamente na Igreja! O compromisso com os programas e a aparente dignidade que é observável pela mera freqüência nas reuniões e a amizade entre os irmãos é apenas uma parcela do exigido. Deus quer compromisso real - todo coração, poder, mente e força (D&C 4:2). O medíocre pode conseguir manter-se na Igreja, mas ele não vive o evangelho e por não envolver-se completamente, um dia, será expulso.
                Ser frio é o oposto de ser quente - é, portanto, não ser ativo em Sião. A situação deste, não obstante, é melhor do mormo - daquele que finge ser e fazer, mas realmente não é e nem faz (GEE "Hipócrita")
                Aconselho os que lerem esta postagem a lerem a mensagem da Primeira Presidência da A Liahona do mês de Julho: http://lds.org/liahona/2011/07?lang=por


[1] O élder Jeffrey R. Holland, do Quórum dos Doze Apóstolos disse: "O que foi que a mulher de Ló fez assim de tão errado? Como estudioso de história, aprendi algo a esse respeito e quero responder em parte a essa pergunta. Aparentemente, o erro da mulher de Ló não foi apenas o de olhar para trás. Em seu coração ela queria voltar para lá. Parece que, mesmo antes de sair dos limites da cidade, ela já sentia falta das coisas que Sodoma e Gomorra tinham a lhe oferecer. Como o Élder Neal A. Maxwell (1926–2004), do Quórum dos Doze Apóstolos, disse certa vez, tais pessoas sabem que devem ter sua residência principal em Sião, mas ainda esperam manter um chalé de verão na Babilônia." ("O Melhor está por Vir", A Liahona, Janeiro de 2010, pg.17)
[2] O élder Robert D. Hales, do Quórum dos Doze Apóstolos, disse: "Irmãos, tanto jovens como mais velhos, quando praticamos a obediência seletiva, mudamos nossa posição em relação do Senhor — geralmente apenas um grau por vez. À medida que as forças enganadoras do adversário agem sobre nós, não as conseguimos detectar e ficamos espiritualmente desorientados. Embora pareça estarmos indo numa direção segura, na verdade estamos seguindo rumo ao desastre." ("Para o Sacerdócio Aarônico: Preparação para a Década Decisiva", A Liahona, Maio de 2007, pg. 50).
                        Em outra ocasião o élder Hales acrescentou: "Contrariamente aos ensinamentos seculares, as escrituras nos ensinam que temos liberdade de escolha e que as escolhas certas sempre têm repercussões nas oportunidades que temos e na nossa capacidade de agir e de progredir eternamente. Por exemplo: por meio do profeta Samuel o Senhor deu um mandamento bem claro ao rei Saul: “Enviou-me o Senhor a ungir-te rei (…); ouve, pois, agora a voz (…) do Senhor. Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver”(1Samuel 15:1, 3) Mas Saul não seguiu o mandamento do Senhor. Fez o que chamo de “obediência seletiva”. Confiando em sua própria sabedoria, ele poupou a vida do rei Agague e trouxe de volta o melhor das ovelhas, das vacas e de outros animais. O Senhor revelou isso ao profeta Samuel e o enviou para depor Saul do trono real. (...) Como Saul não obedeceu com exatidão — como decidiu “obedecer seletivamente” — ele perdeu a oportunidade e o arbítrio de ser rei. Meus irmãos e irmãs, será que obedecemos com exatidão à voz do Senhor e de Seus profetas? Ou, tal como Saul, praticamos a “obediência seletiva” e tememos o juízo dos
homens?" ("Arbítrio: Essencial ao Plano de Vida", A Liahona, Novembro de 2010, pg. 26)
                        Ainda sobre a obediência seletiva, a citação do Presidente J. Reuben Clark Jr., que foi membro da Primeira Presidência, é muito pertinente: “O Senhor não nos deu nada que seja inútil ou desnecessário. Encheu as escrituras com o que devemos fazer para recebermos a salvação. (...) Quando tomamos o sacramento, fazemos o convênio de obedecer a Seus mandamentos. Não há exceções. Não há distinções nem diferenças” (Conference Report, abril de 1955, pp. 10–11).

22 de dez. de 2010

Que presente posso dar a Cristo neste Natal?

Neste Natal que tal dar um presente para o Salvador? Eu gostaria de fazer isso, e acho que muitos dos que lerem esta postagem também. Mas o que eu e você podemos dar a um Deus – que já tem tudo – sendo de eternidade em eternidade, onisciente, onipotente e onipresente? A única maneira de saber é estudar Sua Palavra e identificar o que ele nos pede.

Durante a vida do Salvador alguns procuraram honrá-lo com presentes. Quando ainda era pequenino reis (talvez três) vieram lhe visitar. Eles ofereceram ouro, incenso e mirra (Mateus 2:11). Pode até haver um simbolismo místico por trás de cada presente, todavia o que quero ressaltar é que eles deram o que julgaram ser melhor ao rei dos reis, que eles sabiam, era aquele infante menino. Eles ofereceram mais do que presentes materiais. As escrituras dizem que eles se prostraram e O adoraram.
Ao estudar a vida de Cristo notei que ele não procurava ouro e prata, como alguns de nós o fazem tão ardentemente. Na realidade ele já tinha tudo isso. Quando Pedro precisou pagar o imposto, o Senhor lhe indicou que uma moeda estava na boca de um peixe que ainda seria pescado! (Mateus 17:27) Isso me faz concluir, que se Ele quisesse poderia ter todo ouro do mundo, pois poderia localizá-lo com seu poder. Ele não precisa e certamente não quer posses materiais. Ele mesmo ensinou que estas coisas são corruptíveis: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam” (Mateus 6:19).
O que Ele quer de nós então? Ele respondeu com simplicidade: “Se me amais, guardai os meus mandamentos” (João 14:15). O rei Benjamim ensinou: “E eis que tudo que ele requer de vós é que guardeis seus mandamentos” (Mosias 2:22).
Se o Salvador quer que guardemos seus mandamentos quais são estes mandamentos? “E disse aos filhos dos homens: Segui-me. Portanto, meus amados irmãos, poderemos nós seguir a Jesus se não estivermos dispostos a guardar os mandamentos do Pai? E disse o Pai: Arrependei-vos, arrependei-vos e sede batizados em nome do meu Filho Amado” (2 Néfi 31:10-11).
Para aqueles que não entraram nas águas do batismo na Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos Dias o convite é claro: devem ser batizados. Mas e aqueles que já foram batizados?
“Eis, porém, meus amados irmãos, que assim veio a mim a voz do Filho, dizendo: Depois de vos arrependerdes de vossos pecados e de testificardes ao Pai que estais dispostos a guardar meus mandamentos pelo batismo de água; e de haverdes recebido o batismo de fogo e do Espírito Santo e de poderdes falar em uma língua nova, sim, na língua de anjos; se depois disso me anegardes, teria sido melhor para vós que não me houvésseis conhecido. E ouvi a voz do Pai, dizendo: Sim, as palavras do meu Amado são verdadeiras e fiéis. Quem perseverar até o fim, esse será salvo. E agora, meus amados irmãos, sei por isso que, a menos que o homem persevere até o fim, seguindo o exemplo do Filho do Deus vivente, não poderá ser salvo. (...) E estareis então no caminho estreito e apertado que conduz à vida eterna; sim, havereis entrado pela porta; havereis procedido segundo os mandamentos do Pai e do Filho; e havereis recebido o Espírito Santo, que dá testemunho do Pai e do Filho em cumprimento da promessa que vos fez de que, se entrásseis pelo caminho, receberíeis. E agora, meus amados irmãos, depois de haverdes entrado neste caminho estreito e apertado, eu perguntaria se tudo terá sido afeito. Eis que vos digo: Não; porque não haveríeis chegado até esse ponto se não fosse pela palavra de Cristo, com fé inabalável nele, confiando plenamente nos méritos daquele que é poderoso para salvar. Deveis, pois, prosseguir com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens. Portanto, se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo, e perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna” (1 Néfi 31:14-16, 18-20).
Com essa escritura aprendemos que depois de sermos batizados devemos honrar esse convênio e perseverar até o fim. Semanalmente recebemos uma ajuda especial para isso. Chama-se sacramento: pão e água são distribuídos aos dignos para que eles sempre se lembrem de Cristo, procurem tomar sobre si o nome Dele e guardem Seus mandamentos. Esse convênio inclui guardar o dia do Senhor, pagar o dízimo, estudar as escrituras, orar, jejuar, seguir os profetas, etc.
Esse compromisso, de permanecer fiel, significa oferecer um sacrifício – um coração quebrantado e um espírito contrito (3 Néfi 9:20).
Em suma, Cristo nos pede nosso coração: “eu, o Senhor, exijo o coração dos filhos dos homens” (D&C 64:22). O coração é o símbolo da disposição e vontade do homem (GEE “Coração”). É o símbolo de nosso arbítrio. O que Cristo quer de nós é nossa vontade. Creio que essa é a única coisa que é realmente nossa e podemos ofertar a Ele. Dar nossa vontade significa seguir Cristo e agradecê-lo.
Neste Natal e em todos os dias de nossa vida que possamos presentear Cristo com boas ações, fazendo o que ele faria em nosso lugar – exercendo nosso arbítrio da maneira que sabendo ser correta, não demorando para guardar seus mandamentos. Que possamos ser batizados. Se já o fomos na Igreja verdadeira, que possamos honrar esse convênio e oferecer a Cristo muito mais do que ouro, incenso e mirra – porque essas coisas já são Dele. Que possamos dar tudo o que temos, mesmo que seja pouco: todo nosso coração, poder, mente e força. Que possamos estar dispostos a perder nossa vida por amor a Ele.
No final, ao darmos nossa vontade, deixaremos o Mestre muito feliz, mas substancialmente não lhe acrescentaremos nada. De fato, ao presentear Cristo com nosso coração, nós é que somos mais abençoados: “quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á” (Mateus 10:39). Como o rei Benjamim ensinou mesmo que ofertemos tudo a Deus ainda lhe seremos eternos devedores (Mosias 2:22-25).
Que possamos ser como a geração de nefitas que recebeu a visita de Cristo. Ele disse sobre eles: “E agora, eis que minha alegria é grande, até a plenitude, por causa de vós e também desta geração; sim, e até o Pai se alegra e também todos os santos anjos, por causa de vós e desta geração; porque nenhum deles está perdido” (3 Néfi 27:30). Que possamos dar essa alegria a Ele, que possamos ser gratos pelos dons que ele nos Deus – por que “em nada ofende o homem a Deus ou contra ninguém está acesa sua ira, a não ser contra os que não confessam sua mão em todas as coisas e não obedecem a seus mandamentos” (D&C 59:21). Isso significa adorar Cristo: seguir seus mandamentos e agradecê-lo por isso.

22 de nov. de 2010

Quais são as prioridades da vida?

O élder Jensen, da presidência dos setenta falou, num recente serão para o MAS em São Paulo (21/11/2010 – Caxingui), sobre a importância das prioridades em nossa vida, e disse: “Quando nossas prioridades estão fora de ordem, perdemos poder.”

Mas quais são nossas prioridades? Quais deveriam ser?
Eu creio que essa pergunta não possa ser completamente respondida de modo genérico e padronizado. Cada idade, cada circunstância, cada fase da vida alteram as prioridades. Por exemplo, para um rapaz da Igreja de 19 anos a prioridade é, sem dúvida, ir para missão e tornar-se um missionário; mas para uma moça de 19 anos a prioridade pode ser a de tornar-se uma excelente aluna na faculdade e ajudar sua mãe. Para um idoso avó a prioridade pode ser passar tempo com os netos, e para um jovem menino a prioridade pode ser ganhar no campeonato de futebol. Entretanto um rapaz de 19 anos que seja fisicamente impossibilitado não tem como prioridade fazer uma missão, bem como uma moça de 19 anos pode ter como prioridade cuidar do marido e do recém nascido bebê. E no caso do avó a prioridade pode ser fazer uma missão de casal no Templo. E quanto ao menino pode ser trabalhar duro, mesmo na tenra idade para ajudar seus pais e família a sobreviver.

Aquilo que queremos e aquilo que podemos nem sempre se transfiguram em prioridades. Mas sempre aquilo que devemos torna-se nossa prioridade. De modo ideal aquilo que queremos e o que podemos combina perfeitamente com o que devemos. Por exemplo: quero ter filhos, posso ter filhos e devo ter filhos. Todavia nem sempre é assim. Uma mulher fiel pode desejar ter filhos entender que deve ter filhos, mas não pode gerar filhos por ser estéril. Neste caso, a graça de Cristo lhe é suficiente – ela será justificada, e se permanecer fiel um dia poderá ter filhos. Mesmo que, neste exemplo, a mulher não possa ter filhos, ela será julgada pelo seu desejo em fazer aquilo que devia ter feito (D&C 137:9).
Além disso, o que devemos não deve ser realizado por meios iníquos. Por exemplo, devemos falar do evangelho as pessoas que não são da Igreja – mas se o fizermos usando de mentiras ou criticas sobre outras religiões estamos errados e nosso dever é vão.

Há algumas prioridades básicas de todo homem: amar a Deus de todo coração poder mente e força, e amar ao próximo como a si mesmo (Lucas 10:27). A prioridade de alguém que busca o reino de Deus e sua justiça faz com que este indivíduo mereça a bênção de que tudo lhe será acrescentado (3 Néfi 13:33).
Se nossa prioridade for Deus, então não hesitaremos de cumprir seus mandamentos. Não será problema para alguém que coloca Deus acima de tudo e todos pagar o dízimo ou fazer jejum todo mês ou visitar os aflitos ou ir ao Templo com freqüência.
Fazendo as primeiras coisas as segundas coisas se colocam no devido lugar. Assim sendo, devemos achar espaço para ler as escrituras e orar em nosso atarefado dia. Se o fizermos estamos colocando Deus em primeiro lugar.
Meu pai costuma dizer que o mandamento mais importante para nós é aquele que temos mais dificuldade em cumprir. Assim sendo, se priorizarmos nossos esforços para cumprir tal mandamento colocamos Deus em primeiro lugar.
Nem sempre é fácil reconhecer qual é a prioridade. Há inúmeros conflitos de interesse, tentações, opiniões, desafios, etc. Deve-se buscar revelação para se descobrir. Felizmente o Senhor, os profetas e apóstolos que nos amam, nos ajudaram a descobrir quais são nossas muitas responsabilidades. Se ponderarmos em espírito de oração seus conselhos nas escrituras certamente as descobriremos. Se as colocarmos no devido lugar prosperaremos.

O link para descobrir as prioridades para os próximos seis meses é esse: http://lds.org/conference/sessions/display/0,5239,23-2-1299,00.html

1 de jul. de 2010

Cosideração, Exemplo e Debate sobre o porque dos padrões

Consideração.


O que todo ser humano busca?

Se o ser humano fosse apenas um animal (e essa é a visão defendida por muito hoje) buscaria tão somente viver e se reproduzir.

Se o ser humano fosse apenas um incidente da natureza – um resultado do caos (como vários homens da ciência propagam hoje) – então não haveria sentido em se falar de “busca”, pois tal aspiração seria tão confusa, subjetiva e diversificada que geraria resultados muito caóticos os quais fariam com que toda definição, conceito, ideal ou percepção estivessem fora de parâmetros reais e ordenados, impossibilitando conclusões da verdade real (verdade absoluta), não obstante, teorizando infinitas verdades funcionais (verdade relativa).

Se o ser humano fosse apenas um ser racional e emotivo guiado tão somente pela fantasia, imaginação e sentimentos – sendo superior aos outros seres – sua busca seria a de ideais sublimes, mas, inalcançáveis – os quais uma cobiça ardente, todavia inútil, geraria.

Prefiro pensar – e isso é muito lógico para mim – que se o ser humano é um filho de Deus – um ser Supremo, Todo-Poderoso, que é nosso Pai – então todos os seres humanos buscam felicidade. Pois esse Deus é a personificação da verdadeira felicidade.

A verdadeira felicidade é alegria duradoura, a paz eterna e o contentamento insolúvel.

Se fossemos apenas um animal – como o leão, o morcego, a águia e o peixe – não há como se falar em felicidade como a defini. Pois a felicidade tão somente seria o prazer instintivo: aquele impulso psíquico que determina um comportamento necessário para sobrevivência.

Se fossemos um incidente natural não há razão para buscar felicidade, como a descrevi. Pois felicidade, neste caso, é apenas uma satisfação temporária e eventual: é um prazer, uma diversão – há um momento de grande êxtase, que finda no momento seguinte.

Sendo seres mais avançados que os demais o conceito de felicidade pode surgir, mas será intangível e abstrato. Ele variará tanto que o caos que o deu vida será o caos que o levará a morte.

Entretanto somos filhos de Deus. Isso significa que a felicidade é mais do que um prazer instintivo, mais do que uma diversão e mais do que uma conjectura dispersa. A felicidade é algo real e avançável. A felicidade é um sentimento. Mas também é mais. É uma condição e um estado.

Ora, o debate sobre se existe um Deus ou não, não me convém no momento. Não obstante, a própria busca do homem por felicidade é uma prova contundente de que Deus existe. Porque buscaríamos felicidade se, acaso, ela não pudesse ser encontrada? Nisso deveis pensar.

Aprofundo dizendo que todos os seres humanos buscam felicidade, mas que essa busca nem sempre é alcançada. E que alguns confundem a felicidade com o senso de bem-estar, prazer e outras emoções, condições e situações.

Exemplo.

Quero dar exemplos sobre felicidade sob a ótica da sexualidade.

O sexo hoje é visto como a única forma de se obter felicidade. Tolice! Embora ele possa trazer felicidade, na maior parte do mundo atual esta muito longe disso. O prazer momentâneo que imagens pornográficas geram semeiam o contrario de felicidade: a infelicidade. O sexo entre homem e mulher, dentro do casamento formal, é belo e saudável e traz felicidade. A felicidade vem do amor verdadeiro. Todavia esse conceito é acatado como subjetivo demais. Tolice! O amor é objetivo: o amor leva à felicidade.

Porque o casamento entre homossexuais é errado? Simplesmente por que tal relacionamento não levará a felicidade. Haverá uma satisfação por parte dos indivíduos que se casaram com uma pessoa do mesmo sexo – mas não felicidade.

O sexo fora do casamento é errado. Porque? Porque não há amor. Há desejo, há atração, há anseios emocionais e físicos – mas não há amor. O amor é mais do que atração física e mais do que um sentimento de gozo e bem-estar.

Estou dizendo, de forma bem clara o que o profeta Alma disse há muito tempo: “iniqüidade nunca foi felicidade”. Estou dizendo também que a felicidade não é um valor moral. É claro que o leitor de minhas palavras pode considerar minhas considerações como julgamento de valor, como minha mera opinião. Mas se achas tal coisa é porque não entendes o que vem a ser a verdade.

A verdade é o conhecimento das coisas como são, como foram e como serão. A verdade é absoluta, é real – não varia, não muda. Ela pode, e é, descoberta aos poucos, mas tem princípios imutáveis. A personificação da verdade é Deus. Nele esta toda a verdade. Ele é a verdade. Assim sendo, se Ele disse que o sexo deve ocorrer dentro do casamento entre homem e mulher – e por que assim haverá felicidade. Se ele diz que a pornografia é errado, é porque ver ou ouvir pornografia não trás felicidade.

Há necessidade de fundamentar outro conceito aqui. O de arbítrio.

O arbítrio é a capacidade de escolha, é a liberdade. O arbítrio precisa de certos requisitos para existir. Não é ocasião de analisar detalhadamente tal conceito. Mas sem oposição, sem investidura de ação, sem impossibilidade de escolha simultânea entre os lados postos, sem influencia (pressão) dos dois lados, sem incapacidade de se mudar as conseqüências dos atos (ação e reação) e sem conhecimento não há arbítrio.

Deus é o libertador. Ele é quem concede o dom do arbítrio. Ele estipulou leis imutáveis. Os princípios da Justiça de Deus determinam que aqueles que obedecem à lei sejam abençoados e os que não obedecem sejam amaldiçoados. Aqueles que seguem a verdade são, por essa lei, felizes – os que não seguem a lei, são infelizes.

E o último ponto – e o mais difícil de se compreender – é que estamos num estado probatório. Este é o estado de busca que determinamos o que queremos. Como erramos, Deus enviou Jesus Cristo. Ele deu-nos o arrependimento e a misericórdia. Também não é meu desejo explicar tudo sobre isso agora. Basta dizer que nascemos para sermos testados, e Jesus Cristo foi enviado para possibilitar que este teste seja realizado e que sejamos bem-sucedidos – tendo paz e felicidade eterna. Sem Cristo a felicidade seria impossível.

Tendo brevemente disposto minhas considerações responderei as seguintes questões:

Debate.

- Mas essa é sua opinião. No meu ponto de vista não há necessidade de tais axiomas. Cada um faz o que quer. Se alguém quiser casar com uma pessoa do mesmo sexo, que case. Qual o problema?

Resposta: o problema é que tal pessoa não será feliz.

- Como você sabe? Como pode saber? Como pode ter tamanho preconceito?

Resposta: sei disso porque Deus revelou-me. Ele o fez primeiro através do seu Espírito Santo, que ensina a verdade de todas as coisas. Eu orei (falei com Deus) e estudei as escrituras (uma delas é a Bíblia) então recebi uma confirmação espiritual – tanto como um sentimento como uma idéia clara na mente.

- Isso é subjetivo demais. Você foi condicionado a pensar assim por causa da sociedade que vive, dos idéias de seus pais (durante sua criação), e pelas influências da mídia e religião. Você achou que Deus te falou, mas ele não o fez. Você diz que ver pornografia trás infelicidade. Mas se você já viu pornografia sabe que não é assim. O estímulo da imagem desperta um prazer sensacional que é a felicidade. Não é assim?

Resposta: Não. A pornografia não trás felicidade. Ela é um pecado. Vê-la pode trazer uma sensação de contentamento, mas ela é motivada pela luxuria, não pelo amor. Não precisa acreditar em mim com relação a isso. Nem precisa de uma pesquisa gigantesca para considerar como verdadeiro minhas indicações. Olhe ao redor. A decadência social – o aumento da violência, a destruição da família, o desprezo pela decência e pela moralidade: muito disso começa por causa da pornografia. Mas nem a pornografia, nem o homossexualismo são a questão aqui não é? O verdadeiro problema é que você deseja justificar um pecado. Esta me dizendo que o seu caminho é um caminho que resulta na felicidade. E não só isso, mas que há diversos caminhos para felicidade...

- Não apenas isso. Estou dizendo: quem pensas que é para dizer o que é a verdade ou para definir felicidade.

Resposta: Estou muito contente em poder lhe dizer que eu não inventei essas coisas. Elas me foram mostradas. Eu as aprendi. Tenho direito de expressá-las e creio que devo fazer isso mesmo. Agora percebo que suas questões não se voltaram ao que eu disse, mas a minha pessoa. Não vejo problema em ser atacado, porque eu proferi tais palavras. Todavia saiba que o verdadeiro ator não sou eu. Ofender os princípios da verdade é ofender o autor de toda verdade.

- Quer me ameaçar? Quer que todo rapaz seja virgem até o casamento, quer que toda moça ande como uma freira, quer que todo homossexual ignore os estímulos biológicos (como os quais nasceu) e finja ser heterossexual? A suas considerações, a sua religião, o seu Deus – tudo isso, que chama de verdade – que diz levar a felicidade. Tudo isso não passa de sua opinião. Você foi condicionado a pensar assim. Eu posso pensar de outro jeito...

Resposta: Claro que pode pensar de outro jeito. Com relação ao comportamento que desejo que as pessoas tenham eu lhe digo simplesmente que não importa muito o que eu quero. Mas a verdade é que se não viverem os princípios corretos como Deus estabeleceu. Se elas não basearem seu comportamento nos princípios da verdade encontrarão infelicidade. É simples assim. Tal como reconheço o direito de expressão para todos, eu me expresso desse modo – falando a verdade e não mentindo, Deus é testemunha.