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31 de dez. de 2012

Ocasião certa


Há uma história que conheço muito bem. Ela é pessoal. Compartilho-a tão somente com a esperança que ajude alguns de meus irmãos e irmãs a tomarem a decisão certa no momento certo. Ela refere-se a um rapaz e uma moça que se amavam muito. Eles eram jovem, e eram conversos à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Por se amarem desejavam casar-se no Templo de Deus - para selarem sua união para eternidade. O primeiro passo era passar por uma entrevista com o bispo. No dia da entrevista, o bispo, inspirado pelo Senhor, tinha outros planos para o casal. Chamou primeiro à sua sala, o rapaz. Em nome do Senhor Jesus Cristo o desafiou a fazer uma missão de tempo integral. Aceitar esse chamado significava adiar o casamento por cerca de dois anos. Eles já eram noivos e tinham planos para se casar em alguns meses. Entretanto, o rapaz aceitou. Quando ele saiu da sala imediatamente o bispo chamou a moça para uma entrevista, e sem contar nada da decisão do noivo dela, desafiou-a a fazer uma missão de tempo integral. A moça ficou surpresa - todavia, aceitou o chamado. Ela, porém, ficou hesitante - pois não sabia como contaria a respeito de sua decisão a seu noivo.
Assim que a moça saiu do bispado, ambos se surpreenderam com a decisão que haviam tomado.

Naquela noite ao saírem da capela e refletirem no seu amor e compromisso um para com o outro pensaram em dizer ao bispo, na manhã seguinte, que seria um domingo, que preferiam casar-se - e deixar a missão para uma oportunidade futura. Eles se amavam! Compreendiam que o Casamento no Templo era uma ordenança do evangelho para salvação - e, portanto, muito mais importante que uma missão de tempo integral.
Na manhã seguinte, quando o rapaz e a moça chegaram juntos na capela para as reuniões dominicais foram surpreendidos - pois todos os membros vieram cumprimentar-lhes. O bispo havia espalhado a noticia de que haviam decidido fazer missão. Ao serem carinhosamente encorajados sentiram que não lhes restava opção: haviam se comprometido com o Senhor e Sua Igreja.
Assim, Élder Guerreiro foi servir honrosamente ao Senhor na missão Rio de Janeiro, mas logo a missão se dividiu e ele passou boa parte de seu serviço de tempo integral na missão Brasília. Sister Moura serviu com grande vigor na missão na missão Rio Grande do Sul. Três meses após retornarem de seu serviço missionário, Antonio Guerreiro e Miriam Moura casaram-se no Templo de São Paulo. Dessa união abençoada seis filhos vieram - o primeiro sou eu, que vos conta essa história. Servi missão em Curitiba, meu irmão, na Bahia - e meus outros irmãos servirão ainda - quando tiverem a idade apropriada. Nós nutrimos um desejo enorme pela obra missionária e crescemos em um lar forte na fé em Cristo. Meus pais são rápidos em confessar que as bênçãos que colheram e colhem estão todas relacionadas a missão que fizeram. A missão lhes deu perspectiva, mais fé e mais coragem.
Cresci ouvindo as histórias incríveis de meus pais em suas missões. Por causa da sua decisão corajosa de fazer o certo no momento certo minha família foi estabelecida na Rocha do Redentor. Meu pai acredita que se não tivesse servido missão nossa família não existiria. Ele fala que as diversas provas pelas quais passou na vida de casado e como chefe de família só puderam ser sobrepujadas pela "reserva" que fez em sua missão (D&C 4: 4).
O Casamento no Templo, com a pessoa certa, é importante - é vital. Mas casar-se no momento certo é igualmente importante. Como sou grato aquele bispo que cumpriu corajosamente seu dever e chamou meus pais para servirem como missionários. Ele sabia que havia algo que deveria anteceder aquela união abençoada. Sou grato também aos irmãos da Igreja, que com um sorriso e um aperto de mão encorajaram meus pais a servirem antes de se casarem. E como sou grato a Deus por tudo o que aconteceu, da maneira como aconteceu. Essa história, que é a história de meus pais - e a minha história também - ensina-me que devo procurar fazer o certo na ocasião certa.
O Élder Daliin H. Oaks disse: “Em todas as decisões relevantes de nossa vida, o mais importante é fazer a coisa certa. Em segundo lugar, apenas um pouco abaixo da primeira, é fazer a coisa certa na ocasião certa." (https://www.lds.org/liahona/2003/10/5?lang=por). Que possamos sempre fazer o certo no momento certo!

13 de dez. de 2012

Religiões Afro-brasileiras


Estudos das Religiões: Religiões Afro-brasileiras: Umbanda e Candomblé

Clique aqui para ler a introdução e para acessar outros artigos que tratam de outras crenças e religiões.

                A África, diversa como é, contém inúmeras expressões religiosas. Parte dessas expressões serão tratadas no artigo de religiões tradicionais ou folclóricas. Aqui, tratarei especialmente das religiões ou credos que se originaram na África, mas foram modificados no Brasil.
                Quando os negros vieram para esse país, como escravos, agarraram-se com todo vigor ao que lhes restava: a suas tradições religiosas. Esse foi o único meio encontrado para que conservassem sua identidade ameaçada pela opressão dos colonizadores. Apesar disso, inevitavelmente, essas tradições entraram em contato com a religião católica (vivida especialmente em suas formas mais populares, como a devoção aos santos), e com o espíritismo de Allan Kardec. Assim surgiram a Umbanda e o Candomblé - as duas mais importantes expressões religiosas afro-brasileiras.

Umbanda

                A Umbanda tem sua origem principal entre os negros que vieram de uma área angolo-congolesa da Costa Ocidental e da Costa Oriental da África. A cultura dos Bantos era predominante. Os Bantos conheciam o Ser Supremo, o qual chamavam de Zambi, mas suas práticas religiosas eram especialmente voltadas ao culto de ancestrais - os quais frequentemente se comunicavam através de um processo de "possessão". Quando chegaram no Brasil essa forma africana de religião fundiu a macumba com o espiritismo.
                O Surgimento histórico, porém é controverso. Muitos acreditam que a Umbanda como religião surgiu em 1920, quando um jovem que se chamava Zélio Moraes, ficou paralítico. Os tratamentos médicos não lhe curaram, por isso ele procurou um centro espírita. Lá um padre jesuíta que ordenou que criasse uma religião brasileira dedicada a veneração de espíritos de cablocos, índios e pretos velhos.
                "Desde seu surgimento no Brasil, a umbanda passou por um processo acentuado de embranquecimento. Essa ideologia propõe o branco como ideal a ser alcançado e consequentemente, cria mecanismos para fusão e o desaparecimento das outras etnias.
                É paradoxal, mas a umbanda nasce e se desenvolve neste clima que alimenta a negação do negro, mas aceitando também os pretos velhos como entidades benéficas que descem no terreiro." (Giorgio Paleari, "Religiões", Volume 2, Editora "Mundo e Missão", pg. 195).
                Um dos pontos mais relevantes da Umbanda é os seus "pontos" cantados e riscados (desenhados). Numa sessão de Umbanda são cantados hinos de evocação a um determinado Orixá ou Falange espiritual. Sobre a vibração desses pontos, baixam os espíritos de luz: os Orixás da Umbanda, bem como os pontos riscados (desenhados no chão, pro exemplo) são próprios de cada Orixá simbolizam e significam o seu poder mágico e os aspectos de vida sobre os quais eles exercem influência.
                Oxalá é a figura mais respeitada da Umbanda no Brasil e segundo a lenda, é pai de todos os outros orixás. Foi um dos criadores do mundo, tendo recebido de Olorum (deus supremo) a tarefa de modelar todos os seres humanos. Outras entidades bem conhecidas são Iemanjá - uma famosa entidade feminina que é deusa das águas - e Ogum, senhor dos metais.
                O ritual umbandista começa com cantos introdutórios - para preparar o ambiente para sessão. Então há defumações - são incensados os médiuns individualmente e o povo como um todo. O pai de santo (que é o líder do grupo) chega e dá inicio a sessão. O pai de santo entre em transe. Tem inicio o aconselhamento e a cura. Antes de terminar a sessão a compromisso com os orixás. A sessão se encerra com saudações.
Para saber mais sobre a Umbanda: clique aqui .

Candomblé
                O axé é uma força vital  que promove a ação e é fonte do poder e eficácia. É o ponto central do Candomblé. O axé se encontra no sangue dos seres vivos e nas substâncias essenciais de cada ser que compõem o mundo.
                Os ritos de iniciação e passagem, os ritos de nascimento e casamento transmitem o axé - sendo que essa força entra em contato com objetos e pessoas.
                Assim como outras expressões de origem africana, o candomblé reconhece a existência de um Deus Supremo (Olorum), e com ele, uma infinidade de seres intermediários (orixás), que garantem a unidade e o dinamismo da vida.
                Os princípios éticos estão enraizados em conceitos chaves como via, solidariedade clânica, harmonia e força.
                No candomblé os terreiros são comunidades onde os orixá se manifestam com vigor. A autoridade é o pai ou mãe de santo (babalorixás ou ialorixas). A eles cabem presidir as cerimônias religiosas, receber os convidados, raspar a cabeça dos iniciados, supervisionar os ritos e apontar novos iniciados.
                No candomblé há pelo menos dois canais através dos quais se realiza a união entre os seres humanos e os deuses antepassados: o oráculo e o processo ritual de iniciação. O primeiro  é conhecido como jogo dos búzios, onde o pai de santo revela os mistérios da vida  e faz diagnósticos. Os males dos participantes são transferidos para objetos ou animais, que são sacrificados. O segundo canal de revelação é "um caminho sem volta" e representa passos para que, após várias etapas, haja uma fusão mística entre o homem e o divino.
                Resta dizer que muitos orixás estão associados aos santos católicos, por exemplo, Oxalá é o Senhor do Bonfim, Xangô é identificado como São Jerônimo ou São Pedro, etc.
Para melhor compreensão do Candomblé recomendo esse curto, porém ótimo documentário: clique aqui para assistir .

Pontos em comum com a Igreja de Jesus Cristo.
                A Igreja de Jesus Cristo é independente e diferente de toda e qualquer religião. Todavia, como Deus ama todos os Seus filhos, permite que princípios verdadeiros sejam transmitidos a todas as nações, povos, línguas e tribos. Portanto não é difícil verificar pontos em comum entre a verdadeira Igreja do Salvador e movimentos religiosos dos mais diversos.
                O primeiro ponto em comum é certamente a questão da divindade. Sabemos que existe um ser supremo. O Candomblé e a Umbanda acreditam em uma divindade superior, que denominam de Olodumaré ou  Olorum. É interessante observar que  Lâmoni, um rei lamanita, acreditava em um "grande espírito" que favorecia irmãos brancos, os nefitas (Alma 19:27). Esse deus era distante e não se importava com os atos humanos (Alma 18:5). Essa crença é bem parecida com o que ensina a Umbanda, pois os irmãos Brancos acabam sendo superiores aos negros. Devo dizer que não cremos no que Lâmoni acreditava, nem que há superioridade entre uma raça ou etnia sobre outra. Lâmoni foi levado a reconhecer, mais tarde, através de Amon, conceitos verdadeiros sobre Deus, inclusive que Ele se importa com os homens (Alma 18-19).
                Nós cremos que não estamos sozinhos na Terra. Assim como o Candomblé e a Umbanda ensinam, há espíritos bons e maus e que interferem na vida dos homens. Evidentemente a extensão e o modo como esses espíritos interagem são diferentes entre nós. Não cremos que seja algo adequado e bom ser possuído por um espírito e ser privado do arbítrio. Mas cremos que isso pode chegar a acontecer se o desejarmos, afinal lemos no Novo Testamento muitas ocasiões onde homens e mulheres foram possuídos por espíritos malignos (Mateus 9:32-33, Marcos 6:13, Marcos 16:9, Lucas 8:30, I Timóteo 4:11, etc).
                A ideia de aperfeiçoamento - de que podemos progredir rumo a uma salvação ao lado da divindade - e até nos tornarmos um com a divindade - também é um ponto em comum. Passamos por várias etapas até encontrar nosso destino e propósito eterno. É isso que nos ensina o Plano de Salvação: despojamos-nos do homem natural e por meio do sacrifício de Cristo atingimos o homem espiritual e perfeito (GEE "Expiação", "Plano de Salvação")).
                Falando em sacrifício podemos identificar mais um ponto em comum. Os sacrifícios sempre fizeram parte da doutrina do evangelho (GEE "sacrifício"). De Adão até Noé, de Noé a Abraão, de Abrão à Moisés e de Moisés à Jesus Cristo - houve holocaustos e sacrifícios simbolizando o "grande e último sacrifício", sim "aquele grande e último sacrifício [feito pelo] Filho de Deus, sim, infinito e eterno." (Alma 34:14). Quando os adeptos do candomblé realizam sacrifícios (ebô), fazem-no para transferir males. Isso é muito semelhante aos sacrifícios da lei de Moisés, onde em alguns rituais - como o da expiação - o povo transferia simbolicamente seus pecados a um animal (Levítico 16:15-28).
                A importância de ritos também chama atenção. Na Igreja de Jesus Cristo sempre houve cerimônias sagradas e ordenanças especiais. Elas normalmente ocorrem em lugares sagrados. Assim como os terreiros são considerados sagrados para os umbandistas e candomblecistas, os lares dos santos, as capelas e especialmente os Templos são lugares reservados a cerimônias especiais e santas.
                Um dos ritos do candomblé refere-se a raspar a cabeça do iniciado. Um paralelo poderia ser traçado ao rito de purificação do leproso, que raspava a cabeça e todo o corpo para que se tornasse limpo para entrar na cidade santa (Levítico 14). Outro rito valoriza o sangue e o nascer de novo: dois aspectos importantes na teologia SUD (Ver GEE "Sangue" e "Batismo").
                A solidariedade e a valorização da harmonia na vida são pontos fortes das religiões afro-brasileiras - e são comuns na Igreja Restaurada. A caridade é a maior virtude e deve ser sempre buscada.
                Apesar das muitas modificações na cultura primitiva africana, as religiões afro-brasileiras, perpetuaram e incorporam muitos princípios e doutrinas verdadeiras. Ao falarmos com pessoas que possuem esses credor podemos, ao invés de apontar as divergências, realçar o que temos em comum. O Salvador disse que "aquele que tem o espírito de discórdia não é meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia e leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros." (3 Néfi 11:29). Devemos ser sábios como Amon, que procurou edificar pontos em comum para que tivesse uma oportunidade de ensinar mais verdades (Alma 18:22-43). Assim teremos sucesso em cumpri nosso dever de advertir o povo (D&C 88:81).