Alguns dizem que o amor verdadeiro é aquele que perdura até o fim. Mas esse não é o amor verdadeiro! O Amor de verdade persevera além do fim - ele dura para sempre. Isso não pode ser plenamente entendido, a menos que seja ensinado por aqueles que são chamados por Deus[1]. O casamento para toda eternidade no Templo - o selamento entre homem e mulher e filhos - é um claro exemplo de um tipo amor, um amor verdadeiro, que pode crescer para Vida Eterna caso os membros da família se esforcem para "viver de toda palavra que sai da boca de Deus". Esse tipo de amor, o amor divino[2], é chamado de caridade nas escrituras. E é definido como "o puro amor de Cristo". Esse amor é aperfeiçoado e também aperfeiçoa outros atributos - como fé e esperança. Esse amor "nunca falha".
Como Paulo disse: "Ainda
que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria
como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de
profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse
toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada
seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada
disso me aproveitaria." E depois ele, Paulo define o verdadeiro amor:
"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus
interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas
folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo
crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias,
serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; (...)Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o
amor. (I Coríntios 13:1-8, 13, em
algumas versões a palavra "amor" foi adequadamente substituída pela
palavra "caridade")
Morôni explicou essas mesmas
coisas dizendo:
"E a caridade é sofredora e
é benigna e não é invejosa e não se ensoberbece; não busca seus interesses, não
se irrita facilmente, não suspeita mal e não se regozija com a iniqüidade, mas
regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. De
modo que, meus amados irmãos, se não tendes caridade, nada sois, porque a
caridade nunca falha. Portanto, apegai-vos à caridade, que é, de todas, a
maior, porque todas as coisas hão de falhar— Mas a caridade é o puro amor de
Cristo e permanece para sempre; e para todos os que a possuírem, no último dia
tudo estará bem." (Morôni 7:45-47)
O Presidente Dieter F. Uchtdorf esclareceu que "o divino amor de Deus
transforma ações comuns em atos extraordinários de serviço. O divino amor é
motivo pelo qual simples palavras se transformam em escrituras sagradas. O
divino amor é o ingrediente que transforma a obediência relutante aos
mandamentos de Deus em dedicação abençoada e consagração." Ele também
disse que o "amor é a luz orientadora que ilumina a senda do discípulo e
enche nossa caminhada diária de vida, significado e assombro. O amor é a medida
de nossa fé, a inspiração de nossa obediência e o verdadeiro ponto culminante
de nossa condição de discípulos. O amor é o caminho do discípulo." ("O
Amor de Deus", Conferência Geral,
Outubro de 2009, http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1118-7,00.html)
Como desenvolver esse tipo de
amor? Morôni responde como podemos começar: "Portanto, meus amados
irmãos, rogai ao Pai, com toda a energia de vosso coração, que sejais cheios
desse amor que ele concedeu a todos os que são verdadeiros seguidores de seu
Filho, Jesus Cristo" (Morôni 7:48). Duas coisas, que são dois requisitos,
revelam-se nessa passagem para desenvolvermos caridade. Primeiro devemos rogar
ao Pai. Isso significa que reconhecemos que o amor verdadeiro é um dom que vem
Dele. Devemos orar com "toda energia" de nosso coração. Coração é símbolo
de sentimento - mas também é símbolo de disposição e vontade. Assim, "coração"
significa aquele desejo que nos leva a agir para obter o que queremos. E isso
se liga ao segundo requisito: seguir Jesus Cristo.
Para desenvolver o verdadeiro
amor devemos pedir ao Pai e seguir o Filho. Pedir e seguir com
"toda energia" - toda intensidade, fé e obras. Néfi perguntou: "poderemos
nós seguir a Jesus se não estivermos dispostos a guardar os mandamentos do Pai?"
(2 Néfi 31:10). Então ele respondeu com seu testemunho: "Portanto, meus
amados irmãos, sei que, se seguirdes o Filho com todo o coração, agindo sem
hipocrisia e sem dolo diante de Deus, mas com verdadeira intenção,
arrependendo-vos de vossos pecados, testemunhando ao Pai que estais dispostos a
tomar sobre vós o nome de Cristo pelo batismo—sim, seguindo vosso Senhor e
vosso Salvador à água, segundo a sua palavra, eis que então recebereis o
Espírito Santo; sim, então vem o batismo de fogo e do Espírito Santo (...). Sei
por isso que, a menos que o homem persevere até o fim, seguindo o exemplo do
Filho do Deus vivente, não poderá ser salvo (...) Deveis, pois, prosseguir com
firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a
todos os homens. Portanto, se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com a
palavra de Cristo, e perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis
vida eterna." (1 Néfi 31:10, 13, 20)
Néfi revelou que para seguirmos
Cristo precisamos fazer convênios com Ele, obedecer a Seus Mandamentos, estudar
as escrituras (ele diz, banquetear-se com as palavras de Cristo), ter um
"perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens",
e perseverar até o fim da provação mortal. Tudo isso faz com que nos
qualifiquemos para desenvolver um amor divino. Trata-se de um processo, que
talvez dure uma vida inteira. O amor começa a germinar quando nos dispomos a
seguir a Deus e fazemos um convênio batismal com Ele para atestar isso. Como
bênção por segui-lo recebemos o "Consolador, que nos enche de esperança e
perfeito amor, amor que se conserva pela diligência na oração até que venha o
fim, quando todos os santos habitarão com Deus" (Morôni 8:26).
O Presidente Dieter F. Uchtdorf ensinou: "Como “Deus é amor”, quanto mais
nos achegarmos a Ele, mais intenso se tornará o amor que sentimos. Mas, como
existe um véu que separa esta mortalidade de nosso lar celeste, precisamos
buscar no Espírito aquilo que é imperceptível aos olhos mortais.
Os céus, às vezes,
podem parecer distantes, mas as escrituras dão-nos esperança: “E buscar-me-eis,
e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”.
Contudo, buscar a Deus com todo
o coração implica em muito mais do que simplesmente fazer uma oração ou
proferir algumas palavras convidando Deus a estar presente em nossa vida.
“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos.” Podemos
fazer grande alarde do fato de conhecermos a Deus. Podemos proclamar
publicamente que O amamos. No entanto, se não obedecermos a Ele, tudo será em
vão, porque “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é
mentiroso, e nele não está a verdade”.
Aumentamos nosso amor por nosso
Pai Celestial e demonstramos esse amor colocando nossos pensamentos e ações em
conformidade com a palavra de Deus. Seu puro amor sempre nos orienta e nos
incentiva a tornar-nos mais puros e santos. Inspira-nos a andar em retidão —
não por medo ou obrigação, mas pelo desejo sincero de tornar-nos mais semelhantes
a Ele porque O amamos. Ao fazê-lo, vamos “nascer de novo (…), sendo limpos por
sangue, sim, o sangue [do] Unigênito; para que [sejamos] santificados de todo
pecado e [desfrutemos] as palavras da vida eterna neste mundo e a vida eterna
no mundo vindouro, sim, glória imortal”.
Meus queridos irmãos e irmãs,
não desanimem se, às vezes, tropeçarem. Não se sintam deprimidos nem percam as
esperanças por não se sentirem dignos de ser discípulos de Cristo em todos os
momentos. O primeiro passo para andar em retidão é simplesmente tentar.
Precisamos tentar acreditar. Tentem
aprender as coisas de Deus: leiam as escrituras, estudem as palavras de Seus
profetas modernos e decidam escutar o Pai e fazer as coisas que Ele nos pede.
Tentem e continuem tentando até que aquilo que parece difícil se torne possível
— e aquilo que parece meramente possível se torne hábito, uma parte real de
vocês." ("O Amor de Deus", Conferência
Geral, Outubro de 2009, http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1118-7,00.html)
Mas afinal, porque desenvolver um amor
divino? Alguns classificam a caridade como fraqueza, como uma compaixão
que leva a recusa do homem forte, valente, instintivo e natural. Alguns vêem o
amor de Deus como uma piada ou uma maneira de se alienar ou de ser alienado.
Bem, para os que não sabem a diferença entre alienação e conversão e para os
que preferem as bases frágeis do ceticismo e ateísmo realmente acho difícil que
me compreendam aqui. Todavia, ao olharem àqueles que desfrutam do amor de Deus,
esses céticos no amor de Deus sentirão o desejo de obter essas coisas. Os
frutos do verdadeiro amor são os mesmos frutos do Espírito Santo: "gozo,
paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança " (Gálatas
5:22). Uma pessoa cheia do amor de Deus abençoa, primeiro a si mesma, vivendo
com a consciência limpa; depois abençoa sua família[3]
- trazendo segurança, alegria, honestidade, boas-obras, perdão, gratidão,
humildade, etc.; depois abençoa os vizinhos, comunidade, país e o mundo[4]:
"Um homem cheio de amor de Deus não fica contente em abençoar apenas sua
família, mas estende a mão para o mundo inteiro, ansioso por abençoar toda a
humanidade.” (Ensinamentos dos
Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 448).
Nesses dias em que o amor dos
homens esfriou devido a iniquidade (Mateus 24:12), a luxuria[5]
procura obscurecer o verdadeiro amor. Todavia, os frutos da luxúria são
exatamente os opostos ao do amor. Um mundo honesto, puro, limpo, moral, digno e
seguro só pode ser alcançado pelo amor. Não o mero amor fraternal, nem o momentâneo
amor sexual - mas tão somente pelo amor real, o amor verdadeiro - o amor de
Deus - a caridade - que inclui todo o tipo de amor e bênção - e é a maior
virtude.
[1] Para
citar um exemplo, o Élder Parley P. Pratt disse:“Foi Joseph Smith quem me
ensinou a valorizar o carinhoso relacionamento de pai e mãe, marido e mulher;
irmão e irmã, filho e filha. Foi com ele que aprendi que a esposa do meu
coração pode ser unida a mim para toda esta vida e por toda a eternidade; e que
as refinadas emoções e afetos que nos aproximaram um do outro emanaram da fonte
do divino amor eterno. Foi com ele que aprendi que podemos cultivar esses
afetos e fazer com que cresçam e aumentem para toda a eternidade; e o resultado
de nossa união eterna será uma descendência tão numerosa quanto as estrelas do
céu ou as areias da praia. (...) Eu já havia amado, mas não sabia por quê. Mas
então amei com uma pureza, uma intensidade de sentimentos elevados e exaltados
que ergueram minha alma acima das coisas transitórias deste mundo abjeto e a expandiu
como o oceano. (...) Em resumo, agora posso amar com o espírito e também com
entendimento” (Autobiography of Parley P.
Pratt, comp. Parley P. Pratt Jr. (1938), pg. 297–298).
[2] O
amor divino é exemplificado em três passagens das escrituras que gosto muito: "Porque
Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16); Pois
pode uma mulher esquecer o filho que está amamentando e deixar de sentir
compaixão do filho de suas entranhas? Sim, pode esquecer; eu, porém, não te
esquecerei, ó casa de Israel. Eis que te tenho gravada nas palmas de minhas
mãos; teus muros estão continuamente diante de mim" (1 Néfi 21:15-16, e
também Isaías 49:15-16 - o amor de Deus supera o amor materno); "Assim que
apareceu, senti-me livre do inimigo que me sujeitava. Quando a luz pousou sobre
mim, vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição,
pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e
disse, apontando para o outro: Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!" (Joseph Smith
História 1:17 - Deus nos conhece pelo nome e responde nossas orações!)
[3] Não
é preciso falar muito sobre os frutos do amor na família. Eles são melhor
compreendidos quando exemplificados pelos servos de Deus em suas próprias
famílias. Imagine um marido que demonstra afeto e carinho por sua esposa,
tratando-a como rainha - que maior lição pode ensinar a seus filhos sobre o
valor de uma esposa e mãe? E uma mãe, que não dorme até que o filho rebelde
esteja em segurança no lar? E um irmão que, ao notar a doença atingir o outro,
ora, jejua e faz companhia - desprendendo-se de seus próprios interesses? Todos
esses exemplos refletem o amor de Deus. São exemplo vistos no lar.
[4] O
Presidente Dieter F. Uchtdorf disse:
"Uma vez que o amor é o grande mandamento, ele deve estar no centro de
tudo e de todas as coisas que fazemos em nossa própria família, em nossos
chamados da Igreja e em nosso trabalho. O amor é o bálsamo que cura as feridas
nos relacionamentos pessoais e familiares. É o elo que une famílias,
comunidades e nações. O amor é o poder que promove amizades, tolerância,
civilidade e respeito. É a força que sobrepuja a discórdia e o ódio. O amor é o
fogo que aquece nossa vida com alegria inigualável e esperança divina. O amor
deve transparecer em nossas palavras e ações." ("O Amor de
Deus", Conferência Geral,
Outubro de 2009, http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1118-7,00.html)
[5] O
Élder Jeffrey R. Holland advertiu: Se pararmos de ficar aparando os galhos do
problema e atacarmos mais diretamente a raiz da árvore, certamente
encontraremos a luxúria esgueirando-se furtivamente ali. Luxúria é uma palavra
repulsiva e, para mim, um tema sem dúvida repugnante de abordar, mas há um bom
motivo pelo qual em algumas tradições ela é considerada a mais mortal dos “sete
pecados capitais”.
Por que a luxúria é um pecado tão “mortal”? Além do
impacto espiritualmente destrutivo que tem sobre a alma, acho que é um pecado
porque macula o mais elevado e santo relacionamento que Deus nos concede na
mortalidade: o amor que um homem e uma mulher sentem um pelo outro e o desejo
que o casal tem de gerar filhos em uma família planejada para ser eterna.
Alguém disse que o verdadeiro amor deve incluir o conceito de permanência. O
amor verdadeiro perdura, mas a luxúria muda tão rapidamente quanto o virar de
uma página de material pornográfico ou a olhada para outro objeto potencial de
satisfação que passa pela pessoa, seja homem ou mulher. O amor verdadeiro é
algo que nos deixa totalmente entusiasmados, tal como o que sinto por minha
mulher. Queremos proclamá-lo do alto do telhado. Mas a luxúria caracteriza-se
pela vergonha e pelo segredo e é quase patologicamente clandestino: quanto mais
tarde da noite e escuro for, melhor; com tranca dupla na porta, por via das
dúvidas. O amor nos leva instintivamente a estender a mão para Deus e para
outras pessoas. A luxúria, por outro lado, afasta-se de tudo o que é divino,
venerando a autoindulgência. O amor vem de braços e coração abertos. A luxúria
vem apenas com um apetite insaciável.
Esses são apenas alguns dos motivos pelos quais a
corrupção do verdadeiro significado do amor — seja em nossa imaginação ou com
outra pessoa — é tão destrutiva. Ela destrói o que vem logo depois de nossa fé
em Deus, ou seja, a fé que temos naqueles a quem amamos. Abala os pilares de
confiança sobre os quais edificamos nosso amor atual ou futuro, e leva muito
tempo para reconquistar essa confiança, depois de perdida. Se o problema se
tornar suficientemente sério, seja em âmbito pessoal, como no caso de um membro
da família, ou público, como no caso de governantes eleitos, de líderes
empresariais, de astros da mídia e ídolos esportivos, bem logo o local
edificado para abrigar uma sociedade moralmente responsável ostentará a placa
“terreno baldio” ("Não dar mais lugar ao Inimigo de Minha Alma", Conferência Geral de Abril de 2010, http://www.lds.org/general-conference/2010/04/place-no-more-for-the-enemy-of-my-soul?lang=por).
Nenhum comentário:
Postar um comentário