30 de mai. de 2012

Amor Verdadeiro


                 Alguns dizem que o amor verdadeiro é aquele que perdura até o fim. Mas esse não é o amor verdadeiro! O Amor de verdade persevera além do fim - ele dura para sempre. Isso não pode ser plenamente entendido, a menos que seja ensinado por aqueles que são chamados por Deus[1]. O casamento para toda eternidade no Templo - o selamento entre homem e mulher e filhos - é um claro exemplo de um tipo amor, um amor verdadeiro, que pode crescer para Vida Eterna caso os membros da família se esforcem para "viver de toda palavra que sai da boca de Deus". Esse tipo de amor, o amor divino[2], é chamado de caridade nas escrituras. E é definido como "o puro amor de Cristo". Esse amor é aperfeiçoado e também aperfeiçoa outros atributos - como fé e esperança. Esse amor "nunca falha".
                Como Paulo disse: "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria." E depois ele, Paulo define o verdadeiro amor: "O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; (...)Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.  (I Coríntios 13:1-8, 13, em algumas versões a palavra "amor" foi adequadamente substituída pela palavra "caridade")
                Morôni explicou essas mesmas coisas dizendo:
                "E a caridade é sofredora e é benigna e não é invejosa e não se ensoberbece; não busca seus interesses, não se irrita facilmente, não suspeita mal e não se regozija com a iniqüidade, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. De modo que, meus amados irmãos, se não tendes caridade, nada sois, porque a caridade nunca falha. Portanto, apegai-vos à caridade, que é, de todas, a maior, porque todas as coisas hão de falhar— Mas a caridade é o puro amor de Cristo e permanece para sempre; e para todos os que a possuírem, no último dia tudo estará bem." (Morôni 7:45-47)
                O Presidente Dieter F. Uchtdorf  esclareceu que "o divino amor de Deus transforma ações comuns em atos extraordinários de serviço. O divino amor é motivo pelo qual simples palavras se transformam em escrituras sagradas. O divino amor é o ingrediente que transforma a obediência relutante aos mandamentos de Deus em dedicação abençoada e consagração." Ele também disse que o "amor é a luz orientadora que ilumina a senda do discípulo e enche nossa caminhada diária de vida, significado e assombro. O amor é a medida de nossa fé, a inspiração de nossa obediência e o verdadeiro ponto culminante de nossa condição de discípulos. O amor é o caminho do discípulo." ("O Amor de Deus", Conferência Geral, Outubro de 2009, http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1118-7,00.html)

                Como desenvolver esse tipo de amor? Morôni responde como podemos começar: "Portanto, meus amados irmãos, rogai ao Pai, com toda a energia de vosso coração, que sejais cheios desse amor que ele concedeu a todos os que são verdadeiros seguidores de seu Filho, Jesus Cristo" (Morôni 7:48). Duas coisas, que são dois requisitos, revelam-se nessa passagem para desenvolvermos caridade. Primeiro devemos rogar ao Pai. Isso significa que reconhecemos que o amor verdadeiro é um dom que vem Dele. Devemos orar com "toda energia" de nosso coração. Coração é símbolo de sentimento - mas também é símbolo de disposição e vontade. Assim, "coração" significa aquele desejo que nos leva a agir para obter o que queremos. E isso se liga ao segundo requisito: seguir Jesus Cristo.
                Para desenvolver o verdadeiro amor devemos pedir ao Pai e seguir o Filho. Pedir e seguir com "toda energia" - toda intensidade, fé e obras. Néfi perguntou: "poderemos nós seguir a Jesus se não estivermos dispostos a guardar os mandamentos do Pai?" (2 Néfi 31:10). Então ele respondeu com seu testemunho: "Portanto, meus amados irmãos, sei que, se seguirdes o Filho com todo o coração, agindo sem hipocrisia e sem dolo diante de Deus, mas com verdadeira intenção, arrependendo-vos de vossos pecados, testemunhando ao Pai que estais dispostos a tomar sobre vós o nome de Cristo pelo batismo—sim, seguindo vosso Senhor e vosso Salvador à água, segundo a sua palavra, eis que então recebereis o Espírito Santo; sim, então vem o batismo de fogo e do Espírito Santo (...). Sei por isso que, a menos que o homem persevere até o fim, seguindo o exemplo do Filho do Deus vivente, não poderá ser salvo (...) Deveis, pois, prosseguir com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens. Portanto, se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo, e perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida eterna." (1 Néfi 31:10, 13, 20)
                Néfi revelou que para seguirmos Cristo precisamos fazer convênios com Ele, obedecer a Seus Mandamentos, estudar as escrituras (ele diz, banquetear-se com as palavras de Cristo), ter um "perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens", e perseverar até o fim da provação mortal. Tudo isso faz com que nos qualifiquemos para desenvolver um amor divino. Trata-se de um processo, que talvez dure uma vida inteira. O amor começa a germinar quando nos dispomos a seguir a Deus e fazemos um convênio batismal com Ele para atestar isso. Como bênção por segui-lo recebemos o "Consolador, que nos enche de esperança e perfeito amor, amor que se conserva pela diligência na oração até que venha o fim, quando todos os santos habitarão com Deus" (Morôni 8:26).
                O Presidente Dieter F. Uchtdorf  ensinou: "Como “Deus é amor”, quanto mais nos achegarmos a Ele, mais intenso se tornará o amor que sentimos. Mas, como existe um véu que separa esta mortalidade de nosso lar celeste, precisamos buscar no Espírito aquilo que é imperceptível aos olhos mortais.
Os céus, às vezes, podem parecer distantes, mas as escrituras dão-nos esperança: “E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração”.
                Contudo, buscar a Deus com todo o coração implica em muito mais do que simplesmente fazer uma oração ou proferir algumas palavras convidando Deus a estar presente em nossa vida. “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos.” Podemos fazer grande alarde do fato de conhecermos a Deus. Podemos proclamar publicamente que O amamos. No entanto, se não obedecermos a Ele, tudo será em vão, porque “Aquele que diz: Eu conheço-o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade”.
                Aumentamos nosso amor por nosso Pai Celestial e demonstramos esse amor colocando nossos pensamentos e ações em conformidade com a palavra de Deus. Seu puro amor sempre nos orienta e nos incentiva a tornar-nos mais puros e santos. Inspira-nos a andar em retidão — não por medo ou obrigação, mas pelo desejo sincero de tornar-nos mais semelhantes a Ele porque O amamos. Ao fazê-lo, vamos “nascer de novo (…), sendo limpos por sangue, sim, o sangue [do] Unigênito; para que [sejamos] santificados de todo pecado e [desfrutemos] as palavras da vida eterna neste mundo e a vida eterna no mundo vindouro, sim, glória imortal”.
                Meus queridos irmãos e irmãs, não desanimem se, às vezes, tropeçarem. Não se sintam deprimidos nem percam as esperanças por não se sentirem dignos de ser discípulos de Cristo em todos os momentos. O primeiro passo para andar em retidão é simplesmente tentar. Precisamos tentar acreditar. Tentem aprender as coisas de Deus: leiam as escrituras, estudem as palavras de Seus profetas modernos e decidam escutar o Pai e fazer as coisas que Ele nos pede. Tentem e continuem tentando até que aquilo que parece difícil se torne possível — e aquilo que parece meramente possível se torne hábito, uma parte real de vocês." ("O Amor de Deus", Conferência Geral, Outubro de 2009, http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1118-7,00.html)

                Mas afinal, porque desenvolver um amor divino? Alguns classificam a caridade como fraqueza, como uma compaixão que leva a recusa do homem forte, valente, instintivo e natural. Alguns vêem o amor de Deus como uma piada ou uma maneira de se alienar ou de ser alienado. Bem, para os que não sabem a diferença entre alienação e conversão e para os que preferem as bases frágeis do ceticismo e ateísmo realmente acho difícil que me compreendam aqui. Todavia, ao olharem àqueles que desfrutam do amor de Deus, esses céticos no amor de Deus sentirão o desejo de obter essas coisas. Os frutos do verdadeiro amor são os mesmos frutos do Espírito Santo: "gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança " (Gálatas 5:22). Uma pessoa cheia do amor de Deus abençoa, primeiro a si mesma, vivendo com a consciência limpa; depois abençoa sua família[3] - trazendo segurança, alegria, honestidade, boas-obras, perdão, gratidão, humildade, etc.; depois abençoa os vizinhos, comunidade, país e o mundo[4]: "Um homem cheio de amor de Deus não fica contente em abençoar apenas sua família, mas estende a mão para o mundo inteiro, ansioso por abençoar toda a humanidade.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 448).
                Nesses dias em que o amor dos homens esfriou devido a iniquidade (Mateus 24:12), a luxuria[5] procura obscurecer o verdadeiro amor. Todavia, os frutos da luxúria são exatamente os opostos ao do amor. Um mundo honesto, puro, limpo, moral, digno e seguro só pode ser alcançado pelo amor. Não o mero amor fraternal, nem o momentâneo amor sexual - mas tão somente pelo amor real, o amor verdadeiro - o amor de Deus - a caridade - que inclui todo o tipo de amor e bênção - e é a maior virtude.


[1] Para citar um exemplo, o Élder Parley P. Pratt disse:“Foi Joseph Smith quem me ensinou a valorizar o carinhoso relacionamento de pai e mãe, marido e mulher; irmão e irmã, filho e filha. Foi com ele que aprendi que a esposa do meu coração pode ser unida a mim para toda esta vida e por toda a eternidade; e que as refinadas emoções e afetos que nos aproximaram um do outro emanaram da fonte do divino amor eterno. Foi com ele que aprendi que podemos cultivar esses afetos e fazer com que cresçam e aumentem para toda a eternidade; e o resultado de nossa união eterna será uma descendência tão numerosa quanto as estrelas do céu ou as areias da praia. (...) Eu já havia amado, mas não sabia por quê. Mas então amei com uma pureza, uma intensidade de sentimentos elevados e exaltados que ergueram minha alma acima das coisas transitórias deste mundo abjeto e a expandiu como o oceano. (...) Em resumo, agora posso amar com o espírito e também com entendimento” (Autobiography of Parley P. Pratt, comp. Parley P. Pratt Jr. (1938), pg. 297–298).
[2] O amor divino é exemplificado em três passagens das escrituras que gosto muito: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16); Pois pode uma mulher esquecer o filho que está amamentando e deixar de sentir compaixão do filho de suas entranhas? Sim, pode esquecer; eu, porém, não te esquecerei, ó casa de Israel. Eis que te tenho gravada nas palmas de minhas mãos; teus muros estão continuamente diante de mim" (1 Néfi 21:15-16, e também Isaías 49:15-16 - o amor de Deus supera o amor materno); "Assim que apareceu, senti-me livre do inimigo que me sujeitava. Quando a luz pousou sobre mim, vi dois Personagens cujo esplendor e glória desafiam qualquer descrição, pairando no ar, acima de mim. Um deles falou-me, chamando-me pelo nome, e disse, apontando para o outro: Este é Meu Filho Amado. Ouve-O!" (Joseph Smith História 1:17 - Deus nos conhece pelo nome e responde nossas orações!)
[3] Não é preciso falar muito sobre os frutos do amor na família. Eles são melhor compreendidos quando exemplificados pelos servos de Deus em suas próprias famílias. Imagine um marido que demonstra afeto e carinho por sua esposa, tratando-a como rainha - que maior lição pode ensinar a seus filhos sobre o valor de uma esposa e mãe? E uma mãe, que não dorme até que o filho rebelde esteja em segurança no lar? E um irmão que, ao notar a doença atingir o outro, ora, jejua e faz companhia - desprendendo-se de seus próprios interesses? Todos esses exemplos refletem o amor de Deus. São exemplo vistos no lar.
[4] O Presidente Dieter F. Uchtdorf  disse: "Uma vez que o amor é o grande mandamento, ele deve estar no centro de tudo e de todas as coisas que fazemos em nossa própria família, em nossos chamados da Igreja e em nosso trabalho. O amor é o bálsamo que cura as feridas nos relacionamentos pessoais e familiares. É o elo que une famílias, comunidades e nações. O amor é o poder que promove amizades, tolerância, civilidade e respeito. É a força que sobrepuja a discórdia e o ódio. O amor é o fogo que aquece nossa vida com alegria inigualável e esperança divina. O amor deve transparecer em nossas palavras e ações." ("O Amor de Deus", Conferência Geral, Outubro de 2009, http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,89-2-1118-7,00.html)
[5] O Élder Jeffrey R. Holland advertiu: Se pararmos de ficar aparando os galhos do problema e atacarmos mais diretamente a raiz da árvore, certamente encontraremos a luxúria esgueirando-se furtivamente ali. Luxúria é uma palavra repulsiva e, para mim, um tema sem dúvida repugnante de abordar, mas há um bom motivo pelo qual em algumas tradições ela é considerada a mais mortal dos “sete pecados capitais”.
Por que a luxúria é um pecado tão “mortal”? Além do impacto espiritualmente destrutivo que tem sobre a alma, acho que é um pecado porque macula o mais elevado e santo relacionamento que Deus nos concede na mortalidade: o amor que um homem e uma mulher sentem um pelo outro e o desejo que o casal tem de gerar filhos em uma família planejada para ser eterna. Alguém disse que o verdadeiro amor deve incluir o conceito de permanência. O amor verdadeiro perdura, mas a luxúria muda tão rapidamente quanto o virar de uma página de material pornográfico ou a olhada para outro objeto potencial de satisfação que passa pela pessoa, seja homem ou mulher. O amor verdadeiro é algo que nos deixa totalmente entusiasmados, tal como o que sinto por minha mulher. Queremos proclamá-lo do alto do telhado. Mas a luxúria caracteriza-se pela vergonha e pelo segredo e é quase patologicamente clandestino: quanto mais tarde da noite e escuro for, melhor; com tranca dupla na porta, por via das dúvidas. O amor nos leva instintivamente a estender a mão para Deus e para outras pessoas. A luxúria, por outro lado, afasta-se de tudo o que é divino, venerando a autoindulgência. O amor vem de braços e coração abertos. A luxúria vem apenas com um apetite insaciável.
Esses são apenas alguns dos motivos pelos quais a corrupção do verdadeiro significado do amor — seja em nossa imaginação ou com outra pessoa — é tão destrutiva. Ela destrói o que vem logo depois de nossa fé em Deus, ou seja, a fé que temos naqueles a quem amamos. Abala os pilares de confiança sobre os quais edificamos nosso amor atual ou futuro, e leva muito tempo para reconquistar essa confiança, depois de perdida. Se o problema se tornar suficientemente sério, seja em âmbito pessoal, como no caso de um membro da família, ou público, como no caso de governantes eleitos, de líderes empresariais, de astros da mídia e ídolos esportivos, bem logo o local edificado para abrigar uma sociedade moralmente responsável ostentará a placa “terreno baldio” ("Não dar mais lugar ao Inimigo de Minha Alma", Conferência Geral de Abril de 2010, http://www.lds.org/general-conference/2010/04/place-no-more-for-the-enemy-of-my-soul?lang=por).

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