24 de jul. de 2012

Tatuagem


                Tatuagens são desenhos, letras ou símbolos pintados sobre a pele de modo permanente. O que o Senhor pensa a respeito de tatuagens? As escrituras ensinam algo a respeito disso? Essas duas perguntas podem parecer afrontosas, indelicadas e abusivas - visto que envolvem um comportamento particular e individual. A expressão máxima de indignação de alguém que se tatua, ao confrontar-se com argumentos religiosos e morais que desaconselham a tatuagem é: "Faço o que quiser com meu corpo e você não tem nada haver com isso - deixe-me em paz! Uma tatuagem não vai mudar minha personalidade, não vai me tornar uma pessoa má, não vai fazer mal algum. Pare de podar minha paz"
                Dois pressupostos para se entender a posição do Senhor sobre as tatuagens são: (1) reconhecer a santidade e importância do corpo físico; (2) compreender que Deus dá a Seus servos mandamento de ensinarem princípios eternos bem como regras de conduta específicas e diretas que tem como finalidade a felicidade e paz da humanidade.
                Antes, porém, desejo fazer uma advertência: Devemos saber que  onde não há lei, não há pecado. Alguma pessoas não receberam os ensinamentos corretos (a respeito dos padrões do Senhor), e devido a cultura e outras circunstâncias temporais e territoriais fizeram tatuagens. Essa postagem se destina aos membros da Igreja que sabem, ou deveriam saber, que tatuagens não são aceitáveis para Deus e mesmo assim desejam fazer tatuagens. Além disso, digo também que Deus ama todos os seus filhos, independentemente de suas escolhas. Ele olha para o coração. Não devemos desprezar ninguém por sua aparência (Romanos 5:13, 2 Néfi 9:25, 2 Néfi 26:33, 1 Samuel 16:7, Jacó 3:9, Mosias 27:3).
               
A Santidade do Corpo
                O Manual Princípios do Evangelho explica que antes de nascermos fomos reunidos em conselho, onde o Pai Celestial apresentou um Plano de Salvação: "Nosso Pai Celestial sabia que não poderíamos progredir além de certo ponto, a menos que O deixássemos por algum tempo. Seu desejo era que desenvolvêssemos as qualidades divinas que Ele possui. Para que isso ocorresse, precisávamos deixar o lar celestial a fim de ser provados e ganhar experiência. Nosso espírito precisava ser revestido com um corpo físico. Teríamos que deixar o corpo físico na hora da morte e voltar a nos unir a ele na Ressurreição. Receberíamos então um corpo imortal, semelhante ao de nosso Pai Celestial. Caso passássemos na prova, receberíamos a plenitude da alegria que nosso Pai Celestial recebeu (ver D&C 93:30–34)." ("Nossa Família Celestial", pg. 10-11)
                O corpo físico é uma dádiva muito especial pelo qual ansiávamos muito antes de nascer - pois o corpo nos possibilitaria nos tornar felizes como  Pai Celestial é feliz.
                O Presidente Brigham Young disse: "Nenhum ser humano teve o poder de organizar sua própria existência. Existe, portanto, alguém maior do que nós. Nosso corpo nos pertence? Somos donos de nosso espírito? Nós não pertencemos a nós mesmos. Pertencemos a nossos progenitores - a nosso Pai e nosso Deus. [Ver Atos 17:29.] (DBY, pg. 50).
                O Profeta Joseph Smith explicou o valor do corpo físico ao dizer que “viemos a este mundo com o objetivo de obter um corpo e poder apresentá-lo puro diante de Deus no reino celestial. O grande plano de felicidade consiste em ter um corpo. O diabo não tem corpo, e esse é seu castigo. Ele fica contente quando pode obter o tabernáculo de um homem e, quando foi expulso pelo Salvador, pediu para entrar numa manada de porcos, mostrando que preferia o corpo de um suíno a não ter corpo algum. Todos os seres com corpos possuem domínio sobre os que não os têm" (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 220).
                O Apóstolo Paulo ensinou uma lição valiosa ao dizer: " Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo. Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos." (1 Coríntios 3:17-20)
                O Élder David A. Bednar disse: "Nosso corpo físico permite uma amplitude, profundidade e intensidade de experiências que não nos era possível em nossa existência pré-mortal. O Presidente Boyd K. Packer ensinou: “O espírito e o corpo estão combinados de modo que o corpo seja um instrumento da mente e o alicerce de nosso caráter.” Portanto, o relacionamento que temos com outras pessoas, nossa capacidade de reconhecer a verdade e de agir de acordo com ela, bem como nossa capacidade de obedecer aos princípios e ordenanças do evangelho de Jesus Cristo são ampliados por intermédio de nosso corpo físico. Na escola da mortalidade, sentimos ternura, amor, bondade, felicidade, tristeza, frustração, dor e até os desafios de limitações físicas, de modo a preparar-nos para a eternidade. Em termos simples, há lições que precisamos aprender e experiências que precisamos ter “segundo a carne”, como descrevem as escrituras (ver 1 Néfi 19:6; Alma 7:12–13)"
                O Élder Bednar disse também: " Satanás não tem um corpo, e seu progresso eterno foi interrompido. Assim como a água que flui no leito de um rio é contida por uma represa, o progresso eterno do adversário foi interrompido por ele não ter um corpo físico. Devido a sua rebelião, Lúcifer negou a si mesmo todas as bênçãos e experiências mortais que são possíveis graças a um tabernáculo de carne e ossos. Ele não pode aprender as lições que só um espírito com corpo é capaz de aprender. Ele não pode se casar nem desfrutar as bênçãos da procriação e da vida em família. Não pode vivenciar a realidade da ressurreição literal e universal de toda a humanidade. Um dos mais fortes significados da palavra condenado, conforme aparece nas escrituras, evidencia-se por essa incapacidade de continuar a desenvolver-se e de tornar-se semelhante ao Pai Celestial.
                Uma vez que o corpo físico é um elemento tão importante no plano de felicidade do Pai e em nosso desenvolvimento espiritual, não admira que Lúcifer procure frustrar nosso progresso tentando-nos a usar nosso corpo de modo impróprio. Uma das maiores ironias da eternidade é a de que o adversário, que é miserável justamente por não ter um corpo físico, procure seduzir-nos e tentar-nos a partilhar de sua miséria utilizando nosso corpo de modo impróprio. A própria ferramenta que ele não tem e não pode usar torna-se, assim, o alvo principal de seu empenho em levar-nos à destruição física e espiritual.
                O adversário tenta influenciar-nos tanto a fazer mau uso de nosso corpo físico como a subestimar a importância desse nosso corpo. É importante que reconheçamos e combatamos esses dois métodos de ataque.
                Quando qualquer dos filhos do Pai Celestial faz mau uso de seu tabernáculo físico seja quebrando a lei da castidade, usando drogas ou substâncias que viciam, desfigurando ou deformando a si mesmo ou adorando o falso ídolo da imagem do corpo, seja o seu próprio ou de outra pessoa, Satanás se deleita. Para aqueles de nós que conhecem e compreendem o plano de salvação, qualquer forma de profanação do corpo é rebelião (ver Mosias 2:36–37; D&C 64:34–35) e uma negação de nossa verdadeira identidade como filhos e filhas de Deus." ("As Coisas como Realmente São", Serão do SEI, 3 de maio de 2009 • Universidade Brigham Young – Idaho; clique_aqui para ler na integra)

Deus dá mandamentos a seus profetas
                O Guia Pregar Meu Evangelho ensina: "Um meio importante pelo qual Deus demonstra Seu amor por nós é chamando profetas (...).
                Os profetas aprendem o evangelho de Jesus Cristo por revelação. Eles, por sua vez, ensinam o evangelho a outras pessoas e prestam testemunho de que Jesus Cristo é o Salvador e Redentor. Os ensinamentos dos profetas são encontrados em livros sagrados chamados escrituras. (...)
                Sempre que as pessoas decidem desprezar, desobedecer ou distorcer qualquer princípio ou ordenança do evangelho, sempre que rejeitam os profetas do Senhor ou sempre que deixam de perseverar com fé, elas se distanciam de Deus e começam a viver em trevas
espirituais." ("Lição 1: A Restauração", pg. 33)
                O Presidente Ezra Taft Benson ensinou vários princípios a respeito dos profetas. Entre eles cito os seguintes: "O profeta não precisa dizer ‘Assim diz o Senhor’ para nos dar uma escritura. (...) O profeta nos diz o que precisamos saber, nem sempre o que queremos saber (...) O profeta não se limita à razão humana (...) O profeta não será necessariamente popular no mundo nem entre os que são do mundo”(“Catorze Princípios”, 1980 Devotional Speeches of the Year, 1981, pg. 27, 28).
                Na maioria das vezes os profetas ensinam princípios eternos, em vez de focarem no comportamento das pessoas. O Profeta Joseph Smith explicou a um homem que lhe perguntou como conseguia liderar um povo tão grande e diverso: "“Ensino-lhes princípios corretos, e eles governam-se a si mesmos.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 295). Todavia, às vezes as pessoas estão tão iníquas que os profeta são inspirados a adverti-las a respeito de comportamentos prejudiciais. Por exemplo: Moisés recebeu o mandamento específico de ensinar o povo a não tomar o nome do Senhor em vão (Êxodo 20:7).
                Ao estudar as escrituras e ouvir os profetas noto que um povo sábio e digno é capaz de viver tão somente com os princípios orientadores da verdade - usando-os para tomar decisões boas e seguir a retidão. Entretanto, os ignorantes, fracos, obstinados e orgulhosos, precisam de leis rígidas e diretas - que são baseadas nos princípios eternos. E muitas vezes, quando os profetas transmitem com clareza os princípios, na forma de mandamentos diretos, as pessoas reclamam dizendo que a verdade é dura (1 Néfi 16:2-3; e também Prov. 15:10; 2 Né. 1:26; 2 Né. 9:40; Hel. 13:24–26;)
               
Citações dos profetas sobre as Tatuagens
                Deus deu um mandamento específico e direto sobre as tatuagens.
                Eis algumas citações.
                No livreto Sempre Fiéis lemos: "Os profetas atuais opõem-se firmemente à tatuagem. Os que desconsideram esse conselho demonstram falta de respeito por si mesmos e por Deus. O Apóstolo Paulo ensinou o significado de nosso corpo e falou do perigo de aviltá-lo de propósito: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”. (I Coríntios 3:16–17) Se você tiver uma tatuagem, terá em si um lembrete constante do erro cometido. Pode ser conveniente pensar em removê-la." (pg. 182)
                O livreto Para o Vigor da Juventude adverte: "Os modismos do mundo mudam, mas os padrões do Senhor não mudam. Não se desfigurem com tatuagens ou piercings." (pg. 7)
                O Presidente Gordon B. Hinckley disse: "A Primeira Presidência e o Quórum dos Doze Apóstolos declararam que desaconselham as tatuagens" (A Liahona, Janeiro de 2001, pg. 67)
                Ele disse também: "Há pouco tempo, discursei para seus pais. Entre outras coisas, falei sobre as tatuagens. Que criação é mais grandiosa que o corpo humano? É uma coisa maravilhosa, o supra-sumo da obra do Todo-Poderoso. (...) Já pararam para pensar que seu corpo é santo? Vocês são filhos de Deus. Seu corpo é criação Dele. Vocês desfigurariam essa criação gravando na pele desenhos de pessoas, animais e palavras? Prometo-lhes que dia virá em que, se vocês tiverem tatuagens, se lamentarão por isso. E não há como retirá-las, são permanentes. Só por meio de um processo caro e doloroso é que podem ser removidas. Se vocês tiverem tatuagens, então é bem provável que, pelo restante da vida, vocês as levem na pele. Creio que um dia se envergonharão delas. Não se tatuem. Nós, como Autoridades Gerais que os amam, rogamos que não desrespeitem o corpo que o Senhor lhes concedeu." ("Conselho e Oração do Profeta para os Jovens", A Liahona, abril de 2001, pg. 37; itálicos adicionados)
                Mais uma vez, o inspirado profeta disse - dessa vez numa reunião de moças da Igreja: "Respeitem seu próprio corpo. O Senhor disse que ele é como se fosse um templo. Muitas pessoas desfiguram o próprio corpo com tatuagens. Que visão curta! Essas marcas são para a vida inteira! Depois de serem feitas, não podem ser removidas a não ser por meio de um processo muito difícil e dispendioso. Não consigo entender por que uma moça se sujeitaria a algo assim. Peço-lhes encarecidamente que não desfigurem seu corpo dessa forma." ("Permanecer no caminho elevado", A Liahona, Maio de 2004, pg. 114).
                O Presidente Boyd K. Packer disse: "Não enfeitem seu corpo com tatuagens,
nem o perfurem com piercings. Afastem-se dessas coisas." (A Liahona, Maio de 2009, pg. 51)
                O Presidente Thomas S. Monson disse: "Não sejam extravagantes nas roupas nem na aparência; não façam tatuagens nem usem piercings." (A Liahona, Maio de 2010, pg. 65)
                Élder D. Todd Christofferson disse: "Nós, que temos um testemunho da realidade mais ampla da eternidade pré-mortal, mortal e pós-mortal (...) precisamos reconhecer que temos um dever para com Deus em relação a essa sublime realização de Sua criação física. Se reconhecermos essas verdades e a orientação do Presidente Thomas S. Monson dadas na última conferência geral de abril, certamente não vamos desfigurar o corpo, com tatuagens; nem o debilitar, com drogas; nem o desonrar, com fornicação, adultério ou falta de recato. Por ser o instrumento de nosso espírito, é vital que cuidemos deste corpo da melhor forma possível. Devemos consagrar seus poderes para servir e levar adiante o trabalho de Cristo. Paulo disse: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus” (Romanos 12:1)." (A Liahona, novembro de 2010, pg. 17)

Escrituras falam sobre as tatuagens
                Na época do Velho Testamento as tatuagens eram usadas para marcar os escravos. O Manual do Instituto do Curso do Velho Testamento explica: " Ao proibir os ferimentos feitos na carne ou as tatuagens, novamente o Senhor, de maneira clara e inequívoca, indicou que Israel deveria ser diferente das nações gentias que viviam ao seu redor . Era costume afligir-se com ferimentos por ocasião de luta pelos mortos ou durante a adoração (veja I Reis 1 8: 28) . Além disso, "era uma prática tradicional e muito difundida levar marcas no corpo, em louvor do objeto ou ser adorado. Os membros de todas as castas hindús trazem gravados na testa, ou em qualquer outra parte do corpo, marcas que eles chamam de sinais sectários, que os distinguem das demais pessoas , não somente no ponto de vista civil , mas também religioso .
"A maior parte das nações bárbaras descobertas recentemente tinham o hábito de marcar o rosto , braços ou tórax com cicatrizes ou tatuagens , provavelmente por motivos supersticiosos. Os registros deixados por autores antigos estão cheios de relatos concernentes a sinais feitos na face, braços, etc., em honra aos mais diferentes ídolos. É a esse fato que o inspirado autor se refere (Apocalipse 13:16-17; 14:9, 11; 15:2; 16:2; 19:20; 20:4), onde são representados falsos adoradores recebendo em suas mãos e testas os sinais da besta." (Clarke, Bible Commentary, Vol . I, pg. 575 - Manual, pg. 187)
                No Livro de Mórmon aprendemos uma importante lição com os anlicitas, que eram nefitas apóstatas, que haviam marcado a fronte de vermelho, para diferenciarem-se do povo de Deus (Alma 3:4, 18).

Perigos da Tatuagem
                Na A Liahona de Março de 2006 uma especialista falou sobre as Tatuagens:
                "Inna Prokopenko é enfermeira licenciada com mestrado em estética, em Salt Lake City, Utah. Ela já tentou remover muitas tatuagens em seus anos de trabalho. Eis o que Inna tem a dizer sobre as tatuagens:
                Um dos grandes riscos físicos de fazer uma tatuagem é a alergia à tinta. Ela pode aparecer de imediato ou de seis meses a um ano depois de ser feita a tatuagem. A alergia à tinta faz com que a parte tatuada do corpo inche, coce e fique vermelha. Se você for alérgico e a tinta entrar em sua corrente sanguínea, você poderá ficar muito doente.
                Doenças transmitidas pelo sangue são outro risco. Se as agulhas e outros  equipamentos não forem devidamente esterilizados, é possível contrair-se HIV ou outras doenças.
                O remorso por ter feito uma tatuagem é mais do que um risco — é uma certeza
para todos os pacientes (...). Muitas pessoas tentam remover as tatuagens para parecerem mais profissionais em seu trabalho ou para darem um bom exemplo para os filhos.
                Algumas tatuagens podem ser removidas a laser — ao menos parcialmente — mas a remoção é bem mais dolorosa do que a tatuagem propriamente dita.
                O tratamento a laser geralmente não deixa cicatrizes, mas existe essa possibilidade.
                 As tatuagens amarelas ou feitas com tinta amarela não podem ser removidas sem cirurgia. O tratamento de remoção é muito prolongado e caro — bem mais caro do que a realização da tatuagem."
                Além disso quando um jovem deseja servir como missionário deve apresentar-se se tatuagens. Caso tenha uma tatuagem "as Autoridades Gerais analisam cada caso e decidem se o missionário terá a permissão de servir em uma missão. Alguns não podem servir." (A Liahona, Março de 2006, pg. 20)

Conclusão
                Concluo com duas citações:
                "Cristo ensinou que devemos estar no mundo, mas não ser do mundo. Contudo, existem alguns de nossos membros que não anseiam tanto levar o evangelho ao mundo, quanto estão interessados em trazer as coisas mundanas para o evangelho.
                Querem eles que estejamos no mundo e sejamos dele, que gozemos da popularidade do mundo, mesmo sabendo que um profeta disse que isso é impossível, pois então todo o inferno gostaria de se juntar a nós.
                Valendo-se de seu próprio entendimento e de algumas escrituras mal interpretadas, tais pessoas tentam fazer com que aceitemos os preceitos e filosofias dos homens. Elas não acham que a igreja seja progressista o suficiente" (Ezra Taft Benson, Conference Report, abril de 1969, pg. 11 )
                "Se o espírito ceder ao corpo, torna-se corrompido; mas se o corpo ceder ao espírito, torna-se puro e santo." (DBY, p. 267)
                Os profetas conseguem ver coisas que nós não conseguimos. Diante de tantas advertências ainda assim temos coragem de nos submetermos a tatuagens? Será que o desejo de ter um desenho - seja para pertencer a um grupo, para provar a liberdade, para demonstrar um sentimento - ou qualquer outro motivo - irá evitar a dor da desobediência?
                Convido a ponderação das seguintes escrituras para maior elucidação (ou ate mesmo conversão):  Alma 37:6-7; I Coríntios 3:17-20 e Doutrina e Convênios 1:38-39.

8 de jul. de 2012

Qual é o Dia Santificado - sábado ou domingo?


Recebi o seguinte -email com perguntas referentes ao dia do Senhor:

                "Lucas, (...) Você trouxe uma informação interessante... "mas Deus nos ordenou que guardássemos o domingo em nossa época." Por muito tempo me questionei sobre isso,  "Deus mudou o sábado para o domingo?" ou "Não devemos guardar só um dia mas sim todos?" e até "O sábado foi abolido e contanto que se escolha um dia na semana, qualquer dia serve?"
                Caro amigo, a Palavra diz que o prudente é aquele que examina as escrituras, [e] diz que devemos examiná-la (João 5: 39), diz que devemos ser espertos como serpente, porém inocentes como pomba (Mateus 10:16). Então eu lhe pergunto: Como me provas que Deus ordenou que guardássemos o domingo?
                Quero saber como chegou a essa conclusão para que eu possa ter ciência e cumprir com a vontade Dele.
                Quando responderes... queria que fizesse uma reflexão. No livro de Daniel capítulo 7 versículo 25. O profeta disse que o maligno [que] em algum momento [haveria uma mudança na] lei. Observando este dito, o que foi mudado na lei, não do tempo de Moisés, mas da fundação do mundo para este tempo?
                Minha opinião: Se Deus mudou o sábado para o domingo, Ele deveria ter deixado isso mais claro na Sua palavra... Como um mandamento que Ele diz ser um sinal (Ezequiel 20:20) e um sinal perpétuo (Êxodo 31:16) pode ser mudado assim? Continuo a crer que o sábado do Senhor é santo desde a fundação do mundo (Gêneses 2:3). Mas ainda sim quero saber sua opinião e o que tu tens a dizer-me."

                São perguntas pungentes, que mostram uma longa ponderação a respeito do dia do Senhor. Darei a resposta mais completa que me for possível, porém devo fazer uma advertência. A advertência consiste em um pressuposto necessário para compreensão de qualquer assunto espiritual. Esse pressuposto é o desejo de aprender e a humildade para que esse aprendizado seja possível. A capacidade de ser doutrinável, neste contexto é a aptidão de ouvir atentamente sem julgar, considerar demoradamente e depois, buscar uma consideração espiritual da verdade por meio de revelação.
                Com isso em mente não estarei buscando travar uma batalha de escrituras para provar que estou certo. Mostrarei de maneira lógica e coerente porque penso que o Dia do Senhor deve ser guardado no domingo e responderei as demais questões. Porém a questão é sobre tudo pessoal. Cada um deve buscar conhecer a verdade pelo poder do Espírito Santo por si mesmo.
                Usarei a Bíblia como fonte - mas não me conterei se for preciso usar outros escritos sagrados - como o Livro de Mórmon e as palavras dos profetas vivos. Também recorrerei a outros escritos e fatos históricos. A veracidade de minhas fontes pode ser questionada por alguém que crê que a Bíblia é o único escrito divino e confiável, porém não sou obrigado a responder qualquer coisa em moldes de preconceito e ceticismo - ou limitado por outros pontos de vista e crenças. Responderei o que me é solicitado segundo minha própria crença e fé, de maneira lógica. Serei cauteloso em explicar termos e situações que talvez sejam desconhecidos pelos que não são de minha fé. Peço, portanto, que os que não compartilham os mesmos valores e crenças que leiam minhas palavras com certa misericórdia - exercendo aquele pressuposto de humildade que falei. Depois de terminarem a leitura com a "mente aberta" que façam o seu julgamento.
                Estou muito mais disposto a falar sobre o principio por trás do mandamento de se guardar o dia do Senhor. Escrever sobre o propósito, dimensão e bênçãos deste dia sagrado é certamente muito mais agradável que procurar provar o dia exato que se deva guardar. Ao falar isso não quero comprometer a importância de se cumprir com exatidão a Palavra de Deus. Não podemos "supor que [nos] será possível virar a mão direita do Senhor para a esquerda" (3 Néfi 29:9). O Senhor é um Deus de ordem (D&C 88:119).  Mas o enfoque em questões exteriores - a letra da lei, a historicidade - sem a ênfase no mais importante - o espírito, o princípio - pode nos fazer tropeçar no fanatismo, ceticismo ou, pelo menos, em exageros desnecessários. Isso aconteceu com os judeus da época do Salvador, a quem Ele acusou de hipócritas (Mateus 23:23). Para não correr esses risco explicarei brevemente a doutrina do dia do Senhor. Farei isso de maneira sintética, já que as questões apresentadas exigem uma resposta mais restrita e exata - que não englobam a discussão do princípio em si. Creio que isso ocorre porque o inquiridor já concorda comigo que há um dia especial - reservado para adoração, onde devemos descansar dos nosso labores. Mesmo assim, já que estou postando as perguntas e respostas em um local publico, necessário é que as primeiras coisas sejam ditas em primeiro lugar.

A Doutrina e o Propósito do Dia do Descanso
                Para explicar a essência do Dia do Senhor usarei duas citações retiradas dos livros da Igreja:
                "Dia do Descanso - Dia sagrado, reservado na semana para descanso e adoração. Depois que Deus criou todas as coisas, descansou no sétimo dia e ordenou que fosse separado um dia da semana como dia de descanso para que as pessoas se lembrassem dele (Êx. 20:8–11). Antes da Ressurreição de Cristo, os membros da Igreja guardavam o último dia da semana como dia de descanso, como faziam os judeus. Depois da ressurreição, os membros da Igreja, quer judeus quer gentios, guardavam o primeiro dia da semana (o dia do Senhor) para lembrar a ressurreição do Senhor. A Igreja hoje continua a guardar um dia por semana como o dia sagrado de descanso, no qual adoramos a Deus e descansamos dos labores do mundo.
O dia de descanso lembra às pessoas a necessidade de alimento espiritual e o dever de obedecer a Deus. Quando uma nação se descuida da observância do dia de descanso, todos os aspectos de sua vida são afetados e sua vida religiosa decai (Nee. 13:15–18; Jer. 17:21–27)" (GEE "Dia do Descanso")
                "Nosso comportamento no Dia do Senhor é uma manifestação de nosso compromisso
de honrar e adorar a Deus. Ao santificarmos o Dia do Senhor, mostramos a Deus nossa
disposição de cumprir nossos convênios. Todo domingo, vamos à casa do Senhor para
adorá-Lo. Enquanto estamos ali, tomamos o sacramento para lembrar-nos de Jesus Cristo
e Sua Expiação. Renovamos nossos convênios e mostramos que estamos dispostos a
arrepender-nos de nossos pecados e erros.
                Nesse dia, descansamos de nossos labores. Ao assistirmos às reuniões da Igreja e
adorarmos juntos, fortalecemo-nos uns aos outros. Sentimo-nos renovados renovados
pelo convívio com amigos e familiares. Nossa fé é fortalecida ao estudarmos as escrituras
e aprendermos mais a respeito do evangelho restaurado.
                Quando uma comunidade ou nação se torna negligente em relação a suas atividades
do Dia do Senhor, sua vida religiosa decai e todos os aspectos da vida são afetados de
modo negativo. As bênçãos associadas à santificação do Dia do Senhor são perdidas. Não
devemos fazer compras no Dia do Senhor nem participar de outras atividades esportivas
e comerciais que hoje são tão comuns e profanam o Dia do Senhor.
                Os santos dos últimos dias devem separar, esse dia santificado, das atividades
do mundo, adotando um espírito de adoração, gratidão, serviço e realizar atividades
centralizadas na família que sejam adequadas ao Dia do Senhor. Se os membros da Igreja
se esforçarem para tornar suas atividades do Dia do Senhor compatíveis com a vontade
e o Espírito do Senhor, sua vida se encherá de alegria e paz." ("Santificar o Dia do Senhor", Pregar Meu Evangelho, pg. 75)

                Os seguintes links e discursos podem contribuir para uma melhor compreensão sobre do Dia do Descanso:
As questões.
                Dito isso. Comecemos a responder as questões. Notei que as perguntas apresentadas são estas sete:
1.       Deus mudou o dia santificado de sábado para o domingo?
2.       Devemos guardar só um dia ou todos?
3.       Se o sábado foi abolido, qualquer dia da semana serve?
4.       Qual é a prova que mostra que Deus mudou o dia sagrado?
5.       Se Deus mudou o dia sagrado, porque não há uma passagem mais clara na Bíblia que explica isso?
6.       Como um mandamento que é considerado um "sinal perpétuo" pode mudar assim?
7.       Segundo Daniel, o maligno mudaria a lei? O que se significa essa passagem?

                Responderei as cinco primeiras questões de uma vez, porque trata do mesmo tema: o dia do Senhor. Separadamente a sexta e depois a sétima questão serão respondidas.

1- Resposta as primeiras cinco questões: Guardamos o Domingo.
                Em nossa época guardamos como dia santificado o domingo, que é o primeiro dia da semana. O Manual Princípios do Evangelho explica brevemente:
                "Até a Ressurreição de Jesus Cristo, Ele e Seus discípulos guardaram o sétimo dia como o dia santo. Após a Ressurreição, o domingo passou a ser santificado e considerado o Dia do Senhor, em lembrança de Sua Ressurreição naquele dia (ver Atos 20:7; I Coríntios 16:2). Daquela época em diante, os seguidores de Jesus passaram a guardar o primeiro dia da semana como o Dia do Senhor. Nos dois casos, havia seis dias de trabalho e um para descanso e devoção. Em nossa época, o Senhor nos deu um mandamento direto de que nós também precisamos honrar o domingo como o Dia do Senhor (ver D&C 59:12)." (capítulo 24, pg. 145-146)
                O guia Sempre Fiéis também explica:
                "O Dia do Senhor, o domingo, é dedicado semanalmente para descanso e adoração. Na época do Velho Testamento, o povo do convênio de Deus observava o Dia do Senhor no sétimo dia da semana, porque Deus descansou no sétimo dia depois de criar a Terra. Após a Ressurreição de Jesus Cristo, que ocorreu no primeiro dia da semana, os discípulos do Senhor começaram a observar o Dia do Senhor no primeiro dia da semana, o domingo. (Ver Atos 20:7.)" ("Dia do Senhor", pg. 56-57).
                O Manual do Aluno do Seminário - Curso do Novo Testamento, ao comentar Lucas 24:1, que fala da Ressurreição do Senhor do Primeiro dia da Semana observa:
                "O primeiro dia da semana no calendário judaico era o domingo. Jesus ressuscitou nesse dia. Depois de Sua ascensão, os membros da Igreja, tanto judeus quanto gentios, santificaram esse dia e o chamaram de o Dia do Senhor. (Ver Atos 20:7; I Coríntios 16:2.)
                O Presidente Brigham Young uma vez declarou:
                "É verdade que não guardo o Dia do Senhor da maneira estabelecida pela lei mosaica, pois isso estaria quase além de minha capacidade. Contudo, sob o novo convênio, devemos lembrar-nos de santificar um dia da semana como o dia de descanso, em memória do descanso do Senhor e dos santos, e também para nosso benefício temporal, pois foi instituído com o propósito específico de favorecer o homem. Está escrito neste livro (a Bíblia) que o sábado foi feito por causa do homem. É uma bênção para a humanidade. Nesse dia devemos realizar a menor quantidade possível de trabalho; ele deve ser separado como um dia de descanso, para que nos reunamos num local determinado de acordo com a revelação [ver D&C 59:10–12], confessemos nossos pecados, levemos nossos dízimos e ofertas e nos apresentemos diante do Senhor." (Discursos de Brigham Young, pg. 164).
                      
"A Igreja aceita o domingo como o dia de repouso e proclama a santidade desse dia. Admitimos sem argumentar que, sob a lei mosaica, se havia designado e se observava o sétimo dia como o dia santo, e que a mudança de sábado para domingo foi uma particularidade da administração apostólica que se seguiu ao ministério pessoal de Jesus Cristo. De maior importância que a designação deste ou daquele dia da semana é a realidade do dia de repouso semanal que se deve observar como dia de especial e particular devoção no serviço do Senhor. " (James E. Talmage, Regras de Fé, pp. 405-406 .)
                Assim, os santos dos últimos dias, de modo geral, guardam como Sabbath, o primeiro Dia da Semana.

1.2 - A História do Dia do Senhor
                Quando Deus criou a Terra, o fez em seis períodos de tempo. No sétimo, "descansou de toda sua obra" (Gênesis 2:2). "E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera" (Gênesis 2:3). Assim, um dia da semana - o sétimo, tornou-se um da especial - reservado para o descanso e adoração. Não sabemos a maneira como os patriarcas contavam o tempo e qual era seu sistema de calendários. Não sabemos se eles dividiam o tempo como os israelitas da época de Moisés. Para os israelitas antigos e os judeus modernos o dia termina com o pôr-do-sol, por volta das 18h. Assim na sexta de noite inicia-se o Dia do Descanso que dura até às 18 horas do sábado.
                Para nós, o dia sagrado começa após à meia-noite do sábado e termina à meia noite do domingo. Fazemos isso por que nosso costume de contar o tempo não é mais como o dos judeus. Isso é adequado, porque se esperássemos o pôr-do-sol, alguns só guardariam o dia do Senhor após muito tempo - como por exemplo, os membros da Igreja que moram no Alasca, onde o pôr-do-sol pode demorar cerca de setenta dias devido a rotação da Terra e a posição longínqua deste lugar[1].
                O fato é que Moisés, inspirado pelo Senhor ordenou que o Dia do Senhor fosse santificado. De fato, Moisés recebeu de Deus o mandamento de que o dia Santo fosse observado (Êxodo 20:8-10). Entretanto, parece que o motivo pelo qual o Dia Sagrado devia ser observado mudou. Alguns textos do pergaminho do mar morto demonstram que não houve ma mudança substancia no propósito, mas uma adequação - um acréscimo. De qualquer maneira lemos em Deuteronômios:
                "O SENHOR nosso Deus fez conosco aliança em Horebe. Não com nossos pais fez o SENHOR esta aliança, mas conosco, todos os que hoje aqui estamos vivos. (...) Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o SENHOR teu Deus. (...) Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o SENHOR teu Deus te tirou dali com mão forte e braço estendido; por isso o SENHOR teu Deus te ordenou que guardasses o dia de sábado." (Deuteronômios 5:2-3, 12, 15).
                Assim o dia do Senhor deveria ser observado em lembrança da libertação de Israel da terra do Egito. Esse mandamento foi incorporado á lei de Moisés, como também o ano sabático e o sábado de quadragésimo novo e quinquagésimo anos.
                Sabemos que o Sabbath era um dos traços mas marcantes da antiga Israel. Os nefitas, do Livro de Mórmon, guardavam o dia do Senhor no sábado: "esforçavam-se por guardar a lei de Moisés e santificar o sábado do Senhor" (Jarom 1:5)
                Quando a lei de Moisés foi cumprida por Cristo, deixou de ser requerida do povo de Deus. O Apóstolo Paulo explicou que a lei de Moisés serviu "de aio para nos conduzir a Cristo" (Gálatas 3:24). Esse "aio" tornou-se desnecessário quando Cristo veio e cumpriu a lei.
                O Senhor Jesus Cristo percebeu, enquanto na mortalidade, que o Sabbath havia sido corrompido. Os judeus haviam criado uma série de regras absurdas - como a quantidade de passos que se poderia dar no dia santo! Por essa razão ele disse: "E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor" (Marcos 2:27-28). Como Senhor do sábado, Ele tinha autoridade para concretizar qualquer mudança. Ele disse que não havia vindo para "destruir a lei ou os profetas" - mas para cumprir (Mateus 5:17).
                O Élder Le Grand Richards disse:
                "Uma vez que Jesus veio para cumprir a lei, por que então alguns procuram ainda retê-la? Por que não preferem aceitar o que Jesus trouxe para tomar o lugar da lei, e que inclui o novo sábado, o primeiro dia da semana, ou o dia do Senhor (domingo), dia em que Jesus levantou da sepultura? "O dia do Senhor" é o dia que Ele indicou aos santos desta dispensação para adoração." (Uma Obra Maravilhosa e um Assombro, "O Dia Santificado", pg. 320)
                Assim, o Senhor cumpriu a lei de Moisés e com esse cumprimento o propósito de guardar o dia do Senhor  para lembrar-se da libertação de Israel do Egito tornou-se desnecessária. Todavia, por ordem expressa, a Igreja da Antiguidade, continuou a guardar o dia do Senhor - como lembrança da libertação da morte e do pecado - que Cristo proporcionara. O Salvador ergue-se da morte no Primeiro Dia da Semana, e portanto, esse dia passou a ser considerado Santo.

1.2 - Fontes extra-escriturísticas.
                Os santos da Igreja primitiva, na época dos Apóstolos guardavam o dia Santificado no domingo, como demosntram as citações abaixo:
                Segundo o historiador Geoffrey Blainey, "os judeus reverenciavam o sábado, e de inicio, os cristãos fizeram o mesmo. São Paulo começou a instituir o domingo como dia de reverência porque coincidia com a ressurreição de Cristo." (Uma breve História do Mundo, pg. 103).
                “Reúnam-se no dia do Senhor [dominica dies em latim se traduz como domingo] para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro” (Didaqué 14,1 – texto datado do séc. I, mais precisamente no ano 96 dC).
                 “Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre. Como podemos viver sem aquele que até os profetas, seus discípulos no espírito, esperavam como Mestre? Foi precisamente aquele que justamente esperavam, que ao chegar, os ressuscitou dos mortos. Portanto, não sejamos insensíveis à sua bondade. Se ele nos imitasse na maneira como agimos, já não existiríamos. Contudo, tornando-nos seus discípulos, abraçamos a vida segundo o cristianismo. Quem é chamado com o nome diferente desse, não é de Deus. Jogai fora o mau fermento, velho e ácido, e transformai-vos no fermento novo, que é Jesus Cristo. Deixai-vos salgar por ele, a fim de que nenhum de vós se corrompa, pois é pelo odor que sereis julgados. É absurdo falar de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo judaizar. Não foi o cristianismo que acreditou no judaísmo, e sim o judaísmo no cristianismo, pois nele se reuniu toda língua que acredita em Deus” (Carta de Santo Inácio de Antioquia aos Magnésios. 101 d.C., de Santo Inácio, Bispo de Antioquia, que segundo a Tradição foi a criança que Cristo pegou no colo em Mc 3:36.)
                “Outros, de novo, certamente com mais informação e maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus. Somos confundidos com os persas, talvez, embora não adoremos o astro do dia pintado numa peça de linho, tendo-o sempre em sua própria órbita. A idéia, não há dúvidas, originou-se de nosso conhecido costume de nos virarmos para o nascente em nossas preces. Mas, vós, muitos de vós, no propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis vossos lábios em direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora também estejais muito distantes dos costumes judeus, os quais certamente ignorais” (Tertuliano 197 d.C. Apologia part.IV cap. 16, itálicos adicionados). Esse é o testemunho do advogado cristão Tertuliano, que escreveu muitas de suas obras destinadas as autoridades romanas em defesa dos cristãos perseguidos. Em especial essa se refere a equivocada ideia de adoração dos cristãos. Ela não demonstra que os cristãos haviam mudado o dia do Santificado do sábado para o domingo devido a influência dos cultos pagãos. Tertuliano se refere ao primeiro dia da semana como “o dia do sol” tão somente para que os pagãos que o escutam ou lêem compreendam, ainda que superficialmente, o significado de um dia separado, especial e sagrado como parte da adoração cristã.
                Do terceiro século temos o testemunho de Hipólito de Roma, que também confirma a Tradição Apostólica de celebrar o culto cristão no Domingo: “No domingo pela manhã, o bispo distribuirá a comunhão, se puder, a todo o povo com as próprias mãos, cabendo aos diáconos o partir do pão; os presbíteros também poderão parti-lo. Quando o diácono apresentar a eucaristia ao presbítero, estenderá o vaso e o próprio presbítero o tomará e distribuirá ao povo pessoalmente. Nos outros dias, os fiéis receberão a eucaristia de acordo com as ordens do bispo” (Hipólito de Roma 220 d.C Tradição Apostólica part III).
                "É realmente verdade que a vida de Constantino não foi a que exigiam os preceitos do cristianismo; e é também verdade que ele permaneceu como catecúmeno (cristão não batizado) durante toda a vida, e só foi considerado membro da Igreja, pelo batismo, em Nicomédia, poucos dias antes de sua morte."
                "Nota 25: (...) É certo que Constantino, bem antes desse tempo, no ano de 324 A.D., se declarou cristão, e foi reconhecido como tal pelas igrejas. Também é verdade, que ele realizou, por muito tempo, os atos religiosos de um cristão não batizado, isto é de um catecúmeno; posi assistia à adoração pública, jejuava, orava, observava o sábado cristão e o aniversário dos mártires, as vigílias da Páscoa, etc. (História da Igreja de Mosheim, Livro 2, século4, Parte 1, Cap. 1:8.)"
                "(...) Os cristãos deste século, com devoção, se reuniam para a adoração de Deus e para seu aperfeiçoamento no primeiro dia da semana, o dia em que Cristo retomou a vida; portanto temos irrefutável testemunho de que esse dia foi escolhido pelos próprios apóstolos para adoração religiosa, e que, segundo o exemplo da igreja em Jerusalém, era em geral observado. (História da Igreja de Mosheim, Livro 1, Século 1, Parte 2, Cap. 4:4)
                "Aqueles que eram criados na antiga ordem das coisas tinham uma nova esperança, não mais observado o sábado (judeu ou sétimo dia), apenas vivendo pela observância do dia do Senhor (primeiro dia), no qual também nossa vida foi libertada por Ele e Sua morte. (Epístola aos Magnesianos, 101 A.D., Cap. 9. Inácio)"
                "Em um dia, o primeiro dia da semana, nós nos reunimos" (Barderaven, 130 A.D.)
                "(...) E no dia que é chamado domingo, há uma reunião no mesmo lugar, de todos os que vivem nas cidades ou nos distritos rurais; e os registros dos apóstolos, ou os escritos dos profetas, são lidos enquanto o tempo permite (...) Domingo é o dia em que todos participamos de uma reunião comum porque é o primeiro dia em que Deus, quando transformou as trevas e a matéria, fez o mundo; e Jesus Cristo, nosso Salvador, no menção dia levantou dos mortos (...) (Justino Martir, Apologias, 1:67, 140 A.D.)
                "Ele, em cumprimento do preceito de acordo com o evangelho, guarda o dia do Senhor." (Clemente de Alexandria, Livro 7, Cap. 12, 93 A.D.)
                "Nós não concordamos com os judeus em suas peculiaridades com respeito ao alimento nem com respeito a seus dias sagrados." (Apologias, Sec. 21, 200 A.D.)
                "Nós mesmos estamos acostumados a guardar certos dias, como por exemplo, o dia do Senhor." (Orígenes, Livro 3, Cap. 23, 201 A.D.)
                "Mas, por que, perguntas, no dia do Senhor nos reunimos para celebrar as nossas solenidades? Porque também era a maneira que os apóstolos fizeram." (De Fuga, XIV:ii, 141, 200 A.D.)

1.3 - Fontes Bíblicas
                As passagens que são mais usadas para demonstrar que houve uma mudança do dia do sábado para o domingo são, no Novo Testamento, Atos 20:7 e I Coríntios 16:2.
                Em Atos lemos: "E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e prolongou a prática até à meia-noite." Essa escritura mostra que havia reuniões de adoração no primeiro dia da semana - inclusive com a distribuição do sacramento. Em grego, nessa passagem, "πρωτη ημερα της εβδομαδος", refere-se exatamente ao primeiro dia da semana, ou o domingo.
                Em Coríntios, que foi escrito muitos anos antes de Atos (e também dos evangelhos) lemos: "No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que não se façam as coletas quando eu chegar." Paulo esta falando da coleta de ofertas que deveria ser feita em Jerusalém. Na língua original do novo testamento, o grego, novamente há inequívoca referência ao domingo.
                Quando os judeus se convertiam ao cristianismo, deixavam muitos costumes e práticas de lado. Portanto, para eles não era estranho passar a guardar um novo dia na semana como dia sagrado. Eles sabiam que Cristo havia trazido um novo convênio. De fato, Paulo explica isso ao referir-se a instituição do sacramento (que segundo a passagem de Atos 20:7 e I Coríntios 16:2, era distribuído no Primeiro Dia da semana): "Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim." Paulo também explicou que Cristo os fizeram "capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica." (2 Coríntios 2:3) Essa passagem, muito famosa, que diz que "a letra mata e o espírito vivifica", foi direcionada aos membros novos da Igreja que ainda não haviam deixado algumas tradições religiosas de lado. "O batismo não faz automaticamente com que os recém-conversos se esqueçam dos ensinamentos e práticas falsas que seguiam anteriormente. Os santos de coríntios não eram exceção. Em II Coríntios 1–3 você lerá como foi preciso lembrar-lhes os princípios básicos do evangelho que são essenciais a nosso bem-estar." (Manual do Aluno do Seminário - Novo Testamento, pg. 126)
                O apóstolo Paulo sabia que os santos conversos seriam criticados pela mudança do sábado, por isso disse:
                "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados" (Colossenses 2:16).
                Depois de citar essa passagem o Élder Le Grand Richards disse: "Essa advertência do apóstolo Paulo teria sido completamente inútil, estivessem os santos adorando no sábado judeu, pois os judeus então não teriam tido ocasião de julgá-los sobre o assunto" ("O dia Santificado", Uma Obra Maravilhosa e Um Assombro, pg. 321).
                Há uma passagem no velho testamento que profetiza o fim dos sábados de Israel. É pouco conhecida, e portanto pouco citada. Porém, é muito reveladora: "E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus sábados, e todas as suas festividades" (Oséias 2:11). "Podemos aceitar as escrituras como a palavra de Deus e duvidar que essa profecia de Oséias seria cumprida e que o Senhor faria realmente cessar os sábados de Israel? Quando a profecia de Oséias foi cumprida, o caminho estava obviamente aberto para a introdução de um novo sábado." ("O dia Santificado", Uma Obra Maravilhosa e Um Assombro, pg. 319).
                Na bíblia grega original o primeiro dia da semana é chamado de sábado oito vezes. Por que o primeiro dia da semana (domingo) seria chamado de sábado na Bíblia, se não fosse um novo sábado? Isso é algo para se refletir. Os primeiros cristãos sabiam que o dia do descanso (sabbath) convertera-se no Dia do Senhor (domingo, um novo sabbath), como demonstrei acima.

1.4 - Um dia conforme divinamente estabelecido.
                A mudança do sétimo dia para o primeiro foi determinada por revelação. Não poderia ser de outra maneira. Nós guardamos o domingo por Deus expressamente assim nos ordenou: "E para que mais plenamente te conserves limpo das manchas do mundo, irás à casa de oração e oferecerás teus sacramentos no meu dia santificado; Porque em verdade este é um dia designado para descansares de teus labores e prestares tua devoção ao Altíssimo; Contudo teus votos serão oferecidos em retidão todos os dias e em todos os momentos; Lembra-te, porém, de que no dia do Senhor oferecerás tuas oblações e teus sacramentos ao Altíssimo, confessando teus pecados a teus irmãos e perante o Senhor." (D&C 59:9-12)



2. Sinal Perpétuo.
                A questão sobre o dia do Senhor ser um sinal perpétuo é a base para que muitos afirmem que o dia do Senhor deve continuar a ser observado no sábado. Deus é um ser imutável e expressamente disse que entre Ele e "os filhos de Israel será [o Dia do Descanso] um sinal para sempre; porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se." (Êxodo 31:17)
                Essa questão porém só pode ser adequadamente respondia se compreendermos o correto sentido da palavra "perpétuo".
                Os que defendem que perpétuo além de expressar continuidade, deduz também inalterabilidade total, precisam estar prontos para aceitar que os mesmos mandamentos dados na antiguidade são plenamente válidos hoje. Isso em absoluto não é verdadeiro. A lei de Moisés já foi cumprida, como demonstramos.
                Quanto a lei da circuncisão foi dito: "Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa, e o comprado por teu dinheiro; e estará a minha aliança na vossa carne por aliança perpétua." (Gênesis 17:13). A lei da circuncisão é cumprida hoje pelas Igrejas cristãs? A grande maioria entende que esse mandamento também deixou de ser requerido no meridiano dos tempos - como aprendemos ao estudar Atos dos Apóstolos.
                Assim substancialmente o dia do Senhor não mudou. Seu princípio é tão eterno quanto o próprio Deus. Essa lei precisa e sempre precisará ser cumprida. Aspectos não essenciais, como  qual o dia, podem, e de fato são, alterados, de acordo com a sabedoria de Deus.
                Hoje em dia, o Domingo continua a ser um sinal distinto do povo do Senhor. É um sinal eterno. Esse próprio conceito de eternidade extrapola os limites temporais que estamos submetidos - dias, semanas, meses e anos.



3. O significado de Daniel 7:25
                "E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues na sua mão, por um tempo, e tempos, e a metade de um tempo." (Daniel 7:25)
                Essa passagem esta no contexto de uma visão de Daniel sobre o futuro. Especificamente refere-se ao poder de Satanás e de seus servos nos últimos dias. O "anticristo" é o símbolo do poder maligno que se levantará antes da era milenar. Esse anticristo proferirá blasfêmias contra o Altíssimo. Ele também se empenhará em mudar "os tempos e a lei" nos últimos dias. E isso tem acontecido. Satanás muda os mandamentos e princípios de maneira substancial, fazendo com que rebeldia, incredulidade, ceticismo, fanatismo e ateísmo alavanquem.
                A expressão "por um tempo e tempos e metade de um tempo" também é mencionada por João em Apocalipse (Apocalipse 12:14). Não sei se os dois profetas falavam sobre o mesmo assunto. Aparentemente sim, porque tanto João quanto Daniel tiveram uma visão sobre os últimos dias. Ocasionalmente pessoas de diversas formações religiosas pensam ter encontrado a chave de interpretação desses versículos (Apocalipse 12:14) e fazem cálculos para prever acontecimentos catastróficos no futuro ou mesmo a Segunda Vinda de Cristo. Não arriscaremos qualquer interpretação por que o Senhor, em sua sabedoria, não deu a plena compreensão dessa passagem. É vão especular e concluir que a expressão referida coincida com alguma data, evento ou represente algum assunto do evangelho.
                Não há nenhuma indicação de que Daniel esteja se referindo a mudança ocorrida no meridiano dos tempos - de que o dia do Senhor passaria a ser guardado no domingo, e não mais no sábado. Como dito, a visão de Daniel aponta para os últimos dias e não para a época em que a Igreja Primitiva adotou o novo dia sob impulso divino.



[1] Se os membros da Igreja esperassem até o sétimo pôr-do-sol neste caso aguardariam meses e meses e passariam também meses cumprindo o mandamento do dia do Senhor - o que significa que não trabalhariam, não fariam compras, não caçariam, não iriam estudar... Isso seria uma tragédia econômica que poderia lhes tirar a vida. Evidentemente nem os judeus mais ortodoxos e os adventistas do sétimo dia mais fiéis exigem que se faça tal loucura. Independentemente dos fenômenos metrológicos, a contagem do tempo permanece ininterrupta - e após 144 horas (seis dias), há um espaço de 24 horas reservadas para o dia santificado.