5 de jul. de 2014

ESTRANHO ATO DO SENHOR

Algumas pessoas acham esquisito alguns rituais do evangelho, certos padrões da Igreja e determinadas passagens de escrituras. De fato, muitos questionam o modo de agir do Senhor, no passado e no presente. Reconheço que eu mesmo já fiquei intrigado em certas ocasiões. O Senhor sabia que as pessoas se admirariam e questionariam – e por isso chamou sua obra de “estranho ato” (Isaías 28:21; D&C 95:4, 101:95).

Já vi pessoas sinceras e cheias de potencial relutarem em servir com dedicação por não entenderem coisas que aprendem no Templo, lerem sobre trechos pouco conhecidos da História da Igreja ou ouvirem algo das Autoridades Gerais que vá contra sua opinião politico-filosófica.

Para as pessoas que se debatem com questões relacionadas ao modo de proceder do Senhor e de Seus servos, no passado e no presente, revelo alguns princípios que poderão ajudar:

1º.    ESFORCE-SE PARA COMPREENDER MAIS PLENAMENTE O CARÁTER DE DEUS. Ore sempre ao Pai Celestial, em nome de Cristo. O relacionamento que você desenvolver com Ele é muito valioso. Satanás, o pai da mentira, vai fazer de tudo para que você não acredite que exista um Deus – ou que Ele, existindo, não se importa contigo. Nada pode ser mais absurdo e irreal! Ele existe, e te conhece pelo nome. Ao reconhecer que Ele é um ser real e pessoal, você pode aprender por experiência própria que Ele é um Pai amoroso, que quer seu bem-estar eterno. Também vai compreender que “assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os (...) caminhos [de Deus] mais altos do que os [seus] caminhos, e os (...) pensamentos [de Deus] mais altos do que os [seus] pensamentos”(Isaías 55:9). E isso significa que nem sempre suas perguntas e orações serão respondidas da maneira e no tempo que você deseja – mas serão respondidas. Saiba que “A demora do Senhor com frequência parece longa; às vezes dura a vida inteira. Mas ela sempre é planejada para abençoar.” (Presidente Henry B. Eyring, “Onde Esta o Pavilhão?”, http://goo.gl/F7cTeY )

2º.    ESTUDE COM MAIS DEDICAÇÃO ÀS OBRAS-PADRÃO. Há muitas pessoas falando sobre a Igreja, seus procedimentos, seus líderes e sua história. Muitos questionam a obra do Senhor, supondo, metaforicamente, “que podem virar a mão do Senhor para esquerda” (3 Néfi 29:9). Essas pessoas, na maioria dos casos, conhecem pouco das escrituras. E se as estudaram, não as compreendem. É importante, é vital, buscar a verdade nas melhores fontes. As escrituras – as obras-padrão e palavras dos profetas vivos são as fontes mais preciosas da verdade – porque elas dão acesso ao inestimável poder do Espírito Santo. A leitura das escrituras precisa ser diária. Mas é preciso mais do que ler: é necessário ponderar, orar e procurar aplicar o que se aprendeu. Só assim plantaremos a semente, e provaremos que é boa. É fácil refutar a história de Adão e Eva ou negar que Cristo tenha realizado milagres baseando-se no frágil intelecto humano que interpreta as escrituras como textos de fantasia. Mas as escrituras trazem um panorama muito mais grandioso quando estudas a fundo. Há algo em sua leitura que proporciona um vigor e um dom inestimável, que converte e refina. Isso acontece porque as escrituras falam de Cristo e dos princípios mais importantes para nossa alegria nesta vida e felicidade eterna. Você é livre para estudar e buscar o que quiser – mas se seu alicerce estiver bem solidificado com a poderosa palavra de Deus você compreenderá muito mais sobre tudo. E saberá distinguir o certo do errado – pois a luz de Cristo que há em ti, aumentará exponencialmente. Afinal, Deus, ao perceber que buscas, bate e pede conhecimento sobre conhecimento, lhe dará, como dom, mais e mais luz, até o dia perfeito.

3º.    ENTENDA O MODO DE PROCEDER DO SENHOR. Quando você ler as escrituras e orar constantemente vai começar a ver o mundo de outra forma. E vai entender porque o Senhor permite que certas coisas aconteçam e impede que outras se realizem. Vai notar que muitas vezes o Senhor transmite sua mensagem por meio de símbolos. Ele faz isso não apenas para preservar a verdade daqueles que ainda não estão preparados para recebê-la (por não terem um conhecimento prévio ou capacidade necessária para entendê-la) ou que a desprezariam – mas também para ensinar, demonstrar amor e guiar as pessoas até Ele. As escrituras e as ordenanças do evangelho – especialmente as que se realizam dentro do Templo são muito simbólicas. Você pode aprender tudo a respeito dos símbolos no evangelho – mas precisa se esforçar muito e ser digno de revelação e de confiança. Há coisas que você não compreenderá de imediato – e nem depois de muitos anos. Esse é um dos testes de fé que precisamos passar na mortalidade.

4º.    NÃO TENHA MEDO DE FAZER PERGUNTAS. O Presidente Dieter F. Uchtodrf ensinou: “Creio que nosso Pai Celestial fica contente com Seus filhos quando eles usam seus talentos e faculdades mentais para diligentemente descobrir a verdade.” “Nesta Igreja que honra o arbítrio pessoal tão fortemente, que foi restaurada por um jovem que fez perguntas e buscou respostas, respeitamos aqueles que sinceramente buscam a verdade”. Ele também disse: “É natural ter dúvidas — a semente da dúvida sincera, com frequência, brota e amadurece até se tornar uma grande árvore de conhecimento. Há poucos membros da Igreja que, em uma ocasião ou outra, não se debateram com dúvidas sérias ou delicadas. Um dos propósitos da Igreja é nutrir e cultivar a semente da fé, mesmo que às vezes seja no solo arenoso da dúvida e da incerteza. A fé é a esperança nas coisas que não se veem mas que são verdadeiras. Portanto, por favor, duvidem de suas dúvidas antes de duvidarem de sua fé. Jamais podemos permitir que a dúvida nos aprisione e nos impeça de receber o divino amor, a paz e as dádivas que vêm por meio da fé no Senhor Jesus Cristo.” (http://goo.gl/ukm0a8 e http://goo.gl/7rnO6R)
Faça perguntas. Questione até mesmo suas perguntas. Ou seja: qual o motivo que você esta se questionando. O que o levou a fazer essa pergunta e qual sua relevância. A receber um confirmação da verdade, prossiga adiante - sem questionar o que já sabe ser verdadeiro. Ainda que o saiba tão somente pela fé.

5º.    LEVE EM CONSIDERAÇÃO O CONJUNTO COMPLETO. Isso significa procurar comtemplar o Plano Eterno. Significa que na linda melodia da verdade, se uma parte da música lhe soar diferente e até esquisita, pondere o que já sentiu, aprendeu e realizou até o momento. Avalie o que se tornou por guardar os mandamentos. É difícil, reconheço, fazer esse tipo de avaliação quando estamos imersos na agitação do dia-a-dia ou quando as negras nuvens da tristeza nos querem cegar. É por essa razão é que é tão importante “aquietar-nos”. Quando ponderamos, em um lugar calmo e sereno, o Espírito encontra mais facilmente o nosso espírito – e pode comunicar coisas muito pessoais e sagradas. (Elder Ballard ensinou recentemente sobre isso: http://goo.gl/gid0MZ).

6º.    SIRVA AO SENHOR COM DEDICAÇÃO. Pode parecer contraditório, confuso ou até errado – dedicar-se a uma causa que você não compreende plenamente. Mas o fato de não sabermos tudo, sobre tudo, não deveria paralisar-nos ou amedrontar-nos. O Senhor não exige que conheçamos tudo sobre batismo para nos batizar ou que saibamos tuo sobre sacerdócio para recebe-lo. Ele não exige que saibamos sobre o Templo antes de adentramos lá. Ele exige um “coração quebrantado e um espírito contrito” – e isso significa humilde e disposição. Precisamos ter fé em Deus. Essa fé não surge por meio de sinais incríveis. Ela começa quando confiamos na Palavra que nos diz para seguir o Mestre. E quando o seguimos – guardando Seus mandamentos – somo recompensados com mais dom de fé – e sinais se seguem. De fato, ao darmos passos na escuridão a luz de Deus se descortina – e gradualmente vemos mais e mais. Então, o segredo é servir a Deus e ao próximo. E quando fazemos esse tipo de sacrifício – mesmo sem um perfeito conhecimento aquilo que julgamos estranho ou esquisito passa a ser compreensível, e depois grandioso e glorioso.

7º.    NÃO SE MARAVILHE. Algumas ocasiões o Senhor disse a seus discípulos e a outros que “não se maravilhassem” (João 3:7, João 5:28, D&C 27:5). Isso não significa que não deviam sentir gratidão ou se contentar pelos milagres que contemplavam ou pela doutrina santa que ouviam. Significava que eles deveriam reconhecer a verdade assim como era - sem alardes ou inquietações. Se eles deixassem que o fascínio os levasse a uma admiração demasiada havia risco de ceticismo, fanatismo, espírito especulativo, misticismo, tolices e até idolatria.
Quando o Senhor ordena "não vos maravilheis", indiretamente exige que confiemos Nele. Deus, pode todas as coisas, o homem não. Devemos reconhecer nossas próprias limitações. O Rei Benjamim aconselhou: “Acreditai em Deus; acreditai que ele existe e que criou todas as coisas, tanto no céu como na Terra; acreditai que ele tem toda a sabedoria e todo o poder, tanto no céu como na Terra; acreditai que o homem não compreende todas as coisas que o Senhor pode compreender. E novamente, acreditai que vos deveis arrepender de vossos pecados e abandoná-los e humilhar-vos diante de Deus; e pedir com sinceridade de coração que ele vos perdoe; e agora, se acreditais em todas estas coisas, procurai fazê-las” (Mosias 4:9-10).
A fé pura e simples que leva uma pessoa a fazer o bem é suficiente para receber as mais altas dádivas da Expiação. E essa é a fé que devemos buscar continuamente.


Ao viver esses princípios o "estranho ato do Senhor", não será tão estranho assim. Veremos a morte, os desafios da doença e da dúvida, as adversidades - de outra maneira. Nossa perspectiva será outra. Seremos elevados, inspirados e nos estaremos vivendo a medida completa de nossa criação.

22 de jun. de 2014

Infinito

Giordano Bruno foi uma daquelas pessoas corajosas que defendeu a verdade, a despeito de grande oposição. Ele viveu durante a Idade Média, e foi perseguido pela Inquisição - o que culminou em muitos anos de prisão e uma horrível morte na fogueira. Qual foi o crime deste homem?

O crime foi proclamar que Deus é infinito e que criou outros mundos semelhantes aos nossos - que o universo não se restringe a nosso sistema solar. Tal ideia frutificou de uma revelação, um sonho, no qual Bruno viu a infinidade do Cosmos.

Esse sonho foi uma resposta a sua longa e incansável pesquisa em livros – muitos quais haviam sido proibidos pela Igreja Católica.

Regozijo-me com a coragem de Bruno. Ele buscou diligentemente e Deus, ao ver sua ansiedade – mostrou-lhe a verdade. E tal foi à visão que Bruno preferiu ser excomungado de três religiões diferentes, viver como andarilho e morrer como um criminoso.

Fico pensando em como ele, Bruno, ficaria feliz se soubesse que muitos séculos antes, Abraão, que é chamado pai pelas três maiores expressões religiosas do mundo, viu, pelo poder de Deus, as obras divinas. Está escrito:

“Assim eu, Abraão, falei com o Senhor face a face, como um homem fala com outro; e ele falou-me das obras que suas mãos haviam feito; E ele disse-me: Meu filho, meu filho (e sua mão estava estendida), eis que te mostrarei todas elas. E ele pôs a mão sobre meus olhos e eu vi aquelas coisas que suas mãos haviam feito; e eram muitas. E elas multiplicaram-se ante meus olhos e não consegui ver seu fim.” (Abraão 3:11-12).

Moisés também escreveu:

“E Deus falou a Moisés, dizendo: Eis que eu sou o Senhor Deus Todo-Poderoso; e Infinito é meu nome, pois eu sou sem princípio de dias ou fim de anos; e não é isso infinito?
E eis que tu és meu filho; portanto olha e mostrar-te-ei as obras de minhas mãos; mas não todas, porque minhas obras não têm fim nem tampouco minhas palavras, porque jamais cessam.
(...)
E aconteceu que Moisés olhou e viu o mundo no qual ele fora criado; e Moisés viu o mundo e seus confins e todos os filhos dos homens que existem e que foram criados; e maravilhou-se e assombrou-se muito com isso.
E eis que a glória de Deus estava sobre Moisés, de modo que Moisés permaneceu na presença de Deus e conversou com ele face a face. E o Senhor Deus disse a Moisés: Fiz essas coisas para meu próprio intento. Aqui há sabedoria e em mim permanece. E pela palavra de meu poder criei-as, a qual é meu Filho Unigênito que é cheio de graça e verdade.
E mundos incontáveis criei; e também os criei para meu próprio intento; e criei-os por meio do Filho, o qual é meu Unigênito. E ao primeiro homem de todos os homens chamei Adão, isto é, muitos.
Mas far-te-ei um relato apenas sobre esta Terra e seus habitantes. Pois eis que há muitos mundos que pela palavra de meu poder passaram. E há muitos que agora permanecem e são inumeráveis para o homem; mas todas as coisas são enumeráveis para mim, pois são minhas e eu conheço-as.” (Moisés 1:3-4, 8, 31-35)

Mas essas escrituras não estavam disponíveis na época de Giordano Bruno, pois na Idade das Trevas a Terra estava mergulhada em uma grande Apostasia.

Em nossos dias, a Luz da Verdade raiou novamente. E temos acesso a maravilhas. O Presidente Dieter F. Uchtdorf ensinou a respeito do Infinito:

“Quanto mais aprendemos sobre o Universo, mais compreendemos — pelo menos em pequena parte — o que Moisés sabia. O Universo é tão grande, misterioso e glorioso que é incompreensível à mente humana. “Mundos incontáveis criei”, disse Deus a Moisés.3A maravilha que é o céu à noite é um belo testemunho dessa verdade.

Poucas coisas enchem-me de assombro e tiram-me tanto o fôlego quanto voar na escuridão da noite acima de oceanos e continentes, olhando pela janela da cabine do avião para a glória infinita de milhões de estrelas.

Os astrônomos têm tentado contar o número de estrelas do Universo. Um grupo de cientistas estima que o número de estrelas dentro do alcance de nossos telescópios é dez vezes maior do que todos os grãos de areia que existem nas praias e desertos do mundo.

Essa conclusão tem uma impressionante semelhança com a declaração do antigo profeta Enoque: “E se fosse possível ao homem contar as partículas da Terra, sim, de milhões de terras como esta, não seria sequer o princípio do número de tuas criações”.


Dada a vastidão das criações de Deus, não é de admirar que o grande rei Benjamim tenha aconselhado seu povo “que [se lembrassem] e sempre [guardassem] na memória a grandeza de Deus e (…) própria nulidade [deles]”.

Sinto-me privilegiado por não apenas viver em uma época em que desfruto de liberdade para estudar e glorificar um Deus infinito e eterno, mas por ter acesso a escrituras e profetas que mostram uma grandiosidade e glória que transcendem a mesquinhes e orgulho dos homens. Toda Criação – estrelas, planetas e o tempo e a vida – testemunham a existência de um Ser Supremo.  Como Alma disse contra o cético Corior: “todas as coisas mostram que existe um Deus; sim, até mesmo a Terra e tudo que existe sobre a sua face, sim, e seu movimento, sim, e também todos os planetas que se movem em sua ordem regular testemunham que existe um Criador Supremo” (Alma 30:44).

Sinto-me grato também, por outra doutrina defendida por Bruno – que o levou prematuramente ao céu: que todas as criaturas possuem alma. Isso é ensinado na Bíblia, mas infelizmente o versículo esta mal traduzido.

Em Gênesis 2:5 lemos: “E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra.” (Gênesis 2:5).

Mas em escrituras reveladas por meio do Profeta Joseph Smith há mais clareza:
“E toda planta do campo, antes de estar na Terra, e toda erva do campo, antes de brotar. Pois eu, o Senhor Deus, criei todas as coisas das quais falei espiritualmente, antes que elas existissem fisicamente na face da Terra. Pois eu, o Senhor Deus, não fizera chover sobre a face da Terra. E eu, o Senhor Deus, havia criado todos os filhos dos homens; e ainda não havia homem para lavrar a terra, pois no céu os criei; e ainda não havia carne sobre a Terra nem na água nem no ar” (Moisés 3:5).

Tendo sido tudo criado (ou organizado) espiritualmente havia um espírito eterno em cada ser. As plantas e os animais possuem espírito e esta Terra é um ser vivo (Moisés 7:48).

Como sou abençoado por este glorioso conhecimento. Brigham Young ensinou: “[Deus] preside incontáveis mundos que iluminam este pequeno planeta e milhões de mundos que não podemos ver; todavia, Ele observa a mais diminuta de Suas criações e nenhuma dessas criaturas passa despercebida. Nenhuma delas há que não tenha sido produzida por Sua sabedoria e poder.” (DBY, p. 20).

O Presidente Uchtdorf concluiu: “Irmãos e irmãs, o Ser mais poderoso do Universo é o Pai de seu espírito. Ele os conhece. Ele os ama com um amor perfeito.

Deus não o vê apenas como um ser mortal, em um pequeno planeta, que vive pouco tempo — Ele vê você como filho Seu. Ele vê você como o ser que você é capaz de se tornar e que foi designado a se tornar. Ele quer que você saiba que você é importante para Ele.

Que possamos sempre acreditar, confiar e alinhar nossa vida para que possamos entender nosso verdadeiro valor e potencial eternos.” (https://www.lds.org/general-conference/2011/10/you-matter-to-him?lang=por).

Sei que isso é verdade, e espero ser tão corajoso quanto Giordano Bruno ao defender essas verdades sagradas.

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Assista ao discursos do Presidente  Dieter F. Uchtdorf:


11 de mai. de 2014

Excelência em cumprir os mandamentos

O Senhor exige perfeição (Mateus 5:48). Ele nos ordenou que fôssemos tão perfeitos como Ele e o Pai Celestial (3 Néfi 12:48). Entretanto, somos decaídos – e, portanto, falhos e fracos (Romanos 3:23). Não obstante, o Salvador morreu por nós – para que pudéssemos nos arrepender, ter o perdão concedido e para que nossas fraquezas se tornassem fortaleza (GEE “Expiação”). Precisamos estar constantemente refletindo, orando e nos esforçando para melhorar. Quando assim fazemos os mandamentos passam a ser uma bênção em vez de um fardo. Sentimos a ajuda divina e recebemos grande felicidade (GEE “Mandamentos”) Abaixo listo alguns mandamentos que procurei (e procuro) ser mais excelente em seu cumprimento, e que talvez possam ser úteis para o seu aperfeiçoamento. Quero dizer que o esforço em cumprir mais plenamente os mandamentos não é fanatismo – a menos que se deixe de lado o amor e o espírito de Deus, e procure-se a honra dos homens.

DIA DO SENHOR. Há um dia sagrado semanalmente, reservado e especial (GEE “Dia do Senhor”). Quando analisamos o mandamento, conforme expresso nas escrituras, aprendemos que não devemos trabalhar neste dia. Em nossa busca pela excelência no cumprimento deste mandamento temos o desejo de não tratar de negócios neste dia, de tornar este dia especial – e, portanto, nos abster de participar de entretenimentos ordinários – como assistir televisão e jogar videogame (até mesmo jogos no celular). Não praticamos esportes neste dia e nem fazemos compras. Não fazemos pagamentos e não estudamos para prova. Até nossas postagens nas redes sociais são diferentes neste dia – endossamos o que faz lembrar do Senhor. É um dia que se vivido corretamente nos abre as portas para muitas bênçãos (Isaías 58:13-14).

DORMIR CEDO (D&C88:124). Esse é um mandamento simples – mas cada vez menos cumprido. Algumas vezes tenho dificuldade em cumprir este mandamento devido à rotina atarefada em que vivo. Mas há pessoas que deliberadamente escolhem ficar acordadas para papear ou participar de atividades noturnas. Uma vez o presidente Gordon B. Hinckley ensinou que nada de bom acontecia na rua após as 23h. Acredito que as palavras dele ainda são válidas.

 PALAVRA DE SABEDORIA. Algumas pessoas abstém-se das cinco substancias expressamente proibidas na revelação – café, chá-preto, fumo, álcool e drogas – mas usam remédios em excesso – muitas vezes sem receita, bebem energéticos que alteram o funcionamento natural do corpo e entopem-se de suplementos e outras substancias para atingir o corpo perfeito. A gula e a ociosidade também ferem o espírito da lei. Para sermos mais excelentes devemos viver de toda palavra que sai da boca de Deus e ser sábios. 

FREQUENTAR AS REUNIÕES DA IGREJA. Algumas pessoas se acomodam assistindo apenas as reuniões no domingo de manhã. Mas o evangelho exige mais consagração. Precisamos frequentar todas as sessões da Conferência Geral que pudermos e ir nas reuniões e atividade de nosso quórum ou classe. Cumprimos nosso dever quando frequentamos o máximo possível o seminário e instituto. Para sermos mais excelentes precisamos participar ativamente dos assuntos do reino. Precisamos fazer sacrifícios e estar presente nas reuniões.

Eu poderia continuar a lista, mas prefiro evitar muitos detalhes. Não quero que ninguém pense que quando nos esforçamos para ser mais excelentes precisamos viver sobre regras muito estritas de comportamento. À medida que uma pessoa compreende os princípios da verdade eterna, nos quais os mandamentos se baseiam, uma disciplina divina frutifica naturalmente em seu caráter. Assim, quanto mais procurarmos conhecer os princípios, logo mais excelentes seremos em cumprir os mandamentos. Que possamos ser mais excelentes, pois Deus precisa de uma povo santo!

25 de mar. de 2014

Por que a passagem de Mateus 7:1–2, da Tradução de Joseph Smith, difere das passagens correspondentes do Novo Testamento e do Livro de Mórmon?

Um rapaz que não conheço pessoalmente, mas que é de minha fé, me questionou a respeito de uma aparente contradição de passagens escriturísticas. Ele disse que buscou a resposta, mas não a encontrou. Com a esperança de ajuda-lo escrevi esta postagem[1].


Entendendo a pergunta
Em Mateus 7:1-2, o Salvador, como parte de seu extraordinário Sermão da Montanha, ensinou que os homens não deviam julgar:
Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.

Semelhante ensinamento encontra-se em outros evangelhos (Lucas 6:37, João 7:24). Encontra-se, inclusive, no Livro de Mórmon, onde o Salvador ressurreto ensinou princípios muito parecidos com o que ensinou no Velho Mundo:
E então aconteceu que após ter dito estas palavras, Jesus de novo se voltou para a multidão e, tornando a abrir a boca, disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida com que medirdes vos hão de medir a vós. (3 Néfi 14:1-2)

Quando Joseph Smith traduziu algumas passagens da Bíblia[2], modificou Mateus 7:1-2, deixando o texto da seguinte maneira:
Ora, estas são as palavras que Jesus ensinou a seus discípulos para que dissessem ao povo.
Não julgueis injustamente, para que não sejais julgados; mas julgai com um julgamento justo.

Comparando as passagens temos:

Passagens
MATEUS 7:1-2
3 NÉFI 14:1-2
TJS MATEUS 7:1-2
Público
-
E então aconteceu que após ter dito estas palavras, Jesus de novo se voltou para a multidão e, tornando a abrir a boca, disse-lhes
Ora, estas são as palavras que Jesus ensinou a seus discípulos para que dissessem ao povo.
Mandamento
Não julgueis,
Em verdade, em verdade vos digo: Não julgueis,
Não julgueis injustamente,
Explicação do motivo pelo qual devemos guardar o mandamento
para que não sejais julgados.

para que não sejais julgados.
para que não sejais julgados;
Explicação mais detalhada sobre o motivo do mandamento (consequência de julgar).
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.

Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida com que medirdes vos hão de medir a vós.
-
Como devemos julgar
-
-
mas julgai com um julgamento justo.

Entendi que o questionador desejava não apenas uma explicação sobre o motivo pelo qual as passagens diferiam – mas especialmente se teria o Profeta Joseph Smith errado ao traduzir de forma diferenciada Mateus 7:1-2. Afinal, ele, Joseph Smith, é quem fizera a tradução do Livro de Mórmon, alguns anos antes de traduzir a Bíblia. Se o Livro de Mórmon contém uma tradução mais correta dos ensinamentos do Mestre – pois não foi submetido por dezenas de copistas e interpretes nos séculos de escuridão espiritual, como a Bíblia – não deveria conter o mesmo ensinamento original – o qual só teria sido restituído na Tradução de Joseph Smith da Bíblia? Em outra palavras: não deveria o texto de 3 Néfi 14:1-2 ser idêntico ou muito parecido com a Tradução de Joseph Smith de Mateus 7:1-2? Essa divergência não demonstra um equivoco – e talvez até uma falta de inspiração?

Claro que não!


Pressuposto
Há, todavia, um pressuposto (um conhecimento preliminar) necessário para que minha explicação seja adequada e faça pleno sentido. E este pressuposto é o testemunho (conhecimento espiritual) de que Joseph Smith foi um profeta de Deus.

Eu sei que Joseph Smith foi um profeta de Deus, pois pelos seus frutos o reconheci como tal (Mateus 7:15-20). E também sei que ele foi um profeta porque pelo poder e dom do Espírito Santo adquirir este conhecimento (Morôni 10:5). Convido a todos que não receberam esta certeza a perguntarem a Deus se Joseph não foi um profeta. A resposta seguramente vira ao que pedirem com fé, no devido tempo e no modo que Deus achar devido.

Os que estão relutantes, hesitantes, duvidosos e temerosos – precisam de um fortalecimento sobre o chamado divino do Profeta da Restauração – portanto, devem buscar ler e compreender quem foi este homem e depois orar a Deus. O próprio Senhor prestou testemunho de seu servo escolhido nesses últimos dias: “Portanto eu, o Senhor, conhecendo as calamidades que adviriam aos habitantes da Terra, chamei meu servo Joseph Smith Júnior e falei-lhe do céu e dei-lhe mandamentos” (D&C 1:17).


Resposta
Já que Joseph Smith foi um profeta, e sabemos que o Senhor o ordenou traduzir partes da Bíblia, não há como pensar que ele tenha se equivocado ao revisar Mateus 7:1-2. Então a pergunta é: qual o motivo de serem as passagens – do novo testamento, Livro de Mórmon e Tradução de Joseph Smith diferentes?

Primeiro vejamos se as passagens são contraditórias. Em sentido, não o são. De fato, são complementares. Usando apenas o Novo Testamento temos o ensinamento de “não julgar” (em Mateus 7:1-2) e o mandamento de “julgar segundo a reta justiça” (João 7:24). O primeiro mandamento refere-se a não julgar terminantemente – pois o juízo final pertence a Deus (Salmos 7:11, 88:2, João 5:22). O segundo, diz que devemos usar nosso arbítrio para escolher, avaliar, discernir, examinar, mensurar, classificar e determinar para nosso bem. “O Senhor não estava dizendo que nunca devemos julgar ninguém. Alguns oficiais da Igreja, como os bispos e presidentes de Estaca, são chamados para serem juízes em Israel, e deles se espera que julguem. Temos que julgar ao escolher amigos e pessoas com que nos associamos” (“Fazer a Vontade do Pai”, Manual do Aluno do Seminário, 1984, pg. 43).

O Élder Dallin H. Oaks disse: “Eu já fiquei intrigado ao ver que algumas escrituras nos ensinam a não julgar enquanto outras ensinam que devemos julgar e até nos dizem como fazê-lo. Ao estudar essas passagens, porém, concluí que essas orientações aparentemente contraditórias são bastante coerentes quando vistas de uma perspectiva eterna.
A chave é compreender que existem dois tipos de julgamentos: julgamentos finais, que nos são proibidos e julgamentos intermediários, que somos instruídos a fazer, mas de acordo com princípios justos. (…)
Primeiro, um julgamento justo precisa, por definição, ser intermediário (…)
Segundo, para fazermos um julgamento precisamos ser orientados pelo Espírito do Senhor e não levados pela raiva, desejo de vingança, inveja, ciúmes ou interesses pessoais. (…)
Terceiro para ser justo, qualquer julgamento intermediário que fizermos precisa ser quanto a algo dentro de nossa esfera de responsabilidade. (…)
Quarto, se possível, devemos abster-nos de julgar até que o nosso conhecimento dos fatos seja adequado” (“‘Judge Not’ and Judging”, Ensign, agosto de 1999, pp. 7, 9–10).

Segundo analisemos a diferença entre a passagem no Livro de Mórmon e a do Novo Testamento (conforme traduzido por Joseph Smith).

No novo Testamento, o Senhor está ensinado “seus discípulos” (conforme a Tradução de Joseph Smith de Mateus 7:1-2). Embora grande parte do Sermão tenha sido dirigido ao povo em geral,  sabemos que houve ocasiões em que Jesus se dirigiu especialmente para aqueles que se tornariam os líderes da Igreja. Assim a passagem de Mateus 7:1-2, conforme esclarecida por Joseph Smith, se aplica aos líderes da Igreja (pois a eles Cristo se dirigiu): eles deveriam julgar – mas com justiça. Outras passagens corroboram esta explicação. Por exemplo: Jesus disse que Pedro e os outros apóstolos O ajudariam a julgar a casa de Israel (Lucas 22:30). O Livro de Mórmon ensina que os Doze Apóstolos Nefitas julgarão o povo de Néfi – e estes serão julgados pelos Doze que Cristo escolheu em seu ministério mortal (1 Néfi 12:7-10). Aos doze nefitas o Senhor Ressurreto disse: “E sabei vós que sereis os juízes deste povo, de acordo com o julgamento que vos darei, que será justo (...)” (3 Néfi 27:27).
Esses líderes deveriam também ensinar essas palavras ao povo.
No Livro de Mórmon, ao contrário do que ocorreu no Velho Mundo, o Senhor, nesta parte de seu discurso, “se voltou para a multidão” (3 Néfi 14:1). Ele ensinou ao povo em geral diretamente que não deveriam fazer julgamentos.

Terceiro.  Há uma outra pequena diferença, entre as circunstancias exteriores das passagens.Mateus, como escritor, estava dirigindo suas palavras especialmente aos judeus[3]. Ele realçou profecias e ensinamentos que mais impactariam os judeus. Portanto, Mateus selecionou partes do Sermão da montanha e outros ensinamentos do Salvador que entendia serem mais pertinentes aos judeus. Mórmon também tinha um povo em mente: nós. E por isso registrou o que registrou.

Quarto. Na época que Joseph Smith traduziu o Livro de Mórmon, embora não tenha copiado o texto Bíblico, certamente achou nele inspiração, entendimento e compreensão – que facilitaram a tradução do Livro de Mórmon. A linguagem bíblia serviu de parâmetro para a escolha de termos e expressões linguísticas. Afinal, toda pessoa que traduz um texto faz mais do que meramente substituir uma palavra por outra, de novo idioma. Deve-se interpretar – e passar o verdadeiro sentido do texto original, ou o mais próximo disso. Para ser um eficiente interprete é preciso conhecer muito mais do que a língua em si. Embora Joseph contasse com a ajuda celeste – com mensageiros do céu, objetos especiais e o com o maravilhoso poder do Espírito Santo – certamente precisou dedicar-se o máximo na leitura do texto bíblico que tinha disponível – pois tal esforço mostraria a Deus, que ele, Joseph, estava disposto a receber mais (Mateus 25:29). Mesmo que ele não tivesse a bíblia teria conseguido realizar a tradução – pois para Deus “nada é impossível”. Mas a Bíblia certamente foi uma bênção na vida do Jovem Profeta.

Agora, o fato de ter a Bíblia na equação não desqualifica o milagre da tradução. Há muitas evidencias que atestam a divindade da obra[4]. Joseph não apenas lia o “egípcio reformado” das placas de ouro e escolhia uma palavra em inglês que a representasse. Ele tinha que fazer algo além de pedir a Deus compreensão. Devia, com relação ao texto a ser traduzido, “estudá-lo bem em tua mente; depois me deves perguntar se está certo [perguntar a Deus] e, se estiver certo, farei arder dentro de ti o teu peito; portanto sentirás que está certo.” (D&C 9:7-8). Sobre a tradução do Livro de Mórmon recomendo os seguintes textos: O Milagre da Tradução do Livro de Mórmon, Tradução e Publicação do Livro de Mórmon – que mostram que Joseph precisou se esforçar muito para traduzir o Livro de Mórmon – e que sua tradução representou um grande milagre.

O Senhor aprovou a milagrosa e tradução e disse que ele “contém a verdade e a palavra de Deus— que é minha palavra aos gentios; para que logo seja levado aos judeus, de quem os lamanitas são remanescentes, para que creiam no evangelho e não mais esperem que venha um Messias já vindo.” (D&C 19:26-27).

Além de traduzir Joseph precisou interpretar o que traduzira. Ele foi ficando mais e mais experiente nisso (prova disso é que ele deixou de usar a Pedra do Vidente e Urim e Tumim - que eram auxílios enviados pelos céus para ajudar o iletrado rapaz). Na época da tradução de Mateus 7, Joseph já tinha suficiente maturidade como interprete para explicar e dar um sentido mais evidente a certas passagens, para o leitor moderno.

Quinto. As palavras são menos importantes que a mensagem que elas visam transmitir. Ou seja, o espírito da lei é maior que a lei em si. Para fomentar ou realçar alguns ensinamentos o Senhor e seus profetas podem alterar as palavras de uma passagem de escritura. Um exemplo é Malaquias 4:5-6. Lá o Senhor diz que “converterá o coração dos pais aos filhos”. Em 3 Néfi 25:5-6 lemos que o poder de Elias “voltará o coração dos pais aos filhos”. E em Doutrina e Convênios 2:2-3 o Senhor utiliza a palavra plantar: “ele plantará no coração dos filhos as promessas feitas aos pais”. Há algum erro nessas passagem? Claro que não! Elas querem todas dizer a mesma coisa: mas cada uma transmite a mensagem através de um significante diverso.

Nossa linguagem mortal é imperfeita – e para se transmitir a verdade vez por outra é necessário, devido a uma situação concreta, usar sinônimos, figuras de linguagem e até paráfrases.

Sexto. Alguns estudiosos do Livro de Mórmon afirmam que tanto a versão inspirada de Joseph Smith de Mateus 7 quanto a tradução de 3 Néfi 14 querem dizer a mesma coisa (mesma finalidade). Mas a tradução de Mateus 7 seria mais clara para nós, povo dos últimos dias, porque a forma de colocação das palavras transmitiria o significado da passagem de maneira mais óbvia; enquanto o relato de 3 Néfi seria uma tradução mais literal do original (do Hebraico) [5].


Breves considerações sobre as Tradução de Joseph Smith da Bíblia
“O Senhor inspirou o Profeta a restituir ao texto bíblico as verdades que haviam sido perdidas ou alteradas desde que o original fora escrito. Essas verdades restauradas esclareceram doutrinas e melhoraram a compreensão das escrituras. (...) Por ter o Senhor revelado a Joseph algumas verdades que os autores haviam registrado, a Tradução de Joseph Smith é diferente de qualquer tradução da Bíblia. Nesse sentido, a palavra tradução é usada em um sentido mais amplo e de forma diferente da habitual, posto que a tradução de Joseph foi mais revelação que uma tradução literal de um idioma para outro.” (Introdução aos Trechos Selecionados da Tradução de Joseph Smith).

“Tradução ou revisão da versão da Bíblia em inglês, conhecida como a Versão do rei Jaime, que o Profeta começou a fazer em junho de 1830. O Senhor ordenou a Joseph que fizesse a tradução, e este a considerava como parte de seu chamado como profeta.
Embora em julho de 1833 Joseph tivesse completado a maior parte da tradução, ele continuou a fazer modificações enquanto preparava um manuscrito para publicação, até sua morte em 1844. Embora ele tenha publicado algumas partes da tradução enquanto vivia, provavelmente teria feito outras modificações se tivesse vivido para publicar toda a obra. A Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias publicou em 1867 a primeira edição da versão inspirada de Joseph Smith, da qual, desde aquela época, publicaram diversas edições.
O Profeta aprendeu muitas coisas no processo da tradução. Algumas seções de Doutrina e Convênios foram recebidas em virtude de seu trabalho na tradução (como as seções 76, 77, 91 e 132). Além disso, o Senhor deu a Joseph instruções específicas para a tradução, que foram registradas em Doutrina e Convênios (D&C 37:1; 45:60–61; 76:15–18; 90:13; 91; 94:10; 104:58; 124:89). O Livro de Moisés e Joseph Smith—Mateus, hoje incluídos na Pérola de Grande Valor, foram extraídos diretamente da Tradução de Joseph Smith.
A Tradução de Joseph Smith restaurou algumas coisas claras e preciosas que foram perdidas da Bíblia (1 Né. 13). Embora ela não seja a Bíblia oficial da Igreja, essa tradução fornece muitos esclarecimentos interessantes e é um recurso valioso para entendermos a Bíblia. Ela é também um testemunho do divino chamado e do ministério do Profeta Joseph Smith.” (“Tradução de Joseph Smith (TJS)”, Guia Para Estudo das Escrituras)

“O Livro de Mórmon nos proporcionou iluminação sem par com referência a muitos assuntos do evangelho, mas dá poucos detalhes a respeito de outros temas, tais como a existência pré-mortal, os graus de glória, casamento celestial, Sião, a lei de consagração e a organização dos quóruns do sacerdócio. Muitas dessas doutrinas foram reveladas ao Profeta à medida que ele traduzia a Bíblia. Vê-se que um dos propósitos da Tradução de Joseph Smith (TJS) era ade servir como “professor” de Joseph Smith, pois quando o Senhor ordenou que ele começasse a fazer a tradução do Novo Testamento, disse: “E agora, eis que vos digo que nada mais vos será dado saber concernente a este capítulo, até que o Novo Testamento seja traduzido; e nele todas estas coisas serão dadas a conhecer; portanto agora vos permito traduzi-lo, para que estejais preparados para as coisas que hão de vir” (D&C 45:60-61).
Não será difícil entendermos a contribuição doutrinária da TJS, se virmos às revelações de Joseph Smith em ordem cronológica. Os primeiros exemplares do Livro de Mórmon se tornaram disponíveis durante a semana de 26 de março de 1830. Dentro de poucos dias, no dia 6 de abril, a Igreja foi organizada. Poucas semanas depois, em junho de 1830, constatamos a primeira revelação concernente à TJS. Nós a conhecemos como o livro de Moisés, capítulo 1, da Pérola de Grande Valor. Ao compararmos a cronologia da Nova Tradução com a de Doutrina e Convênios, notamos que alguns conceitos foram apresentados à mente do Profeta durante a tradução da Bíblia na qual foram, de fato, primeiramente registrados. Mais tarde alguns destes assuntos foram elaborados e elucidados por revelações subsequentes que hoje aparecem nas seções de Doutrina e Convênios. Poderíamos adquirir um entendimento mais completo, mais rico e mais claro da forma que a doutrina se desdobrava se colocássemos as passagens reveladas do Novo Testamento na sua devida ordem cronológica entre as seções correspondentes de Doutrina e Convênios. Por exemplo, Moisés 1 da TJS ficaria logo antes da seção 25; Moisés 2-5 apareceria um pouco antes da seção 29; Moisés 6 logo antes da seção 35 e Moisés 7 apareceria antes da seção 37. Antes de termos acesso aos manuscritos originais da TJS, esta comparação era impossível de ser feita, pois desconhecíamos as datas em que as revelações foram registradas nos manuscritos. A análise dos originais transforma nossa perspectiva.
As credenciais que concediam ao Profeta Joseph Smith a autorização de traduzir a Bíblia era o fato de ele ter sido chamado pelo Senhor para fazê-lo. Sua situação assemelha-se a de Néfi a quem o Senhor ordenou que construísse um navio. Néfi se sentia confiante que “se Deus me tivesse ordenado que fizesse todas as coisas, poderia fazê-las” (1 Néfi 17:50). Até 1830, quando Joseph Smith iniciou a tradução da Bíblia, ele já era um tradutor experiente devido a sua tradução do Livro de Mórmon. Ele disse que ele e Oliver Cowdery receberam ajuda específica do Espírito Santo para que as escrituras lhes fossem “abertas ao nosso entendimento e o verdadeiro significado e intenção de suas passagens mais misteriosas revelaram-se a nós de uma forma que jamais havíamos conseguido antes e que sequer imaginávamos” (Joseph Smith—História 1:74). Tal ajuda ultrapassaria até a maior habilidade linguística de tradução.
(...)
Será a Tradução de Joseph Smith simplesmente um comentário de Joseph Smith acerca da Bíblia, ou será ela uma restauração de materiais perdidos? Posto que o papel da TJS é o de fonte primária da doutrina dos Santos dos Últimos Dias, conforme revelada por ordem do Senhor, parece haver fortes motivos para argumentar que a TJS se trata da restauração do significado e conteúdo doutrinário que se perdeu da Bíblia. Quando Sidney Rigdon foi chamado para servir de escrivão para Joseph Smith no trabalho de tradução, o Senhor lhe disse: “Tu [escreverás] por ele; e as escrituras serão dadas tal qual se acham em meu próprio seio, para salvação de meus eleitos ” (D&C 35:20) Subentende-se que a Bíblia, da forma em que se encontrava naquela época, não estava no “próprio seio” de Deus. A Bíblia é o testemunho de Judá acerca de Deus e de Jesus Cristo. Não bastavam o Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e a Pérola de Grande Valor para restaurar as verdades doutrinais perdidas. Para fazer jus aos profetas bíblicos tornou-se preciso restaurar a própria Bíblia a seu poder original de testemunha de Jesus Cristo e seu evangelho. A Bíblia tinha de ser corrigida e a Tradução de Joseph Smith faz uma contribuição poderosa à restauração de suas verdades.” (“A Nova Tradução e a Doutrina dos Santos dos Últimos Dias”, Religious Studies Center).

Resposta objetiva e conclusão
Por que a passagem de Mateus 7:1–2, da Tradução de Joseph Smith, difere das passagens correspondentes do Novo Testamento e do Livro de Mórmon?

Mateus 7:1-2 da Tradução de Joseph Smith difere de Mateus 7:1-2 do Novo Testamento porque o verdadeiro significado da passagem acabou sendo deturpado nos anos de escuridão espiritual, após a morte dos apóstolos de Cristo no Meridiano dos Tempos. Joseph restaurou o significado verdadeiro. Ele deixou mais clara a passagem.

Mateus 7:1-2 do Novo Testamento não difere de 3 Néfi 14:1-2 - se não no contexto, porque o Senhor ensinou sobre o tema de “julgamento” a grupos diversos. No Novo testamento o Senhor se dirigiu aos líderes (conforme fica claro na TJS), no Livro de Mórmon ele se voltou à multidão – falando a todo o povo em geral, indistintamente. Se houve algum ensinamento diferente foi apenas um outro aspecto do mesmo tema.

As passagens traduzidas de Joseph Smith (TJS Mateus 7:1-2 e 3 Néfi 14:1-2) não necessitam ser idênticas – tratando-se de ensinamentos dirigidos a povos com circunstancias peculiares. Todavia, eles podem estar dizendo a mesma coisa - ainda que com palavras diferentes.

Os ensinamentos da Bíblia, TJS e Livro de Mórmon não são contraditórios – mas complementares. Soma-se para nosso beneficio e instrução.

Finalmente, o Senhor - através de seus profetas - pode alterar ou modificar algumas palavras ou frases para que o receptor da mensagem compreenda mais plenamente o que Ele quer dizer. Assim, as palavras não são tão importantes quanto o que querem dizer – o instrumento não é tão relevante quanto à mensagem.

O Senhor disse: “Por que murmurais por receberdes mais palavras minhas? (...) Portanto digo as mesmas palavras, tanto a uma nação como a outra. (...). E isto eu faço para provar a muitos que sou o mesmo ontem, hoje e para sempre; e que pronuncio minhas palavras segundo minha própria vontade.” Depois Ele afirmou enfaticamente “E porque eu disse uma palavra não deveis supor que não possa dizer outras; pois meu trabalho ainda não está terminado nem estará até o fim do homem nem desde aí para sempre.” (2 Néfi 29:8-9)

Devemos, pelo que foi dito, ser gratos por tanta luz e restauração concedida em nossos dias. E caso haja perguntas ou necessidade de mais explicação sempre podemos recorrer ao Pai misericordioso que dá luz ao entendimento, através de seu santo Espírito.







[2] “De acordo com o Livro de Mórmon, no início a Bíblia continha a plenitude do evangelho de forma doutrinária muito clara. Mas logo após os tempos dos profetas do Velho Testamento, bem como depois da era do Novo Testamento, houve mudanças na Bíblia até tal ponto que já não continha a palavra revelada na sua plenitude e clareza originais (1 Néfi 13:24-29). O problema que enfrentamos hoje em dia não consiste na falta de poder traduzir línguas antigas, e sim na falta de manuscritos originais, ou pelo menos documentos completos e adequados. A grande perda de verdades do evangelho que resultou da retirada de “coisas claras e preciosas” da Bíblia (1 Néfi 13:28) coincidiu com a apostasia universal, de forma que há séculos que no mundo não se veem nem uma Bíblia adequada nem uma igreja que ensine a plenitude do evangelho. Uma parte fundamental e inicial da restauração da Igreja do Senhor à terra foi o fato do Profeta Joseph Smith ter recebido o mandamento de fazer uma tradução revelada da Bíblia, uma que visasse restaurar textos perdidos bem como ensinamentos perdidos e contribuísse à base doutrinária de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.” (“A Nova Tradução e a Doutrina dos Santos dos Últimos Dias”, Religious Studies Center).
[3] “Se as profecias do Velho Testamento e os acontecimentos da vida de Jesus Cristo forem comparados a dois elos de correntes diferentes, o testemunho de Mateus pode ser considerado um elo que une os outros dois elos. Mateus citou o Velho Testamento mais do que qualquer outro autor do Novo Testamento. Os primeiros versículos de Mateus mostram o nascimento de Jesus como uma continuação da história do Velho Testamento. Em sua leitura, você descobrirá que Mateus está sempre salientando que Jesus cumpriu as promessas e profecias do Velho Testamento (...)
Além de mostrar como Jesus cumpriu as profecias do Velho Testamento a respeito do Messias, Mateus ensinou como Jesus Cristo deu uma lei maior que a de Moisés, que era praticada pelos judeus do Velho Testamento. (Ver Mateus 5–7; em particular tome nota de Mateus 5:21–22, 27–28, 31–32, 38–42.)
Mateus também apresentou mais relatos do que Marcos, Lucas ou João sobre como os líderes dos judeus rejeitaram Jesus, a despeito dos muitos testemunhos de que Ele era seu Messias. Esse empenho em salientar que Jesus era o cumprimento da lei e profecia do Velho Testamento parece indicar que Mateus tinha um público judeu em mente ao escrever e que desejava que eles soubessem que Jesus era seu Messias.” (Manual do Aluno do Seminário – Curso do Novo Testamento, pg. 9)
[4]      Uma das evidências mais significativas encontra-se nas palavras de Isaías, mencionadas no Livro de Mórmon. Isaías falando sobre os últimos dias, especificamente sobre o Grande Dia do Senhor disse: "Pois o Senhor dos exércitos tem um dia contra todo soberbo e altivo, e contra todo o que se exalta, para que seja abatido; contra todos os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos de Basã;  contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros elevados; contra toda torre alta, e contra todo muro fortificado; e contra todos os navios de Társis, e contra toda a nau vistosa" (Isaías 2:12-16). Nessa passagem Isaías esta indicando a destruição dos orgulhosos quando o Senhor retornar.
Néfi, Jacó e o Salvador repetiram grande partes das palavras de Isaías no Livro de Mórmon. Néfi considerava as palavras de Isaías claras e valiosas para serem aplicadas a vida, ele sabia que elas conduziam ao Salvador (1 Néfi 19:18, 23-24, 2 Néfi 25:1-4). Como ele só escreveu nas placas o que considerava sagrado (1 Néfi 6:4-6, 9; 19:6), citou o profeta Isaías e comentou as passagens para que seu povo e nós entendêssemos. Algo, porém, aconteceu indiretamente. O livro de Isaías que Néfi possuía era muito mais impoluto que o nosso, porque não havia passado por várias traduções, por centenas de anos, durante uma Grande Apostasia. Portanto, embora o livro de Isaías da Bíblia seja semelhante as palavras registradas no Livro de Mórmon, há diferenças. E uma dessas diferenças se torna uma poderosa evidencia para a autenticidade do Livro de Mórmon e da Tradução do Livro de Mórmon. Sidney B. Sperry, estudioso do evangelho, disse:
"Em 2 Néfi 12:16 (Isaías 2:16), o Livro de Mórmon apresenta uma redação muito interessante. Começa com uma frase de [sete] palavras não existentes na versão hebraica. Como a Antiga Versão Septuaginta (Grega) concorda com a frase a mais do Livro de Mórmon, comparemos as redações - Livro de mórmon (LM) e Versão Septuaginta (VS) - como se segue:

LM. E todos os navios do mar,
VS. E todo navio do mar
LM. E todos os navios de Társis
VS. E contra todos os navios de Társis
LM. todos os cenários agradáveis
VS. E todos os cenários agradáveis
VS. E todo espetáculo de belos navios
(...)
"O Livro de Mórmon sugere que o texto original deste versículo continha três frases, começando com as mesmas palavras  "E todos". Por um acidente bastante comum, o texto original em hebraico perdeu a primeira frase que, no entanto, foi preservada pela Septuaginta. Esta perdeu a segunda frase e aparentemente corrompeu a terceira. O Livro de Mórmon preservou a três frases. Os eruditos poderiam alegar que Joseph Smith tirou a primeira da Septuaginta. Mas o profeta não sabia grego, nem há evidência alguma de que tenha tido acesso a uma cópia dela, quando traduziu o Livro de Mórmon, em 1829" (The Voice of Israel´s Prophets, pp. 90-91).

[5] "In summary, both are correct: the wording in the Inspired Version is (in a sense) an explanation of the Hebrew idiom which clarifies the mean' for us. The wording in the Book of Mormon is the Hebrew idiom itself. We take comfort in the words: "I Nephi ... make a record in the language of my father, which consists of the learning of the Jews and the language Egyptians." (I Nephi 1:1)" Leia mais: http://www.restoredcovenant.org/Document.asp?CAT=Hebrew+Nature&DOC=Lead+Us+Not+Into+Temptation%3A+A+Hebrew+Idiom

22 de mar. de 2014

Negar o Espírito Santo

O Espírito Santo é o terceiro membro da Trindade. Ele é um Deus. Possui um papel vital: que é o de testificar sobre o Pai e o Filho (I Coríntios 12:3; 3 Néfi 28:11; Éter 12:41). Quando o Espírito Santo presta testemunho, o faz de maneira tão pungente e marcante que não pode ser posto em dúvida. O Presidente Joseph Fielding Smith ensinou:

“Falando ao espírito do homem, o Espírito de Deus tem o poder de comunicar-lhe a verdade com muito mais eficiência e de forma a ser muito mais bem compreendida do que se ela fosse comunicada por contato pessoal até mesmo com seres celestiais. Por meio do Espírito Santo, a verdade é incutida nas próprias fibras e nos nervos do corpo, de maneira a não ser esquecida.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Fielding Smith, pg. 193)

Tal conhecimento – revelado por um Deus – se recusado poderá ter como consequência um pecado imperdoável.

O Senhor Jesus Cristo ensinou: “Portanto, eu vos digo: Todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens[1]. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro.” (Mateus 12:31-32)

Aqueles que ouviram este ensinamento provavelmente não o entenderam completamente (assim como muitos hoje, que leem essas palavras, não o entendem). Os escribas e fariseus que acusavam Jesus de expulsar demônios pelo poder do Diabo atentavam, na ocasião da passagem acima, contra o Criador e Redentor do mundo – mas não contra o Espírito Santo. Portanto, poderiam ser perdoados. Não obstante, se blasfemassem contra o Espírito santo não seriam perdoados “nem neste século nem no futuro”.

Alma, ao explicar a seu filho rebelde sobre as terríveis consequências de se quebrar a lei da Castidade, fornicando com uma prostituta, disse: “Não sabes, meu filho, que essas coisas são uma abominação à vista do Senhor? Sim, mais abomináveis que todos os pecados, salvo derramar sangue inocente ou negar o Espírito Santo? Pois eis que, se negares o Espírito Santo, uma vez que tenha estado em ti, e tiveres consciência de que o negas, eis que isto é um pecado imperdoável; sim, e todo aquele que assassinar contra a luz e o conhecimento de Deus não obterá facilmente o perdão; sim, meu filho, afirmo-te que não lhe será fácil obter perdão.” (Alma 39:5-6)

Pedro também falou sobre aqueles que cometem o pecado imperdoável: “Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a escuridão das trevas eternamente se reserva. Porque, falando coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo. Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” (2 Pedro 2:17-22)

Em Doutrina e Convênios o Senhor deu um entendimento ampliado sobre o que significa negar o Espírito Santo: “A blasfêmia contra o Espírito Santo, que não será perdoada no mundo nem fora do mundo, é cometer assassinato derramando sangue inocente e consentir em minha morte[2] depois de terdes recebido meu novo e eterno convênio, diz o Senhor Deus; e aquele que não guarda esta lei, de modo algum poderá entrar para a minha glória, mas será condenado, diz o Senhor.” (D&C 132:27)

Tendo essas escrituras em mente aprendemos o seguinte:

- Uma pessoa só é capaz de negar o Espírito Santo, se, como Alma ensinou, (1) ter recebido anteriormente o Espírito Santo e, depois, (2) conscientemente o negar. Alma usou propositalmente a palavra “consciência” – frisando que uma pessoa precisa ter um grau  elevado de conhecimento e discernimento espiritual.

- (1) Receber o Espírito Santo significa, como Pedro ensinou, escapar das corrupções do mundo, pelo poder da Expiação. Em outras palavras significa vencer o mundo por meio do “novo e terno convênio” do evangelho. Assim, nas passagens que tratam do pecado imperdoável, o sentido de “receber o Espírito Santo” extrapola o significado de participar da ordenança de confirmação, após o batismo com água. Também é muito mais do que sentir ou desfrutar dos dons do Espírito, ou receber um testemunho do evangelho. Receber o Espírito Santo é receber a plenitude do testemunho do Espírito por ter sido fiel no cumprimento dos mandamentos – é conhecer os mistérios de Deus, inclusive o “mistério da divindade” (D&C 93:27, Alma 12:10, D&C 19:10. D&C 76:94). Significa vencer pela fé e ser selados pelo Santo Espírito da promessa que o Pai derrama sobre todos os que são justos e fiéis. É adentrar na Igreja do Primogênito (D&C 76:53-54). Essa pessoa, que recebe a palavra mais segura e profecia (D&C 131:5) – ou recebe o “chamado e eleição” – é santificada. Entretanto, como o Livro de Mandamentos adverte, “existe também a possibilidade de que um homem caia da graça e aparte-se do Deus vivo” (D&C 20:32).

- (2) Negar o Espírito sem dúvida engloba o pecado (em sentido estrito) de blasfemar. Todavia, a mera maledicência – ainda que extremamente ofensiva – não constitui o pecado imperdoável. Pedro ensinou que aqueles que negam o Espírito são servos da corrupção, servos do diabo. Eles deliberadamente se desviaram do santo mandamento de Deus. Entre seus atos iníquos encontram-se a linguagem mentirosa, vaidosa e enganadora – que, com sutileza e cuidado, leva muitos inocentes a cair. Assim verificamos que as pessoas que cometem este pecado. O Salvador, em revelação moderna, ampliou o entendimento do que significa negar o Espírito, pois disse que significa “cometer assassinato derramando sangue inocente e consentir em minha morte depois de terdes recebido meu novo e eterno convênio[3].”. Em outra revelação é dito que “todos os que conhecem o meu poder e dele foram feitos participantes; e que se deixaram vencer pelo poder do diabo e negaram a verdade e desafiaram o meu poder—Estes são os filhos de perdição, de quem eu digo que melhor lhes fora nunca terem nascido; Pois são vasos de ira, condenados a sofrer a ira de Deus com o diabo e seus anjos na eternidade; Sobre os quais eu disse que não há perdão neste mundo nem no mundo vindouro—Tendo negado o Santo Espírito, depois de havê-lo recebido, e tendo negado o Filho Unigênito do Pai; tendo-o crucificado dentro de si e tendo-o envergonhado abertamente.” (D&C 76:31-35). Como consequência de tal pecado eles “irão para o lago de fogo e enxofre com o diabo e seus anjos—[e serão] os únicos sobre quem a segunda morte terá qualquer poder; Sim, em verdade, os únicos que não serão redimidos no devido tempo do Senhor depois de terem sofrido a sua ira.” (D&C 76:36-38).

A seguinte citação do Élder Bruce R. McConkie resume bem o que foi explicado acima:

"O cometimento do pecado imperdoável consiste em crucificar em si mesmo o Filho de Deus e envergonhá-lo abertamente. (Hebreus 6:4-8; D&C 76:34-35) Para cometer um crime imperdoável, o homem precisa receber o evangelho, adquirir, por revelação do Espírito Santo, o conhecimento absoluto da divindade de Cristo, e então negar 'o novo e eterno convênio mediante o qual foi santificado, chamando-o (o convênio) de coisa ímpia e ofendendo o Espírito da graça'. Portanto, comete assassínio, consentindo na morte do Senhor, isto é, tendo conhecimento perfeito da verdade, rebela-se abertamente e coloca-se em posição na qual crucificaria Cristo, sabendo perfeitamente que era Filho de Deus. Cristo é, assim, crucificado e envergonhado abertamente. (D&C 132:27.) (Mormon Doctrine, pg. 816-817.)


Negar o Espírito Santo

Requisitos
1º Receber o Espírito Santo
Significa receber um testemunho pungente do Terceiro membro da Trindade e tornar-se um eleito de Deus. Quer dizer ser santificado ou receber a palavra mais segura de profecia, após ter guardado os mandamentos.

2º Negar o Espírito Santo conscientemente
Significa crucificar o Salvador em seu coração e recusar sua Palavra após recebê-la em sua plenitude (derramando sangue inocente) e envergonhar Cristo abertamente, induzindo (inclusive por meio de palavras falsas) a si mesmo e outros a pecar e afastar-se de Deus.
Consequências
- Raiva, tristeza, maldade e infelicidade – são os sentimentos que sobejam no coração dos filhos da perdição.
- Morte Espiritual (que significa ser afastado de Deus e da salvação para toda eternidade). Trata-se de um estado de infelicidade e terror perpétuo.
Quem cometeu este pecado?
Lúcifer e um terço das hostes dos céus; Caim, e outros que negaram conscientemente o Filho, após terem-no recebido pelo poder e dom do Espírito Santo.
Teria Judas Iscariotes negado o Espírito Santo?
Judas, Serém, Corior, Davi – são personagens que pecaram gravemente – mas que não há uma declaração explicita do Senhor sobre sua condição espiritual. Profetas dos últimos dias afirmaram que Judas, por exemplo, não teria cometido o pecado imperdoável, pois não havia recebido a plenitude do Espírito Santo na ocasião (“Doutrina do Evangelho” – Joseph F. Smith). Davi, caiu de sua exaltação, mas herdará sua porção – em um reino de glória (D&C 132:39). Deve-se ter cuidado de julgar esses personagens porque não se conhece todas as circunstancias que os envolviam – e o julgamento final pertence somente a Deus
Blasfemar contra o Espírito Santo é negá-lo?
Embora várias passagens das escrituras usem a palavra “blasfêmia” ao referirem-se ao pecado imperdoável, “negar o Espírito Santo” exige mais do que desrespeitar verbalmente Deus e sua obra. As palavras são sementes para atos perversos – e as molas da iniquidade, todavia, blasfemar contra o Espírito Santo é uma expressão genérica que indica agir em desacordo com os ensinamentos do Espírito – depois de tê-los recebido da maneira mais clara e sagrada possível.





[1] Deve-se esclarecer que o Senhor é plenamente capaz, devido a seu sacrífico eterno – chamado Expiação – de perdoar todos os homens – e liberta-los de todo tipo de pecado. Todavia, os que “negam o Espírito Santo” usam seu livre-arbítrio de modo a recusar a graça do Messias. Eles colocam-se propositalmente em um lugar em que a misericórdia não pode alcança-los. Assim como Lúcifer e um terço das hostes do céu, eles se tornam opositores de tudo que é bom, justo e verdadeiro. Tornam-se filhos da perdição. E não lhes resta mais sacrífico pelos pecados (Hebreus 10:26). Assim, o pecado imperdoável só é imperdoável porque o pecador escolhe conscientemente que não irá se arrepender, e não porque a Expiação seja ineficaz. Os que pecam para morte tornam-se “vasos de ira” – e tão profundo é seu ódio para com a retidão, que lhes é impossível voltar atrás, confessar-se a Deus e mudar. Eles podem até sentir pesar, ranger os dentes e sofrer pelos seus erros – como certamente acontecerá com todos os filhos da Perdição, mais cedo ou mais tarde – mas tal angustia profunda passa longe de ser a “tristeza segundo Deus que opera o arrependimento”.
[2] As escrituras às vezes usam a frase "derramar sangue inocente" com referência à atitude daqueles que se encontram nesta condição. O Presidente Joseph Fielding Smith explicou que o ato de derramar sangue inocente não se restringe a tirar a vida de pessoas inocentes, mas também inclui tentar destruir a palavra de Deus e envergonhar a Cristo abertamente. Os que conhecem a verdade, depois combatem os servos autorizados de Jesus Cristo, estão lutando contra o Senhor, e assim são culpados do seu sangue. "Derramar sangue inocente, conforme ensinam as escrituras, significa consentir na morte de Jesus Cristo e envergonhá-lo abertamente." (Smith, Answers to Cospel Questions, voI. I, pg. 68.)
[3] O Élder Charles W. Penrose afirmou o seguinte, acerca do grau em que tal pessoa se toma cheia do espírito de Satanás: "Os que o seguiram (a Satanás) e assim se tomaram cheios de seu espírito, que é o espírito de destruição, em oposição ao espírito que produz vida, passam a pertencer ao diabo. O espírito do assassínio entra em seus corações, e eles estão dispostos a tirar a vida do próprio Filho de Deus, se por acaso ele surgisse vivo em seu caminho." (Conference Report, outubro de 1911, pg. 51)