O Espírito Santo é o terceiro membro da Trindade. Ele é um
Deus. Possui um papel vital: que é o de testificar sobre o Pai e o Filho (I Coríntios
12:3; 3 Néfi 28:11; Éter 12:41). Quando o Espírito Santo presta testemunho, o
faz de maneira tão pungente e marcante que não pode ser posto em dúvida. O
Presidente Joseph Fielding Smith ensinou:
“Falando ao espírito do homem, o Espírito de Deus tem o
poder de comunicar-lhe a verdade com muito mais eficiência e de forma a ser
muito mais bem compreendida do que se ela fosse comunicada por contato pessoal
até mesmo com seres celestiais. Por meio do Espírito Santo, a verdade é
incutida nas próprias fibras e nos nervos do corpo, de maneira a não ser
esquecida.” (Ensinamentos dos Presidentes
da Igreja: Joseph Fielding Smith, pg. 193)
Tal conhecimento – revelado por um Deus – se recusado poderá
ter como consequência um pecado imperdoável.
O Senhor Jesus Cristo ensinou: “Portanto, eu vos digo: Todo
o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito
não será perdoada aos homens[1].
E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á
perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado,
nem neste século nem no futuro.” (Mateus 12:31-32)
Aqueles que ouviram este ensinamento provavelmente não o
entenderam completamente (assim como muitos hoje, que leem essas palavras, não
o entendem). Os escribas e fariseus que acusavam Jesus de expulsar demônios pelo
poder do Diabo atentavam, na ocasião da passagem acima, contra o Criador e
Redentor do mundo – mas não contra o Espírito Santo. Portanto, poderiam ser
perdoados. Não obstante, se blasfemassem contra o Espírito santo não seriam
perdoados “nem neste século nem no futuro”.
Alma, ao explicar a seu filho rebelde sobre as terríveis consequências
de se quebrar a lei da Castidade, fornicando com uma prostituta, disse: “Não
sabes, meu filho, que essas coisas são uma abominação à vista do Senhor? Sim,
mais abomináveis que todos os pecados, salvo derramar sangue inocente ou negar
o Espírito Santo? Pois eis que, se negares o Espírito Santo, uma vez que tenha
estado em ti, e tiveres consciência de que o negas, eis que isto é um pecado imperdoável;
sim, e todo aquele que assassinar contra a luz e o conhecimento de Deus não
obterá facilmente o perdão; sim, meu filho, afirmo-te que não lhe será fácil
obter perdão.” (Alma 39:5-6)
Pedro também falou sobre aqueles que cometem o pecado imperdoável:
“Estes são fontes sem água, nuvens levadas pela força do vento, para os quais a
escuridão das trevas eternamente se reserva. Porque, falando coisas mui
arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne, e com
dissoluções, aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro, prometendo-lhes
liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é
vencido, do tal faz-se também servo. Porquanto se, depois de terem escapado das
corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem
outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior do
que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o caminho da justiça, do
que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado. Deste
modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao
seu próprio vômito, e a porca lavada ao espojadouro de lama.” (2 Pedro 2:17-22)
Em Doutrina e Convênios o Senhor deu um entendimento
ampliado sobre o que significa negar o Espírito Santo: “A blasfêmia contra o
Espírito Santo, que não será perdoada no mundo nem fora do mundo, é cometer
assassinato derramando sangue inocente e consentir em minha morte[2]
depois de terdes recebido meu novo e eterno convênio, diz o Senhor Deus; e
aquele que não guarda esta lei, de modo algum poderá entrar para a minha
glória, mas será condenado, diz o Senhor.” (D&C 132:27)
Tendo essas escrituras em mente aprendemos o seguinte:
- Uma pessoa só é capaz
de negar o Espírito Santo, se, como Alma ensinou, (1) ter recebido
anteriormente o Espírito Santo e, depois, (2) conscientemente o negar. Alma usou propositalmente a palavra “consciência”
– frisando que uma pessoa precisa ter um grau elevado de conhecimento e discernimento
espiritual.
- (1) Receber o Espírito
Santo significa, como Pedro ensinou, escapar das corrupções do mundo, pelo
poder da Expiação. Em outras palavras significa vencer o mundo por meio do “novo
e terno convênio” do evangelho. Assim, nas passagens que tratam do pecado imperdoável,
o sentido de “receber o Espírito Santo” extrapola o significado de participar
da ordenança de confirmação, após o batismo com água. Também é muito mais do
que sentir ou desfrutar dos dons do Espírito, ou receber um testemunho do
evangelho. Receber o Espírito Santo é receber a plenitude do testemunho do
Espírito por ter sido fiel no cumprimento dos mandamentos – é conhecer os
mistérios de Deus, inclusive o “mistério da divindade” (D&C 93:27, Alma
12:10, D&C 19:10. D&C 76:94). Significa vencer pela fé e ser selados
pelo Santo Espírito da promessa que o Pai derrama sobre todos os que são justos
e fiéis. É adentrar na Igreja do Primogênito (D&C 76:53-54). Essa pessoa,
que recebe a palavra mais segura e profecia (D&C 131:5) – ou recebe o “chamado
e eleição” – é santificada. Entretanto, como o Livro de Mandamentos adverte, “existe
também a possibilidade de que um homem caia da graça e aparte-se do Deus vivo”
(D&C 20:32).
- (2) Negar o
Espírito sem dúvida engloba o pecado (em sentido estrito) de blasfemar. Todavia,
a mera maledicência – ainda que extremamente ofensiva – não constitui o pecado imperdoável.
Pedro ensinou que aqueles que negam o Espírito são servos da corrupção, servos do
diabo. Eles deliberadamente se desviaram do santo mandamento de Deus. Entre
seus atos iníquos encontram-se a linguagem mentirosa, vaidosa e enganadora –
que, com sutileza e cuidado, leva muitos inocentes a cair. Assim verificamos
que as pessoas que cometem este pecado. O Salvador, em revelação moderna,
ampliou o entendimento do que significa negar o Espírito, pois disse que
significa “cometer assassinato derramando sangue inocente e consentir em minha
morte depois de terdes recebido meu novo e eterno convênio[3].”.
Em outra revelação é dito que “todos os que conhecem o meu poder e dele foram
feitos participantes; e que se deixaram vencer pelo poder do diabo e negaram a
verdade e desafiaram o meu poder—Estes são os filhos de perdição, de quem eu
digo que melhor lhes fora nunca terem nascido; Pois são vasos de ira,
condenados a sofrer a ira de Deus com o diabo e seus anjos na eternidade; Sobre
os quais eu disse que não há perdão neste mundo nem no mundo vindouro—Tendo negado
o Santo Espírito, depois de havê-lo recebido, e tendo negado o Filho Unigênito
do Pai; tendo-o crucificado dentro de si e tendo-o envergonhado abertamente.”
(D&C 76:31-35). Como consequência de tal pecado eles “irão para o lago de
fogo e enxofre com o diabo e seus anjos—[e serão] os únicos sobre quem a
segunda morte terá qualquer poder; Sim, em verdade, os únicos que não serão
redimidos no devido tempo do Senhor depois de terem sofrido a sua ira.”
(D&C 76:36-38).
A seguinte citação do Élder Bruce R. McConkie resume bem o
que foi explicado acima:
"O cometimento do pecado imperdoável consiste em crucificar
em si mesmo o Filho de Deus e envergonhá-lo abertamente. (Hebreus 6:4-8;
D&C 76:34-35) Para cometer um crime imperdoável, o homem precisa receber o
evangelho, adquirir, por revelação do Espírito Santo, o conhecimento absoluto
da divindade de Cristo, e então negar 'o novo e eterno convênio mediante o qual
foi santificado, chamando-o (o convênio) de coisa ímpia e ofendendo o Espírito
da graça'. Portanto, comete assassínio, consentindo na morte do Senhor, isto é,
tendo conhecimento perfeito da verdade, rebela-se abertamente e coloca-se em
posição na qual crucificaria Cristo, sabendo perfeitamente que era Filho de
Deus. Cristo é, assim, crucificado e envergonhado abertamente. (D&C
132:27.) (Mormon Doctrine, pg.
816-817.)
Negar o Espírito Santo
|
||
Requisitos
|
1º Receber o Espírito Santo
|
Significa receber um testemunho pungente do Terceiro membro da
Trindade e tornar-se um eleito de Deus. Quer dizer ser santificado ou receber
a palavra mais segura de profecia, após ter guardado os mandamentos.
|
2º Negar o Espírito Santo conscientemente
|
Significa crucificar o Salvador em seu coração e recusar sua Palavra após
recebê-la em sua plenitude (derramando sangue inocente) e envergonhar Cristo
abertamente, induzindo (inclusive por meio de palavras falsas) a si mesmo e
outros a pecar e afastar-se de Deus.
|
|
Consequências
|
- Raiva, tristeza, maldade e infelicidade – são os sentimentos que sobejam
no coração dos filhos da perdição.
- Morte Espiritual (que significa ser afastado de Deus e da salvação
para toda eternidade). Trata-se de um estado de infelicidade e terror perpétuo.
|
|
Quem cometeu este pecado?
|
Lúcifer e um terço das hostes dos céus; Caim, e outros que negaram conscientemente
o Filho, após terem-no recebido pelo poder e dom do Espírito Santo.
|
|
Teria Judas Iscariotes negado o Espírito Santo?
|
Judas, Serém, Corior, Davi – são personagens que pecaram gravemente –
mas que não há uma declaração explicita do Senhor sobre sua condição
espiritual. Profetas dos últimos dias afirmaram que Judas, por exemplo, não
teria cometido o pecado imperdoável, pois não havia recebido a plenitude do
Espírito Santo na ocasião (“Doutrina do Evangelho” – Joseph F. Smith). Davi,
caiu de sua exaltação, mas herdará sua porção – em um reino de glória
(D&C 132:39). Deve-se ter cuidado de julgar esses personagens porque não
se conhece todas as circunstancias que os envolviam – e o julgamento final
pertence somente a Deus
|
|
Blasfemar contra o Espírito Santo é negá-lo?
|
Embora várias passagens das escrituras usem a palavra “blasfêmia” ao
referirem-se ao pecado imperdoável, “negar o Espírito Santo” exige mais do
que desrespeitar verbalmente Deus e sua obra. As palavras são sementes para
atos perversos – e as molas da iniquidade, todavia, blasfemar contra o Espírito Santo
é uma expressão genérica que indica agir em desacordo com os ensinamentos do
Espírito – depois de tê-los recebido da maneira mais clara e sagrada possível.
|
[1] Deve-se
esclarecer que o Senhor é plenamente capaz, devido a seu sacrífico eterno –
chamado Expiação – de perdoar todos os homens – e liberta-los de todo tipo de pecado. Todavia, os que “negam
o Espírito Santo” usam seu livre-arbítrio de modo a recusar a graça do Messias.
Eles colocam-se propositalmente em um lugar em que a misericórdia não pode
alcança-los. Assim como Lúcifer e um terço das hostes do céu, eles se tornam
opositores de tudo que é bom, justo e verdadeiro. Tornam-se filhos da perdição.
E não lhes resta mais sacrífico pelos pecados (Hebreus 10:26). Assim, o pecado imperdoável
só é imperdoável porque o pecador escolhe
conscientemente que não irá se arrepender, e não porque a Expiação seja
ineficaz. Os que pecam para morte tornam-se “vasos de ira” – e tão profundo é
seu ódio para com a retidão, que lhes é impossível voltar atrás, confessar-se a
Deus e mudar. Eles podem até sentir pesar, ranger os dentes e sofrer pelos seus
erros – como certamente acontecerá com todos os filhos da Perdição, mais cedo
ou mais tarde – mas tal angustia profunda passa longe de ser a “tristeza segundo
Deus que opera o arrependimento”.
[2] As
escrituras às vezes usam a frase "derramar sangue inocente" com
referência à atitude daqueles que se encontram nesta condição. O Presidente
Joseph Fielding Smith explicou que o ato de derramar sangue inocente não se
restringe a tirar a vida de pessoas inocentes, mas também inclui tentar
destruir a palavra de Deus e envergonhar a Cristo abertamente. Os que conhecem
a verdade, depois combatem os servos autorizados de Jesus Cristo, estão lutando
contra o Senhor, e assim são culpados do seu sangue. "Derramar sangue
inocente, conforme ensinam as escrituras, significa consentir na morte de Jesus
Cristo e envergonhá-lo abertamente." (Smith, Answers to Cospel Questions, voI. I, pg. 68.)
[3] O Élder
Charles W. Penrose afirmou o seguinte, acerca do grau em que tal pessoa se toma
cheia do espírito de Satanás: "Os que o seguiram (a Satanás) e assim se
tomaram cheios de seu espírito, que é o espírito de destruição, em oposição ao
espírito que produz vida, passam a pertencer ao diabo. O espírito do assassínio
entra em seus corações, e eles estão dispostos a tirar a vida do próprio Filho
de Deus, se por acaso ele surgisse vivo em seu caminho." (Conference Report, outubro de 1911, pg.
51)
Um comentário:
O que Alma ensinou a seu filho está claríssimo. Como tu mesmo citaste, "tenha estado em ti", e não "o tenhas recebido". Uma pessoa que recebe um testemunho real do Espírito Santo é bem capaz de identificar que esse é o Espírito Santo. É simples assim, a pessoa sabe que veio dele o testemunho e o nego, isso é pecado imperdoável. Não está claro nas escrituras? Ou é preciso ser um apóstolo ou profeta para saber quando o Espírito Santo nos dá um testemunho?
Postar um comentário