20 de out. de 2010

Como Rei Noé e seu povo quebram os Dez Mandamentos

Quando Abinádi foi preso e levado perante os iníquos sacerdotes e o pervertido rei Noé, não pode ser impedido de transmitir sua mensagem de advertência. Entre seus ensinamentos encontramos os dez mandamentos dados a Moisés. Abinádi os citou porque, como ele mesmo explicou, eles não estavam escritos nos corações daqueles que professavam serem os líderes do povo nefita da Terra da Primeira Herança e que na maior parte do tempo, esses homens iníquos estudavam e ensinavam iniqüidade (Mosias 13:11).


O primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas (Mosias 12:34-37). Segundo Abinádi os sacerdotes e o rei não faziam isso, nem ensinam que deviam amar a Deus acima de todas as outras coisas. Seus pecados contra os outros nove mandamentos comprovavam que amavam mais as trevas que a luz, mais ao diabo que a Deus.

O segundo mandamento é não ter ídolos. Mas os sacerdotes e o rei amavam o dinheiro, a polpa, o poder, a glória do mundo – ídolos dos mais abomináveis. De fato, eles se julgavam fortes (Mosias 12:15). E esse seu orgulho gerava idolatria. Quando eles fecharam os olhos para a adoração ao verdadeiro Deus no mesmo tempo inclinaram-se para o demônio.

Não somos informados, pelo registro que ora dispomos, que o povo do rei Noé construiu imagens, bezerros de ouro, bosques ou algo do tipo, como os antigos israelitas. Todavia percebemos que o povo se tornou idolatra pelo engano dos sacerdotes e rei, na ocasião em que as grandes obras arquitetônicas ergueram-se semelhante a uma torre de Babel, fazendo com que o deus deles fosse o ouro, a prata, os momentos, edifícios, torres e poderio militar (Mosias 11:7-13).

Não tomar o nome do Senhor em vão é o terceiro mandamento (Mosias 2:15). Noé, seus sacerdotes e a maior parte do povo haviam sido batizados e tomado sobre si o nome de Cristo – afinal Zênife fora um homem justo que consagrara sacerdotes e estabelecera uma igreja entre seu povo (Mosias 9; 11:5). Mesmo tendo feito convênios com o Senhor, Noé, seus sacerdotes e o povo pisavam no santíssimo e não eram dignos de ser chamados pelo nome do Senhor. Seus convênios eram vãos e de nada valiam sem a retidão. Na realidade acrescentavam maldição aquele que, a principio, havia sido um povo favorecido por Deus.

O quarto mandamento é santificar o dia do Senhor. Os sacerdotes de Noé muito se assemelham aos fariseus da época do Senhor Jesus Cristo. Eles eram hipócritas. Diziam conhecer e viver a lei, mas seu coração estava longe de Deus. A acusação lhes é pertinente por analogia: “Ai de vós (...) hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.” (Mateus 23:23). É provável que os sacerdotes de Noé conhecessem muito bem a doutrina do sábado, ensinassem sobre o sábado, pregassem sobre o sábado e até viviam de um modo a parecer que estavam cumprindo esse mandamento, mas para Deus suas obras eram mortas. Eles não adoravam no sábado. Sobre esse mandamento viviam a letra da lei, sem viver o espírito da lei (II Coríntios 3:6).

Nem Noé, nem os sacerdotes, nem o povo em geral estava honrando pai e mãe. Porque seus pais haviam sido justos, mas eles eram iníquos. Zênife fora um profeta, Noé era um pervertido. Por causa que não cumpriram este mandamento, Deus não prolongou seus dias na Terra durante a mortalidade (Mosias 19) e nem os prolongará na imortalidade, pois essa Terra será o lar dos que viverão no Reino Celestial. Somente os que cumprirem todos os mandamentos viverão no Reino Celestial – pois esses honraram seu Pai Celestial.

O mandamento de não matar era descumprido por Noé, seus sacerdotes o povo. Tanto que mataram um profeta do Senhor (Mosias 17:13) e regozijavam-se em assassinar os lamanitas (Mosias 11:19). Observe o triste comentário de Lími sobre seu iníquo pai, Noé, os sacerdotes e o povo: “Porque, se este povo não houvesse caído em transgressão, o Senhor não teria permitido que este grande mal lhes sobreviesse. Eis, porém, que não quiseram dar ouvidos a suas palavras; mas surgiram contendas entre eles, a ponto de derramarem sangue uns dos outros.E eles mataram um profeta do Senhor; sim, um homem escolhido de Deus, que lhes havia falado de suas iniqüidades e abominações e profetizado muitas coisas que hão de acontecer, sim, até mesmo a vinda de Cristo. (...) E então, por [ele ter pregado sobre Cristo], mataram-no; e muitas outras coisas fizeram que atraíram sobre si a ira de Deus. Portanto, quem se admira de que estejam em cativeiro e que sofram aflições?” (Mosias 7:25-26, 28)

O mandamento de não cometer adultério abrange muito mais que trair o conjugue. A lei da castidade inclui pensamentos dignos, vestuário recatado, palavras puras e ações santas. A virtude foi totalmente destruída por Noé e seus sacerdotes – que gastavam o tempo com as prostitutas (Mosias 11:14). O povo seguiu seus lideres cometendo devassidão e lascívia – imoralidades, fornicações e adultérios no mais alto grau (Mosias 12:29).

Não precisamos nem comentar sobre o furto. O povo regozijava-se em seus despojos de guerra (Mosias 11:18). E no seu orgulho certamente surgiram, numa seqüência lógica e triste, invejas, desigualdades, perseguições e roubos.

O falso testemunho, que é a desonestidade, enchia os ares. Vemos que ao levarem Abinádi perante o rei Noé testemunhas aumentaram consideravelmente as acusações do profeta para agravá-lo (compare Mosias 12:3 com Mosias 12:10-12). Certamente o trono mencionado em Mosias 11:7 era usado para promover a desonestidade, pois sempre entre as palavras lisonjeiras estão as mentiras, as meias-verdades e as escrituras mescladas com iniqüidade. O povo mentia a si mesmo ao cometerem pecado e dizerem que não eram culpados (Mosias 12:14).

Não cobiçarás – este mandamento também era quebrado pelo povo do rei Noé. Cheios de inveja e orgulho colocaram o coração em Babilônia. Por isso Abinádi os adverte e diz que eles seguiram “suas próprias vontades e desejos carnais; não [haviam] nunca procurado o Senhor enquanto os braços de misericórdia lhes estavam estendidos, porque os braços de misericórdia lhes foram estendidos e não os aceitaram; [haviam]sido admoestados de suas iniqüidades, ainda assim não quiseram afastar-se delas; e foi-lhes ordenado que se arrependessem e, contudo, não se arrependeram. E [por isso deviam] tremer e [arrependerem-se] de [seus] pecados e [lembrarem-se] de que somente em Cristo e por meio dele [poderiam] ser salvos”. (Mosias 16:12-13)

Poderíamos nós receber a mesma acusação que o rei Noé e seus sacerdotes receberam? Estamos nós cumprindo os dez mandamentos? Se estivermos amando ao próximo como a nós mesmos estamos cumprindo os seis últimos mandamentos. Se estivermos amando a Deus de todo o coração estamos cumprindo os quatro primeiros mandamentos (e em conseqüência os seis outros também – Mosias 2:17). Estes dez mandamentos são validos hoje na mesma proporção que eram válidos para os israelitas em Êxodo 20, para os judeus da época de Cristo em Mateus 22, para os nefitas em Mosias 13 e para os santos pioneiros em Doutrina e Convênios 42 e 59. Que possamos cumpri-los.

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