Alma,
falando a seu filho Helamã, que estava recebendo o sagrado dever de preservar
os registros sagrados, disse:
"E
agora te falarei sobre aquelas vinte e quatro placas, para que as guardes a fim
de que os mistérios e as obras das trevas e suas obras secretas, ou seja, as
obras secretas daquele povo que foi destruído [os jareditas], sejam dados a
conhecer a este povo; sim, que todos os seus homicídios, roubos e pilhagens e
todas as suas maldades e abominações sejam dados a conhecer a este povo; sim, e
que conserves estes intérpretes. Pois eis que o Senhor viu que o seu povo
começou a trabalhar nas trevas, sim, a cometer secretamente assassinatos e
abominações secretas; disse portanto o Senhor que, caso eles não se
arrependessem, seriam varridos da face da Terra. E disse o Senhor: Prepararei
para meu servo Gazelém uma pedra que brilhará na escuridão como luz, para
mostrar ao meu povo que me serve, para mostrar a eles as obras de seus irmãos;
sim, suas obras secretas, suas obras de trevas e suas iniquidades e abominações"
(Alma 37:21-23).
O
Manual de Aluno do Seminário do Livro de
Mórmon explica o termo Gazelém da seguinte maneira: "Aparentemente o
nome dado a um vidente desconhecido" (pg. 125).
Esse
nome não é hebraico, nem egípcio - parece originar-se da linguagem usada pelos
jareditas (que não foram confundidos na época da torre de Babel) - que era a
linguagem de adamita - ou seja, a língua que Adão falava. Essa hipótese é
reforçada porque a passagem que é citado Gazelém começa com "E disse o
Senhor".
Fato é que Gazelém é uma pessoa, não é uma pedra, como alguns poucos tentam interpretar. A escritura diz, em todas as traduções que tive acesso: "prepararei para meu SERVO Gazelém uma pedra" e não "prepararei para meu servo uma pedra, Gazelém".
O
Élder Bruce R. McConkie, um dos maiores teólogos da Igreja, explicou que nomes
incomuns foram dados a alguns dos primeiros santos citados nas revelações, para
protegê-los de seus inimigos[1]. O nome do Profeta era substituído
pelo nome Enoque ou Gazelém. Quando o perigo de perseguição findou, os nomes
verdadeiros foram revelados. O cabeçalho atual da Seção 78 de Doutrina e Convênios,
uma das passagens onde o nome Gazelém aparecia[2], explica: " Nem
sempre convinha que a identidade dos indivíduos a quem o Senhor se dirigia nas
revelações fosse conhecida pelo mundo; por isso, nesta e em algumas revelações
subseqüentes, os irmãos foram chamados por nomes que não eram os seus. Quando a
necessidade de manter em segredo os nomes dessas pessoas havia passado, seus
nomes verdadeiros passaram a ser mencionados entre colchetes. Uma vez que já
não há necessidade de usar os nomes codificados, apenas os nomes verdadeiros
são agora usados, como nos manuscritos originais."
O
Élder McConkie também disse que provavelmente havia uma razão de Joseph Smith
usar o nome Enoque ou Gazelém, mas isto não nos esta revelado.
Por
fim, o Élder McConkie conclui dizendo que talvez Alma estivesse se referindo ao
Profeta Joseph Smith, que traria à luz uma parte do registro Jaredita, através
do relato de Morôni (trata-se do livro de Éter). Ele também diz pode referir-se
a um título para aqueles que tem o poder de traduzir registros antigos e
sagrados[3].
Que
Joseph Smith pode ser apropriadamente identificado como o servo do Senhor, que
nunca época de trevas e combinações secretas receberia uma pedra que brilharia
na escuridão como luz, para mostrar ao povo que serve a Deus as obras de seus
irmãos - isso ninguém duvida. Joseph Smith usou a Pedra do Vivente e também o
Urim e Tumim para traduzir o Livro de Mórmon - pedras que literalmente (especialmente
a primeira citada) brilhavam na escuridão.
Todavia,
filio-me com grande propriedade, a segunda hipótese do Élder McConkie, elevando
o termo "Gazelém" a título genérico e não nome próprio e individual.
Penso que Gazelém deve ser entendido tal como entendemos os termos "Elias"
e "Élder" - que identificam vários personagens que recebem responsabilidades
semelhantes (GEE "Elias"). Sabemos que muitas coisas ainda hão de ser
reveladas (Regras de Fé #9). Haverá necessidade de um outro vidente (ou outros), um novo Gazelém, que traduzirá
coisas que o Profeta Joseph não pode traduzir na época que viveu entre nós,
devido a iniquidade dos homens de sua época.
A
ideia que Gazelém é um título geral encaixa-se muito bem com o contexto de Alma
37, pois Alma vê que Deus cumpre suas profecias, com relação aos registros
sagrados, não em uma ocasião ímpar e particular - mas em vários momentos da
História Humana. Muitos milhares de lamanitas haviam sido restituídos por causa
dos registros sagrados, mas Deus ainda manifestaria "seu poder a futuras
gerações" (Alma 37:18-19).
Como
não temos uma revelação explicando mais sobre Gazelém não há posição oficial da
Igreja, nem consenso harmônico entre os estudiosos. Há apenas hipóteses que
devem ser tratadas como tal, até que o Senhor nos dê mais luz.
[1] "Strange
and unusual names were placed by the Prophet in some of the early revelations
so that the individuals whom the Lord was then addressing would not be known to
the world. The purpose for keeping these identities secret from their enemies
having long since passed, the true names are now found in the Doctrine and
Covenants. Two of the names which identified the Prophet himself were Gazelam
and Enoch. (D. & C. 78:9; 82:11; 104:26, 43, 45, 46.) Presumptively these
and other names used at the same time have particular meanings, which are not
now known to us." ("GAZELAM",
Mormon Doctrine, Pg.307)
[2] O nome que aparecia nas revelações de Doutrina e
Convênios era, na realidade, Gazelam
e não Gazelem (traduzido para o português
Gazelém), embora seja pacifico o
entendimento que os nomes são variantes de idêntico significado.
[3] "With
reference to the name Gazelam, it is interesting to note that Alma in directing
Helaman to preserve both the Urim and Thummim and the plates containing the
Book of Ether, says that such record will be brought to light by the Lord's
servant Gazelem, who will use "a stone" in his translation work.
(Alma 37:21-23.) It may be that Gazelem is a variant spelling of Gazelam and
that Alma's reference is to the Prophet Joseph Smith who did in fact bring
forth part at least of the Ether record. Or it could be that the name Gazelem
(Gazelam) is a title having to do with power to translate ancient records and
that Alma's reference was to some Nephite prophet who brought the Book of Ether
to light in the golden era of Nephite history." ("GAZELAM", Mormon Doctrine, Pg.307)
Um comentário:
Bruno: Muito bom!!! Muito esclarecedor, parabéns.
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