21 de jun. de 2012

A Igreja SUD é uma empresa que busca o lucro?



                Ouvi recentemente a crítica (claro, de um ex-membro) de que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não é uma Igreja, é antes uma empresa que busca, acima de tudo, do lucro. Se isso for verdadeiro, então a Igreja usa a religiosidade como fachada para que uns poucos aproveitem-se dos dízimos e ofertas de muitos enganados.
                Irei responder brevemente essa acusação injuriosa.
                Primeiro gostaria de dizer que essa acusação não é nova. Contra o Reino de Deus na Terra e os líderes da Igreja já se levantaram homens e mulheres que eram ferrenhos opositores à Igreja verdadeira. Eles chamavam os membros da Igreja de loucos, dizendo que estavam presos a uma "louca e vã esperança" e que se conservavam submissos a seus mestres e sacerdotes para que estes se saciassem com o fruto de seus trabalhos. Os membros da Igreja só se mantinham assim - dóceis e dependentes - por estarem presos a uma falsa tradição, a qual chamavam "profecias". Essa prisão mental acometia as pessoas por que os líderes da Igreja subjugavam-nas com seus "sonhos", "seus caprichos", "suas visões" e vários ritos de adoração. Essa alienação era necessária, evidentemente, para que o povo não levantasse a sua cabeça, exercendo seus direitos e privilégios, em franca rebeldia e para que os sacerdotes e mestres ficassem ricos e populares (Alma 30:13-16, 24, 27-28).
                É verdade que a acusação desses opositores tem fundamento contra muitas igrejas - mas não contra a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Peço que as seguintes considerações sejam analisadas antes de que um julgamento condenatório seja expedido:
1-      Na Igreja não há clero remunerado. Isso significa que o bispo não recebe um centavo por ser bispo. Assim como o professor da escola dominical, do seminário, a líder das moças e da primária. Todos são voluntários que foram chamados por Deus e espontânea e livremente aceitaram a responsabilidade. O Élder Daniel L. Johnson disse: "Uma das práticas características de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é a de termos pastores leigos. Não temos clero remunerado nas alas, ramos, estacas e distritos da Igreja, mas são os próprios membros que ministram uns aos outros. Todo membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem o chamado de ser um pastor em Israel. Os membros servem como pastores em bispados e presidências de ramo, como líderes do sacerdócio e auxiliares, como secretários e todo tipo de professores, inclusive mestres familiares e professoras visitantes, e em inúmeros outros cargos" ("Eu? Um Pastor em Israel?", A Liahona, Outubro de 2009, pg. 30). Até mesmo os missionários de tempo-integral são voluntários. Eles partem em missão para ficarem dois anos fora de casa, interrompendo seus estudos, carreira, planos, namoro, envolvimento com esportes, músicas, arte e qualquer interesse - para se dedicar exclusivamente ao proselitismo e serviço ao próximo - e eles mesmos financiam suas missões[1]!
As Autoridades Gerais da Igreja (Apóstolos, Setentas do Primeiro e Segundo Quorum) e os Presidentes de Missão se dedicam de tempo integral também (como os missionários). Apesar de terem suas profissões e carreiras quando são chamados interrompem suas demais ocupações para se consagrarem unicamente ao serviço de Deus. Eles recebem uma mesada para suas despesas e necessidades, bem como uma apartamento ou casa simples em que devem se manter pelo tempo em que forem chamados a lá permanecer. Alguns também recebem um carro para cumprirem seus ofícios. A mesada não é um salário, se parece, na verdade, mais como uma bolsa-auxílio. Essa mesada vária de acordo com o país e região - além das circunstâncias cronológicas - sendo impossível precisar um quantum de imediato para expor aqui. Há conselhos e comitês que determinam o destino do dinheiro e sua distribuição para que as mesadas sejam entregues e sejam apropriadas para cobrir as necessidades mais essenciais.
Muitos dos líderes Gerais da Igreja alcançaram grande sucesso profissional e realmente adquiriram grandes fortunas com o trabalho de suas próprias mãos. Eles "prosperaram na Terra" assim como Abraão, José, os antigos Israelitas e os nefitas. Eles não aceitam servir por causa de uma parca mesada em dinheiro. Seu motivo é nobre e santo - sabem que estarão a serviço de Deus e do próximo.
                Corior, um anticristo, acusou os líderes da Igreja de seu tempo de buscarem o lucro.   Alma, que era o profeta, lhes respondeu: "Tu sabes que não nos saciamos com o       trabalho deste povo; porque eis que tenho trabalhado desde o começo do governo dos              juízes até agora com minhas próprias mãos para o meu sustento, apesar de minhas                 inúmeras viagens por toda a terra, a fim de pregar a palavra de Deus a meu povo. E     não obstante os muitos trabalhos que fiz na igreja, nunca recebi um senine[2] que fosse                por meu trabalho; nem tampouco qualquer de meus irmãos, a não ser na cadeira de                juiz; e então recebemos apenas o estipulado por lei pelo nosso tempo. E agora, se                 nada recebemos pelos nossos trabalhos na igreja, que proveito temos em trabalhar na             igreja, a não ser divulgar a verdade, a fim de nos regozijarmos com a alegria de nossos                irmãos? Por que dizes tu, então, que pregamos a este povo para obter lucro, quando             tu próprio sabes que nada recebemos?" (Alma 30:32-35). De fato, "havia um severo            mandamento" na Igreja antigo (e estou certo de que há na Igreja moderna) de que    "houvesse igualdade entre todos os homens" e para que os membros da Igreja "não        permitissem que o orgulho e a vaidade perturbassem-lhes a paz; que todo homem      amasse o próximo como a si mesmo e trabalhasse com as próprias mãos para o seu          sustento. Sim, e que todos os seus sacerdotes e mestres trabalhassem com as próprias            mãos para prover o seu sustento em todas as circunstâncias, a não ser em caso de             doença ou de grande necessidade; e, assim fazendo, receberam a graça de Deus    copiosamente" (Mosias 27:3-4). O Senhor disse quanto a isso "Mas o trabalhador de                 Sião trabalhará por Sião; porque se trabalhar por dinheiro, perecerá" (2 Néfi 26:31).

2-      Na Igreja os dízimos e ofertas são bem administrados. Todo membro é incentivado a cumprir os mandamentos de Deus. E um desses mandamentos é o dízimo, que significa pagar 10% de toda a renda anual à Igreja (Malaquias 3:8-10; GEE "Dízimo"). Há também ofertas, como a oferta de Jejum - que visa auxiliar os pobres e necessitados. A doação dessas ofertas - e o pagamento do dízimo - é feito de maneira discreta. Não há recolhimentos durante as reuniões.
Esse dinheiro - do dízimo e das ofertas - é sagrado. Há estritas regras para seu recolhimento e depósito (por exemplo: os membros devem pagar os dízimos e ofertas preenchendo três papeletas, sendo que uma fica com eles; os membros do bispado fazem o "fechamento" dos valores e o depositam no mesmo dia - sendo sempre acompanhados por testemunha, etc.). Se um líder envolver-se em alguma conduta ou prática errônea quanto aos dízimos e ofertas será imediatamente excomungado. Repito: o dinheiro é considerado sagrado. Há um comitê, formado pelo Bispado Presidente e pela Primeira Presidência que determina o que é feito com o dinheiro. A construção de Templos, a impressão de escrituras, a construção de capelas, a criação e  manutenção de programas da Igreja são algumas das destinações mais pungentes. O trabalho de ajuda humanitária que a Igreja realiza é sem precedentes. O auxílio não existiriam sem que a Igreja tivesse recursos.
O irmão Mauro Loureiro, que é membro da Igreja, em seu blog escreveu: "O sistema de ajuda da Igreja funciona.  Além de vultosa ajuda humanitária, a Igreja mantém um sistema de apoio às famílias que é único.  O bispo organiza a ajuda, atendendo às necessidades das famílias individualmente.  É comum que em cada uma das mais de 5000 unidades da Igreja só no Brasil (mais de 28000 no mundo) sejam ajudadas uma ou mais família todos os meses.  Seja em forma de alimentos, ajuda para o aluguel, medicamentos e outras necessidades, o Bispo tem autonomia para ajudar e isso acontece regularmente.  Além disso, há programas como o Fundo Perpétuo de Educação que financia universidades, centros de recursos para empregos equipados e altamente profissionais, serviços de apoio psicológico e aconselhamento familiar.  Cada membro jejua mensalmente deixando de comer 2 refeições, e doa esse valor para ajuda aos pobres.  Levando em conta os milhões de membros ativos no mundo, esses valores chegam aos milhões e são destinados exclusivamente aos necessitados.
Nenhum dinheiro é coletado publicamente.  As doações são feitas de forma individual e sigilosa.  Também não se cobra pela realização de cerimônias e boa parte do material distribuído é gratuito, sendo o restante vendido sem lucro ou subsidiado.  O preço atual da assinatura de um ano da revista da Igreja (que não possui publicidade) é de 5 reais.
A Igreja não tem pastores pagos, todos os líderes são voluntários e contribuem normalmente como qualquer outro membro.
Desde  sua fundação, a Igreja nunca teve um escândalo financeiro ou moral envolvendo sua liderança.
A organização interna da Igreja é impecável.  Os padrões de ordem e limpeza, a qualidade gráfica e editorial dos materiais, os conjuntos de relatórios, sistemas de computador, são compatíveis com os usados nas melhores empresas do mundo, ou melhores.
Todo dinheiro da Igreja sofre processos constantes de auditoria, e a sede da Igreja anualmente abre as contas para um comitê independente de auditoria com acesso a todas as contas.  O Presidente do Comitê presta contas publicamente aos membros[3].  Desvios e malversação acontecem de maneira localizada e são muito raros.
Mesmo em comunidades pobres, é comum vermos capelas excelentes, incompatíveis com a renda daquela população.  Isso acontece porque os recursos da Igreja são alocados segundo as necessidades e não conforme à arrecadação local.  A Igreja não tem dívidas, e seus recursos são administrados com muita sabedoria.
A liderança da Igreja vive de forma modesta em termos de padrões americanos.  Os poucos que dedicam seu tempo integral para a Igreja recebem alimentação e alojamento, mas não uma remuneração milionária.  O próprio Presidente da Igreja vive num apartamento confortável, mas modesto." (sublinhei; veja o artigo completo em http://mauroloureiro.wordpress.com/2012/02/13/mormons-sao-um-culto/)

3-      O Senhor ordenou que a Igreja se mantivesse independente. De fato em Doutrina e Convênios lemos: "Que pela minha providência, não obstante as tribulações que sobre vós cairão, a igreja permaneça independente, acima de todas as outras criaturas abaixo do mundo celeste" (D&C 78:14). Os primeiros lideres da Igreja encararam isso como um mandamento de se manterem livres das dívidas e capazes de se auto-sustentar. Realmente é um mandamento e é valido para Igreja e seus membros hoje. Não obstante, devido as grandes perseguições, a Igreja contraiu várias dívidas. Além disso, no começo do século XX, os Estados Unidos, agindo contra sua própria constituição, confiscou várias propriedades da Igreja[4]. Esse é um dos episódios mais tristes e sombrios da História da Igreja. Pouco a pouco, porém, com as bênçãos de Deus, o deserto floresceu como uma rosa e os santos prosperaram na Terra.
Hoje a Igreja é financeiramente independente - no sentido que não tem dívidas e pode arcar com seus programas e compromissos.

4-      A Igreja é registrada, no Brasil, como uma Associação. No Brasil a Igreja é uma associação e como tal não pode ter finalidade lucrativa. A Igreja, para cumprir as exigências legais no Brasil, possui um estatuto, registro e mantém seus dados em perfeita ordem. Assumir a forma de associação não apenas garante maior segurança jurídica para o Estado, mas protege de maneira muito mais ampla os membros de uma entidade religiosa contra exploração de seus líderes. Que eu saiba apenas uma outra organização religiosa esta arrojadamente e legalmente constituída como associação no Brasil (a saber: a igreja Adventista do Sétimo Dia).

5-      Quanto aos funcionários da Igreja. Alguns questionam-se com relação aos funcionários da Igreja. Quanto aos líderes gerais (não os locais) sabemos que recebem uma mesada tão somente para suas necessidades mais básicas - mas e quanto aos professores do sistema educacional da Igreja, funcionários administrativos da sede da Igreja, instrutores do Centro de Treinamento Missionário e outros? Não sã oeles assalariados? Sim! Essas pessoas realmente recebem um salário. Elas são empregados da Igreja. Não possuem um chamado eclesiástico, mas uma função profissional. Devido as exigências de uma organização mundial a Igreja precisa de funcionários. E esse funcionários precisam de salário para viver. "O trabalhador é digno de seu salário" (Mateus 10:10, I Timóteo 5:18). Sobre os professores de religião e instrutores do CTM ganham salário e tem como principal atividade ensinar o evangelho, o irmão Paul V. Johnson, que é administrador do SEI, disse:
"Pela definição de Néfi, vemos que se estabelecer como uma luz parece estar no cerne do problema das artimanhas sacerdotais. Os motivos de alguém se estabelecer como uma luz incluem obter lucro e louvor. Vamos analisar um pouco mais profundamente essas áreas. Há poucas semanas, conversei com um homem que tinha um irmão que ensinou no SEI por alguns anos e depois deixou o emprego. Ele não conseguia reconciliar em sua mente o fato de estar ensinando o evangelho por dinheiro. Aquele homem perguntou como eu consegui reconciliar isso em minha mente. Essa é uma boa pergunta. Como reconciliamos isso? A maioria de nós provavelmente já pensou nisso, talvez antes de sermos contratados e suspeito que muitas vezes depois disso. O Élder Spencer W. Kimball, quando era membro do Quórum dos Doze Apóstolos, deu a melhor explicação que já ouvi sobre o assunto: “Quero que nossos jovens nunca sejam ensinados por mercenários. Se algum de vocês estiver ensinando neste programa simplesmente para ter um emprego, quase que exclusivamente pelo salário, então espero que sejam designados para uma das outras áreas. Mas se seu salário não for seu principal interesse, mas sua maior e mais importante obsessão seja nossos filhos e seu crescimento e desenvolvimento, espero que ensinem em Nova York, Michigan, Wisconsin e Utah, onde estão meus filhos amados” (“What I Hope You Will Teach My Grandchildren and All Others of the Youth of Zion”, discurso para educadores religiosos, Universidade Brigham Young, 11 de julho de 1966, p. 8). Esse é o grande ponto-chave para nós. Onde está nosso coração? Se estiver voltado ao bem-estar de Sião e seus jovens, creio que estamos nos saindo bem. O desejo de obter lucro pode se manifestar em nossos deveres regulares e em nosso salário. Também pode manifestar-se em interesses paralelos relacionados como publicação de livros ou cursos de educação continuada. Pergunto: Uma pessoa pode receber salário no SEI e não estar envolvido em artimanhas sacerdotais? Sem dúvida que sim. Uma pessoa pode publicar livros, ser remunerada por cursos de educação continuada ou tirar proveito de outras oportunidades sem estar envolvida em artimanhas sacerdotais? Sim, pode. É uma questão de coração. Qual é a motivação? O que o Presidente Kimball disse é um ponto-chave nessa área. Quando nosso coração está voltado para o dinheiro, nossa visão fica anuviada e isso nos leva a más escolhas." (Conferência do SEI sobre Doutrina e Convênios e História da Igreja, 2002, 12 de agosto de 2002).

6-      Atividades Financeiras da Igreja. A Igreja tem ações na bolsa de valores, tem grandes fazendas, tem propriedades e diversos países, tem fabricas, tem parte de um shopping em Salt Lake City e outros investimentos. A Igreja é uma das maiores produtoras de gado nos Estados Unidos. Essas atividades financeiras servem para que a Igreja cumpra o mandamento de socorrer o próximo. A Igreja também é um exemplo para seus membros e para o mundo. A Igreja recebeu o mandamento de sair e surgir do deserto "brilhante como a lua e formosa como o sol e terrível como um exército com estandartes" (D&C 5:14). De fato, o destino dessa Igreja é tornar-se um Reino (Daniel 2:44-45). A Igreja deve estar preparada coletiva e individualmente. Essa preparação ajudou e ajuda as pessoas de todo o mundo. A Igreja estava presente para socorrer as vítimas do Tsunami da Indonésia, do Terremoto do Haiti, da Fome na Etiópia, etc. Centenas de cadeiras de rodas foram doadas em todo mundo, poços foram construídos, alimentos e roupas distribuídos...
As atividades financeiras da Igreja são melhor explicadas no site oficial da Igreja: http://www.lds.org/service/humanitarian?lang=por. Lá há vários dados e fatos interessantes. A página em inglês é mais completa: http://www.lds.org/service/humanitarian/church?lang=eng. Outro site interessante sobre Ajuda Humanitária: http://www.lds.org/church/news/archive/aux%C3%ADlio-humanit%C3%A1rio?lang=por e este: http://mormon.org/humanitarian-aid/Além desses sites há um excelente local, não patrocinado pela Igreja, que contém várias notícias sobre ajuda humanitária, bem-estar e programas Igreja - inclusive demonstrando onde a Igreja "coloca dinheiro". Recomendo fortemente o acesso: http://murilovisck.blogspot.com.br/
O Presidente Hinckley disse certa vez: " Assim como houve calamidades no passado, esperamos mais no futuro. O que devemos fazer? Alguém disse que não estava chovendo quando Noé construiu a arca. Mas ele a construiu, e as chuvas vieram. O Senhor disse: “Se estiverdes preparados, não temereis” (D&C 38:30). A principal preparação também está declarada em Doutrina e Convênios, onde lemos: “Portanto permanecei em lugares santos e não sejais movidos até que venha o dia do Senhor” (D&C 87:8). Cantamos este hino: Ao sentir tremer a terra, Dá-nos forças e valor. E chegando o julgamento, Ergue o braço protetor. (Jeová, Sê Nosso Guia, Hinos, no 40)
Devemos viver de modo a podermos invocar o Senhor pedindo Sua proteção e orientação. Essa é uma prioridade essencial. Não podemos esperar Sua ajuda se não estivermos dispostos a cumprir Seus mandamentos. Nós, membros desta Igreja,
temos prova suficiente do castigo da desobediência nos exemplos das nações jaredita e nefita. Cada uma delas foi da glória para a destruição por causa da iniquidade.
Sabemos, é claro, que a chuva cai tanto sobre justos quanto sobre injustos (ver Mateus 5:45). Mas mesmo que os justos morram, eles não estão perdidos, mas, sim, salvos pela Expiação do Redentor. Paulo escreveu aos romanos: “Porque, se vivemos, para o
Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos” (Romanos 14:8). Podemos dar ouvidos às advertências. Foi-nos dito que muito foi feito em relação à vulnerabilidade de Nova Orleans. Foi-nos dito pelos sismólogos que o Vale do Lago Salgado é uma zona de terremotos em potencial. Esse é o principal motivo porque estamos reformando amplamente o Tabernáculo da Praça do Templo. Aquele edifício histórico e notável precisa se tornar resistente a abalos sísmicos.
Construímos celeiros e armazéns, e neles estocamos necessidades vitais para o caso de calamidades. Mas o melhor armazém é o armazém da família. Nas palavras da revelação, o Senhor disse: “Organizai-vos; preparai todas as coisas necessárias” (D&C 109:8). Por três quartos de século nosso povo tem sido aconselhado e incentivado a fazer esses preparativos a fim de garantir a sobrevivência, caso haja uma calamidade.
Podemos reservar um pouco de água, alimentos básicos, medicamentos e roupas para manter-nos aquecidos. Devemos ter um pouco de dinheiro reservado para os dias difíceis. Mas o que eu estou dizendo não deve provocar uma corrida aos  supermercados ou coisa semelhante. Não estou dizendo nada que já não venha sendo declarado há muito tempo. Não devemos nos esquecer do sonho do faraó referente às vacas gordas e magras, as espigas cheias e as miúdas. José interpretou o significado desse sonho como indicativo de anos de fartura e anos de escassez (ver Gênesis 41:1–36).
Tenho fé, meus queridos irmãos, que o Senhor nos abençoará, cuidará de nós e nos ajudará, se formos obedientes à Sua luz, Seu evangelho e Seus mandamentos. Ele é nosso Pai e nosso Deus, e nós somos Seus filhos, e precisamos merecer em todos os aspectos o Seu amor e cuidado. Que façamos isso, é minha humilde oração, em nome de Jesus Cristo." ("Se estiverdes preparados não temereis", A Liahona, Novembro de 2005, pg. 62)

                A Igreja segue o modelo dado pelo Senhor - o mesmo de dispensações passadas. Ao ler o Pentateuco fica evidente que os levitas (que cuidavam das coisas espirituais) recebiam cidades, alimentos e até doações para que a obra prosseguisse. O mesmo padrão aconteceu na época do Salvador e entre os nefitas. A Igreja além de ter que pagar a luz que consome, precisa ser uma luz para o mundo.  No final, tudo pertence ao Senhor e Ele faz o que bem entender com aquilo que lhe pertence. Os membros da Igreja possuem fé neste princípio e é por isso que mantém-se firmes na barra de ferro.
                Quanto a pretensa manipulação cerebral dos líderes na Igreja sobre as pessoas - membros e não-membros já escrevi a respeito e não pretendo repetir as minhas considerações no momento. Mas tais podem ser acessadas aqui: http://lucasmormon.blogspot.com.br/2012/06/lavagem-cerebral.html
                Evidentemente meu texto não esta completo e certamente os que estão dispostos a criticar e a fomentar escândalos estarão a espreita para espalhar mentiras e maquiar a verdade. Creio cada dia mais nas palavras de Paulo: contra os frutos do Espírito não há lei (Gálatas 5:22-23). Realmente, contra o Espírito, que manifesta a verdade de todas as coisas, nenhum argumento, teoria, imperativo moral, decisão política e determinação legal ou judicial prospera. Às coisas de Deus precisam ser provadas pelo Espírito. Por isso eu convido os que estão hesitantes, temerosos ou duvidosos, a buscarem com sinceridade a certeza que Deus vive e que restauro Sua Igreja. E além disso que Ele, e ninguém mais, administra e governa sua Igreja.


[1] Alguns há que não tem dinheiro. Esses são auxiliados por um fundo missionário geral - mas tão logo retornam para casa, depois dos dois anos, procuram reaver o dinheiro que lhes foi doado.
[2] Uma das moedas dos nefitas (Alma 11:4-19)
[3] A Conferência Geral da Igreja - ocasião em que todos os membros da Igreja no mundo se reúnem é a ocasião dessa "prestação de contas". Veja o último relatório (feito em abril de 2012, concernente a 2011) em http://www.lds.org/general-conference/2012/04/church-auditing-department-report-2011?lang=por .
[4] Os dois episódios a seguir demonstram isso: "A lei Edmunds-Tucker, de 1887, incluía cláusulas que visavam destruir a Igreja como organização política e econômica. A lei dissolvia oficialmente a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias como corporação legal e exigia que a Igreja entregasse ao governo todas as suas propriedades cujo valor ultrapassasse cinqüenta mil dólares. As autoridades governamentais imediatamente passaram a confiscar todas as propriedades da Igreja. Por exemplo: Os prédios da Praça do Templo e outros escritórios da Igreja foram colocados sob sindicatura e depois alugados para a Igreja. Numa tentativa de impedir a chegada de conversos europeus, o governo dissolveu a Companhia do Fundo Perpétuo de Emigração, a principal agência de imigração. Um número cada vez maior de santos viu-se destituído de seus direitos eleitorais. As escolas foram colocadas sob a direção do supremo tribunal territorial, que era nomeado pelo governo federal. Delegados do governo dos Estados Unidos prenderam mais homens, os quais foram imediatamente condenados à prisão. Entre eles estava o Presidente George Q. Cannon. Apesar das prisões e encarceramentos serem motivo de sofrimento para as famílias, o maior problema enfrentado pela Igreja foi sua incapacidade de adquirir ou manter os fundos necessários para construir templos, sustentar o trabalho missionário, publicar materiais impressos e cuidar do bem-estar dos santos. Os líderes da Igreja conseguiram levar sua questão perante o Supremo Tribunal dos Estados Unidos, argumentando que o confisco das propriedades da Igreja pela aplicação da lei Edmunds-Tucker era inconstitucional. Mas em maio de 1890  Suprema Corte, numa decisão de cinco contra quatro, considerou constitucionais todas as medidas referentes à lei Edmunds-Tucker que haviam sido tomadas pelo governo. Apesar de desapontados com a decisão, os santos quase nada podiam fazer para evitar a iminente destruição econômica da Igreja." (História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pg. 437-438)
Apenas quatro dias antes de sua ordenação, o Presidente Snow convocou uma reunião especial da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos para discutir os graves problemas financeiros enfrentados pela Igreja. A Igreja tinha um débito de trezentos mil dólares como consequência direta da lei Edmunds-Tucker. Ela também havia assumido o sustento das famílias dos homens aprisionados por causa do casamento plural, assim como suas multas, despesas de tribunal e outros encargos legais. A construção do Templo de Salt Lake, a despesa aumentada com o ensino da Igreja e o bemestar e as despesas iniciais de várias indústrias aumentaram a grande dívida. Enquanto as obrigações financeiras da Igreja aumentavam, a coleta do dízimo havia diminuído na década de 1880 porque muitos membros hesitavam em contribuir enquanto o governo federal estivesse confiscando seu dinheiro. Além disso, oradores e autores hostis estavam divulgando tão eficazmente a idéia de que o dízimo era compulsório, que as palavras oferta voluntária foi impressa nos certificados do pagamento do dízimo. Assim, os líderes SUD viram-se obrigados a tomar emprestado grandes somas de dinheiro de diversas instituições financeiras durante a década de 1890, até que os juros isoladamente chegavam a cem mil dólares por ano. “Em julho de 1898, a Igreja devia 935 mil dólares aos bancos (aproximadamente a metade era devida a bancos de fora de Utah), mais de 100 mil dólares a empresas de Salt Lake City e mais de 200 mil dólares a santos dos últimos dias.”
Frank J. Cannon, que havia negociado com financistas do leste um empréstimo de um milhão e quinhentos mil dólares antes da morte do Presidente Woodruff, foi convidado pela Primeira Presidência a explicar o andamento de suas negociações. Preocupado com o que lhe foi informado nessa reunião, o Presidente Snow continuou a estudar, orar e ponderar a respeito dos problemas financeiros da Igreja. Ele estava muito preocupado com o envolvimento financeiro da Igreja em tantos empreendimentos puramente comerciais. Ele concluiu que metade dos meios usados para empreendimentos comerciais deviam ser utilizados na pregação do evangelho, um grande trabalho que precisava ser realizado. Por esse motivo, ele anunciou discretamente às outras Autoridades Gerais da Igreja que a Igreja não mais emprestaria dinheiro de instituições financeiras do leste dos Estados Unidos; ela iria, ao menos naquele momento, seguir uma política definida de economia financeira, livrando-se das dívidas o mais rápido possível. A Igreja então passou a desfazer-se de propriedades como o Deseret Telegraph System, a Utah Sugar Company, a Utah Light and Railway Company, suas propriedades em Saltair e algumas de suas minas.
                        O Presidente Snow autorizou a emissão de notas promissórias de curto prazo de 6 por cento, num total de um milhão de dólares, em vez da quantia de um milhão e quinhentos mil dólares que Frank J. Cannon estava negociando. Apesar dessas medidas, na primavera de 1899, nenhuma resposta completamente satisfatória havia sido encontrada para os difíceis problemas financeiros que a Igreja enfrentava. Depois das sessões da conferência geral de abril de 1899, o Presidente Snow sentiu-se compelido a novamente procurar o Senhor em sincera oração, pedindo sabedoria para resolver os  problemas financeiros da Igreja. Não recebeu uma resposta imediata. Ele sentiu, porém, que devia, juntamente com outras Autoridades Gerais, visitar St. George e outras comunidades no sul de Utah. Pelo menos dezesseis Autoridades Gerais, inclusive o Presidente Joseph F. Smith, acompanharam-no com sua esposa. Na época dessa visita, as colônias do sul de Utah estavam passando por uma seca bastante intensa.
No dia 17 de maio de 1899, quarta-feira, na sessão de abertura da conferência realizada no Tabernáculo de St. George, o Presidente Snow disse aos santos: “Estamos aqui porque o Senhor nos ordenou que viéssemos; mas o propósito de nossa vinda não me é claramente manifesto no momento, mas ser-me-á revelado durante nossa estada aqui”.LeRoi C. Snow, filho do Presidente, que estava fazendo a cobertura da conferência para o jornal Deseret News, relembra o que aconteceu: “De repente, meu pai parou de falar no meio do discurso. Um silêncio profundo tomou o salão. Nunca me esquecerei a emoção daquele momento enquanto viver. Quando ele começou a falar novamente, sua voz tornou-se mais firme e a inspiração do Senhor pareceu tomá-lo, assim como toda a congregação. Seus olhos pareciam brilhar e toda a sua face era radiante. Ele estava cheio de um poder fora do comum. Ele então revelou aos santos dos últimos dias a visão que estava acontecendo diante dele”.
O Presidente Snow disse aos santos que ele podia ver que o povo havia negligenciado a lei do dízimo e que a Igreja se veria livre das dívidas se os membros pagassem o dízimo honesto e integral. Disse então que o Senhor não estava satisfeito com os santos por não terem pago o dízimo e havia prometido que se pagassem o dízimo a seca seria removida e teriam uma colheita abundante. Depois da sessão da conferência, o Presidente Snow sentiu nova inspiração confirmando que a solução dos problemas financeiros da Igreja estava no pagamento do dízimo. Em reuniões realizadas em Leeds, Cedar City, Beaver e Juab e outras comunidades do sul de Utah, ele proferiu discursos vigorosos a respeito desse princípio do evangelho. Em Nephi, na região central de Utah, uma memorável reunião foi realizada na  qual o Presidente Snow mencionou a revelação que havia recebido a respeito da lei do dízimo e “comissionou todos os presentes a serem testemunhas especiais do fato de o Senhor haver-lhe concedido essa revelação”.Na sede da Igreja, o Presidente Snow novamente discursou de maneira
vigorosa a respeito do dízimo na conferência da Associação de Melhoramentos Mútuos realizada em junho. O Élder B. H. Roberts então pediu o voto da congregação, obtendo a aprovação unânime dos santos para a doutrina do dízimo então apresentada. Visivelmente emocionado, o Presidente Snow ergueu-se e declarou: “Todo homem presente, que fez essa promessa, será salvo no Reino Celestial”.
O dízimo foi pregado em todas as conferências de estaca, e um ano depois o Presidente Snow relatou que os santos haviam contribuído no ano anterior com o dobro do que tinham feito nos dois anos prévios. Sob inspiração, ele estabeleceu o programa que, por volta de 1907, livrou completamente a Igreja das dívidas. Muitos santos testificaram que não somente as janelas dos céus foram abertas para salvar a Igreja, mas aqueles que seguiram essa divina lei também foram abençoados tanto espiritual quanto materialmente. O Presidente Snow também tomou medidas para controlar de modo mais rigoroso a utilização dos fundos da Igreja. Ele criou um plano abrangente para administrar as despesas. Alguns especialistas financeiros recomendaram que houvesse uma descentralização da autoridade referente à utilização do dízimo. O Presidente Snow informou aos envolvidos que não tinha intenção de implementar esse plano, mas manteria esse poder nas mãos da Primeira Presidência, conforme a vontade do Senhor. (Ver D&C 120.)" (História da Igreja na Plenitude dos Tempos, pg. 454-456)

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu sou membro de A Igreja De Jesus Cristo Dos Santos Dos Últimos Dias e eu posso garantir que todos os Líderes da igreja, independente da função, não recebem uma moeda sequer pelo que fazem.
Uma pessoa que deixa de frequentar a igreja (e consequentemente cai em apostasia) não vai revelar seus verdadeiros motivos e suas paixões mundanas que o impedem de viver o evangelho.

r87gomes@gmail.com

Unknown disse...

Parabéns pelo artigo postado, Lucas. Muito obrigado por expor os pontos doutrinários que guiam nossa conduta como membros dessa Igreja de modo tão claro que não podem ser mal-interpretados.