Muitos
membros da Igreja se incomodam com alguns assuntos do evangelho, ou com
assuntos que embora não se relacionem diretamente ao evangelho, acabam por ter
implicações no mesmo. Na maioria das vezes, esses assuntos são fruto de uma
passagens de escritura obscura, de um único e isolado discurso de uma
Autoridade Geral ou um acontecimento da História da Igreja que é destoante do
nosso entendimento de como as coisas
deveriam ter sido. Quando esses assuntos passam a fazer parte de debates
intelectuais, explicações unilaterais e especulações de modo geral, entre
outros, os assuntos podem vir a tornar-se polêmicos. E essa repercussão pode
destruir a fé. Por isso o Apóstolo Paulo aconselhou à Timóteo: "rejeita as
questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas" (2
Timóteo 2:23). Em outra ocasião ele também disse: "Mas não entres em
questões loucas, genealogias e contendas, e nos debates acerca da lei; porque
são coisas inúteis e vãs." (Tito 3:9).
Felizmente,
na maioria das vezes, esses assuntos polêmicos são evitados nas salas de aula
da Igreja e nos Seminário e Instituto de Religião SUD. Isso é muito apropriado,
porque devido as especulações de coisas que Deus decidiu não revelar totalmente
e outros motivos, a mera citação do tema
gera grandes anseios, hesitações, ofensas, distúrbios - além de pecar contra o
currículo aprovado para o ensino na Igreja.
Na
maior parte das vezes as questões polemicas acabam por resultar em doutrinas
profundas[1].
Entretanto
somos incentivados a buscar conhecimento. O Profeta Joseph Smith disse: "O
homem é salvo na mesma proporção em que adquire conhecimento, porque se não
adquirir conhecimento, será levado cativo por algum poder maligno no outro
mundo, porque os espíritos malignos terão mais
conhecimento e consequentemente mais poder do que muitos homens que estão na Terra.
Por isso precisamos de revelação para ajudar-nos e dar-nos conhecimento das
coisas de Deus" (Ensinamentos dos
Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 278)
Só porque um assunto não foi totalmente
revelado pelas escrituras ou profetas não significa que não possa ser revelado
a nós pessoalmente. O Profeta Joseph Smith disse certa vez: "Deus nada
revela a Joseph que não revele aos Doze, e até mesmo o menor dos santos poderá
receber todas as coisas, tão logo possa suportá-las, pois chegará o dia em que
nenhum homem terá que dizer ao seu semelhante: Conhecei a Jeová; porque todos
(os que permanecerem) o conhecerão, desde o menor deles até o maior."
(Smith, Ensinamentos, pg. 145). Em
certa ocasião o Presidente Lorenzo Snow recebeu uma revelação sobre o potencial
divino do homem. Isso foi em 1840. Todavia foi incentivado pelo Profeta a não
compartilhar o que tinha aprendido pelo Espírito até que o Presidente da Igreja
ensinasse a doutrina publicamente, o que ocorreu quatro anos depois (Presidentes da Igreja, pg. 90). O
Presidente Brigham Young falou sobre a possibilidade de recebermos uma
revelação sobre um assunto que não foi revelado publicamente: "Se receber
uma visão ou revelação do Todo-Poderoso, concedida pelo Senhor particularmente
a você ou a este povo, mas que não deva ser revelada, por você não ser a pessoa
adequada para fazê-lo ou por ainda não ser próprio que ela chegue ao
conhecimento das pessoas, então guarde-a, sele-a e feche-a tão hermeticamente
quanto o céu e torne-a mais secreta que um túmulo. O Senhor não confia naqueles
que revelam segredos, pois não pode revelar-se de modo seguro a tais pessoas. (DBY, pp. 40–41).
Acredito
que existam perguntas boas e perguntas melhores. As melhores indagações são
aquelas que concedem respostas necessárias para lidar com nossas próprias circunstâncias e dificuldades. Uma pergunta
boa é: "onde os dinossauros se encaixam no plano de salvação?" Uma
pergunta melhor é: "Como posso ajudar meu pai a compreender que Deus vive
e o ama?"
Muitas
vezes as perguntas polemicas não fazem parte do rol das perguntas melhores - ou
seja, sua resposta não fará uma grande diferença em nossa vida mortal. Não
obstante, algumas questões polemicas são muito pertinentes - e em alguns casos,
se não forem adequadamente respondidas poderão levar-nos a condenação. Por isso
devemos buscar respostas.
O
Presidente Dieter F. Uchtdorf falou sobre termos uma atitude inquiridora: "Na
verdade, não sei como podemos descobrir a verdade sem fazer perguntas. Nas
escrituras, raramente encontramos uma revelação que não foi dada em resposta a
uma pergunta. Sempre que uma pergunta surgia, e Joseph Smith não tinha certeza
de qual era a resposta, ele procurava o Senhor, e o resultado foram as
maravilhosas revelações de Doutrina e Convênios. Muitas vezes o conhecimento
que Joseph recebia ia muito além da pergunta original. Isso acontece porque o
Senhor pode responder não apenas às perguntas que fazemos, mas o mais
importante é que Ele pode responder às perguntas que deveríamos ter feito.
Vamos dar ouvidos a essas respostas!
O
trabalho missionário da Igreja se baseia em pesquisadores sinceros que fazem
perguntas genuínas. O questionamento é a base do testemunho. Alguns podem
sentir-se envergonhados ou indignos por terem dúvidas a respeito do evangelho,
mas não precisam se sentir assim. Fazer perguntas não é um sinal de fraqueza,
mas, sim, um precursor do crescimento.
Deus
ordena que procuremos resposta para nossas dúvidas (ver Tiago 1:5-6) e pede
apenas que busquemos “com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em
Cristo”(Morôni 10:4).Se fizermos isso, a verdade de todas as coisas pode ser
manifestada a nós “pelo poder do Espírito Santo” (Morôni 10:5).
Não
tenham medo; façam perguntas. Sejam curiosos, mas não duvidem! Apeguem-se
sempre à fé e à luz que já receberam. Como vemos de maneira imperfeita na
mortalidade, nem todas as coisas farão sentido agora." (leia_aqui
esse discursos completo)
Há
uma advertência a ser feita em nossa busca. Devemos lembrar que "os judeus
eram um povo obstinado e desprezaram as palavras claras e mataram os profetas e
procuraram coisas que não podiam compreender. Portanto, devido a sua cegueira,
cegueira que lhes adveio por olharem para além do marco, [caíram], pois Deus
tirou-lhes a sua clareza e entregou-lhes muitas coisas que não [podiam]
entender, pois assim o desejaram. E, porque o desejaram, Deus o fez, para que [tropeçassem]"
(Jacó 4:14).
É
um dom celestial desejar aprender. Mas o desejo irrestrito - sem paciência,
sabedoria e dignidade - leva à extremos: ou ao fanatismo, ou ao ceticismo.
Lembremo-nos que Deus "concede aos homens segundo os seus desejos, sejam
estes para a morte ou para a vida; sim, (...) ele concede aos homens, sim,
dá-lhes decretos inalteráveis segundo seus desejos, sejam eles para salvação ou
para destruição" (Alma 29:4). Assim, nosso desejo deve ser acompanhado dos
atributos cristãos: obediência, paciência, esperança, amor, etc.
Dito
isso, para achar a resposta para as questões polemicas, uso cinco princípios. Eu
acabo utilizando-me deles naturalmente, sem prestar atenção em seguir algum método.
Mesmo assim, coloquei-os de tal modo a serem utilizados em sequencia, como um método
ou caminho para se achar uma resposta. Não quero com isso complicar as coisas.
Por exemplo, não coloquei-os princípios em ordem de importância, não procurei
esgotar o assunto, nem esforcei-me para dar todas as explicações. Mas penso que
o que escrevi irá ajudar. Eis os
princípios:
1.
Buscar a verdade por revelação e não confiar no
braço da carne
3.
Focar na Expiação de Jesus Cristo
4.
Fazer perguntas, mas não duvidar
5.
Estar disposto a Guardar a revelação até que
Deus autorize o ensino da verdade
Esses princípios poderiam ser
expressos ou classificados de outra maneira obviamente. Eu poderia escrevê-los
em forma de perguntas o que talvez lhes daria mais praticidade, por exemplo:
"onde posso buscar a verdade? Como posso ter certeza que recebi uma
revelação? Como posso saber que não estou confinado no braço da carne?; etc. Todavia,
eu decidi expressá-los do modo que estão expressos porque assim se assemelham a
um recipiente com várias camadas ou filtros (como representado na figura ao
lado). Nesse recipiente a questão inserida é processada até conceber uma
resposta adequada. Se todas as etapas forem seguidas, ou se a questão for
devidamente filtrada pelos cinco princípios a resposta proveniente será uma
revelação de verdade.
O
papel da Justiça e misericórdia. Deus permite-nos viver, agir e pensar (Mosias
2:21). Portanto, as perguntas que nos sobrevém são dons. Em suas ternas
misericórdias e em sua gloriosa Justiça, Deus nos permite exercer atividade
intelectual. Ele também permite que com nosso arbítrio utilizemo-nos de métodos
que nos atestarão a veracidade das coisas. A resposta a nossas perguntas é igualmente
uma graça divina. Conseguimos atingir a certeza de algo, somente quando o
Espírito nos revela a verdade. Às vezes, por Justiça, Deus nos nega a resposta
completa - porque não o merecemos. Às vezes, por misericórdia, Deus nos nega a
resposta pleiteada - porque não estamos preparados ou precisarmos de algum
conhecimento preliminar. Mesmo quando o conhecimento não nos chega como queremos,
a resposta sempre vem - no devido
tempo. Algumas vezes a resposta será "espere um pouco mais" ou
"isso não lhe é importante no momento". Outras vezes o Senhor revelará
apenas uma parte da reposta, devido a Sua Eterna Sabedoria e Amor.
Na
prática os princípios (ou filtros) que elenquei são também indicadores de
atributos divinos, que são essenciais para que voltemos a viver com Deus. Por
exemplo: Quando buscamos a verdade por revelação estamos, na verdade,
desenvolvendo a Fé; quando fazemos perguntas estamos sendo diligentes e
obedientes, etc. Quando nos empenhamos em desenvolver os atributos de Jesus
Cristo (que são os que listei e mais alguns) começamos a ter a mente de Deus -
e tudo fica mais claro (D&C 88:67) -
inclusive as questões que considerávamos difíceis, polemicas ou insolúveis.
Talvez
esse seja um dos motivos pelos quais o Senhor permite que nos debatamos um
pouco com certos temas e ideias - até sobre assuntos polêmicos - precisamos aprender certas lições e também mudar
nosso caráter para atingir a exaltação eterna. Ter perguntas faz parte do
teste da mortalidade. Será que permaneceremos fieis mesmo tendo perguntas? Será
que se Deus nos respondesse prontamente todas as questões poderíamos crescer em
fé e em obras?
O
Presidente Dieter Uchtdorf falou sobre a paciência: "sem paciência não
podemos agradar a Deus, não podemos tornar-nos perfeitos. De fato, a paciência
é um processo purificador que aprimora a compreensão, aprofunda a felicidade,
direciona a ação e proporciona esperança de paz.
Como
pais, sabemos o quanto é insensato atender a todos os desejos de nossos filhos.
Mas os filhos não são os únicos que se estragam quando mimados com satisfação
imediata. Nosso Pai Celestial sabe o que os bons pais aprendem com o tempo:
para que os filhos amadureçam e atinjam seu potencial, eles precisam aprender a
esperar.
Todos somos obrigados a esperar, à
nossa própria maneira. Esperamos respostas para orações. Esperamos coisas que
na ocasião parecem tão certas e boas para nós, que não conseguimos imaginar por
que o Pai Celestial retardaria em responder.
(...)
Lembro-me
de quando estava preparando-me para ser treinado como piloto de caça. Passamos
muito tempo em nosso treinamento militar preliminar fazendo exercícios físicos.
Ainda não tenho certeza do motivo pelo qual aquelas infindáveis corridas eram
consideradas uma parte preparatória essencial para tornar-nos pilotos. Mesmo
assim, corremos, corremos e corremos um pouco mais.
Quando
estava correndo, comecei a notar algo que, sinceramente, deixou-me preocupado.
Por muitas vezes, fui ultrapassado por homens que fumavam, bebiam e faziam todo
tipo de coisa contrária ao evangelho e, particularmente, à Palavra de
Sabedoria.
Lembro-me
de ter pensado: “Espere um pouco! Não sou eu que deveria poder correr e não me
cansar?” Mas eu estava cansado, e fui ultrapassado por pessoas que
inquestionavelmente não seguiam a Palavra de Sabedoria. Confesso que isso me
deixou intrigado na época. Perguntei a mim mesmo: “A promessa era verdadeira ou
não?”.
A
resposta não veio imediatamente. Mas, por fim, aprendi que as promessas de Deus
nem sempre são cumpridas tão rapidamente ou da maneira que esperamos. Elas
podem vir de acordo com o tempo Dele e à maneira Dele. Anos depois, pude ver a
comprovação clara das bênçãos físicas que recebem os que obedecem à Palavra de
Sabedoria, além das bênçãos espirituais que advêm imediatamente após a
obediência a cada lei de Deus. Recordando, sei com certeza que as promessas do
Senhor são, sem dúvida, cumpridas, embora talvez nem sempre com rapidez.
Brigham
Young ensinou que, quando surgia algo que não compreendia plenamente, ele pedia
ao Senhor: “[Dá-me] paciência para esperar até que eu possa compreendê-lo”.
Depois, ele continuava a orar até conseguir compreender.
Precisamos
aprender que, no plano do Senhor, nossa compreensão às vezes vem “linha sobre linha,
preceito sobre preceito”. Em resumo, o conhecimento e a compreensão exigem
paciência.
Com
frequência, os vales profundos de nosso presente serão compreendidos somente
quando nos lembrarmos deles do alto das montanhas de nossa experiência futura.
Muitas vezes, não podemos ver a mão do Senhor em nossa vida até muito depois de
as provações terem passado. Geralmente, os momentos mais difíceis de nossa vida
são elementos essenciais na formação do alicerce de nosso caráter e abrem o
caminho para futuras oportunidades, compreensão e felicidade." (leia_aqui_todo_o_discurso)
O desenvolvimento de atributos divinos só é possível quando colocamos os princípios e doutrinas do evangelho em prática. Um das maiores provas da vida é com certeza a incerteza! Precisamos vencer o medo, confiar em Deus, achar a luz e transformarmo-nos. A Vida Eterna é conhecimento (João 17:3). E a atitude de buscá-lo (buscar conhecimento) é digna e sempre recompensada - ainda que não imediatamente. O Espírito Santo pode nos mostrar a verdade de todas as coisas, mas só o fará se pagarmos o preço (Morôni 10:5-7). E quando pagamos esse preço nos assemelhamos a Cristo e podemos ter certeza de estar no caminho que leva a Exaltação.
O desenvolvimento de atributos divinos só é possível quando colocamos os princípios e doutrinas do evangelho em prática. Um das maiores provas da vida é com certeza a incerteza! Precisamos vencer o medo, confiar em Deus, achar a luz e transformarmo-nos. A Vida Eterna é conhecimento (João 17:3). E a atitude de buscá-lo (buscar conhecimento) é digna e sempre recompensada - ainda que não imediatamente. O Espírito Santo pode nos mostrar a verdade de todas as coisas, mas só o fará se pagarmos o preço (Morôni 10:5-7). E quando pagamos esse preço nos assemelhamos a Cristo e podemos ter certeza de estar no caminho que leva a Exaltação.
Passarei
a explicar brevemente os cinco princípios (ou cinco camadas do filtro). Muito
mais poderia ser dito sobre cada um. Se utilizados, poderão facilitar a
revelação, porque quando nos esforçamos o Senhor cumpre sua promessa e nos
revela a verdade (3 Néfi 27:29).
Filtro
1. Buscar Revelação pessoal e não confiar no braço da carne.
Revelação
é a comunicação sagrada de Deus com o homem. O Élder Dallin H. Oaks, do Quorum
dos Doze Apóstolos disse: "A revelação é a comunicação de Deus aos homens.
Pode ocorrer de muitas maneiras
diferentes. Alguns profetas, como Moisés e Joseph Smith, falaram com Deus face
a face. Certas pessoas se comunicaram com anjos. Outras revelações têm vindo,
como descreveu o élder James E. Talmage, "por meio dos sonhos ao dormir,
ou em visões da mente de quem estava acordado."
Nas
suas formas mais conhecidas, a revelação, ou inspiração, vêm por meio de
palavras ou pensamentos comunicados à mente (vide D&C 8:2-3; Enos 1:10),
por ilucidação repentina (vide D&C
6:14-15), através de sentimentos positivos ou negativos sobre uma ação
proposta, e até através de desempenhos inspiradores como das belas artes. O
Presidente Boyd K. Packer disse: "A inspiração nos vem mais por sentimento
do que por audição." (Devocional da BYU 29 de setembro de 1981, leia_aqui)
Quando
falo em buscar significa empenhar-se, dedicar-se e pagar o preço necessário
para se obter a revelação. Para alguns isso significa despojar-se de
preconceitos, tradições, teorias, dogmas, hábitos e até pessoas. Significa
também começar a fazer o bem, arrepender-se, fazer convênios com Deus, cumprir
os mandamentos, etc.
Para
recebermos revelação precisamos ser humildes (D&C 112:10). E isso é o
oposto de se confiar no braço da carne (Jeremias 17:5). Confiar no braço da
carne é valorizar mais nos homens que em Deus. O "Senhor não vê como vê o
homem " (I Samuel 16:7). "Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR.
Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus
caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos
do que os vossos pensamentos." (Isaías 55:8-9).
Devemos ter cuidado com opiniões e ideias isoladas e teorias de homens - mesmo de homens bons. Até os mais sábios podem errar.
Devemos ter cuidado com opiniões e ideias isoladas e teorias de homens - mesmo de homens bons. Até os mais sábios podem errar.
Filtro
2. Compreender quem é Deus e quem somos nós.
O
Presidente Dieter F. Uchdorf ensinou que o conhecimento de quem somos e de quem
Deus é fundamental."Esse conhecimento muda tudo. Muda seu presente. E pode
mudar seu futuro. Pode mudar o mundo." (leia_aqui).
Ele disse também, em outra ocasião: "Este é um paradoxo do homem:
comparado com Deus, o homem não é nada; ainda assim, somos tudo para Deus.
Embora comparados ao cenário da criação infinita possamos parecer nada, temos uma
centelha do fogo eterno ardendo dentro de nosso peito. Temos a incompreensível
promessa de exaltação — mundos sem fim — ao nosso alcance. E é o grande desejo
de Deus ajudar-nos a alcançá-la." (leia_aqui)
Essas
citações mostram que Deus é grandioso, perfeito, compassivo, eterno, fiel,
amoroso - e nós, ao contrário, somos pequenos, imperfeitos, fracos, finitos,
infiéis e ingratos. "Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém
não tropeça em palavra, o tal é perfeito" (Tiago 3:2).
Ao
buscar revelação devemos buscar em Deus. Devemos compreender que "como
vemos de maneira imperfeita na mortalidade, nem todas as coisas farão sentido
agora. Na verdade, acho que se tudo fizesse sentido para nós, isso seria uma
prova de que tudo fora inventado por uma mente mortal." (Presidente Dieter
F. Uchdorf, leia_aqui).
O
Élder Jeffrey R. Holland falou a respeito da debilidade humana: "Consumimos
uma quantia preciosa de recursos emocionais e espirituais ao nos atermos
ferrenhamente à lembrança de uma nota desafinada que tocamos num recital de
piano em nossa infância, ou a algo que um cônjuge disse ou fez há vinte anos, e
que insistimos em jogar-lhe no rosto por mais vinte anos, ou a um incidente da
história da Igreja que só prova que os mortais sempre terão dificuldade para
corresponder às esperanças imortais colocadas diante deles. Mesmo que uma
ofensa não tenha começado com vocês, ela pode terminar com vocês. E que grande
recompensa haverá por essa contribuição, quando o Senhor da vinha olhar em seus
olhos e acertar as contas no final de nosso dia terreno."
O
espírito de perdão, a fé e a dedicação, paciência e esperança são qualidades
que nos ajudam a ver como Deus vê e a receber orientação em todas as coisas. Por
exemplo, a questão polemica sobre o Casamento Plural - como Deus pode permitir
que Abraão, Isaque, Moisés e Joseph Smith tivessem mais de uma esposa? A resposta,
bem clara, esta em Doutrina e Convênios 132 - e nos mostra o quanto Deus é
superior em conhecimento, poder e sabedoria.
Filtro
3. Focar na Expiação
O
Presidente Dieter F. Uchtdorf ensinou: "Mas isso pode tornar-se um
problema para alguns, porque há tantas coisas que devemos fazer e tantas que
não devemos fazer, que o simples ato de tê-las sempre em mente pode ser um
desafio. Às vezes, ampliações bem intencionadas dos princípios divinos — muitas
vezes provenientes de fontes não inspiradas — complicam ainda mais as coisas,
diluindo a pureza da verdade divina com adendos criados pelo homem. Uma boa
ideia que funciona bem para determinada pessoa pode criar raízes e se tornar
uma expectativa e, gradualmente, os princípios eternos podem-se perder no
labirinto das “boas ideias”.
Essa
foi uma das críticas do Salvador aos “versados” em religião de Sua época, a
quem Ele repreendeu por se importarem com centenas de detalhes insignificantes
da lei e negligenciarem as questões mais importantes.
Assim
sendo, como nos mantemos em conformidade com esses assuntos mais importantes?
Será que existe uma bússola que nos ajude a estabelecer prioridades em nossa
vida, em nossos pensamentos e nossas ações?
Novamente,
o próprio Salvador revelou o caminho. Quando lhe perguntaram qual era o maior
de todos os mandamentos, Ele não hesitou: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o
teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento”, disse Ele.
“Este é o primeiro e grande mandamento.” Associando-se o primeiro ao segundo
grande mandamento, que é amar ao próximo como a nós mesmos, temos uma bússola
que nos mostra a direção a seguir, não só em nossa vida, mas também na Igreja
do Senhor, em ambos os lados do véu.
Uma
vez que o amor é o grande mandamento, ele deve estar no centro de tudo e de
todas as coisas que fazemos em nossa própria família, em nossos chamados da
Igreja e em nosso trabalho. O amor é o bálsamo que cura as feridas nos
relacionamentos pessoais e familiares. É o elo que une famílias, comunidades e
nações. O amor é o poder que promove amizades, tolerância, civilidade e
respeito. É a força que sobrepuja a discórdia e o ódio. O amor é o fogo que
aquece nossa vida com alegria inigualável e esperança divina. O amor deve
transparecer em nossas palavras e ações.
Quando
realmente compreendemos o que significa amar como Cristo nos amou, a confusão
se dissipa e nossas prioridades ficam claras. Nossa jornada como discípulos de
Cristo torna-se mais cheia de alegria. Nossa vida adquire novo significado.
Nosso relacionamento com o Pai Celestial torna-se mais profundo. A obediência
torna-se uma alegria em vez de um fardo." (leia_aqui_todo_o_discurso)
A
Expiação do Senhor é como uma lupa que nos faz enxergar a verdade onde quer que
se encontre. Uma das maiores questões polemicas gira em torno do fato do
sacerdócio ter sido estendido a todos os homens - independentemente de raça ou
cor - apenas em 1978. Quando usamos a lente do amor de Deus percebemos que até
mesmo as tragédias se tornam bênçãos. Muitos santos africanos se tornaram
exemplos de um viver reto, mesmo sem as bênçãos plenas do evangelho - e criaram
um legado inestimável para as gerações futuras.
Essa
visão faz com que até o Dilúvio se torne um ato de amor[2].
Até a morte de criancinhas se torna uma ato de amor - porque sabemos que elas
são imediatamente salvas no reino de Deus devido a Expiação do Salvador (Morôni
8).
Filtro
4. Fazer perguntas, mas não duvidar
O
Presidente Dieter F. Uchtdorf aconselhou também: " Não tenham medo; façam
perguntas. Sejam curiosos, mas não duvidem!" (leia_aqui).
A dúvida é arma de Satanás que destrói a fé
“O
conhecimento afasta as trevas, o suspense e a dúvida, porque essas coisas não
podem existir onde houver conhecimento. (...) Há poder no conhecimento. Deus
tem mais poder do que todos os seres, porque Ele tem conhecimento maior; e
portanto Ele sabe sujeitar todos os seres a Ele: Ele tem poder sobre todos.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Joseph Smith, pg. 278)
A
fé e a dúvida não podem coexistir, porque uma repele a outra - esse é o
ensinamento de vários profetas desde Joseph Smith até o Presidente atual da
Igreja (leia
aqui). De fato o presidente Monson aconselhou: “Lembrem-se de que a fé e a
dúvida não podem coexistir na mente ao mesmo tempo, porque uma repele a outra. Se
a dúvida vier bater à nossa porta, simplesmente digam àqueles pensamentos
céticos, perturbadores e rebeldes: “Quero ficar com minha fé, com a fé do meu
povo. Sei que nela há felicidade e contentamento, por isso proíbo vocês,
pensamentos agnósticos e céticos, de destruírem a morada de minha fé. Reconheço
que não compreendo o processo da criação, mas aceito sua realidade. Concordo
que não posso explicar os milagres da Bíblia, tampouco me proponho a fazê-lo,
mas aceito a palavra de Deus. Não conheci Joseph pessoalmente, mas creio nele.
Não recebi minha fé por meio da ciência e não permitirei que a assim chamada
ciência a destrua’”(Thomas S. Monson, “O Farol do Senhor”, New Era, fev. 2001, p. 9).
Duvidar
é questionar "refere-se a desafio, disputar ou procurar falhas. Quando se
trata de religião, frequentemente o resultado dessa abordagem é não é encontrar
respostas, mas sim condenar e destruir a confiança. (...) Então, sua atitude e
sua motivação em fazer uma pergunta podem fazer toda a diferença em para onde
ela vai, por fim, levá-lo. Por exemplo, se você estiver estudando as escrituras
e se deparar com uma passagem que parece contradizer um ensinamento da igreja
ou um fato científico ou histórico, há uma grande diferença entre perguntar
“como as escrituras (ou a Igreja) podem ser verdadeiras se … ?” e perguntar
“Qual é o contexto completo dessa passagem e qual o seu significado a luz de …
?” A primeira pergunta pode levá-lo a uma conclusão apressada elaborada com
base no ceticismo e em dúvidas, em vez de em conhecimento real ou lógica, ao
passo que a segunda mais provavelmente irá guiá-lo a maiores conhecimento e fé."
(esse é um trecho de um ótimo artigo no site da Igreja para jovens sobre "O
Que Fazer Quando Você Tiver Perguntas?" - para lê-lo na integra clique aqui).
Na
prática, se as questões polemicas nos fizerem perder a fé naquilo que sabemos - pondo em cheque nosso alicerce
de fé - isso nos será por maldição em vez de bênção. E o que sabemos? Bem, posso dizer por mim mesmo que
não sei muitas coisas. Sei com certeza, algumas - e baseando-me no que sei, passo
acreditar em outras coisas. Até ter certeza dessas outras coisas, acredito
nelas. Mas não duvido do que sei, porque sei! E essas são as coisas que sei, e
que não duvido:
1o. Eu sei que Deus, o Pai Celestial existe, me ama profundamente e quer meu bem-estar eterno.
2º.
Eu sei Jesus Cristo é o Salvador e Redentor do mundo - Ele é meu Senhor
e Deus. Ele me concede força, paz, talento, santidade, fé e boas obras. Sei que
seus mandamentos são para meu beneficio que se eu os seguir, receberei a graça
divina e poderei viver com minha família eternamente, sendo ressuscitado e
glorificado para o Reino Celestial.
3º.
Sei que o Espírito Santo é um ser real, que nos orienta, caso
permitamos; e nos justifica, caso queiramos.
4º.
Também sei que Joseph Smith foi e é um profeta de Deus; e que o Livro de
Mórmon é um outro testamento do Senhor Jesus Cristo.
5º.
Sei que o sacerdócio é o poder de Deus dado aos homens para salvação da
humanidade, e quem em suas ordenanças se manifesta o poder da divindade.
6º.
Sei que o Templo é a Casa de Deus.
7º.
E por fim, sei que o Presidente Thomas S. Monson é um profeta, vidente e
revelador para o mundo hoje.
No
princípio houve um questionamento sobre esses fundamentos, mas tão logo me
foram revelados, passei a não mais duvidar (leia
aqui).
Imaginemos
a questão polemica a respeito da maçonaria: Joseph Smith foi maçom? Como pode?
Se deixarmos de lado nossa fé na Restauração e nos chamado divino do Profeta
Joseph Smith, por causa de uma questão polemica que não compreendemos bem - estaremos
trocando nossa primogenitura por um prato de lentilhas!
Temos
que ser pacientes e procurar adequar o que ouvimos e lemos com aquilo que
sabemos.
Filtro
5. Estar disposto a guardar a revelação até que Deus autorize o ensino da
verdade.
O
Guia Pregar Meu Evangelho ensina: "A
revelação e as experiências espirituais são sagradas. Você deve mantê-las em
sigilo e apenas falar sobre elas em situações adequadas. Como [membro da
Igreja], você pode estar mais ciente das experiências espirituais do que estava
antes em sua vida. Resista à tentação de falar abertamente a respeito dessas
experiências." ("Reconhecer o Espírito", pg. 102)
O
Élder Boyd K. Packer aconselhou: “Aprendi que não temos muito frequentemente
experiências espirituais fortes e
marcantes. E quando as temos, geralmente são para nossa
própria edificação, instrução ou
correção. A menos que tenhamos sido chamados pela
devida autoridade para fazê-lo, elas
não nos colocam em condição de aconselhar ou
corrigir as pessoas.
Concluí
também que não é sábio falar continuamente a respeito de experiências
espirituais incomuns. Elas devem ser guardadas com carinho e só devem ser compartilhadas
quando o próprio Espírito inspirá-lo
a usá-las para abençoar outras pessoas” (Ensign,
janeiro de 1983, p. 53)
Muitas
vezes as questões polemicas procuram dar respostas públicas e descompromissadas
de coisas que devem permanecer sagradas e misteriosas. Devemos tomar cuidado.
Quando nos for revelado algo, devemos lembrar dessas admoestações.
Conclusão.
O
Presidente Gordon B. Hinckley ensinou "Como Igreja, incentivamos o
conhecimento do evangelho e a busca para compreender toda a verdade. É
fundamental para nossa teologia a crença na liberdade individual de indagação,
pensamento e expressão. O debate construtivo é um privilégio de todos os santos
dos últimos dias.
Mas
a maior de todas as obrigações de todos os santos dos últimos dias é levar
adiante a obra do Senhor, fortalecer seu Reino na Terra, ensinar a fé e
edificar o testemunho do que Deus tem feito nesta dispensação da plenitude dos
tempos" (“Manter a fé”, Ensign,
Set. 1985, pp. 5–6).
Todas
as perguntas possuem uma resposta. Se buscarmos encontraremos no devido tempo.
Essa é uma das promessas mais repetidas nas escrituras.
Talvez
seja útil ler também: O que fazer quando uma evidência indicar que a Igreja é
falsa? (clique aqui).
[1] "As
doutrinas profundas sempre causam contendas e divergências de opiniões (Helamã
11:22-23). [Elas são diferentes dos] mistérios de Deus [os quais sempre]
emanam, como o nome sugere, de Deus. Mas as doutrinas profundas são quase
sempre meias-verdades – escrituras puras corrompidas com filosofias de homens.
A doutrina profunda é motivada por Satanás, porque causa erro (3 Néfi
11:28-29). É uma das ferramentas de quem pratica artimanha sacerdotal (2 Néfi
26:29)." (leia_mais_aqui).
[2] O
Presidente John Taylor ensinou: “Deus destruiu os iníquos daquela geração com
um dilúvio. Por que Ele os destruiu? Ele os destruiu para o próprio benefício
deles, se é que podem compreender isso”. (Journal
of Discourses, 24:291)
Um comentário:
Lucas, excelente artigo ! No instituto vez por outra nos defrontamos com estas questões. Suas ponderações e indicação de discursos foram muito úteis pra mim !
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