Recebi a seguinte
pergunta: "Quando eu, mulher da
Igreja, me casar - serei adotada à tribo de meu marido independentemente de
pertencer já a outra tribo de Israel?"
Creio que a pergunta é sumamente
pertinente para aqueles que compreendem um pouco das bênçãos de se pertencer à
Casa de Israel. Portanto esforçar-me-ei para responder apropriadamente.
Primeiro julgo ser importante
entender o que é a Casa de Israel e como somos abençoados por pertencermos a
uma das tribos.
Vida Pré-Mortal
Tudo começa na vida
pré-mortal. Lá, foi a ocasião onde
Abraão e muitos outros "mesmo antes de nascerem (...) receberam suas
primeiras lições no mundo dos espíritos e foram preparados para nascer no
devido tempo do Senhor, a fim de trabalharem em sua vinha para salvação da alma
dos homens" (D&C 138:56). Eles eram os "nobres e grandes"
que foram preordenados a missões especificas na mortalidade (Abraão 3:22-23).
Nesse primeiro estado o Altíssimo distribuiu as heranças às nações e dividiu os
filhos de Adão uns dos outros, estabelecendo os termos dos povos, conforme o
número dos filhos de Israel. Isso porque "a porção do SENHOR é o seu povo;
Jacó é a parte da sua herança."
(Deuteronômio 32:8-9).Em outras palavras, algumas bênção especiais estariam
reservadas ao povo do Senhor, que no caso seria descendente de Jacó.
Depois que a Terra foi criada e Adão
e Eva foram expulsos do Jardim, Deus fez convênio com Adão e sua semente
(Moisés 6:50-68). Esse convênio chamava-se Evangelho de Jesus Cristo e consistia
no Plano de Salvação: por meio da fé em Jesus Cristo, do sincero
arrependimento, do batismo pro imersão, do recebimento do Dom do Espírito Santo
e da perseverança até o fim - os homens poderiam nascer de Deus - sendo
santificados por meio da Expiação de Jesus Cristo. Isso esta muito bem
explicado em Moisés 6 e outra escrituras.
Eleição
Há um conceito que precisa ser
entendido antes de prosseguirmos. É o da eleição. O Guia de Estudo Para as Escrituras (GEE) explica, no verbete
"Eleição": "Baseando-se na dignidade pré-mortal, Deus escolheu
os que seriam a descendência de Abraão e a casa de Israel e se tornariam o povo
do convênio (Deut. 32:7–9; Ef. 1:4; Abr. 2:9–11). Tais pessoas recebem bênçãos
e deveres especiais, a fim de abençoarem todas as nações do mundo (Rom. 11:5–7;
I Ped. 1:2; Al. 13:1–5; D&C 84:99). Todavia, mesmo os eleitos devem ser
chamados e escolhidos nesta vida, para que alcancem a salvação."
Contudo, é preciso compreender
que "houve muitos, antes dos dias de Abraão, que foram chamados segundo a
ordem de Deus, sim, segundo a ordem de seu Filho" (Helamã 8:18). Adão,
Enoque, Noé, o irmão de Jarede e muitíssimos mais foram "chamados e
escolhidos" para serem herdeiros da salvação.
Adão, pro exemplo, se tornou um
eleito devido sua retidão - bem como sua semente (D&C 107:55). O que
significa ser um eleito? Significa ser escolhido, significa ser separado.
Refere-se a tornar-se filho de Cristo - e por meio da graça divina um herdeiro
do Reino Celestial de Deus."Eleitos são aqueles que amam a Deus de todo o
seu coração e vivem de maneira agradável aos olhos dele. Os que vivem como seus
discípulos, um dia serão escolhidos pelo Senhor como seus filhos eleitos"
(GEE "Eleitos"). Somos escolhido para salvação pelo Senhor quando
recebemos a palavra mais segura de profecia (D&C 131:5).
Pode-se dizer que todos os
homens que nasceram, nascem e nascerão nesta Terra são eleitos - porque
escolheram seguir o Plano de Deus na vida pré-mortal. Não obstante, devemos
confirmar nossa eleição nesse segundo estado (via terrena). De fato, "eis
que agora é o tempo e o dia de vossa salvação" (Alma 34:31). Devemos
procurar fazer cada vez mais firme o nosso chamado e eleição; porque, fazendo
isto, nunca jamais tropeçaremos. Porque assim nos será amplamente concedida a
entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." (II
Pedro 1:10-11). O chamado e eleição significa obter "a certeza de
exaltação" (GEE "Vocação e Eleição"). Para obter tal garantia
precisamos ser justificados e santificados - ter mãos limpas e um coração puro
- só assim adentraremos o lugar santíssimo, veremos a face de Deus e seremos a
sua geração (Salmos 24:3-6; D&C). O processo pode demorar a vida inteira,
pois é preciso abandonar todos os nossos pecados, ir à Cristo, invocar Seu nome e obedecer a Sua voz, guardando
os Seus mandamentos (D&C 93:1). Um homem precisa deixar as coisas desse
mundo e buscar a de um melhor, e aprender a valiosa lição sobre os poderes do
céu (D&C 121:34-46). Nesse processo não só deixamos de praticar o mal, mas
vencemos (por meio do poder do Salvador) nossas fraquezas e o desejo de fazer o
errado. Um homem que chega nesse nível não é perfeito, mas tem um
"perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens" e
recebeu a garantia do Pai de que terá Vida Eterna (2 Néfi 31:20). Essa garantia
pode ser recebida no estado mortal. Lemos que Jacó, um jovem, foi
"redimido por causa da justiça do teu Redentor" (2 Néfi 2:3). Lemos
que Alma, um idoso, recebeu o convênio da vida eterna (Mosias 26:20). E se
alguém argumentar que Jacó e Alma eram profetas, podemos lembrar de Êmer "viu
o Filho da Retidão e regozijou-se e rejubilou-se em seu dia; e morreu em paz"
(Éter 9:22). Na realidade, ao estudar as escrituras concluímos que "houve
muitos, e grande foi o seu número, que foram purificados e entraram no descanso
do Senhor seu Deus" (Alam 13:12).
É possível que um homem caia da
graça,após receber tal dádiva, sendo escolhido para Vida Eterna, e aparte-se do
Deus vivo? (D&C 20:32) Sim! Caim foi um exemplo. (Moisés 5:24). Portanto,
até os santificados (eleitos) devem ficar atentos (D&C 20:34).
Deus quer salvar todos os seus
filhos. Todos são, nesse sentido eleitos para salvação. A confirmação dessa
eleição, todavia, nem sempre chegará na mortalidade. Alguns a receberão no
mundo dos espíritos - porque apenas lá poderão se preparar adequadamente. Isso
acontece porque nem todos ouvirão de Jesus Cristo e terão a oportunidade de
segui-lo nesta esfera terrena.Daí a importância da obra vicária.
Noé e seu filhos
Adão e os patriarcas guardaram
os mandamentos, mas nem todos os seus filhos os fizeram. Enoque e Sião foram
transladados porque a iniquidade na Terra era tamanha que precisaram ser
removidos para que o dilúvio purificasse o planeta. Quando Noé e sua família
saíram da arca, Jafé, Sem e Cão (os três filhos de Noé, Gênesis 6:10) e suas
respectivas famílias começaram a povoar novamente a Terra. A descendência de
Noé foi abençoada e tinham o privilégio de tornarem-se eleitos. Todavia, em um
acontecimento confuso (devido as más traduções), Noé abençoou Sem e Jafé e
amaldiçoou Cão e sua semente: "Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de
Sem; e seja-lhe Canaã por servo." (Gênesis 9:27).
Genericamente podemos dizer que de Jafé provém os gentios: um povo
grande em número; um povo que receberiam as bênçãos do evangelho pela
descendência de Sem. Evidentemente esse não é o único sentido da palavra
gentio. Mas basicamente gentil é quem
não pertence ao povo do convênio. Sem e sua descendência se tornaram um povo
eleito. Deus fez com que os profetas e santos preordenados nascessem na
linhagem de Sem. Esses deveriam ajudar os outros homens a entrarem e habitarem
nas "tendas" de Sião.
Cão, especialmente seu filho
Canaã, foi amaldiçoado. Para sua semente foram negadas as bênçãos do sacerdócio
e da plenitude da Casa de Deus (Abraão 1:21-23, 25-27).
Abraão, Isaque e Jacó.
Nos últimos dias, devido as
chaves de Elias (não Elias, o profeta - D&C 110:12) - a maldição que recaiu
sobre a descendência de Cão poderia ser removida e o evangelho mais uma vez
poderia ser desfrutado em sua plenitude por todos os povos - independentemente
da origem. Isso aconteceu especificamente devido a aparição de um mensageiro no
Templo de Kirtland. Ele foi identificado como Elias. Todavia, sabemos que ele
era Gabriel ou Noé - porque Elias
muitas vezes é usado como um título e não um nome próprio (GEE
"Elias"); e também por revelação.
Noé abençoou Sem. Sem abençoou
Abraão. Apesar de não ser confirmado, há muitas indicações de que Sem seja
Melquisedeque (ver Manual do Aluno do Instituto Curso do Velho Testamento -
Curso 301, pg. 65). Se for assim, o próprio Sem "era sacerdote do Deus
Altíssimo" que "abençoou a Abrão, dizendo: bendito seja Abrão pelo
Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra!" (Gênesis 14:18-19). As
promessas de eleição foram confirmadas, mais tarde pelo próprio Deus: "Meu
nome é Jeová e conheço o fim desde o princípio; portanto minha mão estará sobre
ti. E farei de ti uma grande nação e abençoar-te-ei sobremaneira e
engrandecerei o teu nome entre todas as nações; e serás uma bênção para tua
semente depois de ti, para que em suas mãos levem este ministério e Sacerdócio
a todas as nações; E abençoá-las-ei por meio de teu nome; pois todos os que
receberem este Evangelho serão chamados segundo o teu nome e contados como tua
semente; e levantar-se-ão e abençoar-te-ão como seu pai; E abençoarei os que te
abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti (isto é, em teu
Sacerdócio) e em tua semente (isto é, teu Sacerdócio), pois faço-te a promessa
de que este direito continuará em ti e em tua semente depois de ti (isto quer
dizer a semente literal, ou seja, a semente do corpo), serão abençoadas todas
as famílias da Terra, sim, com as bênçãos do Evangelho, que são as bênçãos de
salvação, sim, de vida eterna." (Abraão 2:8-11).
O conjunto de promessas que
Abraão fez e recebeu é chamado de Convênio Abraamico.Nada mais é que o
Evangelho de Jesus Cristo em Sua Plenitude - contendo todos os convênios e
ordenanças do sacerdócio - dês do batismo até o Casamento Eterno, como
ensinando por Adão, Enoque e Noé. Todavia, Abraão recebeu deveres e promessas
especiais - ele teria direito a determinadas porções de terra, seus filhos
homens deveriam ser circuncidados no oitavo dia para seus pais se lembrassem
que o convênio seria válido tão somente se houvesse cumprimento dos mandamentos
- e o primeiro deveria ser o batismo aos oito anos de idade. (GEE
"Circuncisão", ver também Tradução
de Joseph Smith de Gênesis 17).
Por motivos não completamente
compreendidos por nós, Deus escolheu Isaque, em vez de Ismael (Isaque era filho
de Sara, Ismael de Agar, uma serva) - e o convênio se perpetuou para semente de
Isaque. De igual maneira, o convênio em sua plenitude foi renovado com Jacó, e
não com Esaú (pois vendeu sua primogenitura e casou fora do convênio) - ambos
filhos de Isaque. Os descendentes de Ismael receberam grandes bênçãos - assim
como os descendentes de Esaú - e não sabemos se gozavam do sacerdócio, e se
gozaram pro quanto tempo. O fato é que as bênçãos plenas permaneceram sobre a
família de Jacó. Em outras palavras, o Convênio foi renovado com Jacó. Tanto é
que o Senhor mudou o nome dele para Israel (GEE "Jacó",
Israel").
Jacó teve duas esposas e duas
concubinas. Teve doze filhos homens. Seus filhos se multiplicaram e por isso, a
descendência desses homens, é chamada de doze tribos de Israel. São estas as
doze tribos: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom (filhos de Jacó e
Léia); Dã e Naftáli (filhos de Jacó e Bilha); Gade e Aser (filhos de Jacó e
Zilpa); José e Benjamim (filhos de Jacó e Raquel) (Gên. 29:32–30:24; 35:16–18).
A descendência de Jacó era a
semente eleita. Eles seriam salvos e deveriam ajudar os outros filhos do Pai a
serem salvos também.
Três conceitos: todos, retidão e adoção.
Nesse ponto é importante
compreender três conceitos.
Todos. Como o Senhor "convida todos a virem a ele e a participarem de sua bondade; e não repudia
quem quer que o procure, negro e branco, escravo e livre, homem e mulher; e
lembra-se dos pagãos; e todos são iguais perante Deus, tanto judeus como
gentios" (2 Néfi 26:33, itálico adicionado) deseja salvar todos. Esse foi,
afinal, o propósito da Expiação: "E ele [Cristo] vem ao mundo para salvar todos os homens, se eles derem ouvidos a
sua voz; pois eis que ele sofre as dores dos homens, sim, as dores de toda
criatura vivente, tanto homens como mulheres e crianças, que pertencem à
família de Adão. E ele sofre isto para que todos
os homens ressuscitem, para que todos compareçam diante dele no grande dia do
julgamento. E ordena a todos os
homens que se arrependam e sejam batizados em seu nome, tendo perfeita fé no
Santo de Israel, pois do contrário não poderão ser salvos no reino de Deus. E
se não se arrependerem, não acreditarem em seu nome, não forem batizados em seu
nome nem perseverarem até o fim, serão condenados, pois o Senhor Deus, o Santo
de Israel, disse-o." (2 Néfi 9:21-24, itálicos adicionados). O Senhor quer
todos, e não uns poucos.
Em Apocalipse 7:9-15, João viu
uma multidão de santificados. Essa multidão de eleitos "ninguém a podia
contar" devido a seu grande número. Tal fato destrói todo argumento
pessimista que Deus salvará apenas uns poucos homens em seu reino. E acaba com
a errônea ideia deque há apenas uma estirpe eleita para salvação, porque a multidão
que João viu era composta de homens e mulheres, de todas as nações, tribos,
povos e línguas."
É verdade que nas dispensações
do passado o proselitismo era bem restrito (pelo que lemos). Mas Quando Cristo
veio a Terra deixou o claro mandamento: "Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura.Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não
crer será condenado" (Marcos 16:15-16). O Senhor permitiu que as bênçãos
plenas fossem estendidas ao gentios na época de Pedro (Atos 10), e a todos os
homens em nossa época (ver Declaração Oficial 2). A salvação esta ao alcance de
todos.
Retidão. As condições da salvação no Reino Celestial - da eleição,
portanto - são simples: viver de toda palavra que provém da boca de Deus. O
Senhor ordenou-nos que guardássemos seus mandamentos. Ele explicou quais eram
esse mandamentos: "Acontecerá que aquele que se arrepender e for batizado
em meu nome será satisfeito; e, se perseverar até o fim, eis que eu o terei por
inocente perante meu Pai no dia em que eu me levantar para julgar o mundo. E
aquele que não perseverar até o fim será cortado e lançado no fogo, de onde não
mais voltará, em virtude da justiça do Pai. E esta é a palavra que ele deu aos
filhos dos homens. E por esta razão ele cumpre as palavras que proferiu; e não
mente, mas cumpre todas as suas palavras. E nada que seja imundo pode entrar em
seu reino; portanto, nada entra em seu descanso, a não ser aqueles que tenham
lavado suas vestes em meu sangue, por causa de sua fé e do arrependimento de
todos os seus pecados e de sua fidelidade até o fim. Ora, este é o mandamento:
Arrependei-vos todos vós, confins da terra; vinde a mim e sede batizados em meu
nome, a fim de que sejais santificados, recebendo o Espírito Santo, para
comparecerdes sem mancha perante mim no último dia. Em verdade, em verdade vos
digo que este é o meu evangelho; e sabeis o que deveis fazer em minha igreja;
pois as obras que me vistes fazer, essas também fareis; porque aquilo que me
vistes fazer, isso fareis; Portanto, se fizerdes essas coisas, bem-aventurados
sois, porque sereis levantados no último dia." (3 Néfi 27:16-22).
Se formos retos seremos contatos
com o povo Dele, mas se não formos retos, não sermos contados. Néfi foi quem
melhor explicou isso: "Pois eis que vos digo que todos os gentios que se
arrependerem são o povo do convênio do Senhor; e todos os judeus que não se
arrependerem serão lançados fora, porque o Senhor não faz convênios a não ser
com os que se arrependem e acreditam em seu Filho, que é o Santo de Israel."
(2 Néfi 30:2). Assim, se o povo de Israel pecar, será destituído.
Adoção. Aqueles que não são descendentes de Abraão, ainda sim são
filhos de Deus. Para que sejam merecedores das bênçãos do evangelho e venham a
ser exaltados precisam guardar os mandamentos. O GEE explica no verbete
"Adoção": "A pessoa que não é da linhagem israelita torna-se
membro da família de Abraão e da casa de Israel tendo fé em Jesus Cristo,
arrependendo-se, sendo batizada por imersão e recebendo o Espírito Santo (2 Né.
31:17–18; D&C 84:73–74; Abr. 2:6, 11)."
Aprendemos que quando uma pessoa
que não é descente de Abraão se batiza é como se seu próprio sangue mudasse - e
ela se torna coligada a Israel e herdeira das promessas de salvação da Casa de
Abraão.
Os descendentes literais de
Abraão precisam guardar os mandamentos. Sua ascendência peculiar de nada lhes
servirá se suas obras forem más. Isso deixou claro João Batista ao confrontar
os orgulhosos fariseus (Mateus 3:9).
A Dispersão e a Coligação de Israel
Quando Israel saiu do Egito, por
intermédio do profeta Moisés e adentrou na Terra Prometida, com Josué - as
tribos receberam porções especificas de herança. O mapa ao lado demonstra as
fronteiras de cada tribo. Com o passar dos anos, devido a iniquidade, os
israelitas se dividiram em dois reinos: o Reino do Norte (que passou a ser
chamado Israel ou Efraim) e o Reino do Sul (que foi chamado de Judá, por que
era a principal tribo). Vários homens e mulheres do Reino do Norte migraram
para o Reino do Sul, porque o Reino do Norte entrou em declínio espiritual (II
Crônicas 11:12-17, 15:9). O Reino de Israel acabou sendo destruído e 10 tribos
foram levadas cativas para o norte. Elas se tornaram perdidas.
Como bem lembrou Neemias, Moisés
havia profetizado: "Se vós transgredirdes, eu vos espalharei por entre os
povos" (Neemias 1:8, ver também Deuteronômios 28:25, 37 e 64).O Senhor sacudiu
a Casa de Israel entre todas as nações (Amós 9:9).
O GEE informa: "O Senhor
dispersou e fez padecer as doze tribos de Israel, em virtude de sua iniquidade
e rebeldia. Entretanto o Senhor também usou esta dispersão do povo escolhido
entre as nações de todo o mundo para abençoar essas nações." (Israel -
Dispersão de Israel). Lá também é explicado: "A casa de Israel será
coligada nos últimos dias, antes da vinda de Cristo. O Senhor reúne os de seu
povo, Israel, quando estes o aceitam e guardam os seus mandamentos"
(Israel - Coligação de Israel).
A obra missionária é a obra de
coligação. Quando um converso aceita o batismo aceita entrar na família de
Abraão e receber às bênçãos de Abraão. No momento do batismo esse converso
ratifica sua descendência ou é adotado à família de Abraão, e portanto, é
Coligado. O converso também é reconhecido como herdeiro de uma das tribos de
Israel. Normalmente é através de uma bênção patriarcal (ver GEE "Benção
Patriarcal) que a linhagem é revelada.
Cada tribo possui bênçãos e
deveres comuns e específicos. Os comuns são: guardar os mandamentos, e os
específicos são revelados nas escrituras (talvez esse artigo seja de interesse:
http://lucasmormon.blogspot.com.br/2012/03/as-tribos-de-israel.html),
bênçãos patriarcais e por revelação pessoal. Sabemos que Efraim e Manassés
possuem um papel importante nos últimos dias. A eles cabe pregar o evangelho e
liderar a Coligação de Israel, primeiro entre os gentios, depois entre os
judeus. Mais sobre esse assunto poderá ser tratado adiante. Para não me alongar
passemos ao cerne da questão: o casamento entre as tribos.
O Manual do Aluno do Instituto do Curso do Velho Testamento (Curso
301) possui uma ótima citação, a qual reproduzo: "Ao iniciar o estudo da
expansão da linha do convênio, lembre-se de uma coisa. Muitas vezes temos a
tendência de generalizar o conceito do que significa um povo do convênio e da
herança religiosa recebida por certos grupos de pessoas . Por exemplo, nossa
tendência é pensar que os árabes são descendentes de Ismael e Esaú , os judeus
descendentes de Judá, os índios americanos e do Pacífico Sul descendentes de
Lamã, e assim por diante . De certa forma tais declarações são verdadeiras,
porém , através de séculos de casamentos inter-raciais e de conversão ao
convênio , a " linhagem sanguínea pura" (um termo impossível de
corresponder à realidade) dos diversos ancestrais misturou-se amplamente. Sem
dúvida, durante um período de cerca de quatro mil anos, os descendentes de
Isaque contraíram matrimônio com os descendentes de Ismael e de outras raças da
linhagem de Abraão . Temos conhecimento de que, depois que as dez tribos foram
levadas ao cativeiro ,o termo judeu foi usado num sentido nacionalista (com o
significado de ser um membro do reino de Judá) e não apenas no sentido tribal
(com a conotação de ser um descendente de Judá, filho de Jacó) . Por conseguinte,
Leí, que era da tribo de Manassés (Alma 1 0:3), e Ismael e suas filhas , que
eram de Efraim, eram judeus, isto é, viviam em Judá.
No Livro de Mórmon, o termo
lamanita é usado no sentido espiritual (significando alguém que apostatou da
verdade), bem como para designar os descendentes de Lamã (4 Néfi 1 :38). Um
exemplo mais recente de miscigenação sanguínea ocorreu na época em que uma
nação inteira, no oitavo século D. C., se converteu ao judaísmo . A maior parte
do reino dos khazars, no que
conhecemos como Rússia, adotou a religião judaica (veja Encyclopedia Judaica, verbete "Khazars " , Vol . X, pp .
944-47). Muitos judeus modernos da Europa, traçam sua linhagem até os khazars, que antes de 740 D. C. eram
gentios .
Os negros africanos da Etiópia
afirmam ser descendentes de Davi , devido ao casamento do rei Salomão com a
rainha de Sabá (veja I Reis 10:1-1 3; Encydopedia Judaica, verbete
"Etiópia" , VaI. V I , p . 943). Assim sendo, é provável que o sangue
de Israel tenha-se espalhado até mesmo pela África.
Embora hoje em dia existam
grupos raciais que poderiam ser considerados predominantemente membros da casa
de Israel, ou gentios, é quase certo que o sangue dessas duas linhas possa ser
encontrado na maioria dos povos da terra. O mais importante é que o fato de se
pertencer ao povo de Israel , ou de ser uma pessoa do convênio, envolve tanto a
fidelidade como a linhagem sanguínea. Portanto , como Néfi declarou, são o
arrependimento e fé no Unigênito de Israel que determinam se o indivíduo
pertence ao convênio (2 Néfi 30:2), um conceito que também foi ensinado por
Paulo (Romanos 2:28-29). Em outras palavras, embora a linhagem sanguínea seja
um fator significativo, em um indivíduo, a fidelidade ou a falta dela, é o que
realmente conta." ("O Convênio continua com Isaque e Jacó", pg.
81)
A Israel Primitiva
Na Antiga Israel Moisés não proibiu
o casamento de um homem que pertencesse a uma tribo com uma mulher que
pertencesse a outro, mas criou uma legislação que não o incentivava (Números
36). Isso aconteceu especialmente por razões possessórias. Diferente era o caso
de casamentos com pessoas não-israelitas - esse era proibido por questões
espirituais (Deuteronômios 7:3-4).
Explicando sobre Números
36, capítulo que fala sobre o casamento entre as tribos o Manual do Aluno do Instituto do Curso do Velho Testamento (Curso
301), na página 211, diz: "Aqui Moisés trata de um problema prático com
que Israel se defrontaria ao iniciar a conquista de Canaã. Tão logo fosse
determinada a divisão da terra segundo as tribos, as famílias de cada uma delas
deveriam obter uma terra de herança. Se fosse concedido um pedaço de terra a
uma mulher solteira, e ela se casasse com um membro de outra tribo, o que
provavelmente era bastante comum, então a sua propriedade também passaria a ser
de seu marido. Desse modo, outra tribo obteria um pedaço da terra designada
pelo Senhor e Moisés à tribo original. Tal situação não ocorreria quando os
homens se casassem fora de suas tribos, pois a propriedade ainda permaneceria
com a mesma tribo. Moisés e os anciãos previram os problemas potenciais que
surgiriam , e criaram uma legislação estabelecendo que as terras de herança não
poderiam passar de uma tribo para outra."
Mais adiante na História de
Israel vemos que os israelitas se misturam bastante. Dois exemplos: (1) os
filhos de Leí (descendentes de Manassés) casaram-se com as filhas de Ismael
(descendentes de Manassés); (2) os filhos de Elimeleque e Noemi, que eram judeus, casaram-se com Rute
e Orfa - moabitas (Rute 1:2-4).
Devido a um desentendimento
(narrado em Juízes 20), as tribos de Israel evitaram casar-se com os
descendentes de Benjamim. Essa proibição caiu por terra em 15 de Av de 2487 (na
contagem judia). Essa data é comemorada até hoje entre os judeus como se fosse
um "dia dos namorados" - embora essa não seja a melhor expressão,
pois nesse dia também são lembrados outros episódios de Israel (como a
destruição do Templo).
A Israel Moderna e no Milênio
A Israel de hoje consiste em um
povo que preparará o Reino do Messias. Quando Cristo voltar a pedra que esta
rolando, vista por Daniel, encherá toda a Terra. Israel será estabelecida não
só na Palestina, mas em toda a Terra. Assim, cada tribo será distribuída no
mundo inteiro.
A Coligação espiritual prossegue
sem necessidade de uma coligação física em um único lugar. O mandamento de
"estender bem as tuas estacas" (Isaías 54:2) esta em vigor - e a
Terra inteira será abençoada com representantes da Casa de Israel. No final a
Terra inteira será um Reino Celestial (GEE "Terra") - e a herança dos
eleitos.
Porque somos adotados ou reconhecidos em
uma tribo especifica de Israel?
Como já falei recebemos certas
responsabilidades e certos privilégios ao adentrarmos em uma tribo da Casa de
Israel. A maioria dos membros da Igreja hoje são descendentes de Efraim e
Manassés - ou são adotados a uma dessas
duas tribos. Isso porque Efraim recebeu a responsabilidade de conduzir ou
presidir a Coligação em ambos os lados do véu.
Efraim recebeu a primogenitura
de Israel (I Crôn. 5:1–2; Jer. 31:9). Nos últimos dias essa tribo tem o
privilégio e responsabilidade de portar o sacerdócio, levar ao mundo a mensagem
do evangelho restaurado e levantar um estandarte a fim de reunir a Israel
dispersa (Isa. 11:12–13; 2 Né. 21:12–13). Os filhos de Efraim coroarão de glória
os que retornarem dos países do norte nos últimos dias (D&C 133:26–34).Manassés
ajudará neste trabalho.
Encontrar pessoas de outras
tribos é raro. Esse é um dos motivos porque as escrituras que dispomos falam
mais de Efraim e Manassés - e de sua missão de coligar e construir Sião.
Se um membro da Igreja pertencer
a outra tribo que não seja Efraim e Manassés possui a responsabilidade de,
obedecendo Efraim (que estará sempre a testa nesta dispensação) ajudar na
coligação de Israel.
Outras bênçãos especificas são compreendidas,
como já falei, por revelação pessoal.
Respondendo a questão.
Falei tudo isso para responder a
uma questão tão curta! Pois é, o contexto era importante. Agora permita-me
resumir:
1- Deus ama seus
filhos e quer abençoá-los
2- Ele escolheu um
povo para derramar suas preciosas bênçãos
3- Esse povo
precisa ser fiel, e ajudar outros povos a receberem as mesmas bênçãos
4- O povo
escolhido é a descendência de Abraão, através de Isaque e Jacó
5- Jacó teve 12
filhos, as 12 tribos de Israel
6- Quando uma
pessoa aceita o evangelho e se batiza passa a fazer parte da família de Abraão
- e é adotada ou reconhecida como membro de uma das tribos de Israel.
7- Descobrimos
qual tribo pertencemos quando recebemos nossa bênção patriarcal
8- Pertencer a uma
tribo significa ter direito a certas bênçãos e receber certas
responsabilidades.
Agora a resposta: Como a questão
do casamento era uma regra pontual e especifica da Israel Antiga, essa regra
não prevalece hoje (primeiro, porque Israel esta dispersa e não coligada como
na antiguidade -e nem restrita a Palestina; segundo, a lei de Moisés foi
cumprida no Meridiano dos Tempos).
Como, no Milênio herdaremos (ou
seja, nós, os filhos de Abraão) toda a Terra, não há de se falar em legislação
territorial para o casamento entre as tribos. Além disso, sentimentos
mesquinhos e de superioridade racial ou tribal não estarão presentes no
Milênio, pelo que se faz desnecessário uma regulamentação como existia na lei
mosaica.
A tribo de seu marido é a tribo do seu marido - e ele receberá
promessas e bênçãos da tribo a qual pertence. Se a sua tribo for diversa, você receberá deveres e direitos de sua
respectiva tribo - a fim de cumprir seu papel na mortalidade.
Meu pai é de Manassés, minha mãe
de Efraim. É razoável que minha mãe deixe
de ser efraimita para ser "transferida" para Manassés, por ter
escolhido se casar com meu pai? E se
ela se cassasse com outro homem da mesma tribo - Efraim? Então não haveria problema? Mas há algum problema
afinal? Estamos nós nos tempos de Moisés? Vivemos nos na Palestina? Estamos
coligados em um único lugar e recebemos nossa propriedade como herança perpétua
na terra da Promissão?
Minha
mãe entrou (seja por adoção ou não) para Efraim quando foi batizada - e o
Patriarca, algum tempo depois, lhe abençoou. Nessa ocasião ele, o Patriarca, reconheceu e declarou qual tribo minha mãe já
fora adotada. Uma mudança na tribo só seria possível, no meu entendimento,
por uma nova ordenança do evangelho. Alguns pensam que o casamento no Templo é
essa ordenança. Mas não conheço escritura ou revelação que sustente tal tese. O casamento no templo não tem o condão de
alterar a tribo.
Acredito que recebemos certos
deveres e talentos segundo a presciência de Deus que não serão alterados a menos que haja iniquidade. Ademais, uma
bênção dada (e adentrar numa tribo de Israel é uma grande bênção) não pode ser
revogada - salvo se for por iniquidade.Isso esta de acordo com a Justiça de
Deus (D&C 130:20-21).
A Casa de Deus é uma casa de
ordem (D&C 88:119). Quando um patriarca declara a tribo, a pessoa é
reconhecida como parte daquela tribo e não perde tal privilégio (salvo se pecar
gravemente). Enquanto estivermos na Terra "temos uma obra a executar"
(Morôni 9:6), e por isso mesmo precisamos das responsabilidades e direitos de
uma tribo especifica. Mas quando nosso trabalho cessar o mesmo não será
verdade.
Evidentemente quando formos
exaltados seremos todos participantes do dom celestial e as distinções
(inclusive tribais) cessarão. Na realidade isso acontecerá quando Sião for
plenamente estabelecida (4 Néfi 1:3).
Tem também outra coisa: ao
ressuscitarmos o sangue deixará de existir, e consequentemente nossa ligação
sanguínea, mesmo a ligação por adoção a alguma tribo, cessará. Resistirão, porém,
os convênios e os laços familiares selados no Templo pelo Santo Espírito da
Promessa. Uma linha de eleitos de Adão até o último homem justo será formada e uma
corrente familiar será estabelecida. Todos serão como o Pai - e herdarão tudo o
que Ele possui.
No Reino Celestial - e a
propósito, no Casamento Celestial - homem
e mulher são sempre iguais, ou em outras palavra, homem e mulher terão
deixado sua ascendência mortal e serão "ambos uma só carne" (Gênesis
2:24).
Finalmente: os eleitos são
eleitos, não importando as tribos a qual pertencem enquanto vivem no breve período
mortal; os eleitos são eleitos, não importando as diversidades de ministério e
as diferentes responsabilidades na Vinha do Senhor que recebam nesta vida; os
eleitos são eleitos - e continuarão a sê-lo mesmo que membros próximos de sua
própria família sejam de tribos diferentes - porque isso no final não importará
(é algo que importa para este tempo, sob certas circunstâncias que comentei).
Assim a resposta a pergunta -
"quando eu, mulher da Igreja, me casar - serei adotada à tribo de meu
marido independentemente de pertencer já a outra tribo de Israel?" - é NÃO.