25 de mar. de 2013

"Encheu-me a alma de imensa alegria"


E aconteceu que vi uma árvore cujo fruto era desejável para fazer uma pessoa feliz.
E aconteceu que me aproximei e comi de seu fruto; e vi que era o mais doce de todos os que já havia provado. Sim, e vi que o fruto era branco, excedendo toda brancura que eu já vira.
E enquanto eu comia do fruto, ele encheu-me a alma de imensa alegria; portanto comecei a desejar que dele também comesse minha família; porque sabia que era mais desejável que qualquer outro fruto.
(1 Néfi 8:12-14)

                Leí recebeu uma extraordinária revelação através do dom do Espírito chamado sonho ou visão. Ele mesmo diz: "Eis que sonhei um sonho, ou em outras palavras tive uma visão" (1 Néfi 8:2)- esse aparente pleonasmo perde o aspecto vicioso quando compreendemos que o sonho pode ser "um dos meios pelos quais Deus revela sua vontade aos homens e às mulheres na Terra" e que "os sonhos inspirados são resultado da fé" (GEE "Sonho"). Assim Leí quis dizer: "Eis que sonhei um 'sonho inspirado'" ou "Eis que sonhei um Sonho, que é um dom espiritual".
                Embora o sonho tenha sido direcionado primeiramente para Leí, sua família e sua posteridade futura, esse sonho é extremamente importante para todos os homens - porque contém princípios eternos.
                Recentemente aprendi mais sobre os três versículos que mencionei acima.
                Leí viu uma árvore que era desejável para fazer uma pessoa feliz. Através de Néfi, aprendemos que a árvore simbolizava o amor de Deus (3 Néfi 11:22). A brancura do fruto simboliza a pureza. Quando Leí se aproximou e comeu do fruto sentiu sua alma encher-se de imensa alegria.
                Na revelação moderna aprendemos que o "espírito e o corpo são a alma do homem" (D&C 88:15). Essa importante explicação nos dá a entender que a alma é a união do corpo físico com o espírito infinito. Nem sempre, evidentemente, nas obras-padrão, a palavra "alma" é usada em seu sentido mais especifico - muitas vezes é tão somente sinônimo de espírito. Mas no caso de 1 Néfi 8, o Senhor fez-me entender que "alma" comporta o significado dado em Doutrina e Convênios (corpo + espírito).
                Quando recebi essa revelação aprendi que o fruto da árvore da vida beneficia tanto o corpo físico, como o espírito eterno. Ao refletir um pouco lembrei de como, na minha missão de tempo integral, eu vira muitas vezes essa verdade. Pessoas ignorantes, imundas e incivilizadas se transformaram por provarem os doces frutos da Expiação, em pessoas sábias, limpas e nobres.
                A Expiação, que é a maior manifestação do amor de Deus, faz com que recebamos bênçãos temporais e espirituais que não podem ser todas mensuradas e citadas. Graças a Expiação todos nós teremos nosso corpo físico imortalizado - sem aflições, doenças e dores; e também teremos nosso espírito salvo em um dos grandiosos reinos de glória (GEE "Salvação", "Expialção"). Todavia, existem milhares de bênçãos que recebemos imediatamente ao provarmos a expiação nesta vida. Eis algumas: sentir maior amor, desenvolver os atributos de Cristo: honestidade, fé, esperança, conhecimento ,etc; ter mais vigor físico e emocional; receber revelações diárias; ter o poder capacitador de realizar muita coisa boa; etc.
                Quando Leí sentiu os benefícios ardentes e imediatos da Expiação (perceba que ele apenas começou a comer do fruto e já teve a alma cheia de alegria), desejou compartilhar essa bênçãos imediatamente. Isso ensina muito a respeito de pregar o evangelho. Sentimo-nos mais dispostos a transmitir as verdades de Deus quando entendemos melhor a expiação de Jesus Cristo. E isso quer dizer que se não temos um desejo natural de pregar o evangelho, significa que não estamos provando o fruto da Expiação como deveríamos. Há uma "imensa alegria" tanto para o corpo quanto para o espírito ao provarmos a expiação de Jesus Cristo. Sei que isso é verdade. E também sei que devo esgotar minhas forças para convidar as pessoas a sentirem a maior alegria para alma (1 Néfi 11:23).

19 de mar. de 2013

Justificação e Santificação - parte 1


As escrituras mencionam dois processos distintos, porém relacionados: justificação e santificação. Ser justificado é tornar-se limpo de mãos; ser santificado é tornar-se puro de coração. Somos justificados pela graça do Senhor, através do Espírito Santo. Somos também santificados pelo poder da Expiação. A Justificação ocorre quando vencemos o pecado, com obras de fé. A Santificação é maior - porque se dá quando vencemos a vontade de pecar. O Santo Espírito da Promessa pode selar nossas obras de modo que sejamos justificados perante Deus. Graças a Expiação podemos não apenas ser perdoados (sendo justificados), mas vencer os efeitos devastadores do pecado - e tornando-nos santos sem mácula (santificação). Os profetas antigos e modernos tem falado muito a respeito de (1) "ceder ao influxo do santo Espírito" e despojar-se do "homem natural" (justificação) e (2) tornar-se "santo pela Expiação de Cristo, o Senhor" (santificação) - Mosias 3:19. Justificação e Santificação são elementos do processo de conversão. É possível, porém, que sejamos justificados sem ser santificados. Daí, porque, precisamos clamar todos os dias pelo poder Expiatório, para que Cristo nos sele (Mosias 5:15).

Normalmente o processo de justificação e o de santificação ocorrem simultaneamente, de forma gradual e quase são imperceptíveis. Quando nos propomos a não pecar, e obtemos exito nesse empenho, pela graça do Senhor e pelo poder do Espírito Santo, somos justificados. Por exemplo, decidimos não ver pornografia. Nossa persistência nessa boa obra fará com que o Espírito Santo da Promessa torne a mesma aceitável ante Deus. Tornamo-nos justos. Entretanto, é necessário tirar a vontade de pecar de nosso coração. Somente pelo sangue de Cristo podemos substituir nosso desejos maus pelos bons, substituir o coração de pedra pelo de carne. Seguindo o exemplo dado, precisamos não só deixar de ver pornografia (justificação), mas deixar de desejar vê-la (santificação). Quando nos transformamos em novas criaturas - ou mudamos nosso desejos - isso acontece pelo poder da Expiação - então somos santificados.

A bênção culimante da Justificação é ser perdoado, andar sem culpa, desfrutar de dons espirituais e viver entre os santos.
A bênção culminante da santificação nesta vida é receber "a palavra mais segura de profecia" (D&C 131:5) e ver a face divinal, recebendo o Segundo Consolador (D&C 93:1, GEE "Consolador") E o maior de todos os dons de Deus, depois dessa vida mortal, para aqueles que nascerem de novo, tornarem-se como uma criancinha, subirem ao monte do Senhor limpo de mãos e com o coração puro - é a de receberem a vida eterna (D&C 6:13).

Reuni abaixo escrituras e citações que ensinam sobre a Justificação. Em outra ocasião reunirei passagens sobre a santificação.


Escrituras e citações sobre Justificação

Envergonhem-se e confundam-se à uma os que se alegram com o meu mal; vistam-se de vergonha e de confusão os que se engrandecem contra mim.
Bradem de júbilo e se alegrem os que desejam a minha justificação, e digam a minha justificação, e digam continuamente: Seja engrandecido o Senhor, que se deleita na prosperidade do seu servo.
Então a minha língua falará da tua justiça e do teu louvor o dia todo.
Salmos 35:26-28, Tradução Antiga

Envergonhem-se e confundam-se à uma os que se alegram com o meu mal; vistam-se de vergonha e de confusão os que se engrandecem contra mim.
Cantem e alegrem-se os que amam a minha justiça, e digam continuamente: O SENHOR seja engrandecido, o qual ama a prosperidade do seu servo.
E assim a minha língua falará da tua justiça e do teu louvor todo o dia.
Salmos 35:26-28, Tradução Atual

Não prosperará nenhuma arma forjada contra ti; e toda língua que se levantar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança dos servos do Senhor, e a sua justificação que de mim procede, diz o Senhor.
Isaías 54:17, Tradução Antiga

Toda a ferramenta preparada contra ti não prosperará, e toda a língua que se levantar contra ti em juízo tu a condenarás; esta é a herança dos servos do SENHOR, e a sua justiça que de mim procede, diz o SENHOR.
Isaías 54:17, Tradução Atual

Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados.
Romanos 2:13, Tradução Atual

 O qual, em esperança, creu contra a esperança, para que se tornasse pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência;  e sem se enfraquecer na fé, [Abraão]considerou o seu próprio corpo já amortecido (pois tinha quase cem anos), e o amortecimento do ventre de Sara; contudo, à vista da promessa de Deus, não vacilou por incredulidade, antes foi fortalecido na fé, dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que Deus tinha prometido, também era poderoso para o fazer.
Pelo que também isso lhe foi imputado como justiça. Ora, não é só por causa dele que está escrito que lhe foi imputado; mas também por causa de nós a quem há de ser imputado, a nós os que cremos naquele que dos mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação.
Romanos 4:18-25, Tradução Antiga

O qual, em esperança, creu contra a esperança, tanto que ele tornou-se pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência. E não enfraquecendo na fé, [Abraão] não atentou para o seu próprio corpo já amortecido, pois era já de quase cem anos, nem tampouco para o amortecimento do ventre de Sara. E não duvidou da promessa de Deus por incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus, e estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.
 Assim isso lhe foi também imputado como justiça. Ora, não só por causa dele está escrito, que lhe fosse tomado em conta, mas também por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus nosso Senhor; O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação.
Romanos 4:18-25, Tradução Atual

Também não é assim o dom como a ofensa, que veio por um só que pecou; porque o juízo veio, na verdade, de uma só ofensa para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação.
 Porque, se pela ofensa de um só, a morte veio a reinar por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
 Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida.
 Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos.
Romanos 5:16-19, Tradução Antiga

E não foi assim o dom como a ofensa, por um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de muitas ofensas para justificação.
Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo.
Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida.
Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.
Romanos 5:16-19, Tradução Atual

E sabemos que todos os homens precisam arrepender-se e crer no nome de Jesus Cristo e adorar ao Pai em seu nome e perseverar com fé em seu nome até o fim; do contrário não podem ser salvos no reino de Deus.
 E sabemos que a justificação pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é justa e verdadeira
D&C 20:29-30

E a lei do país, que for constitucional, que apoiar o princípio da liberdade na observância de direitos e privilégios, pertencerá a toda a humanidade e será justificável perante mim.
(...)
Contudo, vosso inimigo está em vossas mãos; e se o recompensardes de acordo com suas obras, estareis justificados; e se ele procurou tirar-vos a vida e vossa vida estiver em perigo por causa dele, vosso inimigo encontra-se em vossas mãos e estais justificados.
 (...)
Então eu, o Senhor, lhes daria um mandamento e justificaria os que saíssem para batalhar contra essa nação, língua ou povo.
(...)
Eis que isto é um exemplo para todos, diz o Senhor vosso Deus, de justificativa perante mim.
D&C 98: 5, 31, 36, 38

Que ninguém, portanto, censure meu servo Joseph, porque eu o justificarei; pois ele fará o sacrifício que exijo de suas mãos por suas transgressões, diz o Senhor teu Deus.
E também, no tocante à lei do sacerdócio: Se um homem desposar uma virgem e desejar desposar outra e a primeira der seu consentimento; e se ele desposar a segunda e elas forem virgens e não estiverem comprometidas com qualquer outro homem, então ele estará justificado; ele não pode cometer adultério, porque elas lhe foram dadas; pois ele não pode cometer adultério com o que lhe pertence e a ninguém mais.
E se dez virgens lhe forem dadas por essa lei, ele não estará cometendo adultério, porque elas lhe pertencem e lhe foram dadas; portanto ele está justificado.
D&C 132:60-62

E então recebestes espíritos que não pudestes compreender e os recebestes como se fossem de Deus; e nisto estais justificados?
Eis que vós mesmos respondereis a esta pergunta; não obstante, serei misericordioso para convosco; aquele dentre vós que for fraco, no futuro será tornado forte.
D&C 50:15-16

Portanto nisto meu servo Edward Partridge não é justificado; contudo, que se arrependa e será perdoado.
D&C 50:39

Eis que meu Espírito está sobre ti; portanto todas as tuas palavras justificarei; e as montanhas fugirão diante de ti e os rios desviar-se-ão de seu curso; e tu permanecerás em mim e eu, em ti; portanto anda comigo.
Moisés 6:34

Pois pela água guardais o mandamento, pelo Espírito sois justificados e pelo sangue sois santificados
Moisés 6:60

E os homens são ensinados suficientemente para distinguirem o bem do mal. E a lei é dada aos homens. E pela lei nenhuma carne é justificada; ou seja, pela lei os homens são rejeitados. Sim, pela lei natural foram rejeitados e também pela lei espiritual são privados daquilo que é bom; e tornam-se miseráveis para sempre.
2 Néfi 2:25

E muitos também dirão: Comei, bebei e diverti-vos; não obstante, temei a Deus—ele justificará a prática de pequenos pecados; sim, menti um pouco, aproveitai-vos de alguém por causa de suas palavras, abri uma cova para o vosso vizinho; não há mal nisso. E fazei todas estas coisas, porque amanhã morreremos; e se acontecer de sermos culpados, Deus nos castigará com uns poucos açoites e, ao fim, seremos salvos no reino de Deus.
2 Néfi 28:8

Verá a agonia de sua alma e ficará satisfeito; pelo seu conhecimento o meu servo justo a muitos justificará, porque tomará sobre si as iniquidades deles
Mosias 14:11

Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.
Isaías 53:11, Tradução Atual

E em verdade vos digo, como disse antes: Aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, ou se alguém em seu coração cometer adultério, não terá o Espírito, mas negará a fé e temerá.
(...)
E agora eis que eu, o Senhor, vos digo que não sois justificados, porque estas coisas existem entre vós.
D&C 63:16, 19

E aquele que não se arrepender de seus pecados e não os confessar, trareis perante a igreja e fareis com ele conforme vos dizem as escrituras, seja por mandamento ou por revelação.
E isso fareis para que Deus seja glorificado—não porque não os perdoais, não tendo compaixão, mas para que sejais justificados aos olhos da lei, para que não ofendais aquele que é vosso legislador.
D&C 64:12-13

E a todo reino é dada uma alei; e toda lei também tem certos limites e condições. Todos os seres que não se conformam a essas condições não são justificados.
D&C 88:38-39

Em verdade vos digo, meus amigos: Falo-vos com minha voz, sim, a voz de meu Espírito, a fim de mostrar-vos minha vontade relativa a vossos irmãos da terra de Sião, muitos dos quais são verdadeiramente humildes e procuram zelosamente adquirir sabedoria e encontrar a verdade.
Em verdade, em verdade vos digo: Bem-aventurados são eles, porque vencerão; pois eu, o Senhor, mostro misericórdia a todos os mansos e a todos os que eu quiser, para que eu seja justificado quando os levar a julgamento.
D&C 97:1-2

Cremos que todos os homens devem apelar para as leis civis a fim de conseguir reparação de todas as injúrias e agravos, quando se lhes infligirem maus-tratos pessoais ou infringirem-se seus direitos à propriedade ou reputação, onde existirem leis para protegê-los; mas cremos que todos os homens são justificados por se defenderem e defenderem seus amigos e seus bens e o governo de ataques ilegais e de violações de direitos cometidos por qualquer pessoa, quando não se puder apelar de imediato às leis nem se puder obter auxílio.
D&C 134:11

Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.  Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.
Mateus 12:36-37, Tradução Antiga

Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.
Mateus 12:36-37, Tradução Atual

Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.
 O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano.
 Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
 Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador!
 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
Lucas 18:10-14, Tradução Antiga

Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.
O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
Lucas 18:10-14, Tradução Atual

Seja-vos pois notório, varões, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados.
E de todas as coisas de que não pudestes ser justificados pela lei de Moisés, por ele é justificado todo o que crê.
Atos 13:38-39, Tradução Antiga

Seja-vos, pois, notório, homens irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados.
E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê.
Atos 13:38-39, Tradução Atual

Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. (...) Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé
Tiago 2:17, 24, Tradução Atual

"Ficar isento de punição pelos pecados e ser declarado sem culpa. Uma pessoa é justificada pela graça do Salvador por meio de sua fé nele, a qual é demonstrada pelo arrependimento e obediência às leis e ordenanças do evangelho. A expiação de Jesus Cristo possibilita à humanidade arrepender-se e ser justificada ou perdoada do castigo que de outra forma receberia."
GEE "Justificação, Justificar"

                "O Presidente Stephen L. Richards deu-nos uma definição em três partes do que seria um quórum do sacerdócio. Ele disse que um quórum do sacerdócio são três coisas: “primeiro, uma classe de alunos; segundo, uma fraternidade; terceiro, uma unidade de serviço” (Conference Report, outubro de 1938, pg. 118)
                Há muitos anos, aprendi como um quórum trabalha nesses três aspectos, ao assistir a uma reunião de um grupo de sumos sacerdotes, numa pequena comunidade do sul do Wyoming. A lição daquela semana era sobre justificação e santificação. Logo no início da aula, ficou evidente que o professor estava bem preparado para instruir seus irmãos. Então, uma pergunta suscitou uma resposta que mudou todo o curso da aula.
                Respondendo àquela pergunta, um irmão comentou: “Ouvi com grande interesse o que foi apresentado na aula. Mas veio à minha mente a ideia de que a informação apresentada será esquecida em pouco tempo se não encontrarmos um meio de colocarmos em prática em nossa vida diária o que foi exposto na lição”. Daí, ele começou a propor um curso de ação.
                Na noite anterior, um cidadão da comunidade havia falecido. A esposa era membro da Igreja, embora o seu marido não tivesse sido. Aquele sumo sacerdote tinha visitado a viúva para apresentar-lhe suas condolências. Ao deixar a casa depois da visita, passou os olhos pela bela fazenda do irmão falecido. Aquele homem dedicara grande parte de sua vida e de seu trabalho para formar aquela fazenda. A alfafa estava pronta para ser cortada; os grãos em breve estariam prontos para serem colhidos. Como aquela pobre irmã conseguiria dar conta dos problemas que subitamente se abateram sobre ela? Ela precisaria de tempo para organizar a própria vida em relação às suas novas responsabilidades. Ele então propôs ao grupo que colocasse em prática o princípio que estava sendo ensinado — trabalhando com a viúva para manter sua fazenda ativa até que ela e a família encontrassem uma solução mais definitiva. O restante da reunião foi utilizado para organizar o projeto de auxílio à viúva.
                Ao sairmos da sala de aula, havia um bom sentimento entre os irmãos. Ouvi um deles comentar ao passar pela porta: “Esse projeto é justamente aquilo que precisávamos como grupo para trabalharmos juntos novamente”. Uma lição fora ensinada, uma irmandade fortalecida e um projeto de serviço organizado para ajudar uma pessoa necessitada."
Elder L. Tom Perry, "Chamados por Deus", A Liahona, Novembro de 202, pg. 7-8

                "Somente por causa da Expiação de Jesus Cristo é que existe a opção do arrependimento. É Seu infinito sacrifício que “proporciona aos homens meios para que tenham fé para o arrependimento” (Alma 34:15). O arrependimento é a condição necessária e a graça de Cristo é o poder pelo qual “a misericórdia pode satisfazer as exigências da justiça” (Alma 34:16). Nosso testemunho é este: “Sabemos que a justificação [ou o perdão dos pecados] pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é justa e verdadeira; E sabemos também que a santificação [ou purificação dos efeitos do pecado] pela graça de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é justa e verdadeira, para todos os que amam e servem a Deus com todo o seu poder, mente e força” (D&C 20:30–31)."
Élder D. Todd Christofferson, "A Divina Dádiva do Arrependimento", A Liahona, Novembro de 2011, pg. 38-39

                “Queridos irmãos, é algo que todos os santos devem fazer livremente a seus irmãos — amá-los e ajudá-los sempre. Para sermos justificados diante de Deus precisamos amar uns aos outros; (...) podemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos e ser fiéis nas tribulações”.
Joseph Smith, History of the Church, volume 2, p. 229.

                "Deus ensinou essas coisas a Adão no princípio. Ele disse a Adão: “sendo que haveis nascido no mundo pela água e sangue e espírito que eu fiz e assim vos haveis transformado de pó em alma vivente, do mesmo modo tereis de nascer de novo no reino do céu, da água e do Espírito, sendo limpos por sangue, sim, o sangue de meu Unigênito; para que sejais santificados de todo pecado (…); pois pela água guardais o mandamento, pelo Espírito sois justificados e pelo sangue sois santificados” (Moisés 6:59–60). Em outras palavras, o batismo do arrependimento pela água leva ao batismo do Espírito. O Espírito traz a graça expiatória de Cristo, simbolizada por Seu sangue, tanto para justificar (ou perdoar) nossos pecados, como para nos santificar (ou limpar) dos efeitos do pecado, tornando-nos limpos e santos diante de Deus.
                As escrituras registram que “Adão clamou ao Senhor e foi arrebatado pelo Espírito do Senhor e foi levado para a água e foi mergulhado na água e foi tirado da água. E assim ele foi batizado e o Espírito de Deus desceu sobre ele; e assim ele nasceu do Espírito e foi vivificado no homem interior. E ele ouviu uma voz do céu, dizendo: Foste batizado com fogo e com o Espírito Santo (…). Eis que tu és um em mim, um filho de Deus; e assim possam todos tornar-se meus filhos [e filhas]” (Moisés 6:64–66, 68)."
Élder D. Todd Christofferson, "Nascer de Novo", A Liahona, Maio de 2008, 1° Nota de Rodapé, pg. 79

12 de mar. de 2013

Paradoxos do Evangelho


Um recente discurso de Élder Bednar me faz ponderar sobre a imensa sabedoria de Deus e nossa incredulidade e ignorância. Muito do que o Senhor faz nos parece estranho (Isaías 28:21, D&C 95:4, 101:95). Isso porque os pensamentos Dele são maiores que os nossos (Isaías 55:8-9). Listei alguns "paradoxos" do evangelho - verdades que nos parecem contraditórias. Deixei alguns paradoxos sem explicação, no final, para ponderação dos leitores.
1.       Somos menos que o pó da Terra. Somos a maior e mais gloriosa criação de Deus.
               O Presidente Dieter F. Uchtdorf disse: "Mas mesmo que o homem nada seja, enche-me de admiração e reverência pensar que “o valor das almas é grande à vista de Deus”. Embora possamos olhar para a vastidão do Universo e dizer: “Que é o homem, em comparação com a glória da criação?” Deus mesmo disse que nós somos a razão pela qual Ele criou o Universo! Sua obra e glória — o propósito deste Universo magnífico — é salvar e exaltar a humanidade.8 Em outras palavras, a vasta extensão da eternidade, as glórias e os mistérios do espaço e tempo infinitos foram todos criados para benefício de mortais comuns como eu e vocês. Nosso Pai Celestial criou o Universo para que pudéssemos alcançar nosso potencial como Seus filhos e filhas.
               Este é um paradoxo do homem: comparado com Deus, o homem não é nada; ainda assim, somos tudo para Deus. Embora comparados ao cenário da criação infinita possamos parecer nada, temos uma centelha do fogo eterno ardendo dentro de nosso peito. Temos a incompreensível promessa de exaltação — mundos sem fim — ao nosso alcance. E é o grande desejo de Deus ajudar-nos a alcançá-la." ("Você é importante para Deus", A Liahona, Novembro de 2011, pg. 20)

2.       Deus não depende de nós. Deus precisa de nós.
               O Salvador falou desse paradoxo: "Digo-vos que, se estes se calarem, as próprias pedras clamarão." (Lucas 19:40). Esse princípio se aplica para explicar que, embora Deus se agrade quando O invoquemos, Ele é perfeitamente desvinculado de nossos atos - e pode "crescer em glória" sem nossa participação. João Batista disse ao orgulhosos judeus: " E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão." (Mateus 3:9).
               O presidente Brigham Young ensinou: "O Senhor é perfeitamente independente. Ele recebeu sua glória e reina de modo supremo e onipotente. O Senhor não depende de vós ou de mim. Se todos nós apostatássemos e fôssemos para o inferno, tal fato em nada acrescentaria ou diminuiria sua glória. Ele deploraria a tolice que fizemos em nos desviar dos santos mandamentos e permitir que a ira do todo poderoso recaísse sobre nós. Os céus chorariam por nossa causa, mas ainda assim o Senhor possuiria sua glória, e não estaríamos trabalhando em seu beneficio. Em beneficio de quem estamos trabalhando? De nós mesmos." ("Deidade", Discursos de Brigham Young, pg. 23)
               Entretanto, por ser nosso Pai Amado, Ele precisa de nós - de cada um de nós. Nessa perspectiva de amor e misericórdia, onde a Expiação foi realizada por cada um (D&C 19:16), lembramos que o "valor das almas é grande a vista de Deus (D&C 18:10), e que ele permite que Sejamos seus servos para que nós mesmos sejamos abençoados.
               Falando as irmãs, a irmã Virginia U. Jensen, que serviu na Presidência da Sociedade de Socorro da Igreja, disse: "Somos mulheres do convênio, mulheres que reconheceram a verdade, aceitaram o evangelho de Jesus Cristo e fizeram convênios com o Senhor de segui-Lo e fazer Sua vontade. Ele precisa de nós - de cada uma de nós - para fazermos nossa parte no trabalho de levar a efeito a Sua grandiosa obra entre os filhos dos homens. Precisamos da Sociedade de Socorro, e ela precisa de nós." (Conferência Geral, outubro de 1998, Reunião Geral da Sociedade de Socorro)
               O Élder José L. Alonso, dos Setenta, explicou: "Temos uma responsabilidade e uma grande oportunidade. Há muitos que precisam, mais uma vez, experimentar o doce sabor da felicidade e da alegria por meio da atividade na Igreja. Essa felicidade vem pelo recebimento das ordenanças, da realização de convênios sagrados e do cumprimento deles. O Senhor precisa de nós para ajudá-los. Façamos a coisa certa, no momento certo, sem demora." (A Liahona, Novembro de 2011, pg. 15)
               O Élder Mark E. Petersen, que serviu no Quorum dos Doze Apóstolos, disse: "Ele [Jesus Cristo] é o Filho de Deus. É divino. Foi enviado ao mundo por um decreto dos céus. Nós somos Seus representantes, Suas testemunhas, e Ele depende de nosso trabalho, para que o mundo acredite que Deus O enviou, e assim talvez muitos viverão Seu evangelho e serão salvos." (“The Image of a Church Leader”, Ensign, agosto de 1980, pg. 5–8).


3.       Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de Cristo, achá-la-á.
               O Élder David B. Haight, que serviu como membro do Quorum dos Doze Apóstolos, ensinou: "Lembro a vocês que o Salvador ensinou, conforme registrado em Mateus, que "quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á". (Mateus 10:39) Alguns estudiosos e outros já pensaram: "Isso é um paradoxo. É provavelmente uma tradução errada. Não faz muito sentido". Está muito claro em minha mente, e espero que esteja na sua, que ao vivermos no mundo materialista, na Babilônia em que vivemos hoje, ao vermos o que acontece no mundo, quer leiamos as notícias da seção econômica, da seção de política ou de qualquer outra, podem perceber e sentir que encontramos força e achamos as respostas para as nossas dificuldades e nossos problemas ao darmos ouvidos à voz do profeta, do profeta de Deus sobre a Terra.
               Nessa afirmativa do Salvador, vemos que ao vivermos num mundo materialista só estamos preocupados com o lado materialista da vida. Pensamos em tudo o que podemos acumular para nós mesmos. Não estamos pensando nos outros nem estamos vivendo de modo a ajudar outros a viver num plano superior. O Senhor está dizendo que quando se encontra a vida que Ele exemplifica perde-se a vida centrada em si mesmo: "e quem perder a sua vida, por amor de mim (...)" Quando estamos preocupados em fazer algo para outra pessoa e quando estamos pensando em partilhar o evangelho ou ajudar alguém a ir para um plano superior, moral ou fisicamente, quando estamos fazendo algo para outra pessoa e partilhando algo com ela, estamos ajudando essa pessoa, estamos indo em seu auxílio. É nisso que encontramos a vida da qual o Salvador fala, encontramos as bênçãos eternas, as bênçãos celestiais, as bênçãos do templo, todas as bênçãos que podemos ter advindas de termos uma família amorosa." ("Apoio aos profetas", Conferência Geral, Sessão da Tarde de Sábado, Outubro de 1998)
               O Presidente James E. Faust ensinou: "Um dos paradoxos da vida é que uma pessoa que aborda tudo com a atitude o-que-eu-ganho-com-isso, pode conseguir dinheiro, propriedades e terra, mas ao final perderá a satisfação e a felicidade que sente uma pessoa que compartilha seus talentos e dons generosamente com outros.
Quero testificar que o maior e melhor serviço a ser desempenhado por qualquer um de nós é o realizado a serviço do Mestre. Nas diversas atividades de minha vida nenhuma foi mais recompensadora ou benéfica do que aceitar os chamados de serviço desta Igreja. Cada um deles é diferente. Cada um deles traz uma bênção separada. A maior realização na vida vem de se prestar serviço a outros e não ficar obcecado com “o que eu ganho com isso”. ("O que eu ganho com isso?", A Liahona, Novembro de 2002, pg. 22)

4.       Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros.
               O profeta Néfi explicou esse paradoxo: "E chegará o tempo em que ele [Deus] se manifestará a todas as nações, tanto aos judeus como aos gentios; e depois de haver-se manifestado aos judeus e também aos gentios, ele manifestar-se-á aos gentios e também aos judeus; e os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos." (1 Néfi 13:42).
               Em Éter 13:9-12 Morôni explica: "E haverá um novo céu e uma nova Terra; e serão como os antigos, exceto que os antigos morreram e todas as coisas se tornaram novas. E vem então a Nova Jerusalém; e bem-aventurados os que nela habitam, porque são aqueles cujas vestes são branqueadas por meio do sangue do Cordeiro; e são aqueles que são contados com os remanescentes da semente de José, que eram da casa de Israel. E então vem também a antiga Jerusalém; e bem-aventurados são os seus habitantes, porque terão sido lavados no sangue do Cordeiro; e são os que foram dispersos e coligados das quatro partes da terra e dos países do norte e participarão do cumprimento do convênio feito por Deus com seu pai Abraão. E quando sucederem estas coisas, cumprir-se-á a escritura que diz que há os que foram primeiros, que serão últimos; e há os que foram últimos, que serão primeiros."
               Os detalhes a respeito dessa coligação invertida não estão todos revelados. O Senhor disse: "Lembrai-vos, porém, de que aos homens não são dados todos os meus juízos; e assim como as palavras saíram de minha boca, assim serão cumpridas, para que os primeiros sejam os últimos e para que os últimos sejam os primeiros em todas as coisas que eu criei pela palavra de meu poder, que é o poder de meu Espírito." (D&C 29:30).
               Há outro significado desse paradoxo. O Senhor disse: "Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou mulher, ou filhos, ou terras, por amor de meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida. Porém, muitos primeiros serão os derradeiros, e muitos derradeiros serão os primeiros." (Mateus 19:28-30). Assim vemos que aqueles que são considerados os últimos pelo mundo, por serem pacíficos seguidores do Senhor, serão os primeiros para Deus, na eternidade.
              
Outros paradoxos do evangelho para você ponderar:

5.       Os que possuem posições elevadas devem ser servos; o Filho foi Homem foi servo.
6.       O mais glorioso e obediente Filho de Deus sofreu mais do que o pior dos pecadores
7.       A fé para ser curado e a fé para não ser curado
8.       Quanto mais aprendemos mais percebemos que sabemos pouco
9.       Toda tragédia é uma nova oportunidade; toda dificuldade é uma bênção
10.   O Senhor nos da fraqueza para que nos tornemos fortes.

6 de mar. de 2013

Granjeai amigos com as riquezas da injustiça


                Qual o significado do conselho do Senhor "granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos"? (Lucas 16:9) E também: "granjeai amigos com as riquezas da injustiça e eles não vos destruirão"? (D&C 82:22)

                A passagem de Lucas 16 conta a parábola do Mordomo Infiel. Um homem rico recebeu a acusação de que seu mordomo estivera dissipando seus bens. O homem rico demitiu por justa causa seu servo. Nesse momento ocorreu ao mordomo que para subsistir sem seu trabalho, precisaria de amigos - por isso amortizou a dívida dos devedores de seu senhor. "E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente"(Lucas 16:8). O homem rico ficou satisfeito, talvez nem tanto pela misericórdia de seu mordomo infiel, mas por ter ele achado um meio de fazer com que os inadimplentes pagassem seus débitos. A história não informa, mas a atitude ultima do mordomo deve ter feito com que "cada um dos devedores do seu senhor" (Lucas 16:5) - que não deviam ser poucos - honrassem seus compromissos - ainda que não de maneira completa, mas de maneira suficiente e justa - de tal forma que credor e devedor ficassem completamente satisfeitos. Por ter promovido essas negociações e mediações com tal primor, esse mordomo talvez pudesse ser considerado o pai das empresas de cobrança! Não nos é dito se o mordomo recuperou seu emprego. Mas a parábola, conforme registrada, perfeitamente culmina na seguintes lições:
                (1) "Os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz" (Lucas 16:8);
                (2) "Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos" (Lucas 16:9);
                (3)"Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito. Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?" (Lucas 16:10-12).
                Em Doutrina e Convênios 82, Joseph Smith recebeu uma revelação - datada de 26 de abril de 1832 - onde o Senhor explica princípios semelhantes aos que são explicados em Lucas 16. A Igreja era nova. Havia surgido intrigas entre alguns irmãos - inclusive que serviam como líderes. Essa revelação foi recebida na ocasião em que o Profeta foi apoiado como Sumo Sacerdote Presidente (ver cabeçalho da seção 82). O Senhor ensinou vários princípios importantes, eis alguns:
                (1) "A quem muito é dado, muito é exigido; e o que pecar contra a luz maior receberá a condenação maior" (D&C 82:3)
                (2) "Eu, o Senhor, estou obrigado quando fazeis o que eu digo; mas quando não o fazeis, não tendes promessa alguma." (D&C 82:10)
                (3) "E agora, em verdade vos digo e nisto há sabedoria: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça e eles não vos destruirão. Deixai o julgamento somente para mim, porque ele é meu e eu recompensarei." (D&C 22:-23)
                É interessante estudar Lucas 16 antes de D&C 82. Entendemos muito melhor o que o Senhor quis dizer na Revelação Moderna. O Senhor é o homem rico. Realmente ele tem muitos devedores - porque todos somos "eternos devedores" Dele (Mosias 2:21-25, 4:16-20). Ele chamou alguns como seus mordomos. Foi dado muito a esses servos. E a quem muito é dado muito é exigido. Se até aqueles que são "filhos deste mundo" são sábios - a ponto de agradarem a seu senhor e conseguirem benefícios com seus semelhantes - os filhos da luz deveriam também agradar a Seu Deus e cultivar amizade com todos.
                O Manual do Aluno do Seminário do Curso do Novo Testamento explica sobre Lucas 16:1-15: "Jesus não estava dizendo que devemos ser desonestos como aquele mordomo. Em vez disso, Ele ensinou que até um homem cuja vida esteja centralizada no dinheiro sabe como planejar para o futuro. Quão mais aqueles que compreendem as coisas de Deus deveriam planejar para o futuro: para a vida futura. Os gananciosos fariseus fingiam ser seguidores de Deus, no entanto tinham mais interesse em conseguir as coisas que o mundo oferecia."(pg. 67)
                O Manual do Aluno do Instituto do Curso de Doutrina e Convênios explica sobre D&C 82:22: "O mandamento do Senhor, de que os santos deviam 'granjear amigos com as riquezas da injustiça', parece uma exigência difícil, se não for bem compreendida. Ao dizer que os santos deviam fazer amizade com 'as riquezas da injustiça', o Senhor não pretendia que os irmãos compartilhassem de seus pecados; que os aceitassem em seu meio e contraíssem casamento com eles, ou se rebaixasse a seu nível de qualquer outra forma. Eles deviam viver lado a lado, de tal maneira, que pudessem coexistir em paz com seus inimigos. Era mister que os tratassem gentilmente, que fossem amigáveis com eles até o ponto em que permitissem os princípios da decência e da virtude, porém jamais deveriam chegar ao ponto de usar de sua linguagem vulgar, de beber ou se degradar com eles. Se pudessem controlar os preconceitos e se mostrar dispostos a negociar com eles, evidenciando um espírito de cordialidade, isso muito contribuiria para diminuir o rancor que sentiam. O julgamento deveria ser deixado a cargo do Senhor."  (178)
                Esse mesmo manual explica também: "Numa parábola que muitas pessoas consideraram inquietante, o Salvador questionou a prudência de um mordomo que se preparou para o futuro enganando seu senhor (ver Lucas 16:1-8). O Salvador afirmou: "Os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz (...) Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?" (Lucas 16:8, 11.) O Élder James E. Talmage explicou a lição ensinada por Jesus e o relacionamento que ela tem com as mordomias terrenas: "O propósito de nosso Senhor era mostrar o contraste entre o cuidado, consideração e devotamento de homens ocupados em afazeres terrenos lucrativos, e o pouco entusiasmo de muitos que afirmam estar buscando as riquezas espirituais. Homens preocupados com as coisas do mundo não negligenciam as provisões para futuro, e frequentemente se esforçam, de maneira pecaminosa, para acumular abundância, enquanto os 'filhos da luz', ou aqueles que acreditam que a riqueza espiritual está acima de todas as possessões mundanas, são menos vigorosos, prudentes ou sábios. Por 'riquezas da injustiça', ou 'mamon da iniquidade', como aparece na versão inglesa, podemos entender riquezas e coisas mundanas. Embora muito inferior aos tesouros do céu, o dinheiro, ou o que ele representa, pode ser o meio de realizar o bem, e de ajudar a cumprir os propósitos de Deus. O conselho de nosso Senhor foi utilizar 'mamon' em boas obras, enquanto ele durar, pois um dia poderá faltar, e somente os resultados alcançados pelo seu uso perdurarão. Se o administrador iníquo, quando expulso da casa do patrão por desonestidade, pode esperar ser recebido nos lares daqueles a quem favoreceu, quão mais confiantemente aqueles que se dedicam genuinamente ao bem podem esperar ser recebidos nas mansões eternas de Deus! Isso parece ser parte da lição.
                "Não foi a desonestidade do administrador que a lição exaltou; entretanto, sua prudência e previsão foram elogiadas (...) A lição pode ser resumida desta forma: Faça uso de sua riqueza para garantir amigos no futuro. Seja diligente, pois o dia em que pode fazer uso de suas riquezas terrenas logo passará. Aprenda até mesmo com os desonestos e com os iníquos. Se eles são tão prudentes, de modo que armazenam provisões para o único futuro de que cogitam, quanto mais vós, que acreditais em um futuro eterno, deveis armazenar provisões para esse futuro." (Jesus, o Cristo, pp. 447-448.) (pg. 152)
                Granjear amigos com as riquezas da injustiça esta muito bem explicado nas citações acima. Mas porque, se fizermos isso, seremos recebidos por eles nos tabernáculo eternos? Simplesmente significa que quando as riquezas matérias findarem, seremos recebidos nos céus - por termos agido bem com aqueles que estão ao nosso redor - muitos dos quais, inclusive, não apreciam nossa fé. E ainda nos surpreenderemos por perceber que aqueles que não aceitaram nossa religião estarão lá, nos paraíso, recebendo-nos. Porque, a eles não muito foi dado e, portanto, não muito foi cobrado - sim, viveram segundo a luz que possuíam - e por isso merecem uma recompensa nos tabernáculos eternos. E ao receberem todas as ordenanças na Casa de Deus, serão salvos no Reino Celestial (D&C 137:7-10).