7 de abr. de 2010

Moisés 6:59-60: NASCER DE NOVO

Nossa vinda à mortalidade ocorre pelo nascimento. Deixando de lado a polêmica sobre quando se inicia a vida mortal , consideraremos a concepção como o nascimento mortal, o inicio do segundo estado e do tempo de provação (GEE Mortalidade). Há três elementos presentes no nascimento mortal: água, sangue e espírito. Eles são elementos reais e necessários para que ocorra o nascimento. Sem sangue nenhum mortal vive, pois a vida esta no sangue (Levítico 17:11, 14). Do mesmo modo, sem a água ninguém é concebido: pois há água presente na formação do feto, por exemplo, na placenta da gestante. Sem que o espírito pré-mortal entre no corpo não há vida, pois “o espírito e o corpo formam a alma do homem” (D&C 88:15). A morte ocorre com a saída do espírito do corpo (GEE Morte Física). O segundo nascimento é um símbolo do primeiro. É chamado de novo nascimento: nascimento por que os mesmos elementos – água, sangue e espírito – estão presentes; e novo porque (1) vem pelo Novo e Eterno convênio do evangelho; (2) muda o estado anterior (semelhante à mudança que ocorreu do estado pré-mortal para o mortal); (3) purifica, justifica e santifica – tornando a criatura inocente como uma criancinha, por isso é também chamado de nascimento espiritual. Ao virmos para Terra tornamo-nos afastados de Deus, tanto fisicamente quanto espiritualmente, por causa da Queda e da fraqueza humana: “Por que Adão caiu, existimos; e pela sua queda veio a morte; e fomos feitos participantes de miséria e desgraça; Eis que Satanás veio para o meio dos filhos dos homens e tentou-os para que o adorassem; e os homens tornaram-se carnais, sensuais e diabólicos e encontram-se afastados da presença de Deus. Mas Deus fez saber a nossos pais que todos os homens devem arrepender-se. E ele chamou nosso pai Adão com sua própria voz, dizendo: Eu sou Deus; eu fiz o mundo e os homens antes que existissem na carne. E ele também lhe disse: Se te voltares para mim e deres ouvidos a minha voz e creres e te arrependeres de todas as tuas transgressões e fores batizado, sim, na água, em nome de meu Filho Unigênito, que é cheio de graça e verdade, que é Jesus Cristo, o único nome que será dado debaixo do céu mediante o qual virá a salvação aos filhos dos homens, receberás o dom do Espírito Santo, pedindo todas as coisas em seu nome; e tudo o que pedires te será dado. (Moisés 6:48-52, itálicos adicionados) Desde Adão o evangelho tem sido ensinado. Aqueles que o aceitam plenamente nascem de novo: “Aí se começou a dizer entre o povo que o Filho de Deus expiara o pecado original, de modo que os pecados dos pais não podem recair sobre a cabeça dos filhos, pois estes são limpos desde a fundação do mundo.” “E o Senhor falou a Adão, dizendo: Visto que teus filhos são concebidos em pecado, quando eles começam a crescer, concebe-se o pecado em seu coração e eles provam o amargo para saber apreciar o bom. E a eles é dado distinguir o bem do mal, de modo que são seus próprios árbitros; e dei-te outra lei e mandamento.” “Portanto ensina a teus filhos que todos os homens, em todos os lugares, devem arrepender-se, ou de maneira alguma herdarão o reino de Deus, porque nenhuma coisa impura pode ali habitar ou habitar em sua presença; pois, no idioma de Adão, Homem de Santidade é seu nome e o nome de seu Unigênito é Filho do Homem, sim, Jesus Cristo, um justo Juiz, que virá no meridiano dos tempos.” “Portanto dou-te o mandamento de ensinares estas coisas liberalmente a teus filhos, dizendo: Por causa da transgressão vem a queda, queda essa que traz a morte; e sendo que haveis nascido no mundo pela água e sangue e espírito que eu fiz e assim vos haveis transformado de pó em alma vivente, do mesmo modo tereis de nascer de novo no reino do céu, da água e do Espírito, sendo limpos por sangue, sim, o sangue de meu Unigênito; para que sejais santificados de todo pecado e desfruteis as palavras da vida eterna neste mundo e a vida eterna no mundo vindouro, sim, glória imortal; Pois pela água guardais o mandamento, pelo Espírito sois justificados e pelo sangue sois santificados” (Moisés 6:54-60, itálicos adicionados). As muitas doutrinas expostas nestes versículos serão a base para os próximos capítulos. Algumas delas já forma comentadas. O que deve ficar claro é o conteúdo simbólico do evangelho, mais especificamente de suas ordenanças. Há razões para os ritos do evangelho serem como são. Evidentemente não nos foi revelado tudo sobre o assunto , mas as escrituras e os profetas explicam que o sacerdócio é uma maneira que permite o povo “saber como esperar pelo seu Filho para receber a redenção” (Alma 13:2): “Ora, essas ordenanças foram instituídas dessa maneira para que, por meio delas, o povo pudesse ter esperança no Filho de Deus, sendo um símbolo de sua ordem, ou melhor, sendo sua ordem; e isto para que pudessem esperar dele a remissão de seus pecados, a fim de entrarem no descanso do Senhor” (Alma 13:16, itálicos adicionados). A ordenança do batismo, por exemplo, é simbólica. O batismo é uma parte essencial do nascimento simbólico no reino dos céus. O batismo e todas as outras ordenanças “têm sua semelhança e todas as coisas são criadas e feitas para prestar testemunho de [Cristo], tanto as coisas [temporais] como as coisas que são espirituais; coisas que estão acima nos céus e coisas que estão na Terra e coisas que estão dentro da terra e coisas que estão embaixo da terra, tanto acima como abaixo: todas as coisas prestam testemunho de [Cristo]” (Moisés 6:63). As ordenanças não podem ser compreendidas se apenas vistas superficialmente. Cada ordenança de salvação será estuda com cuidado mais adiante. O ritual de purificação do leproso da lei mosaica continha igualmente os elementos do nascimento (água, espírito e sangue): “Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote, E o sacerdote sairá fora do arraial, e o examinará, e eis que, se a praga da lepra do leproso for sarada então o sacerdote ordenará que por aquele que se houver de purificar se tomem duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, e carmesim, e hissopo. Mandará também o sacerdote que se degole uma ave num vaso de barro sobre águas vivas, E tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmesim, e o hissopo, e os molhará, com a ave viva, no sangue da ave que foi degolada sobre as águas correntes. E sobre aquele que há de purificar-se da lepra espargirá sete vezes; então o declarará por limpo, e soltará a ave viva sobre a face do campo. E aquele que tem de purificar-se lavará as suas vestes, e rapará todo o seu pêlo, e se lavará com água; assim será limpo; e depois entrará no arraial, porém, ficará fora da sua tenda por sete dias; E será que ao sétimo dia rapará todo o seu pêlo, a sua cabeça, e a sua barba, e as sobrancelhas; sim, rapará todo o pêlo, e lavará as suas vestes, e lavará a sua carne com água, e será limpo.” “E o sacerdote tomará do sangue da expiação da culpa, e o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e no dedo polegar do seu pé direito. Também o sacerdote tomará do logue de azeite, e o derramará na palma da sua própria mão esquerda. Então o sacerdote molhará o seu dedo direito no azeite que está na sua mão esquerda, e daquele azeite com o seu dedo espargirá sete vezes perante o SENHOR; E o restante do azeite, que está na sua mão, o sacerdote porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito, em cima do sangue da expiação da culpa; E o restante do azeite que está na mão do sacerdote, o porá sobre a cabeça daquele que tem de purificar-se; assim o sacerdote fará expiação por ele perante o SENHOR.” “E o sacerdote oferecerá o holocausto e a oferta de alimentos sobre o altar; assim o sacerdote fará expiação por ele, e será limpo” (Levítico 14:2-9, 12-16, 20). O leproso se raspava para ficar semelhante a um recém-nascido. Vencer a lepra era, na época, como nascer outra vez, pois a lepra era uma praga mortal. O óleo simboliza a pureza e o Espírito de Deus (I Samuel 16:13; GEE Óleo). A ave morta representa o Deus altíssimo expiando pelas impurezas, à ave livre representa a liberdade proveniente do sacrifício de Cristo – sua expiação e ressurreição. O ritual do leproso e toda lei de Moisés é um símbolo de Cristo, da purificação advinda pela Expiação (2 Néfi 11:4; Alma 25:15-16). Água, Sangue e Espírito também são símbolos da Trindade – o quórum do sacerdócio que preside o universo: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra (que é Cristo), e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num” (I João 5:7-8). A própria Expiação também contém os elementos eternos Água, Sangue e Espírito. A água encontramos, não só como substancia essencial contida no sangue de Cristo derramado dês do Getsêmani até o sepultamento, mas quando um soldado lhe furou o lado e água e sangue saíram-lhe (João 19:24). Vemos sangue na Expiação em todos os momentos, pois o sangue é que fez a expiação pela culpa (Levítico 17:11). O sangue esta presente no Jardim, onde foi vertido da maneira mais dolorosa – saindo por cada poro (Lucas 22:44; Mosias 3:7; D&C 19:18). E no injusto julgamento, na agonizante tortura e por fim no Gólgota, onde o Salvador entregou o espírito (João 19; Mateus 26:52-70, 27) O elemento espírito está presente, por exemplo, na frase de Jesus na Cruz ao consumar sua obra: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23:46). Evidentemente Cristo não nasceu de novo na ocasião da Expiação. Ele nasceu como nós, de uma mãe mortal, passou pelo véu do esquecimento, foi batizado, recebeu o Espírito Santo e todas as ordenanças do evangelho. Mas diferente de nós Ele já era perfeito e santo antes de nascer na Terra (Deuteronômio 18:13), e continuou santo na mortalidade (Mosias 14:9). Mesmo que fosse, enquanto mortal “pouco menor que os anjos” (Hebreus 2:9), readquiriu toda glória que possuía antes do mundo existir (João 17:5). O nascimento espiritual de Cristo ocorreu na pré-mortalidade. O papel de Cristo era possibilitar a nós, seres imperfeitos, que nos tornássemos como Ele – santos sem mácula (3 Néfi 12:48; Morôni 10:33). O nascimento mortal é natural, sem ser necessário um rito sacerdotal. O nascimento espiritual precisa de cerimônias. O nascimento mortal ocorre num período temporal semelhante aos homens – em nove meses há um nascimento. Já o espiritual pode ocorrer nesta vida, depois da morte ou nunca acontecer. A despeito das diferenças demonstradas, e muitas outras, entre os dois nascimentos, o símbolo perde o sentido se tirado de seu contexto. Água, Espírito e Sangue estão presentes nos dois nascimentos. Mergulhado no útero da mãe, o feto nascerá num certo período de tempo. Imerso nas águas batismais o converso dá inicio a uma nova vida espiritual. O espírito pré-mortal acomoda-se no corpo do bebê no momento certo, formando uma alma (D&C 88:15). Semelhantemente o Espírito Santo é recebido como dom e companhia constante. Tal como o espírito pré-mortal não se separa do corpo mortal, se não com a morte, também o Espírito Santo não se aparta do justo, a não ser com o pecado – que conduz a morte espiritual. Sangue corre nas veias do feto, alimentando a mortalidade. Sangue expiatório é aplicado no converso limpando-o de suas transgressões e pecados, purificando-o e santificando-o. É importante salientar que o nascimento espiritual acontece somente depois do recebimento de todos os elementos – água, espírito e sangue – e não antes. É verdade que podemos dizer que alguém que foi recentemente batizado nasceu de novo. Mas isso não é senão uma expressão que deduz um compromisso maior . Os que foram batizados apenas iniciaram seu nascimento no reino de Deus. Porque a conversão, que é o nascer de novo, é mais um processo do que um evento. Na realidade, o nascer de novo é um processo com vários eventos. Esses eventos são ocasiões onde convênios são firmados. Esses convênios muitas vezes são acompanhados de cerimônias: são as ordenanças do evangelho. Não obstante, o recebimento das ordenanças não necessariamente faz com que alguém nasça de novo. Para nascer de novo há necessidade de ser santificado. As obras (ordenanças) por si só não garantem o novo nascimento. Assim como um feto, que passa por todas as etapas da gestação e na concepção está perfeitamente formado não necessariamente nascerá vivo; também o converso que não realizou mudanças suficientes – isto é, não se despojou do homem natural, não se tornou como uma criancinha, não guardou os mandamentos, não foi justificado ou não foi santificado não pode nascer de novo. O processo de nascer de novo recebe vários nomes nas escrituras: despojar-se do homem natural (Mosias 3:19), tornar-se como uma criancinha (3 Néfi 11:37-38), justificação e santificação (Moisés 6:60), aperfeiçoar-se por meio de Cristo Jesus (Efésios 4:12-13 e Hebreus 10:14), andar com Deus (Alma 53:21, Gênesis 6:9), ser um com Deus (João 17:11, 21), etc. O processo de nascer de novo começa com o contato com a palavra de Deus e a fé em Jesus Cristo e termina com o chamado e eleição (2 Pedro 1:10), que é quando vencemos o mundo: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.” “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num” (I João 5:1-8). Jesus Cristo disse que quem não nascer de novo não pode entrar no Reino dos céus. O Reino dos céus é o que buscamos. Ele explicou a Nicodemos, um fariseu, que o nascimento espiritual inclui o batismo e o dom do Espírito Santo. Mas não só isso, pois disse que Ele fora enviado para santificar o mundo dando sua vida. Quando Nicodemos indagou como era possível aquilo, Jesus repreendeu aquele membro do sinédrio dizendo: “Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? (...) Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João 3:1-21). Assim muitos, mesmo entre os membros da verdadeira Igreja não sabem a respeito do processo de nascer de novo. E mesmo aqueles que conhecem ainda podem aprender mais. Assim que pudermos conhecer as coisas celestiais, elas nos serão ensinadas. Porque quem receber e obedecer receberá mais (2 Néfi 28:30), até receber tudo (D&C 88:49). O Senhor ordenou que essas coisas fossem pregadas liberalmente entre os filhos dos homens (Moisés 6:58-60).

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito instrutivo. Só gostaria de poder sintetizar a justificação pelo Espírito em uma sentença. Se puder ajudar nisso, eu agradeço.