Estudos das Religiões: Religiões Afro-brasileiras: Umbanda e Candomblé
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religiões.
A África, diversa como é, contém
inúmeras expressões religiosas. Parte dessas expressões serão tratadas no
artigo de religiões tradicionais ou folclóricas. Aqui, tratarei especialmente
das religiões ou credos que se originaram na África, mas foram modificados no
Brasil.
Quando os negros vieram para
esse país, como escravos, agarraram-se com todo vigor ao que lhes restava: a suas
tradições religiosas. Esse foi o único meio encontrado para que conservassem
sua identidade ameaçada pela opressão dos colonizadores. Apesar disso, inevitavelmente,
essas tradições entraram em contato com a religião católica (vivida
especialmente em suas formas mais populares, como a devoção aos santos), e com
o espíritismo de Allan Kardec. Assim surgiram a Umbanda e o Candomblé - as duas
mais importantes expressões religiosas afro-brasileiras.
Umbanda
A Umbanda tem sua origem
principal entre os negros que vieram de uma área angolo-congolesa da Costa
Ocidental e da Costa Oriental da África. A cultura dos Bantos era predominante.
Os Bantos conheciam o Ser Supremo, o qual chamavam de Zambi, mas suas práticas
religiosas eram especialmente voltadas ao culto de ancestrais - os quais
frequentemente se comunicavam através de um processo de "possessão".
Quando chegaram no Brasil essa forma africana de religião fundiu a macumba com
o espiritismo.
O Surgimento histórico, porém é
controverso. Muitos acreditam que a Umbanda como religião surgiu em 1920,
quando um jovem que se chamava Zélio Moraes, ficou paralítico. Os tratamentos
médicos não lhe curaram, por isso ele procurou um centro espírita. Lá um padre jesuíta
que ordenou que criasse uma religião brasileira dedicada a veneração de
espíritos de cablocos, índios e pretos velhos.
"Desde seu surgimento no
Brasil, a umbanda passou por um processo acentuado de embranquecimento. Essa
ideologia propõe o branco como ideal a ser alcançado e consequentemente, cria
mecanismos para fusão e o desaparecimento das outras etnias.
É paradoxal, mas a umbanda nasce
e se desenvolve neste clima que alimenta a negação do negro, mas aceitando
também os pretos velhos como entidades benéficas que descem no terreiro."
(Giorgio Paleari, "Religiões", Volume 2, Editora "Mundo e
Missão", pg. 195).
Um dos pontos mais relevantes da
Umbanda é os seus "pontos" cantados e riscados (desenhados). Numa
sessão de Umbanda são cantados hinos de evocação a um determinado Orixá ou
Falange espiritual. Sobre a vibração desses pontos, baixam os espíritos de luz:
os Orixás da Umbanda, bem como os pontos riscados (desenhados no chão, pro
exemplo) são próprios de cada Orixá simbolizam e significam o seu poder mágico
e os aspectos de vida sobre os quais eles exercem influência.
Oxalá é a figura mais respeitada
da Umbanda no Brasil e segundo a lenda, é pai de todos os outros orixás. Foi um
dos criadores do mundo, tendo recebido de Olorum (deus supremo) a tarefa de modelar
todos os seres humanos. Outras entidades bem conhecidas são Iemanjá - uma
famosa entidade feminina que é deusa das águas - e Ogum, senhor dos metais.
O ritual umbandista começa com cantos
introdutórios - para preparar o ambiente para sessão. Então há defumações - são
incensados os médiuns individualmente e o povo como um todo. O pai de santo
(que é o líder do grupo) chega e dá inicio a sessão. O pai de santo entre em
transe. Tem inicio o aconselhamento e a cura. Antes de terminar a sessão a
compromisso com os orixás. A sessão se encerra com saudações.
Para saber mais sobre a Umbanda: clique aqui .
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Candomblé
O axé é uma força vital que promove a ação e é fonte do poder e
eficácia. É o ponto central do Candomblé. O axé se encontra no sangue dos seres
vivos e nas substâncias essenciais de cada ser que compõem o mundo.
Os ritos de iniciação e passagem,
os ritos de nascimento e casamento transmitem o axé - sendo que essa força
entra em contato com objetos e pessoas.
Assim como outras expressões de
origem africana, o candomblé reconhece a existência de um Deus Supremo (Olorum),
e com ele, uma infinidade de seres intermediários (orixás), que garantem a unidade
e o dinamismo da vida.
Os princípios éticos estão
enraizados em conceitos chaves como via, solidariedade clânica, harmonia e
força.
No candomblé os terreiros são
comunidades onde os orixá se manifestam com vigor. A autoridade é o pai ou mãe
de santo (babalorixás ou ialorixas). A eles cabem presidir as cerimônias
religiosas, receber os convidados, raspar a cabeça dos iniciados, supervisionar
os ritos e apontar novos iniciados.
No candomblé há pelo menos dois
canais através dos quais se realiza a união entre os seres humanos e os deuses
antepassados: o oráculo e o processo ritual de iniciação. O primeiro é conhecido como jogo dos búzios, onde o pai
de santo revela os mistérios da vida e
faz diagnósticos. Os males dos participantes são transferidos para objetos ou
animais, que são sacrificados. O segundo canal de revelação é "um caminho
sem volta" e representa passos para que, após várias etapas, haja uma
fusão mística entre o homem e o divino.
Resta dizer que muitos orixás
estão associados aos santos católicos, por exemplo, Oxalá é o Senhor do Bonfim,
Xangô é identificado como São Jerônimo ou São Pedro, etc.
Para melhor compreensão do Candomblé recomendo esse curto, porém ótimo documentário: clique aqui para assistir .
Para melhor compreensão do Candomblé recomendo esse curto, porém ótimo documentário: clique aqui para assistir .
Pontos em comum com a Igreja de Jesus
Cristo.
A
Igreja de Jesus Cristo é independente e diferente de toda e qualquer religião.
Todavia, como Deus ama todos os Seus filhos, permite que princípios verdadeiros
sejam transmitidos a todas as nações, povos, línguas e tribos. Portanto não é difícil
verificar pontos em comum entre a verdadeira Igreja do Salvador e movimentos religiosos
dos mais diversos.
O primeiro ponto em comum é
certamente a questão da divindade. Sabemos que existe um ser supremo. O Candomblé
e a Umbanda acreditam em uma divindade superior, que denominam de Olodumaré
ou Olorum. É interessante observar que Lâmoni, um rei lamanita, acreditava em um
"grande espírito" que favorecia irmãos brancos, os nefitas (Alma
19:27). Esse deus era distante e não se importava com os atos humanos (Alma
18:5). Essa crença é bem parecida com o que ensina a Umbanda, pois os irmãos
Brancos acabam sendo superiores aos negros. Devo dizer que não cremos no que Lâmoni
acreditava, nem que há superioridade entre uma raça ou etnia sobre outra. Lâmoni
foi levado a reconhecer, mais tarde, através de Amon, conceitos verdadeiros
sobre Deus, inclusive que Ele se importa com os homens (Alma 18-19).
Nós cremos que não estamos
sozinhos na Terra. Assim como o Candomblé e a Umbanda ensinam, há espíritos
bons e maus e que interferem na vida dos homens. Evidentemente a extensão e o
modo como esses espíritos interagem são diferentes entre nós. Não cremos que
seja algo adequado e bom ser possuído por um espírito e ser privado do arbítrio.
Mas cremos que isso pode chegar a acontecer se o desejarmos, afinal lemos
no Novo Testamento muitas ocasiões onde homens e mulheres foram possuídos por
espíritos malignos (Mateus 9:32-33, Marcos 6:13, Marcos 16:9, Lucas 8:30, I
Timóteo 4:11, etc).
A ideia de aperfeiçoamento - de
que podemos progredir rumo a uma salvação ao lado da divindade - e até nos
tornarmos um com a divindade - também é um ponto em comum. Passamos por várias
etapas até encontrar nosso destino e propósito eterno. É isso que nos ensina o Plano
de Salvação: despojamos-nos do homem natural e por meio do sacrifício de Cristo
atingimos o homem espiritual e perfeito (GEE "Expiação", "Plano de
Salvação")).
Falando em sacrifício podemos
identificar mais um ponto em comum. Os sacrifícios sempre fizeram parte da
doutrina do evangelho (GEE "sacrifício"). De Adão até Noé, de Noé a
Abraão, de Abrão à Moisés e de Moisés à Jesus Cristo - houve holocaustos e sacrifícios
simbolizando o "grande e último sacrifício", sim "aquele grande
e último sacrifício [feito pelo] Filho de Deus, sim, infinito e eterno."
(Alma 34:14). Quando os adeptos do candomblé realizam sacrifícios (ebô), fazem-no para transferir males.
Isso é muito semelhante aos sacrifícios da lei de Moisés, onde em alguns
rituais - como o da expiação - o povo
transferia simbolicamente seus pecados a um animal (Levítico 16:15-28).
A importância de ritos também chama atenção. Na Igreja de
Jesus Cristo sempre houve cerimônias sagradas e ordenanças especiais. Elas
normalmente ocorrem em lugares sagrados. Assim como os terreiros são
considerados sagrados para os umbandistas e candomblecistas, os lares dos
santos, as capelas e especialmente os Templos são lugares reservados a cerimônias
especiais e santas.
Um dos ritos do candomblé refere-se
a raspar a cabeça do iniciado. Um paralelo poderia ser traçado ao rito de
purificação do leproso, que raspava a cabeça e todo o corpo para que se
tornasse limpo para entrar na cidade santa (Levítico 14). Outro rito valoriza o sangue e o nascer de novo: dois aspectos importantes na teologia SUD (Ver GEE "Sangue" e "Batismo").
A solidariedade e a valorização
da harmonia na vida são pontos fortes das religiões afro-brasileiras - e são
comuns na Igreja Restaurada. A caridade é a maior virtude e deve ser sempre
buscada.
Apesar das muitas modificações
na cultura primitiva africana, as religiões afro-brasileiras, perpetuaram e
incorporam muitos princípios e doutrinas verdadeiras. Ao falarmos com pessoas
que possuem esses credor podemos, ao invés de apontar as divergências, realçar
o que temos em comum. O Salvador disse que "aquele que tem o espírito de
discórdia não é meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia e leva a cólera
ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros." (3 Néfi 11:29).
Devemos ser sábios como Amon, que procurou edificar pontos em comum para que
tivesse uma oportunidade de ensinar mais verdades (Alma 18:22-43). Assim teremos
sucesso em cumpri nosso dever de advertir o povo (D&C 88:81).
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