17 de ago. de 2010

Só os iníquos sofrem?

Algumas pessoas pensam que somente os iníquos sofrem. Segundo esse pensamento, quando alguma provação vem sobre nós é um castigo de Deus por causa de nossas faltas, nossa conduta iníqua e nossos pensamentos pecaminosos. Pensando assim concluiremos que as catástrofes naturais atingem os povos quando estão “amadurecidos em iniqüidade”. E que uma pessoa que sofre uma doença terminal sofre por ter sido muito ruim. De fato, dizemos em nosso coração: “O homem trouxe sobre si sua miséria; portanto, deterei minha mão e não lhe darei do meu sustento nem repartirei com ele meus bens, a fim de que ele não padeça, porque seus castigos são justos.” (Mosias 4:17). Tal pensamento por certo não vêm de Deus. Jó é um exemplo perfeito para entendermos que a maior parte das provações não são um castigo de Deus. Deus mesmo disse, através do poeta que registro o livro de Jó: “Notaste porventura o meu servo Jó, que ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal? Ele ainda retém a sua integridade, embora me incitasses contra ele, para o consumir sem causa.” (Jó 2:3). Se todos sofressem de acordo com suas iniqüidades o Salvador Jesus Cristo nunca teria sofrido uma tentação, nunca teria passado por uma privação, nunca teria soado uma única gota de sangue e jamais teria ido à cruz.
“Digo, porém, ó homem, que quem faz isto [e pensa desta maneira] tem grande necessidade de arrepender-se; e, a menos que se arrependa do que fez [e do que pensa], perece para sempre e não tem lugar no reino de Deus.” (Mosias 4:18) Não vamos pensar assim e nem agir assim. É verdade que algumas vezes Deus nos castiga por causa de nossas iniqüidades. Ele o faz porque nos ama (D&C 95:1, Apocalipse 3:19) – tal como um pai castiga seus filhos para aprenderem o que lhes trará felicidade. Todavia, lembro muito bem do que disse o presidente Hinckley, quando um terrível maremoto ceifou milhares de vidas na Ásia: “quero deixar bem claro que isso não foi um castigo!” Assim como o sol nasce para bons e maus, a noite também desce sobre bons e maus. Todos sofremos – isto faz parte da vida mortal. Aqueles que embarcam no serviço de Deus parecem ter uma quota especial de sofrimentos: “Porque isto é agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, suporte tristezas, padecendo injustamente. Pois, que glória é essa, se, quando cometeis pecado e sois por isso esbofeteados, sofreis com paciência? Mas se, quando fazeis o bem e sois afligidos, o sofreis com paciência, isso é agradável a Deus.
Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas. Ele não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano; sendo injuriado, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente; levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados.” (I Pedro 2:19-24)
Sem passar alguns instantes no Getsêmani não podemos ser santificados – e se não formos santificados não podemos adentrar o reino que Cristo esta, que é o Reino Celestial. O grande teste da vida é passarmos bem por todas as adversidades que por certo teremos. Antes de nascer ficou claro que seriamos provados. Este, na verdade, era o propósito da vida: sermos testados, passarmos neste teste, e merecermos a vida eterna (Abraão 3:25-26).
As provações são uma evidencia do amor de nosso Pai Celestial. Elas podem ser de dois tipos: uma adversidade ou um castigo. A adversidade sobrevirá a todos independente de sua retidão. O castigo nos vem por nossos pecados. Há ainda as tentações e tribulações que nos fazem passar os iníquos – especialmente Satanás. O mau uso do arbítrio de outros gera conseqüências adversas a nós. Todavia, devido a expiação podemos e vamos vencer todas as provações. Não há dor, não há desgraça, não há prova, não há tribulação, não há morte – não há nada que não possa ser sobrepujado e vencido. Parece que era isso que Paulo tinha em mente ao escrever: “quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?
Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” (Romanos 8:35-39)
“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desesperados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (II Coríntios 4:8-9)
Sei, por experiência própria, que as adversidades são para nosso bem – e que todas elas nos levam para mais próximo de Deus, se permitimos que assim ocorra. Alguns não permitem que a adversidade os santifique, mas endurecem o coração e se voltam contra Deus. Todavia, podemos permitir que nossas aflições sejam bênçãos disfarçadas!

Um comentário:

Nelson disse...

Errado quem pensar assim. Muitos bons também sofrem, basta pesquisar em hospitais quantas crianças, que são inocentes sofrendo ou por males incuráveis ou por abandono dos pais e da sociedade.Portanto colocar medo nas pessoas com esta tal de iniquidade é coisa que acontecia em tempos medievais, hoje não se permite este abuso religioso.É bom estudar mais e realmente se libertar da ignorância.