9 de abr. de 2011

Como vencer a Depressão?

                Dizem que a doença do século que vivemos é a depressão. Nas escrituras não encontramos esta palavra, mas vemos que a tristeza (Isaias 8:22), o desespero (Eclesiastes 2:20), o medo (Juízes 9:21), a angustia (2 Néfi 4:17), a vontade de morrer (Mórmon 2:14), o sentimento de derrota (Lamentações 3) e as incertezas (I João 2:11) estão sempre presentes - e estes sentimentos, emoções e atitudes podem ser sintomas da depressão.
                Para vencer a depressão a compreensão de alguns pontos parece não só ser benéfica, mas essencial:
                (1) Há uma singela diferença entre tristeza e desespero ou falta de esperança. Desespero leva a depressão. A tristeza é muito abrangente e chega a todos os homens, bons ou maus. Na realidade, a própria perfeição não exclui a tristeza. Vemos que Deus pranteou quando teve que expulsar um terço de seus filhos (D&C 76:25-26), e que Enoque o contemplou derramar lágrimas pelos pecados dos homens (Moisés 7:28-33). Sentir tristeza faz parte da existência (João 16:33). Sentimos tristeza quando alguém que amamos usa o seu próprio arbítrio de maneira errada, ou quando vemos pessoas sofrerem.
                Recentemente várias criancinhas foram assassinadas de maneira brutal por um homem perturbado no Rio de Janeiro. Quando alguém ouve tal notícia, porventura é capaz de não sentir profunda tristeza? Também sentimos tristeza quando reconhecemos que pecamos e que ofendemos um Deus tão bom. A tristeza segundo Deus gera o arrependimento (II Coríntios 7:10).
                É obvio que nenhum de nós quer sentir tristeza. Mas faz parte da existência e do nosso aperfeiçoamento. De fato, não creio que haja felicidade eterna sem que provemos tristeza e angústia profundas de vem em quando. Lembremos que Cristo somente após sofrer mais do que qualquer um é que subiu acima de todas as coisas, vencendo-as e exaltando-se. Se quisermos estar ao lado Dele não devemos esperar passar por algumas privações, provas e dificuldades? Certamente que sim.
                O desespero é arma do diabo. O desespero é resultado da iniquidade (Morôni 10:22).
               
                (2) A depressão pode ser uma patologia, mas também é uma doença espiritual. Isso porque sabemos que a alma do homem é a união do corpo físico e do espírito pré-mortal (D&C 88:15). O que acontece com o corpo mortal afeta o espírito, e o que acontece com o espírito afeta o corpo. Por isso se mantivermos o espírito saudável teremos mais forças para vencer a depressão.
                O Élder Wilford W. Andersen, dos Setenta disse: "Não quero minimizar a realidade da depressão clínica. Para alguns, a solução para a depressão e as ansiedades será encontrada por meio de uma consulta com profissionais competentes. Mas para a maioria de nós, a tristeza e o temor começam a se dissipar e são substituídos pela felicidade e paz, quando depositamos nossa confiança no Autor do plano de felicidade e desenvolvemos fé no Príncipe da Paz." ("A Rocha de Nosso Redentor", A Liahona, Maio de 2010, pg. 17).
               
                (3) Compreender o Plano. O Élder Boyd K. Packer explicou: "Era esperado que a vida fosse difícil. É normal sofrermos alguma ansiedade, depressão, desapontamentos e até fracassos. Ensinem os membros que se tiverem um dia totalmente lastimável de vez em quando, ou vários em seguida, permaneçam firmes e os enfrentem. As coisas vão melhorar. Este é o grande propósito de nossa luta na vida." ("That All May Be Edified", 1982, p. 94.)

                (4) Aprender com pessoas que venceram o desafio da depressão. Kathleen H. Hughes,que foi conselheira na Presidência Geral da Sociedade de Socorro disse: "Enfrentei, pessoalmente, os efeitos debilitantes da depressão. Porém, aprendi com minha própria experiência, e aprendo com aqueles com quem convivo, que nunca estamos sozinhos para resolver nossos problemas. Nunca somos abandonados. Uma fonte de bondade, de força e confiança está dentro de nós, e quando ouvimos e confiamos, somos elevados. Somos curados. Não apenas sobrevivemos, mas amamos a vida. Rimos; sentimos alegria; seguimos adiante com fé." ("Abençoados pela Água Viva", A Liahona, Maio de 2003, pg. 13).
                Nas escrituras aprendemos com pessoas que enfrentaram grandes desafios. Por exemplo Jó (Jó 1-2), Leí (1 Néfi 16) e Joseph Smith (D&C 121) Estudar a história deles fortalece-nos e dá-nos esperança de que, tal como eles, poderemos "suportar o dia" (D&C 45:57).

                (5) A revelação advinda do estudo das escrituras, dos hinos, da oração, do jejum e da freqüência à Igreja nos ajuda a vencer a depressão. O Élder Oaks, do Quorum dos Doze,  disse que um dos propósitos da revelação é elevar: "Todos nós, em nossa vida, precisamos às vezes ser elevados de uma depressão, de uma sensação de pessimismo ou incapacidade, ou simplesmente de um nível de mediocridade espiritual. Por elevar nosso espírito e nos ajudar a resistir ao mal e a buscar o que é bom, creio que a inspiração que sentimos ao ler as escrituras ou desfrutar a boa música, arte ou literatura é um tipo específico de revelação." ("8 Propósitos da Revelação", A Liahona, Setembro de 2004, pg. 10).
                Sentir que o Senhor não nos abandonou é fundamental para vencer a depressão. A revelação também ampliará nossa visão e nos dará nossa perspectiva da vida. Saberemos que as bênçãos recebidas serão cumpridas. Imagine como Joseph Smith se sentiu, em um dos piores e mais angustiantes momentos de sua vida, ao receber a revelação contida em D&C 122?

                (6) Tomar o sacramento. Estabelecemo-nos na Rocha do Redentor quando tomamos dignamente o sacramento (3 Néfi 18: 1-7, 12). O fortalecimento advindo da ceia trás a bênção do ministério de anjos, convida o Espírito a estar sempre conosco e nos santifica pelo sangue de Cristo.
               
                (7) Desacelerar ou parar de procrastinar. Alguns entram em depressão pela rotina frenética, outros por causa da estagnação. Todo extremo é prejudicial. Daí o mandamento de sermos moderados e temperantes.
                O Élder Quentin L. Cook, do Doze, disse: "Vivemos em um mundo barulhento e cheio de contendas, onde é possível ver ou ouvir informações, músicas ou até tolices sem sentido praticamente em todas as horas. Se quisermos obter a inspiração do Espírito Santo, precisamos ter tempo de desacelerar, de ponderar, de orar e de viver de modo a sermos dignos de receber essa inspiração e agir sob Sua orientação. Evitaremos maiores erros se atentarmos para Seus avisos. Temos o privilégio, como membros da Igreja, de receber Dele luz e conhecimento, até o dia perfeito." ("Seguimos Jesus Cristo", A Liahona, Maio de 2010, pg. 85).
                O Élder Joseph B. Wirthlin, que foi membro do Quorum dos Doze, disse: "O trabalho é uma terapia para a alma. O evangelho de Jesus Cristo é o evangelho do trabalho. A meu ver, muito da ociosidade que nos rodeia decorre de uma compreensão errônea da Expiação do Senhor. Não podemos simplesmente sentar-nos indolentemente esperando alcançar sucesso nas coisas espirituais ou materiais. Precisamos fazer tudo a nosso alcance para atingir nossas metas, e o Senhor completará o que estiver faltando." ("Lições Aprendidas na Jornada da Vida", A Liahona, Maio de 2001, pg. 39)

                (8) Servir o próximo. Quando servimos ao próximo acabamos esquecendo ou sobrepujando nosso próprios problemas. É uma bênção maravilhosa. Todos aqueles que já estenderam a mão para ajudar aprenderam essa lição: recebemos mais do que doamos. E como há necessidades infindáveis que sirvamos como todo coração, poder, mente e força. Se esquecermos de nós mesmos e perdermos nossa vida na obra de Deus nos encontraremos e teremos grande alegria (Alma 26). O serviço que prestarmos pode ser tão simples quanto ouvir um amigo ou lavar a louça. Sei, pro experiência própria, que se servirmos seremos abençoados com o bálsamo de Gileade, que curará nossa alma.

3 comentários:

Unknown disse...

Muito bom o seu blog!! E esta matéria é maravilhosa! Parabéns pelo esforço em propagar a verdade!! Grande Abraço!

www.murilovisck.blogspot.com

reflexão disse...

Gostei muito do seu texto. E tenho certeza que irá ajudar muitas pessoas. Mas eu também quero contribuir.
A depressão é uma doença terrível, além da doença em si, pois gera muito preconceito. Muitos rotulam as pessoas que sofre deste mal dizendo que são fracos, outros dizem que é frescura, que são medrosas e por aí vai... Mas vemos que quando ocorrem estes tipos de rótulos o que realmente aconteceu é falta de empatia. E o desejo de procrastinar o amor ao próximo. Pois a depressão é muito mais que estes rótulos. E estes rótulos por sua vez não ajudam na solução, mas pioram a situação. Muitos casos que poderiam ser resolvidos com atitudes simples acabam transformando em situações que necessitam de ajuda profissional. Talvez seja que a pessoa não quer ou não sabe ajudar então acaba piorando a situação. E não é só o doente que sofre. A família também sofre junto. E sabemos que o mandamento é amar ao próximo e não rotular ele. Então percebemos que temos que considerar mais coisa sobre o assunto. Jesus ensinou:
"Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu e vististes-me adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. Então os justos lhe responderão, dizendo: senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então lhe responderá dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizerdes, não o fizestes a mim." (Mateus 25:35-45) Poderíamos acrescentar estava com depressão e não ajudou-me. Preferiste me rotular. Presidente Thomas S. Monson: “A felicidade impera quando existe respeito genuíno uns pelos outros.” (A Liahona, p.105, jan/1993)
Muitos casos de depressão são por pecados próprios, mas muitos são por causa de pecados dos outros. Temos que tomar cuidado para não colocar a culpa na vítima. Coisa muito comum hoje em dia. Culpar a vítima é uma forma de tentar justificar a não ajuda. É um tipo de inércia racional. Os casos que precisam de um profissional competente precisa ser levado em consideração. E são uma grande bênçãos estes profissionais. Outros casos a própria pessoas pode resolver este problema que também é uma bênção. Mas já está mais que provado que o assédio moral, bullyng e a pressão de grupo vai trazer depressão a vítima, pode ser agora ou mais tarde. Mas ela aparece. Os que defendem a pressão de grupo como forma de desenvolvimento precisam repensar este procedimento, pois podem estar justificando a exclusão social, espiritual que também é um dos males modernos.
continua...

reflexão disse...

Somos resultantes da sociedade que vivemos. E muitos são vítimas delas. Mas temos um outro caso que precisamos considerar.
"E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus." (João 9:1-3) Tem casos que a depressão é desenvolvida por motivos já expostos, mas muito nascem com esta tendência. Muitos nascem com uma produção menor de serotonina, ou sua captação é menor então este ser humano pode desenvolver a depressão. E estas pessoas não são culpadas por nascer assim. E estas pessoas precisam que o poder de Deus seja manifestado. Por isso que amar ao próximo é tão importante. Na verdade é vital para a sociedade. Não existe sociedade em desenvolvimento total sem amor ao próximo. Se deixarmos de amar ao próximo vem o caus e é isso que estamos presenciando na nossa sociedade atual. E muitos estão até gostando do que está acontecendo. E este gostar que as coisas sejam cada vez mais ruins também é uma doença, que pode ser psicológica ou espiritual.
E sabemos que podemos ser instrumento nas mãos de Deus. Presidente Spencer W. Kimball: “Deus sabe de nós e vela por nós. Mas, geralmente, é por intermédio de outra pessoa mortal que ele satisfaz nossas necessidades. Por isso, é vital que nos sirvamos uns aos outros no reino.” (A Liahona, p.1, Dez/1976) Se têm pessoas com depressão alguém precisa ser servo de Deus. Um profissional da área pode ser um servo de Deus. Mas as pessoas comuns também podem. Na verdade devem ser este servo de Deus.
Élder Jeffrey R. Holland: “Talvez sejamos o meio pelo qual os céus respondem à urgente oração de alguém que se encontra perto de nós.” (A Liahona, p.75, jan/1996) O trabalho é nosso. E vamos ser abençoados ou não por nossas atividades em favor ou não do próximo. Presidente Howard W. Hunter: “Ele medirá nossa devoção pela forma como amamos e servimos nossos semelhantes.” (A Liahona, p.34, jan/1987) É lógico que ninguém faz isso sozinho. Precisa haver cooperação. Podemos começar com coisas simples. Presidente Thomas S. Monson: “Um sorriso cordial, um caloroso aperto de mão, um sincero testemunho da verdade pode literalmente elevar uma vida, mudar a natureza humana e salvar almas preciosas.” (A Liahona, p.62, nov/2008) E isso é um milagre hoje em dia!