23 de fev. de 2012

O que é reverência? Qual sua importância?


                Reverência é o "profundo respeito pelas coisas sagradas" (GEE "Reverência"). O Presidente David O. McKay disse que a “reverência é o respeito profundo mesclado ao amor” (Conference Report, abril de 1967, p. 86). O Élder L. Tom Perry ensinou que “a reverência emana de nossa admiração e respeito pela Deidade".
                O presidente McKay também ensinou: "A maior manifestação da espiritualidade
é a reverência; de fato, a reverência é a espiritualidade. (...) A reverência abrange a consideração, a deferência, a honra e a estima. Sem um certo grau de reverência, portanto, não há cortesia, gentileza nem consideração pelos sentimentos ou direitos alheios. A reverência é a virtude fundamental na religião. É um dos “sinais de força; a irreverência, um dos indicadores mais seguros de fraqueza. Nenhum homem se erguerá a posições elevadas”, afirmou alguém, “se zombar de coisas sagradas. As grandes lealdades da vida”, continua ele, “precisam ser tratadas com reverência ou serão renegadas nos dias de tribulação” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: David O. McKay, capítulo 4 - "Elementos da Adoração", pg. 33)
                Um hino da primária ensina que “reverência é mais que sentar bem quietinho." (“Reverência É Amor”, Músicas para Crianças, p. 12.). Assim como outras virtudes cristãs, a reverência deve ser praticada. A verdadeira reverência leva a ação justa, as boas obras. Na realidade a reverência é a maneira pela qual as obras de um justo são realizadas.
                 Nas escrituras há muitos exemplo de reverência. Gosto particularmente de três exemplos do Livro de Mórmon. O primeiro esta em Mosias. O Rei Benjamim estava discursando a seu povo. Em certo momento os nefitas suplicam pela "remissão de [seus] pecados." E o Rei Benjamim diz: "E permitiu ele que pedísseis em vão? Não; ele derramou sobre vós o seu Espírito e fez com que se enchessem de alegria os vossos corações e fez com que se fechassem as vossas bocas para que não vos pudésseis exprimir, tão grande era a vossa alegria." (Mosias 4:20). Quando recebemos o Espírito Santo e a remissão de nossos pecados, quando nosso desejos justos sã o atendidos, e quando recebemos uma alegria tal que não conseguimos exprimir verbalmente, podemos ter certeza que cultivamos uma atitude reverente.
                Algumas pessoas se perguntam porque não recebem revelação, ou porque isso é tão esporádico e raro em sua vida. Algumas lembram com alegria do passado, quando os missionários que as batizaram as visitavam, ou quando estavam servindo ao Senhor no campo missionário - elas lembram dessas ocasiões com amor e gratidão, recordando que havia uma efusão do Espírito Santo em suas vidas. Todavia, ao refletirem sobre o presente, ou seja, onde encontram-se hoje, elas desanimam, pois percebem que vivem aquém do que já viveram. Elas confessam a si mesmo e aos outros que já não sentem o que sentiam, e não experimentam o que experimentavam. Se essas pessoas refletirem bem, perceberão que o que lhes falta hoje é reverência. Porque se elas tivessem profundo respeito pelas coisas sagradas (como haviam tido no passado), orariam sempre de modo sincero, sublime e fervoroso; leriam as escrituras diariamente com anelo pelo verdadeiro e justo; serviriam ao próximo com todo vigor de uma alma penitente; frequentariam o Templo e honrariam seus convênios; e se arrependeriam e evitariam todo mal e pecado. E nesse esforço receberiam revelação. O Presidente Packer ensinou que "a reverência convida a revelação" (“A Reverência Convida à Revelação”, A Liahona,janeiro de 1992, p. 23.)
                O segundo exemplo que gosto de mencionar quando falo sobre reverência é o de Morôni. Ele defendia o respeito pelas coisas sagradas, se necessário com a espada. "E aconteceu que rasgou sua túnica e, pegando um pedaço dela, nele escreveu: Em lembrança de nosso Deus, nossa religião e nossa liberdade e nossa paz, nossas esposas e nossos filhos - e amarrou-o na ponta de um mastro. E ele colocou seu capacete e sua couraça e seus escudos e cingiu os lombos com sua armadura; e pegou o mastro em cuja ponta se achava a túnica rasgada (a que ele chamou estandarte da liberdade); e inclinou-se até o solo e orou fervorosamente a seu Deus, a fim de que as bênçãos da liberdade repousassem sobre seus irmãos enquanto restasse um grupo de cristãos para habitar a terra" (Alma 46:12-13). Nessa oração ele derramou a alma a Deus (Alma 46:17). Esse é o tipo de atitude de um homem reverente. Morôni "era um homem de perfeita compreensão" (...) Sim, um homem cujo coração transbordava de gratidão a seu Deus pelos muitos privilégios e bênçãos que concedia a seu povo; um homem que trabalhava infatigavelmente pelo bem-estar e segurança do povo. Sim, e ele era um homem firme na fé em Cristo; e havia prestado juramento de defender seu povo, seus direitos e seu país e sua religião, mesmo com a própria vida." (Alma 48:11-13)
                E o grande ensinamento é que "se todos os homens tivessem sido e fossem e pudessem sempre ser como Morôni, eis que os próprios poderes do inferno teriam sido abalados para sempre; sim, o diabo nunca teria poder sobre os corações dos filhos dos homens" (Alma 48:17). Em outras palavras se todos buscassem a atitude de reverência e respeito - a perfeita compreensão de Morôni, que o levava a orar com tanta devoção e a lutar para honrar suas promessas - então o demônio não teria poder algum sobre o mundo.
                O terceiro exemplo do Livro de Mórmon vem da visita do Senhor para os nefitas. Naquela sublime aparição, Ele orou "e as coisas que disse em sua oração não podem ser escritas e a multidão que o ouviu deu testemunho. E desta forma testemunham: Os olhos jamais viram e os ouvidos jamais ouviram, até agora, coisas tão grandes e maravilhosas como as que vimos e ouvimos Jesus dizer ao Pai; E não há língua que possa expressar nem homem que possa escrever nem podem os corações dos homens conceber coisas tão grandes e maravilhosas como as que vimos e ouvimos Jesus dizer; e ninguém pode calcular a extraordinária alegria que nos encheu a alma na ocasião em que o vimos orar por nós ao Pai. E aconteceu que, após haver terminado a sua oração ao Pai, Jesus se levantou; mas tão grande era o júbilo da multidão, que ficaram prostrados" (3 Néfi 17:15-18).
                Fico triste quando vejo as pessoas (principalmente entre os santos) usando o nome do Senhor em vão, vestindo-se de modo inapropriado, desrespeitando a natureza, desprezando as escrituras, fazendo piadas com relação ao sacerdócio e a Igreja e profanando tudo que é bom. Essas pessoas não sabem, não entendem. Se ao menos elas sentissem, por um momento, o que sentiram aqueles nefitas. Se ao menos elas ouvissem um pouco da oração do Senhor.
                A melhor maneira de ensinar sobre reverência é pelo exemplo. Os pais devem ser um exemplo para os filhos. Reverência não é melancolia. Não é tristeza, fraqueza ou inatividade. Reverência é vigor, entendimento e amor.  Se quisermos ensinar sobre reverência precisamos ser ativos na fé, buscar uma compreensão perfeita sobre o sagrado e ter caridade para com todos os homens. Se tivermos essa atitude, receberemos o privilégio de nos prostramos diante do Senhor, bem antes da ocasião em que "todo joelho se dobrará e toda língua confessará".

10 de fev. de 2012

Mandamento em conflito no Jardim


Porque o Senhor deu dois mandamentos a Adão se ele não poderia cumprir os dois? - tendo em mente que Deus nunca dá ordens sem preparar um caminho para o cumprimento dessa ordem (1 Néfi 3:7)?

                É uma boa pergunta. E merece uma boa resposta. E essa resposta exige a compreensão correta de algumas cosias que aconteceram no Éden. O que eu falar aqui precisa ser verificado nas escrituras. Recomendo 2 Néfi 2, Alma 42, Gênesis 1-2, Moisés 4 e os manuais da Igreja.
               
               O Senhor deu o mandamento a Adão de crescer e multiplicar. Ele só poderia cumprir esse mandamento se exercesse seu arbítrio e comesse do fruto da árvore do bem e do mal. Eva deveria fazer o mesmo, porque não haveria família humana sem uma mulher para gerar filhos.
                Não comer do fruto proibido era um mandamento? Sim. Ter filhos era um mandamento? Sim. Havia possibilidade de cumprir os dois mandamentos simultaneamente e de imediato? Não. Porquê? "Porque é necessário que haja uma oposição em todas as coisas." E também (preste atenção): "Para conseguir seus eternos propósitos com relação ao homem, depois de haver criado nossos primeiros pais (...) era necessária uma oposição; e até mesmo o fruto proibido em oposição à árvore da vida, sendo um doce e outro amargo. O Senhor Deus deixou, portanto, que o homem agisse por si mesmo; e o homem não poderia agir por si mesmo a menos que fosse atraído por um ou por outro." (Isto esta em 2 Néfi, vai lá procurar em qual versículo...) Ou seja, se não houvesse oposição já no Jardim Adão e Eva não poderiam exercer seu arbítrio. A Árvore do bem e do mal estava em oposição a árvore da Vida. A primeira concedia mortalidade e a segunda imortalidade. A primeira fora expressamente proibida, a segunda fora expressamente permitida por Deus. A primeira significava sair do Jardim e ter filhos, mas transgredir contra Deus; a segunda significava permanecer no Jardim, e desobedecer o mandamento de ter filhos (que era o mais importante do ponto de vista eterno).
                Como sabemos, Adão e Eva escolheram comer do fruto proibido. Por causa disso Deus não demorou e "expulsou o homem e colocou, ao oriente do jardim do Éden, querubins e uma espada flamejante, que se voltava para todos os lados a fim de guardar a árvore da vida". "Porque eis que, se Adão houvesse estendido imediatamente a mão e comido da árvore da vida [depois de ter comido do fruto proibido e se tornado mortal], teria vivido eternamente, de acordo com a palavra de Deus, não tendo tempo para o arrependimento; sim, e também a palavra de Deus teria sido vã e estaria frustrado o grande plano de salvação". Não vou adentrar nos importantes temas e doutrinas da Queda, pro que sua pergunta tem haver com um suporto "conflito" entre mandamentos. Mas não há conflito algum. Entenda que "não era conveniente que o homem fosse resgatado dessa morte física, porque isso destruiria o grande plano de felicidade." E é por isso que " foi concedido um tempo ao homem para que se arrependesse, sim, um período probatório, um tempo para arrepender-se e servir a Deus" Isto esta em Alma 42, procure os versículos por você mesmo). O homem deve cumprir o mandamento de comer da árvore da Vida e de tornar-se um ser imortal e eterno. E Deus vai sim SEMPRE preparar um caminho para que suas ordens possam ser cumpridas. Mas foi dado um tempo - porque se estendêssemos a mão agora e comecemos do fruto da Árvore da Vida seria condenação em vez de bênção! Assim, os mandamentos que pareciam ser contraditórios - não o são - são complementares - mas se posicionados devidamente.
                Finalmente explico que Adão cumpriu os dois mandamentos (mas em ocasiões distintas). Ele iniciou a mortalidade e, mais tarde, curvado pela idade, recebeu a certeza de sua exaltação (D&C 107). Ele entrou para vida eterna, e comeu do fruto da árvore da Vida. E nós podemos seguir nosso pai Adão e cumprir esse mandamento também: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus." (Apocalipse 2:7).
                A sua pergunta também abriu uma possibilidade para que eu mencionasse algo sobre os mandamentos de Deus. Em "grau de importância" o mandamento de não comer um fruto era significamente menos importante que o de iniciar a mortalidade. Comer do fruto da Árvore do Conhecimento tinha como consequência uma transgressão. E deixar de ter filhos era um pecado. (Explique isso em uma postagem antiga: http://lucasmormon.blogspot.com/2010/12/niveis-de-desobediencia.html)
               
                Os princípios eternos são baseados na luz e verdade de Deus - e não mudam. A Eterna Justiça possui leis que ordenam e regulam todas as coisas. Os mandamentos de Deus são leis alicerçadas na verdade e justiça, que são proferidas por Deus à nós. Embora o evangelho seja simples, e não necessite de muitas sistematizações e nomenclaturas, às vezes é proveitoso dividir e subdividir idéias, sem fugir da pureza da verdade - para compreender pontos doutrinários novos. É o caso dos mandamentos.
                Há basicamente três espécies de leis de Deus: mandamentos, conselhos e regras[1]. Todas as leis de Deus tem a mesma fonte (Deus) e o mesmo resultado: aqueles que as obedecem são abençoados, e os que as desobedecem são amaldiçoados. Essas espécies de leis, contudo, diferem (1) no grau ou intensidade de bênção e condenação e na (2)  mutabilidade. Por exemplo: não matar é um mandamento, não chegar em casa depois das onze da noite é um conselho e não perder o companheiro de missão de vista é uma regra. Os mandamentos são leis muito mais rígidas que os conselhos e regras - rígidas no sentido que é mais difícil que mudem - embora, como demonstrarei há mandamentos temporais e finitos. O mandamento sobre o batismo é o mesmo dês de Adão - não mudou.
                O conselho de colocar o computador num lugar público da casa, para evitar a pornografia, certamente é valioso e trará bênçãos. Alguns, que são sábios, encaram os conselhos de Deus como mandamentos. Estes desenvolvem o dom da obediência e evitam assim a desculpa, que vem pela racionalização, de que "tal lei não é um mandamento, é um conselho". Uma vez, uma moça da Igreja, tendo sido ensinada por seus líderes e por seus pais que não deveria namorar antes dos dezesseis anos conscientemente ignorou essa lei dizendo, primeiro, a si mesma e, depois, aos outros: isso é somente um conselho - não é um mandamento!" Ela viveu para perceber que fora tola.
                As regras fazem parte de um conjunto peculiar de leis de Deus. Elas são criadas e feitas para conduzir uma pessoa ou grupo a um maior nível de espiritualidade - muitas vezes porque essa pessoa espiritualmente fraca, são espiritualmente dependentes ou há circunstancias especiais que justificam estritas diretrizes. Assim vemos que os israelitas da época de Moisés precisavam de regras bem especificas: "E agora vos digo que foi necessário dar uma lei aos filhos de Israel, sim, uma lei muito severa; porque eram um povo obstinado, rápido para cometer iniqüidades e vagaroso para lembrar-se do Senhor seu Deus.  Portanto uma lei lhes foi dada, sim, uma lei de ritos e de ordenanças, uma lei que deveriam observar rigorosamente, dia a dia, para conservarem viva a lembrança de Deus e de seu dever para com ele" (Mosias 13:29-30).
                Os missionários de tempo integral de hoje possuem um conjunto de regras não porque são espiritualmente fracos, mas por segurança, padronização e eficiência. Se todos, porém, estivessem no mesmo elevado patamar espiritual não precisariam de muitas regras - viveriam pelos princípios.
                No caso dos nefitas a lei de Moisés tornou-se espiritualmente morta: "a lei tornou-se morta para nós e somos vivificados em Cristo por causa de nossa fé; contudo, guardamos a lei por causa dos mandamentos" (2 Néfi 25:25). Ou seja, porque Deus ainda não revogara as regras da lei de Moisés ele tinham que cumpri o mandamento de obediência, e portanto seguir os ritos e peculiaridades dos israelitas.
                Ainda podemos considerar as regras que um pai dá à seus filhos. Não devem chegar em casa tarde da noite. Tais regras não vinculariam filhos de terceiros. Mas quando um profeta fala que não deve-se chegar em casa tarde - o status dessa lei passa a ser geral, universal. Passa, no caso, a ser um conselho ou mandamento. Sem dúvida, hoje é um mandamento, pois Deus disse: "recolhei-vos cedo, para que não vos canseis; levantai-vos cedo, para que vosso corpo e vossa mente sejam fortalecidos" (D&C 88:124).
                Ao analisar os mandamentos de Deus dado à seus filhos, nas escrituras e na atualidade, podemos classificá-los quanto a sua temporalidade e quanto a sua destinação. O critério temporalidade refere-se ao "tempo" em que o mandamento se mantenha em vigor. E o critério destino, tem haver com o público que deve cumprir a determinada lei. Assim podemos dilatá-los em quatro: quanto a temporalidade, em finitos e infinitos; quanto a destinação, em universais e individuais. Devo, porém, fazer uma advertência, antes de expor mais detalhadamente essa classificação. O evangelho é simples. O Senhor resumiu todos os seus mandamentos em apenas dois. Se estes dois mandamentos forem vividos, toda lei, todo dom, toda bênção, todo espírito, toda fé, todo milagre - tudo que é bom, estará a nosso alcance e será nosso privilégio. Se tão somente amarmos a Deus de todo coração e ao próximo como a nós mesmos cresceremos até o entendimento perfeito de Deus e seus mandamentos não nos serão pesados.
                Os mandamentos finitos são aqueles que são limitados por tempo e espaço, e são ensinados pelo poder do Espírito Santo. Esse poder se manifesta por meio de sonhos, visões, ministração de anjos, pelos ensinamentos dos profetas e dos missionários de Deus. Na verdade o contato com a palavra de Deus pelo verdadeiro penitente é suficiente para que o Espírito ensine os mandamentos finitos. Um exemplo desse mandamento é a Palavra de Sabedoria. Tal lei foi dada especificamente para nossa época - onde surgiriam homens conspiradores e maus (D&C 89). Embora a Palavra de Sabedoria tenha princípios eternos em seu cerne, não é um mandamento infinito - pois na época de Adão, Noé, Moisés, Morôni e Paulo não era proibido, por exemplo, beber vinho.
                Mandamentos infinitos são aquelas leis de Deus que não são limitadas por tempo e espaço. São, na realidade, descrições dos princípios eternos da verdade - que nunca mudam. Esses mandamentos não necessitam ser ensinados pelo poder do Espírito Santo, eles são inatos, vindo como um conhecimento a priori - pela Luz de Cristo - que todo homem que vem ao mundo possuem. Assim, embora o poder do Espírito Santo amplie o entendimento sobre esses mandamentos, todos os homens, independentemente da cultura que tenha herdado, sociedade em que viva e religião que siga sabe que não deve matar. Vemos isso, por exemplo, no caso do rei Lamôni. Ele sabia que não era certo matar, mas racionalizou (devido as tradições de seu povo que lhe haviam sido transmitidas) que poderia matar seus servos que não conseguissem cumprir suas ordens. Quando soube dos feitos de Amon, um grande missionário do Senhor, começou a "temer muito, com medo de haver procedido mal ao matar seus servos" (Alma 18:5). A luz de Cristo, que ele possuía dês de que nasceu começou a prepará-lo para o poder do Espírito Santo. O mesmo acontece quando os missionários de hoje pregam: as pessoas que os ouvem a primeira vez sentem um espírito familiar, como se já tivessem ouvido aquelas palavras antes - como se tudo aquilo fizesse sentido e que realmente era algo para se saber mais. Por mais que tenham pecado e racionalizado - justificando a prática desses erros - e lutando contra a luz - quando a verdade chega, há tremor - e esse desconforto espiritual abre as portas para o arrependimento.
                Mandamentos individuais são aquelas leis válidas para uma pessoa ou grupo peculiar. Esses mandamentos são ensinados pelos dons do Espírito Santo, especialmente o dom do Espírito Santo - que é a companhia constante do terceiro membro da Trindade. São mandamentos particulares, são pessoais. O mandamento de traduzir o Livro de Mórmon, por exemplo, foi dado à Joseph Smith apenas. O de construir a arca somente para Noé. E o de tirar os filhos de Israel do Egito tão somente para Moisés.
                Um missionário que é chamado para servir em determinada região do mundo deve cumprir o mandamento de proclamar o evangelho naquele local. Após fazê-lo deverá retornar a sua casa, tendo terminado de cumprir a ordem especifica de Deus. Embora esse missionário deva continuar a viver os princípios que pregou e a de servir com afinco onde quer que esteja - o mandamento ímpar e intransmissível de ir pregar em certo lugar se findou.
                E ainda podemos considerar um mandamento mais pessoal, dado na bênção patriarcal. Por exemplo, o Senhor pode ordenar a um de seus filhos, através do patriarca, que preste seu testemunho em todas as reuniões de jejum e testemunho na Igreja. Esse é um mandamento particular que não vincula os outros.
                Aqueles que se preparam para a glória celestial recebem linha sobre linha, mandamento sobre mandamento. A medida que se aproximam de Cristo ser-lhes-á exigido cumprirem novos e superiores mandamentos, que não são dados aqueles que não se qualificaram para recebê-los. Por exemplo, a Lei da Consagração é um mandamento celestial dado por Deus, quando Ele julga oportuno. É um lei reservada apenas aqueles que desejam viver no Reino Celestial, por isso é individual. Todavia, a quem muito é dado, muito é exigido - e o que peca contra luz maior, recebe condenação maior.
                Os mandamentos universais são aqueles, como o nome sugere, validos para todos os homens. São mandamentos gerais que inclui todas as ordenanças, leis e convênios necessários para salvação. Um exemplo, é o batismo. Todos os homens, de todos os lugares, devem ser batizados. Até mesmo Cristo foi batizado mostrando-nos quão estreito é o caminho.
                Esses mandamentos são ensinados e aceitos pelo poder do Espírito Santo. Eles são simples e não são muitos, podendo ser enumerados facilmente: ter fé, se arrepender, ser batizado, receber o dom do Espírito Santo e perseverar até o fim. Incluso em perseverar até o fim podemos encontrar os mandamentos de se receber o sacerdócio (somente os homens), de ir ao Templo e fazer convênios lá, de casar-se para toda eternidade e o de prosseguir no caminho que conduz a salvação, tomando sobre nós o nome de Cristo e banqueteando-nos com a palavra Dele. De fato, todos os mandamentos universais podem ser resumidos em dois: amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo como a si mesmo. A obediência aos profetas, a oração e a vigia são maneiras de se receber revelação e viver de toda palavra que sai da boca de Deus.
                O cumprimento dos mandamentos universais eleva o fiel a condição de receber outros mandamentos - tais como os mandamentos individuais descritos anteriormente.  


[1] Muitas vezes nas escrituras mandamentos, leis, conselhos e regras são expressões sinônimas. Mandamentos em sentido amplo incluem os conselhos e regras. E regras em sentido estrito apenas se referem aos indicativos normativos dados com especificidade a uma pessoa ou grupo.

5 de fev. de 2012

Afinal, há uma pessoa eleita para casar-se comigo? Há alguém ideal preordenado para mim?

                Antes de dizer sim, não ou talvez é adequado verificar nas escrituras e nos ensinamentos dos profetas algo sobre o tema.
                Adão e Eva foram chamados para tornarem-se os primeiros pais da raça humana. Adão, portanto, foi preordenado a casar-se com Eva - e Eva, respectivamente, foi preordenada a casar-se com Adão! Então há um caso nas escrituras em que há um "eleito" para o casamento. Mas há outros casos também semelhantes. Por exemplo: Ester. Ela foi preordenada a salvar seu povo (Ester 4:14). E como ela salvaria seu povo? Casando-se com Assuero e interpondo-se entre um decreto e seus povo.
                A família de Leí precisava ir à Terra prometida - mas não sozinhos. A família de Ismael foi junto - e as filhas de Ismael casaram-se com os filhos de Leí e Zorã. Se não acontecesse isso não haveria Livro de Mórmon, de certo modo, portanto, os casamentos foram pré-determinados. E há outros casos, mas não muitos, pelo que tenho lido. O que me permite concluir que o conceito de ter um "futuro cônjuge eleito" é uma exceção e não uma regra.
                Apenas em casos muito peculiares e especiais Deus predetermina casamentos. E mesmo nesses casos há respeito ao arbítrio - porque Deus não compele ninguém a fazer uma escolha - ainda mais uma escolha tão importante quanto o casamento.
                Para encerrar o assunto eis uma excelente declaração do Presidente Dieter F. Uchtdorf: "Sei que isso pode ser uma decepção para alguns de vocês, mas não acredito que haja somente uma pessoa ideal para vocês. Acho que me apaixonei por minha esposa, Harriet, desde a primeira vez que a vi. Mesmo assim, se ela tivesse decidido se casar com outro, acredito que eu teria conhecido outra pessoa e me apaixonado por ela.  Sinto-me eternamente grato por isso não ter acontecido, mas não creio que ela fosse minha única chance de felicidade nesta vida, nem eu tampouco para ela."
                Ele também aconselhou: "Há pessoas que não se casam porque sentem que falta uma certa “magia” no relacionamento. Suponho que ao dizerem “magia”, refiram-se à centelha da atração. Apaixonar-se é um sentimento maravilhoso, e eu jamais os aconselharia a casar com alguém que não amem. No entanto — e isso é outra coisa que às vezes é difícil de aceitar — essa centelha de magia precisa ser constantemente cultivada. Quando a magia perdura num relacionamento é porque o casal fez com que isso acontecesse, e não porque ela surgiu misticamente por meio de alguma força cósmica.
                Falando com franqueza, chega a dar trabalho. Para que qualquer relacionamento sobreviva, os dois lados precisam trazer consigo sua própria magia e usá-la para manter o amor. Embora eu já tenha dito que não acredito em uma alma gêmea única e exclusiva, sei o seguinte: depois que você se compromete a casar, seu cônjuge se torna sua alma gêmea, e é seu dever e responsabilidade esforçar-se todos os dias para manter as coisas assim. Depois que assumimos o compromisso, a busca por uma alma gêmea chega ao fim. Nossos pensamentos e ações deixam de ser de procurar e passam a ser de criar.
                Mas e os que perdem a esperança de encontrar um companheiro eterno? Em primeiro lugar, não desistam. Participem das atividades, conheçam pessoas e façam tudo o que puderem. Sei que sair com alguém pode ser penoso. Rejeição é uma das coisas mais dolorosas que podemos sentir. Podem acreditar, sei como é. Eu me apaixonei pela Harriet muito antes de ela se apaixonar por mim.
                Mas isso não me impediu de agir, de modo algum. Encontrei maneiras de estar no mesmo lugar em que ela estava. Quando eu distribuía o sacramento na Igreja, eu dava um jeito de levá-lo para a família dela. Fazia tudo o que podia para impressioná-la, mas acho que ela me considerava um pouquinho imaturo. A centelha simplesmente não existia para ela. Cheguei a perder a esperança de convencê-la de que poderíamos ser algo mais do que amigos.
                Então, fui embora, alistei-me na força aérea e viajei para o outro lado do mundo para fazer um curso de piloto nos Estados Unidos.  Foi só quando voltei para a Alemanha, depois de terminar meu treinamento como piloto de caça — vários anos depois de tê-la conhecido — que aquela bela jovem olhou para mim e disse as palavras mágicas que eu tanto ansiara por ouvir: “Você amadureceu desde a última vez que o vi”. Agi rapidamente depois disso, e em poucos meses casei-me com a mulher que eu  já amava havia tanto, tanto tempo.
                Portanto, não desistam, irmãos e irmãs.  Só por terem sido rejeitados uma ou duas vezes, ou três ou quatro, ou algumas centenas de vezes, não percam a esperança. Irmãos, o segredo para encontrar a garota de seus sonhos é procurar conhecer muitas moças e, quando se apaixonarem e sentirem que é a coisa certa, pedi-la em casamento. Se ela disser que não, continue a procurar e a orar até finalmente levar a jovem certa para o altar do templo. Simplesmente não desistam."