30 de ago. de 2012

Atributos dos Anjos


                O ofício ou função dos anjos é a ocupação deles - o que eles foram chamados a realizar, o que realizam sob a direção de Deus para os homens; e também refere-se a um chamado especifico - como por exemplo, o de querubins, que devem guardar lugares santos.
                O Élder Holland explicou: "Em épocas de maior necessidade, Ele [Deus] enviava também anjos, mensageiros divinos, para abençoar Seus filhos e lhes reassegurar que o céu estava sempre perto e que Sua ajuda estaria sempre próxima. (...) Desde o princípio até o decorrer das dispensações, Deus tem usado anjos como emissários para transmitir amor e interesse por Seus filhos.
                Em geral, tais seres não são vistos. Às vezes, são. Porém, visíveis ou não, eles estão sempre próximos. Por vezes, seu papel é de enorme importância e tem significado para o mundo como um todo. De vez em quando, as mensagens são mais pessoais. Ocasionalmente, o objetivo angélico é alertar. Mais comumente, no entanto, é de consolar, prover algum tipo de atenção misericordiosa ou orientação em épocas difíceis. Quando Leí, em seu sonho, encontrou-se em um lugar tenebroso, um deserto “escuro e triste”, como o descreveu, um anjo o visitou, “um homem (…) vestido com um manto branco; (…) [ele] me falou”, disse Leí, “e ordenou-me que o seguisse”. Leí o seguiu para um lugar seguro e, por fim, pelo caminho da salvação" ("O Ministério de Anjos", Sessão da tarde de sábado, Conferência Geral, outubro de 2008).
                Aprendemos mais sobre os anjos com as palavras de Morôni: "os anjos [não] cessaram de exercer seu ministério junto aos filhos dos homens.Pois eis que a ele [Deus] estão sujeitos, para exercerem o ministério de acordo com a palavra de sua ordem, manifestando-se aos que têm uma fé vigorosa e uma mente firme em toda forma de santidade.E o ofício de seu ministério é chamar os homens ao arrependimento e cumprir e realizar a obra dos convênios que o Pai fez com os filhos dos homens, a fim de preparar o caminho entre os filhos dos homens, declarando a palavra de Cristo aos vasos escolhidos do Senhor, para que dêem testemunho dele. E, assim fazendo, o Senhor Deus prepara o caminho para que o resto dos homens tenham fé em Cristo, a fim de que o Espírito Santo tenha lugar em seus corações segundo seu poder; e, desta maneira, cumpre o Pai os convênios que fez com os filhos dos homens." (Morôni 7:29-32)
                O seguinte quadro pretende apontar alguns dos atributos angelicais quanto a seu ofício:


Função ou Atributo
Passagem explicativa
Outras escrituras
Consolar e Confortar, Suster, preparar o caminho
Quando o diabo deixou o Salvador, depois de tentá-lo duramente "e eis que vieram os anjos e o serviram (Mateus 4:11); e um durante a agonizante e terrível expiação, "apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia." (Lucas 22:43)
Gênesis 32:1, Marcos 1:13; 2 Néfi 4:24; D&C 84:88; D&C 103:20; Gênesis 24:40; II Reis 19:5-8; Mateus 28:2-7; Alma 8:14-15
Alertar; Chamar ao Arrependimento; e Salvar e Guardar
Alma, o filho, e os filhos de Mosias saíram procurando destruir a Igreja. Por causa da oração dos justos um anjo foi enviado para alertar os rapazes e convencê-los do poder de Deus:
"E, como vos disse, enquanto se rebelavam contra Deus, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhes; e desceu como se fosse numa nuvem; e falou como se fosse com voz de trovão, fazendo com que tremesse o solo onde estavam.
E tão grande foi o seu assombro que caíram por terra e não entenderam as palavras que ele lhes disse.
Não obstante, ele clamou outra vez, dizendo: Alma, levanta-te e aproxima-te, pois por que persegues a igreja de Deus? Porquanto o Senhor disse: Esta é a minha igreja e eu a estabelecerei; e nada a destruirá, a não ser a transgressão do meu povo.
E disse mais o anjo: Eis que o Senhor ouviu as orações de seu povo e também as orações de seu servo Alma, que é teu pai; porque ele tem orado com muita fé a teu respeito, para que tu sejas levado a conhecer a verdade; portanto vim com o propósito de convencer-te do poder e autoridade de Deus, para que as orações de seus servos possam ser respondidas de acordo com sua fé.
E agora, eis que podes duvidar do poder de Deus? Pois minha voz não faz tremer a terra? Não me podes também ver na tua frente? E fui enviado por Deus. Agora te digo: Vai e lembra-te do cativeiro de teus pais na terra de Helã e na terra de Néfi; e recorda-te de que grandes foram as coisas que Deus fez por eles; pois estavam em cativeiro e ele libertou-os. E agora te digo, Alma: Segue teu caminho e não procures mais destruir a igreja, para que as orações deles sejam respondidas; e isto ainda que tu mesmo prefiras ser lançado fora.  Ora, aconteceu que estas foram as últimas palavras que o anjo disse a Alma; e partiu.” (Mosias 27:11-17)
Números 22:21-34; Mateus 2:13;  Alma 10:20-21; Helamã 5:11, Gênesis 22:11-12; Juízes 2:4; Salmos 34:7; Isaías 63:9; Daniel 3:28; Daniel 6:22; 1 Néfi 3:29-30; Alma 9:25; Abraão 2:13
Testificar e Ensinar; Convocar e chamar para se servir na obra de Deus
Logo no inicio da vida mortal os anjos foram enviados para ensinar a humanidade."E após muitos dias" que Adão e Eva haviam sido expulsos do Jardim do Éden, "um anjo do Senhor apareceu a Adão, dizendo: Por que ofereces sacrifícios ao Senhor? E Adão respondeu-lhe: Eu não sei, exceto que o Senhor me mandou.
E então o anjo falou, dizendo: Isso é à semelhança do sacrifício do Unigênito do Pai que é cheio de graça e verdade.
Portanto farás tudo o que fizeres em nome do Filho; e arrepender-te-ás e invocarás a Deus em nome do Filho para todo o sempre. (Moisés 5:6-8)
Lucas 24:22-23, Hebreus 2:2-3, Apocalipse 17:1, 1 Néfi 11:30. Jacó 7:5, Alma 9:21, Alma 12:28-30; Alma 13:22-26; Alma 24:14, Alma 32:23; 3 Néfi 19-14-15; Morôni 7:22, 25, 29, 37; D&C 29:42; D&C 23:25; D&C 121:27; D&C 136:37; Moisés 5:58; Moisés 7:27; Zacarias 1:14, 19; Apocalipse 10:7; 1 Néfi 11:14-15; Mosias 3:2; Mosias 5:5; Alma 10:9; Alma 36:5; Alma 39:19; Alma 40:11; Helamã 14:9
Abençoar com dons e com o Espírito Santo
O Salvador, quando esteve entre os nefitas, orou com eles, e em determinada ocasião "dirigindo-se à multidão, disse-lhes: Olhai para vossas criancinhas. E, ao olharem, lançaram o olhar ao céu e viram os céus abertos e anjos descendo dos céus, como se estivessem no meio de fogo; e eles desceram e cercaram aqueles pequeninos e eles foram rodeados por fogo; e os anjos exerceram seu ministério junto a eles." (3 Néfi 17:23-24)
Helamã 5:48, Helamã 15, 18; Gênesis 22:15-18; Juízes 6:11-12; Juízes 13:3; D&C 84:28
Profetizar, Anunciar e Comunicar
Maria ouviu a profecia do anjo Gabriel: "E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. E, entrando o anjo aonde ela estava, disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres. E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas palavras, e considerava que saudação seria esta. Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim. (Lucas 1:26-33)
Lembremo-nos também dos simples pastores: "eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
(Lucas 2:9-11)
Gênesis 16:7-11, Lucas 1:11-13; Atos 7:23-24; Apocalipse 11:15; João 20:11-13; Alma 19:34; Helamã 5:39; Helamã 16:14; D&C 88:92; II Reis 1:15; Mateus 2:19; Atos 10:22; Apocalipse 1:1; Apocalipse 5:2; D&C 45:45
Guiar, Proteger (pessoas, coisas e lugares), lutar contra o mal, libertar
Leí que estava perdido em um escuro e triste deserto, foi guiado pro ma anjo e achou a Árvore da Vida: "E aconteceu que vi um homem e ele estava vestido com um manto branco; e ele pôs-se à minha frente. E aconteceu que me falou e ordenou-me que o seguisse. E aconteceu que, enquanto o seguia, vi que eu estava num escuro e triste deserto.
E, depois de haver caminhado pelo espaço de muitas horas na escuridão, comecei a orar ao Senhor para que tivesse compaixão de mim segundo sua terna e infinita misericórdia. E aconteceu que, depois de orar ao Senhor, vi um campo largo e espaçoso. E aconteceu que vi uma árvore cujo fruto faria uma pessoa feliz.
E aconteceu que me aproximei e comi de seu fruto; e vi que era o mais doce de todos os que já havia provado. Sim, e vi que o fruto era branco, excedendo toda brancura que eu já vira." (1 Néfi 8:5-11)
Genesis 19:1-17, Salmos 91:11, Lucas 16:22, Apocalipse 12:7; D&C 84:42; D&C 132:18; Êxodo 14:19; Êxodo 23:20-23, Atos 5:19-20; Atos 12:7-11
Louvar e Adorar
Na ocasião do nascimento do Senhor Jesus Cristo "apareceu (...)uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo:
Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens." (Lucas 2:13-14)
Salmos 148:2, Hebreus 1:4, Apocalipse 5:11-12, Apocalipse 7:11-12, 1 Néfi 1:8; Alma 36:22; D&C 76:21
Restaurar chaves ou conceder poderes
Joseph Smith foi visitado por muitos mensageiros celestiais. Ele citou alguns nesta passagem: "Agora, o que ouvimos no evangelho que recebemos? Uma voz de alegria! Uma voz de misericórdia do céu (...) E a voz de Miguel, o arcanjo, e a voz de Gabriel e de Rafael e de diversos anjos, de Miguel, ou seja, Adão, até o tempo atual, todos anunciando sua dispensação, seus direitos, suas chaves, suas honras, sua majestade e glória e o poder de seu sacerdócio; dando linha sobre linha, preceito sobre preceito; um pouco aqui, um pouco ali; dando-nos consolação pela proclamação do que está para vir, confirmando nossa esperança!" (D&C 128:19, 21)
D&C 27:16; Apocalipse 14:6-7; D&C 133:37
Servir a Deus, Ser testemunhas de Deus
Jacó teve uma revelação Então na qual "sonhou" que "estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; por cima dela estava o Senhor, que disse: Eu sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência" (Gênesis 28:12-13)
Salmos 103:20, Mateus 25:31, Mateus 26:53, João 1:51, II Tessalonicenses 1:7; Alma 18:30; Helamã 10:6; D&C 76:67; D&C 132:20; Moisés 7:25; Apocalipse 22:16
Condenar, Julgar, Amaldiçoar e Separar os bons dos maus
O Senhor ensinou: "Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes." (Mateus 13:41-42)
Mateus 13:49; Mateus 24:31, Marcos 13:27, Apocalipse 8:6, Apocalipse 9:14-15; Apocalipse 15:1, 16:1; D&C 38:12; D&C 63:54; D&C 77:8-9; D&C 86:5; Juízes 5:23; II Samuel 24:16; II Reis 19:35; Isaías 37:36; Zacarias 3:2; Atos 12:23; D&C 88:112-115; D&C 89:21

24 de ago. de 2012

Quem apareceu no monte da Transfiguração?


                Parece uma questão simples não é mesmo? Basta ler o relato para achar a resposta. Todavia, quando Joseph Smith traduziu Marcos 9 deu a entender que João Batista esta no Monte da Transfiguração. Aparentemente este profeta (João Batista) estava não apenas no lugar de Elias, mas era Elias! Para compreender melhor a questão e procurar a resposta, escrevi o que se segue.

Monte da Transfiguração - relato de Marcos e Mateus
                Sabemos que no último ano do ministério de Cristo, quando a hora final do Senhor na mortalidade se aproximava, "Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e o levou sós, em particular, a um alto monte; e transfigurou-se diante deles; E as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas como a neve, tais como nenhum lavadeiro sobre a terra os poderia branquear. E apareceu-lhes Elias, com Moisés, e falavam com Jesus. (...) E desceu uma nuvem que os cobriu com a sua sombra, e saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu filho amado; a ele ouvi. E, tendo olhado em redor, ninguém mais viram, senão só Jesus com eles. E, descendo eles do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressuscitasse dentre os mortos." (Marcos 9:2-4, 7-9)
                Em Mateus lemos alguns detalhes a mais: "tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. E os discípulos, ouvindo isto, caíram sobre os seus rostos, e tiveram grande medo.
E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes, e disse: Levantai-vos, e não tenhais medo. E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão unicamente a Jesus. E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja ressuscitado dentre os mortos." (Mateus 17:1-9)
                Pelo registro bíblico lemos que estavam presentes: como mortais: Pedro, Tiago e João; como ser transfigurado: o Salvador Jesus Cristo; como seres transladados: Moisés e Elias; como ser ressurreto e glorificado, atrás de uma nuvem, o próprio Pai Eterno. Na maravilha e assombro da visão, certamente podemos incluir, ainda que o texto não mencione expressamente, o personagem de espírito chamado de Espírito Santo. Assim, contamos no total oito entes separados e distintos.

A Tradução de Joseph Smith de Marcos 9
                Quando Joseph Smith estava traduzindo a Bíblia, alterou Marcos 9:4 - para revelar-nos que João Batista estava no Monte da Transfiguração. Assim teríamos mais um personagem de espírito. Deve ser lembrado que João Batista havia sido decapitado a pouco tempo, e o Senhor se entristecera muito com isso. De todos os propósitos gloriosos do evento - como a concessão de chaves e poder aos Apóstolos que formariam a Primeira Presidência da Igreja após a ascensão do Salvador - um deles deve ter sido o de confortar e fortalecer o Senhor e prepará-lo para a agonizante e terrível expiação (assim também pensa o Élder James E. Talmage, em seu livro Jesus, o Cristo, na página 358). Assim, a visão de seu primo, João Batista, a vinda dos grandes profetas, Elias e Moisés, e a confirmação do Pai - serviram para consolar e animar o Cordeiro que logo iria ao matadouro.
                Persiste, porém, a questão. Leiamos a passagem que foi traduzida pelo Profeta Joseph Smith: "E apareceu-lhes Elias com Moisés, ou em outras palavras, João Batista e Moisés; e falavam com Jesus." (TJS Marcos 9:3).
                Que João Batista pode ser chamado de Elias fica claro pelo próprio texto Bíblico (Mateus 17:12-13). O Guia de Estudo para as Escrituras explica:
                "As escrituras usam de diversas maneiras este nome ou título.
                Precursor: Elias é o título de alguém que é um precursor. Por exemplo: João Batista era um Elias porque foi enviado a fim de preparar o caminho de Jesus (Mt. 17:12–13).
                Restaurador: O título Elias também foi aplicado a outros personagens que cumpriram missões específicas, como João, o Revelador (D&C 77:14) e Gabriel (Lc. 1:11–20; D&C 27:6–7; 110:12).
                Um homem da dispensação de Abraão: Um profeta chamado Esaías, ou Elias, que aparentemente viveu nos dias de Abraão (D&C 84:11–13; 110:12).
                NOTA: Elias é a forma grega do nome Elijah (hebraico). Como na tradução da Bíblia para o português foi usada sempre a forma grega, ou seja, Elias, estamos acrescentando o aposto o profeta ao nome Elias quando se trata do profeta do Velho Testamento citado em I Re. 17–II Re. 2, Mal. 4:5, Mt. 17:3, D&C 110:13-16."
                A Tradução de Joseph Smith de Mateus 17 esclarece que quando o Senhor explicou sobre Elias, "entenderam os discípulos que lhes falara de João Batista e também de outro que viria para restaurar todas as coisas, como foi escrito pelos profetas." (TJS Mateus 17:14)
                Que Elias é um cargo ou chamado que comporta vários personagens não é suficiente para apaziguar a aparente contradição dos textos. As passagens dizem que um Elias viria primeiro para restaurar todas as coisas e outro Elias já havia vindo para preparar o caminho de Cristo. Sabemos que João Batista é um Elias, porque preparou o caminho do Salvador pregando e batizando o Filho de Deus; sabemos também que Elias, o profeta, Elaías e Moisés merecem o título de Elias, porque vieram para restaurar chaves nesta última dispensação. Além disso, Joseph Smith pode ser considerado um Elias, porque por meio Dele a restauração e a preparação para Segunda Vinda se iniciaram. Morôni e outros mensageiros celestiais que fizeram parte da Restauração também se adéquam ao chamado de Elias.

João Batista, Elias ou ambos estavam no monte da Transfiguração?
                Voltemos a questão central: quem estava no monte da Transfiguração: Elias, o profeta ou João Batista, o Elias que preparou o caminho do ministério mortal do Senhor? Se estavam ambos lá, porque Joseph Smith traduziu Marcos 9:4 aparentemente excluindo Elias o Profeta? Pois é dito que João Batista e Moisés estavam no monte - e não João, Moisés e Elias.
                Que Elias, o profeta, estava no monte da Transfiguração ninguém dúvida. Isso foi ensinado pelo profeta Joseph Smith com clareza (ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, capitulo 26 inteiro, páginas 321-329). Era necessário que Elias estivesse lá. O Presidente Joseph Fielding Smith explicou o porque:
                "“Por aí entendemos por que Elias e Moisés foram preservados da morte: por que
tinham uma missão a cumprir, e isto antes da crucificação do Filho de Deus, não podendo ser feita em espírito. Tinham que ter corpos tangíveis. (…) Por esse motivo, Moisés desapareceu do meio do povo, sendo levado para o monte onde o povo pensou ter sido sepultado pelo Senhor. Ele foi preservado pelo Senhor, para que, no devido tempo, pudesse vir restaurar as suas chaves sobre a cabeça de Pedro, Tiago e João, os quais estavam à testa da dispensação do meridiano dos tempos. (Ver Deuteronômio 34:5–6; Alma 45:18–19.) Preservou Elias da morte, para que também pudesse vir e conferir as suas chaves sobre a cabeça de Pedro, Tiago e João, e prepará-los para seu ministério. (…) Após a ressurreição de Cristo, eles [Moisés e Elias], naturalmente, passaram pela morte e ressurreição; depois, como seres ressurretos vieram cumprir missão de igual importância na dispensação da plenitude dos tempos.” (D&C 110:11–16; 133: 54–55) (Doutrinas de Salvação, vol. 2, pp. 110–111)
                João Batista era um ser de espírito apenas (sem um corpo físico) quando apareceu no monte da transfiguração - pois não fora transladado (como Elias, o profeta e Moisés), mas sim, passara por uma brutal morte (Mateus 14:3-12  e Marcos 6:17-29).
                Questionar a tradução do profeta Joseph Smith e sua autenticidade como servo do Senhor esta fora de nosso intento. Poderemos conversar a respeito disso em outra oportunidade. Ele, Joseph Smith Junior, foi um profeta, e de maneira inspirada revelou o verdadeiro sentido de Marcos 9:3, portanto João Batista realmente estava no monte da Transfiguração. O dicionário Bíblico SUD em inglês explica: "O texto curioso da TJS Marcos 9:03 não implica que o Elias no Monte da Transfiguração era João Batista, mas que, além de Elias, o profeta, João Batista estava presente" (referência em inglês; tradução livre)

Aceitando a Tradução de Joseph Smith como autêntica, por que razão Marcos citaria João Batista?
                Marcos escreveu seu evangelho principalmente aos gentios, diferente Mateus, que o fez para os judeus. Por isso Marcos é cuidadoso ao explicar os costumes dos judeus. Todavia, Marcos não se demora. Como o Manual do Aluno do Seminário do Curso do Novo Testamento explica: "Sem escrever muitas coisas a respeito dos pais ou do nascimento de Jesus, o “Testemunho de São Marcos” começa com o batismo de Jesus, que foi realizado quando Ele estava aproximadamente com trinta anos de idade. No primeiro capítulo, lemos também sobre o ministério de João Batista, a tentação de Jesus por Satanás, o chamado de alguns dos Apóstolos, três milagres específicos e outros grandes milagres. Esse ritmo acelerado continua ao longo de todo o livro, que é o menor dos quatro evangelhos. A palavra logo aparece mais de quarenta vezes nos dezesseis capítulos de Marcos, dando mais velocidade e ação à narrativa. O Evangelho de Marcos mostra Jesus como uma pessoa de ação e poder e contém mais relatos de milagres do que todos os outros evangelhos. Mas além do lado divino e poderoso de Jesus, esse evangelho mostra o lado humano de Jesus. Marcos mencionou mais vezes do que qualquer outro autor dos evangelhos que Jesus reservou algum tempo para ficar sozinho e descansar. (Ver Marcos 4:38; 6:31; 7:24; 8:13.) (pg. 39)
                90% dos eventos mencionados em Marcos são repetidos em outros evangelhos (Mateus, Lucas e João). Todavia, alguns eventos são mencionados apenas em Marcos. São eles:
        A parábola da semente e da colheita (ver Marcos 4:26–29)
        A menção de que Jesus era carpinteiro (ver Marcos 6:3)
        A cura de um homem em duas etapas (ver Marcos 8:22–26)
        O jovem discípulo que fugiu dos soldados na ocasião em que Jesus foi preso (ver Marcos 14:50–52; o jovem pode ter sido o próprio Marcos)
        Conforme a Tradução de Joseph Smith, o aparecimento de João Batista no Monte da Transfiguração.
                Veja, Marcos não era um apóstolo, como João e Mateus. Ele serviu como companheiro missionário de Paulo (Atos 12:25) e de Pedro (I Pedro 5:13). Ele deve ter aprendido as coisas que escreveu, não por si mesmo, mas principalmente com Pedro. O GEE informa: "No Novo Testamento, João Marcos era filho de Maria, que vivia em Jerusalém (At. 12:12); é possível que fosse primo (ou sobrinho) de Barnabé (Col.4:10). Acompanhou Paulo e Barnabé a Jerusalém em sua primeira viagem missionária, separando-se deles em Perge (At. 12:25; 13:5, 13). Mais tarde acompanhou Barnabé até Chipre (At. 15:37–39). Esteve com Paulo em Roma (Col. 4:10; Fil. 1:24) e com Pedro, na Babilônia (provavelmente em Roma) (I Ped. 5:13). Finalmente, estava com Timóteo em Éfeso (II Tim. 4:11). Evangelho segundo Marcos: Segundo livro do Novo Testamento; é possível que tenha sido escrito sob a orientação de Pedro. Seu propósito é descrever o Senhor como o Filho de Deus, que viveu e trabalhou entre os homens. Marcos descreve, com energia e humildade, a impressão que Jesus causava aos espectadores. Segundo a tradição, depois da morte de Pedro, Marcos foi ao Egito, organizou a Igreja em Alexandria e morreu como mártir."
                Pedro teve a experiência pessoal de estar no Monte da Transfiguração, por isso, talvez, tenha compartilhado algo adicional com Marcos - como o aparecimento de João Batista - e Marcos tenha decidido que essa informação era relevante para seu público-alvo (os gentios) - para que compreendessem o papel de João Batista no Plano. Lembremo-nos que Marcos inicia seu relato a partir do batismo do Salvador, e que os gentios pouca noção tinham sobre o Velho Testamento, especialmente sobre a importância e missão do profeta Elias.
                Além disso, devemos ter em mente que não dispomos de um relato completo do que aconteceu no monte da Transfiguração (D&C 63:21). Os mistérios revelados naquela ocasião foram guardados pelos Três Apóstolos por ordem expressa até que Cristo ressuscitasse. Mesmo depois da Ressurreição, Pedro, Tiago e João não saíram proclamando abertamente tudo quanto haviam aprendido. Coisas sagradas devem permanecer sagradas, e às vezes precisam ser escondidas para tanto. Assim, quem sabe se não havia mais personagens que apareceram para ensinar e conceder chaves aos três Apóstolos Principais? Esse pensamento me parece muito coerente e adequado, ainda mais levando em consideração que a Plenitude do Evangelho foi dada aos antigos Apóstolos.

Conclusão.
                João Batista esta no monte da Transfiguração? Sim. Elias, o profeta também? Sim. Moisés também estava lá. Talvez outros, mas isso não sabemos com certeza. Porque estavam lá? para (1) restaurar chaves; (2) atestar a divindade e supremacia de Cristo; (3) confortar e fortalecer o Senhor. Não sabemos muito sobre o que aconteceu naquela ocasião sagrada. Sabemos que houve uma investidura de poder e bênção sobre os mortais que participaram Daquela ocasião. E essa investidura de conhecimento e poder foi vital nos dias, meses e anos subsequentes - para o sucesso e fortalecimento da Igreja.

17 de ago. de 2012

Apenas homens seguiram Lúcifer na batalha dos céus?


Perguntaram-me: "Onde está escrito que na guerra dos céus um terço das hostes celestiais em sua maioria eram homens? Realmente há mais mulheres que homens neste mundo, né?"

               Compartilharei minha resposta a seguir.
               Lemos Apocalipse o seguinte:
" E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos; Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. (Apocalipse 12:7-9)
                Em Abraão aprendemos o motivo dessa batalha: "E o Senhor disse: Quem enviarei? E um semelhante ao Filho do Homem respondeu: Eis-me aqui, envia-me. E outro respondeu e disse: Eis-me aqui, envia-me. E o Senhor disse: Enviarei o primeiro. E o segundo irou-se e não guardou seu primeiro estado; e, naquele dia, muitos o seguiram." (Abraão 3:27-28)
                As revelações modernas ampliam esse entendimento, explicando que "o diabo existiu antes de Adão, pois rebelou-se contra [Deus, o Pai], dizendo: Dá-me a tua honra, a qual é o meu poder; e também uma terça parte das hostes do céu ele afastou [do Senhor] por causa do arbítrio que possuíam. E eles foram lançados abaixo e assim surgiram o diabo e seus anjos" (D&C 29:36-37; ver também D&C 76:25--27).
                Esse evento pré-mortal é sumamente importe. Isaías também o mencionou (Isaías 4:12-15). Mas a pergunta não é sobre a batalha dos céus, mas sim, sobre os participantes da batalha. De fato, quer-se saber sobre "o sexo dos anos".
                Preliminarmente esclareço que os anjos (sejam anjos da esfera pré-mortal ou da pós-mortal) são entidade femininas ou masculinas, tal como nós. Isso difere drasticamente da crença de várias igrejas, tal como a igreja Católica. Sei disso, pois na "Proclamação ao Mundo" sobre A Família, a Primeira Presidência da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e o Quorum dos Doze Apóstolos escreveram: "O sexo (masculino ou feminino) é uma característica essencial da identidade e do propósito pré-mortal, mortal e eterno de cada um. Na esfera pré-mortal, os filhos e filhas que foram gerados em espírito conheciam e adoravam a Deus como seu Pai Eterno e aceitaram Seu plano, segundo o qual Seus filhos poderiam obter um corpo físico e adquirir experiência terrena a fim de progredirem rumo à perfeição, terminando por alcançar seu destino divino como herdeiros da vida eterna." (1o e 2o parágrafos, itálicos adicionados. Ver proclamação inteira).
                Assim, eu já era do sexo masculino antes de nascer. Assim como Lúcifer, Jeová, Miguel, etc - todos eram do sexo masculino. Mas havia espíritos do sexo feminino também. Eva certamente foi preordenada para ser a mãe da humanidade na vida pré-mortal. Assim como Ester para salvar seu povo (Éster 4:14).
                Depois que morremos continuamos a ser indivíduos masculinos ou femininos. Lemos que quando o profeta Joseph Fielding Smith viu o mundo dos mortos em visão observou "nossa gloriosa mãe Eva; com muitas de suas filhas fiéis que viveram através das eras e adoraram o Deus verdadeiro e vivo" (D&C 138:39). Ele viu também vários profetas e servos de Deus que haviam morrido - todos conservando sua identidade masculina (D&C 138: 38, 40-49).
                Agora a questão central é se na batalha dos céus, aqueles muitos espíritos que foram expulsos (1/3 dos filhos de Deus que viriam a esta Terra) eram compostos de apenas ou na grande maioria de entidades masculinas. Alguns credos (como o das Testemunhas de Jeová) afirmam que os seguidores de Satanás eram apenas espíritos masculinos porque crerem na doutrina dos nefilins. Essa doutrina, que é falsa, digo logo, usa algumas passagens do Velho Testamento para construir a ideia de que anjos copularam com as belas filhas dos homens mortais e engendraram uma raça híbrida de gigantes. As passagens usadas para tal afirmação  são Gênesis 6:4 e Números 13:22 e 33. Essas passagens, todavia, não mencionam diretamente, nem dão a entender, pelo contexto, que anjos copularam com mortais. dizem somente que os "filhos de Deus" que casaram-se com "as filhas dos homens". O Manual do Aluno da Pérola de Grande Valor explica: "Os filhos dos homens eram os iníquos, em contraste com os filhos de Deus, que eram os seguidores do convênio feito com Deus." (Ver também Moisés 8:13–15.)" (pg. 19)
                Mas esse não é o argumento usada pela inquiridora. Ela diz que "há mais mulheres que homens neste mundo". Creio que há mesmo. Basta pensar um pouco para verificar que os homens vão mais a guerra que as mulheres; os homens são mais aventureiros - e por isso a taxa acidentes e mortes deve ser muito maior para os homens; há, sem dúvida, mais homens alcoólicos do que mulheres. Uma reportagem afirma que "Brasil tem quase 4 milhões de mulheres a mais que homens". Todavia a mesma reportagem diz que A diferença entre homens e mulheres, no entanto, não reflete o número de nascimentos. Hoje, nascem mais meninos que meninas nas maternidades. Essa relação, entretanto, muda na faixa dos 25 anos. A explicação: os homens estão mais expostos à violência e morrem mais jovens. “Nascem mais homens que mulheres, mas a mortalidade entre os homens, mesmo a natural, é maior que entre as mulheres. A diferença da expectativa de vida ultrapassa seis anos. Contribui para essa distância a violência nos grandes centros urbanos brasileiros”, disse o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes." (fonte: Último Segundo, Daniel Torres, iG São Paulo 29/04/2011; Veja a reportagem completa em cliqueaqui)
                É difícil, impossível para nós, saber quantos filhos masculinos e femininos Deus teve. E é difícil também fazer um levantamento geral, universal e atemporal de todos os filhos de Deus para saber se há mais homens ou mulheres. Assim é impossível usar esse argumento para mostrar que, havendo mais mulheres na Terra, mais homens seguirem Satanás. Até porque não sabemos se Deus teve 50% de filhos e 50% de filhas!
                É provável que assim como há homens bons e homens maus, e há mulheres boas e mulheres más aqui na mortalidade - tenha havido homens e mulheres bons e maus nos céus. Afinal "o que é espiritual sendo à semelhança daquilo que é material; e aquilo que é material, à semelhança do que é espiritual" (D&C 77:2). Entendo isso porque, como menciona as escrituras que citei no começo do texto, tínhamos o arbítrio na pré-mortalidade. Assim, penso, ser muito razoável supor que espíritos femininos seguiram Satanás, tal como espíritos masculinos. Ou seja, entre aquele 1/3 - havia tanto homens como mulheres.
                Alguns dirão: mas as mulheres são mais fiéis aqui na Terra. Deveriam sê-lo nos céus. Talvez. Mas há como precisar que 100% das mulheres foram fiéis durante a batalha dos céus? Não conheço escritura ou declaração dos profetas que ensine tal coisa.
                Sou grato pelas mulheres (como demonstro neste texto: vejaaqui)e sei que, quando conhecem a verdade, são muito valentes - talvez muito mais que os homens. Mas as escrituras mencionam mulheres que fizeram coisas terríveis. Por exemplo: as filhas de Noé que casaram fora do convênio com os filhos dos homens[1] fazendo a ira do Senhor se acender de tal forma a trazer o dilúvio sobre a Terra (Moisés 8:14-15); a filha de Jarede que tornou possível a destruição de todos os jareditas ao lembrar seu pai sobre as combinações secretas (vejaaqui); a terrível Jezabel que matou muitos profetas (I Reis 18:4), etc.
                Se há mulheres que usam seu arbítrio para pecar aqui, porque que não fariam o mesmo nos céus, antes de nascer? Isso devemos pensar.
                Finalmente, não nos foi revelado detalhes sobre a batalha nos céus e nem dá vida pré-mortal. O que sabemos e o que cremos esta nas escrituras. Sabemos que vivíamos com Deus, que escolhemos o Salvador Jesus Cristo. Que Lúcifer se rebelou e que 1/3 o segui. E a menos que tenhamos uma revelação, o resto é especulação sem base segura.


[1] O Presidente Joseph F. Smith explicou: “Pelo fato de as filhas de Noé terem-se casado com os filhos dos homens, contrariando os ensinamentos do Senhor, a Sua ira se acendeu, e essa ofensa foi uma das causas do dilúvio universal (…). As filhas que tinham evidentemente nascido sob convênio e que eram as filhas dos filhos de Deus, ou seja, as filhas daqueles que possuíam o sacerdócio, estavam transgredindo os mandamentos de Deus e se estavam casando fora da Igreja. Assim, estavam impedindo a si mesmas de receberem as bênçãos do sacerdócio, contrariando dessa forma os ensinamentos de Noé e a vontade de Deus (…). Hoje existem filhas insensatas daqueles que possuem esse mesmo sacerdócio que estão violando esse mandamento e casando-se com os filhos dos homens. Há também alguns filhos daqueles que possuem o sacerdócio que estão casando-se com as filhas dos homens. Tudo isso é contrário à vontade de Deus, tanto quanto era nos dias de Noé.” (Answers to Gospel Questions, 1:136–137.)

10 de ago. de 2012

Sete Coisas Que Eu Sei

Sei muito pouco. E digo isso não parecer humilde, nem para chamar atenção para mim mesmo. Sei pouco - e fui despertado para essa realidade não só (1) pela minha experiência até agora na vida mortal (anos de aprendizado só demostraram a mim que ainda há muito a se aprender - e, por lógica, se aprendi tanto em tanto tempo, aprenderei mais tanto se tiver mais tanto tempo); mas (2) também olhando para o céu, para terra, para os homens, para o passado, para o porvir - vejo que não conheço sua origem, funcionamento, destino e glória completa - e (3) mesmo quando penso que entendo algo, não se passa muito tempo até que uma nova perspectiva se abra sobre minha mente, a fim de, indiretamente talvez, ensinar-me que há mais para se ver, sentir, saber, perceber, experimentar, refletir e aprender. Com o tempo eu provavelmente aprenderei sobre mais motivos pelos quais não sei nada, ou muito pouco (para ser mais esperançoso).
Mas há sete coisas que sei com toda certeza. "E como supondes que eu tenho certeza de sua veracidade? Eis que eu vos digo que elas me foram mostradas pelo Santo Espírito de Deus. Eis que jejuei e orei durante muitos dias, a fim de saber estas coisas por mim mesmo. E agora sei por mim mesmo que são verdadeiras, porque o Senhor Deus mas revelou por seu Santo Espírito; e este é o espírito de revelação que está em mim." (Alma 5:45-46)
Quando digo que sei essas coisas com toda certeza, não significa que mais luz e conhecimento não possa ser acrescido a elas. De fato, é isso quem vem ocorrendo com o tempo. O Senhor dá linha sobre linha, preceito sobre preceito (2 Néfi 28:30). Todavia, a essência ou fundamento do conhecimento dessas sete coisas, não mudou com o tempo (dês de que as recebi até o presente) e não mudará, porque são princípios verdadeiros. (E essa também é uma verdade que eu sei: que exite uma verdade e que ela é constante, absoluta e imutável. E tal ciência é a base de todo meu conhecimento.)
Essas sete verdades, que foram-me ensinadas diretamente pelo Espírito Santo, não podem ser retiradas de meu ser. Pode acontecer que venha um dia (espero que não) em que eu as negue - e lute contra elas - caindo em grande apostasia. Neste caso, elas ainda continuaram verdadeiras, e eu terei cometido um pecado terrível - talvez do pior tipo que se tem notícia, porque o Salvador disse que "todo o pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada" (Mateus 12:31)

Eis as sete coisas que eu sei com certeza:
1º.    Eu sei que Deus, o Pai Celestial existe, me ama profundamente e quer meu bem-estar eterno.
2º.    Eu sei Jesus Cristo é o Salvador e Redentor do mundo - Ele é meu Senhor e Deus. Ele me concede força, paz, talento, santidade, fé e boas obras. Sei que seus mandamentos são para meu beneficio que se eu os seguir, receberei a graça divina e poderei viver com minha família eternamente, sendo ressuscitado e glorificado para o Reino Celestial.
3º.    Sei que o Espírito Santo é um ser real, que nos orienta, caso permitamos; e nos justifica, caso queiramos.
4º.    Também sei que Joseph Smith foi e é um profeta de Deus; e que o Livro de Mórmon é um outro testamento do Senhor Jesus Cristo.
5º.    Sei que o sacerdócio é o poder de Deus dado aos homens para salvação da humanidade, e quem em suas ordenanças se manifesta o poder da divindade.
6º.    Sei que o Templo é a Casa de Deus.
7º.    E por fim, sei que o Presidente Thomas S. Monson é um profeta, vidente e revelador para o mundo hoje.

Esse é meu testemunho, minha fé e minha certeza. Em nome do Senhor Jesus Cristo, amém.

7 de ago. de 2012

Intenção ou Ação - o que vale mais para Deus?


                O Senhor se importa mais com a intenção ou com a ação? Qual é mais importante? Investiguemos as escrituras para descobrir as respostas a tais perguntas.

Vida Pré-mortal
                Na vida pré-mortal decidimos vir a Terra, sermos provados para que, se nos tornássemos dignos voltássemos à presença de Deus em glória eterna (clique aqui para saber mais sobre a Vida Pré-Mortal). Muito bem. Essa era nossa intenção. Todavia, a mera intenção não foi, e não é, suficiente para o recebimento de tal maravilha. Precisávamos de uma experiência na mortalidade - precisávamos viver pela fé, e não por visão. Precisávamos conhecer por nós mesmos algumas coisas que nos preparariam para eternidade em glória ao lado do Pai. Na Terra teríamos o privilégio de desenvolver relacionamentos familiares, passar por dor, sofrimento, morte - mas também alegria, paz e vida. Se tivéssemos tão somente a intenção de conhecer essas coisas - não as conheceríamos realmente. A informação por si só não teria o poder de transformar-nos, de nos refinar a ponto de estarmos prontos para cumprir nosso destino eterno. Precisamos ser colocados em uma situação e condição em que fôssemos agentes. Não que não tivéssemos o arbítrio nos céus - porque evidentemente o usamos para escolher o Salvador Jeová - mas a plenitude desse arbítrio só poderia ser usada quando deixássemos a presença do Pai.
                Na pré-mortalidade, como falei, escolhemos o Salvador. A simples e pacata intenção de não seguir Lúcifer não nos colocou entre os valentes, nem nos tornou "grandes e nobres" (Abraão 3:22). Os espíritos que usaram sua fé no Plano de Deus, que tinha como parte principal a Expiação do Senhor Jesus Cristo, agiram com todo vigor. Ao lado de Miguel utilizaram todo seu testemunho, sacerdócio e influência para permanecer ao lado do Pai, procurar convencer seus irmãos e expulsar os rebeldes (Apocalipse 12:11).
                Assim, nos céus, o que contou mais foi nossa ação, e não a intenção. É verdade que por trás das boas ações sempre há boas intenções. Porém boa intenção sem boa ação é insuficiente. O que contou lá foram as realizações.
                Lembremo-nos também de Lúcifer - que tinha, em parte, uma boa intenção: a de salvar todos os filhos do Pai. Claro que para isso, ele desejava implementar um "novo" Plano de Salvação - o qual nos privaria da liberdade, destronaria Deus, e o elevaria a Senhor do Universo - tendo a Honra, Poder e Glória do Pai. Seu pecado imperdoável lhe custou tudo. Ele e um terço dos filhos do Pai foram expulsos para sempre. Sua aparente boa intenção o guiou à más ações. Isso porque a boa intenção era uma mascará para intenções malignas - sim, o orgulho e rebeldia. A boa intenção neste caso não bastou. Se as ações forem más do que adianta a intenção? Na realidade, ações más demonstram, com o tempo, que no fundo a intenção também era má.

Mortalidade e Doutrina da Graça
                Agora falemos da mortalidade, este Estado no qual nos encontramos. Noé, um homem que "foi perfeito em sua geração" pregou durante muitos anos arrependimento. Não obstante, apenas oito almas humanas se salvaram pela água - sua família imediata (I Pedro 3:20). Sua intenção certamente era a de abençoar o mundo todo e salvar seus irmãos e irmãs - porque se não, qual a razão de uma missão tão longa - sim, de 120 anos? Quando o tempo da humanidade estava acabando, Noé "sentiu pesar e doeu-lhe o coração por ter o Senhor formado o homem na Terra; e isso lhe afligiu o coração" (Moisés 8:25). Todavia "Noé encontrou graça aos olhos do Senhor" (Moisés 8:27). Se as ações de Noé fossem mais importantes ele não teria "achado graça", nem teria sido considerado um homem "justo e perfeito em sua geração". A intenção de Noé é o que contou neste caso. Mas não se enganem. A intenção valeu do que as realizações neste caso, porque Noé fez tudo o que estava ao seu alcance - mas as pessoas tomaram as próprias decisões. Elas tinham o arbítrio - e o usaram erradamente para não escutar Noé.
                A doutrina da graça nos ensina que "somos salvos pela graça depois de tudo o que pudermos fazer". Assim, a graça, que é o poder capacitador e compensador que advém da Expiação de Cristo, pode santificar-nos.
                Por exemplo, temos o mandamento de sermos perfeitos. Mas eu não conheço ninguém que se ache perfeito e não creio que ninguém o seja. Todos temos falhas e é bem provável que não alcancemos a perfeição neste Estado. Entretanto nossa intenção de tornarmo-nos perfeitos junto a nossas boas ações qualificam-nos para graça divina.
                Imaginemos que para alcançar a exaltação precisemos passar em uma prova de 10 questões - cada uma valendo um ponto. Apenas os que acertarem 100% das questões poderão adentrar o Reino Celestial no grau mais elevado. Os que tirarem outra pontuações, mas não acertarem tudo - não forem perfeitos - receberão outros Reinos de Glória, mas não entrarão na exaltação e cumprirão a medida de sua criação. Pois bem, que eu saiba, apenas Jesus Cristo tirou 10 nesta prova - apenas Ele nunca errou e pecou. Então o Reino Celestial é um lugar bem vazio não é... E é muito difícil, quase que impossível alcançar a vida eterna... Não, não é assim. Não é assim devido a graça de Cristo. Imaginemos que nossa intenção seja tirar dez na prova. Essa é nossa intenção sincera. E porque temos tal desejo, se sabemos que somos fracos e falhos? Porque nosso Mestre disse-nos que é possível. Vamos supor, que ao começarmos ao terminarmos o teste, após horas de angustia e dificuldades diversas, fazendo, porém, o melhor ao nosso alcance, segundo nossa capacidade - recebamos a noticia de que nossa nota: 4. Estamos bem longe dos 10 exigido. Todavia, de forma misericordiosa, Jesus Cristo concede-nos 6 pontos a mais. Ele pode fazer isso? Sim! Porque? Porque Ele realizou a Expiação e satisfez as exigências da justiça. É como se Cristo tivesse feito a tortuosa prova para nós. Por todos nós - e tirasse 10 por todos. E agora, tendo realizado todas as provas, ainda assim permite-nos adquirir experiência, usar a borracha do arrependimento aqui e ali e fazer o nosso melhor com o tempo que nos é dado. Depois, caso falte pontos, Ele vem, de maneira extremamente compassiva e empática e nos concede a nota máxima. E isso não é tudo. Durante o teste, Ele não nos deixa sozinhos. Envia profetas, anjos e o Espírito Santo. A prova é com consulta, se quisermos. Podemos usar as escrituras e a sabedoria da velha geração. Isso não é injustiça. Não é uma prova injusta. A nota máxima que Cristo nos concede não é injusta, visto que os pontos exigidos foram alcançados. Isso é pura misericórdia. Ele é o Mestre, Ele deu a prova. Ele pode perceber e levar em conta a intenção.
                Esse exemplo simples não abrange toda a gloriosa doutrina da Expiação, mas revela que a intenção de se tornar perfeito é o fator que mais conta, caso façamos o máximo ao nosso alcance. Realmente é-nos dito que seremos julgados não só pelas obras, mas também pelos desejos de nosso coração (Alma 41:3).
                Uma parábola que exemplifica bem esse fato é a dos trabalhadores da vinha. Alguns foram chamados para trabalhar na vinha na primeira hora do dia com a promessa de que teriam a Vida Eterna, se trabalhassem. Depois outros foram sendo chamados no decorrer do dia. Faltando uma hora, mais foram chamamos. No acerto de contas, todos receberam o mesmo - independentemente da quantidade de tempo trabalhado. O que contou não foram as realizações - não apenas. Mas o fato de desejarem trabalhar, e de terem trabalhado - ainda que um pouco - comparado aos primeiros.
                Para uma melhor compreensão desse princípio creio ser adequado mencionar Oliver Granger. O Presidente Boyd K. Packer ensinou:
                "Há uma mensagem para os santos dos últimos dias numa revelação raramente citada, dada ao Profeta Joseph Smith em 1838: “Lembro-me de meu servo Oliver Granger; eis que em verdade lhe digo que seu nome será conservado em lembrança sagrada de geração em geração, para todo o sempre, diz o Senhor”. (D&C 117:12)
                Oliver Granger era um homem muito comum. Era quase cego, tendo “perdido a visão pela exposição ao frio e intempéries”. (History of the Church, vol. 4, p. 408.) A Primeira Presidência descreveu-o como “um homem da maior integridade e virtude moral; em resumo, um homem de Deus”. (History of the Church, vol. 3, p. 350.)
                Quando os santos foram expulsos de Kirtland, Ohio, numa cena que se repetiria em Independence, Far West e em Nauvoo, Oliver foi deixado para trás para vender suas propriedades pelo pouco que conseguisse receber por elas. Não havia muita chance de ele ter sucesso. E, de fato, ele não teve!
                Mas o Senhor disse: “Portanto, que pleiteie sinceramente a redenção da Primeira Presidência da minha igreja, diz o Senhor; e, quando ele cair, tornará a erguer-se, pois seu sacrifício ser-me-á mais sagrado que seu crescimento, diz o Senhor”. (D&C 117:13)
                O que Oliver Granger fez para que seu nome se tornasse uma lembrança sagrada? Não muito, na verdade. Não foi tanto pelo que ele fez, mas pelo que ele era.
                Ao honrarmos Oliver, talvez grande parte ou a maior parte da honra devesse ser prestada a Lydia Dibble Granger, sua esposa.
                Oliver e Lydia finalmente partiram de Kirtland para reunirem-se aos santos em Far West, Missouri. Tinham se afastado apenas algumas milhas de Kirtland, quando foram obrigados a voltar devido a uma multidão enfurecida. Somente mais tarde eles puderam reunir-se aos santos em Nauvoo.
                Oliver morreu aos 47 anos de idade, deixando Lydia sozinha para cuidar dos filhos.
                O Senhor não esperava que Oliver fosse perfeito, talvez nem que ele tivesse sucesso. “Quando ele cair, tornará a erguer-se, pois seu sacrifício ser-me-á mais sagrado que seu crescimento, diz o Senhor.” (D&C 117:13)
                Não podemos esperar ter sempre sucesso, mas podemos tentar fazer o melhor possível.
                “Pois eu, o Senhor, julgarei todos os homens segundo suas obras, segundo o desejo de seu coração.” (D&C 137:9)
                O Senhor disse à Igreja:
                “Quando eu dou um mandamento a qualquer dos filhos dos homens de fazer um trabalho ao meu nome e esses filhos dos homens usam toda a sua força e tudo o que têm para realizar esse trabalho e não deixam de ser diligentes; e são atacados por seus inimigos e impedidos de realizar esse trabalho, eis que me convém já não requerer das mãos desses filhos dos homens o trabalho, mas aceitar suas ofertas. (…)
                E isso dou-vos como exemplo, para vossa consolação com respeito a todos os que foram mandados fazer um trabalho e foram impedidos pelas mãos de inimigos e por opressão, diz o Senhor vosso Deus.” (D&C 124:49, 53; ver também Mosias 4:27.) ("Um desses meus pequeninos irmãos", Conferência Geral, Outubro de 2004)
                Parece então que o que mais vale para Deus é nossa intenção, quando o arbítrio de outras pessoas ou nossas próprias fraquezas nos impedem de tirar 10 na prova.

O que vale mais
                O que, afinal, vale mais para Deus: a intenção ou a ação? Depende, é a resposta mais acertada! Viemos a Terra para agir. É esperado que "[façamos] muitas coisas de nossa livre e espontânea vontade, e [realizemos] muita retidão" (D&C 58:27). A importância das ordenanças do evangelho é revelada com isso. Não basta desejar ser batizado - deve-se descer às águas e ser imerso por alguém que tenha autoridade para fazê-lo. Não basta desejar ir ao Templo, devemos ir.
                O Presidente Dieter F. Uchtdorf disse:
                "Meus queridos irmãos, as bênçãos divinas pelo serviço no sacerdócio são ativadas por nosso esforço diligente, nossa disposição em sacrificar-nos e pelo nosso desejo de fazer o que é correto. Sejamos aqueles que agem, e não os que recebem a ação. É bom pregar, mas os sermões que não levam à ação são como fogo sem calor ou água que não mata a sede.
                É na aplicação prática da doutrina que a chama purificadora do evangelho cresce e o poder do sacerdócio incendeia nossa alma.
                Thomas Edison, o homem que banhou o mundo com a brilhante luz elétrica, disse que “o valor de uma ideia está na utilização dela”. De modo semelhante, a doutrina do evangelho se torna mais preciosa quando colocada em prática.
                (...)
                Sabemos que, apesar de nossas melhores intenções, as coisas nem sempre saem de acordo com o que planejamos. Cometemos erros tanto na vida como em nosso serviço no sacerdócio. Vez por outra, falhamos e deixamos a desejar.
                Quando o Senhor nos aconselha, dizendo “continuai pacientemente até que sejais aperfeiçoados”, Ele reconhece que isso exige tempo e perseverança." (http://www.lds.org/general-conference/2012/04/the-why-of-priesthood-service?lang=por)
                Se fizermos o melhor possível a graça de Deus pode refinar-nos e purificar-nos. A intenção, portanto, é o que valerá mais. Mas essa intenção deve ser pura e mesclada com o máximo de ações boas. Insisto nisto, porque uma vez o Presidente Brigham Young disse que o inferno esta cheio de boas intenções. E o Profeta Joseph Smith reconheceu que não há nada pior do que alguém estar fazendo o mal, pensando estar fazendo o bem (Ele disse: "nada prejudica mais os filhos dos homens do que estar sob a influência de um falso espírito, quando pensam que têm consigo o Espírito de Deus" - Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 407). Assim tanto a ação como a intenção são muito importantes para Deus.
                Como iremos prestar contas a Deus, devemos estar bem preocupados em intentar o que Ele deseja que intentemos - e de agir como Ele deseja que ajamos. Se tivermos essa preocupação receberemos luz e verdade - até obtermos o Santo Espírito. O Espírito Santo nos enchera de desejos justos e nos auxiliará nas obras de retidão.

Ação e intenção entre os homens
                Por fim, quero dizer que para os homens, imperfeitos como são, na maioria das vezes, o que conta é a ação, e não a intenção. Isso porque os homens enxergam o que esta diante dos olhos, e não para o coração - como o Senhor. Devemos procurar fazer boas obras diante dos homens para que glorifiquem a Deus (Mateus 5:14). Não obstante, o mais importante é agradar a Deus. E se para fazê-lo desagradamos os homens - que seja assim!
                O Élder James E. Talmage uma vez contou uma parábola sobre dois cofres. Um dos cofres, o bom nome, é nossa reputação - fruto de nossas ações. O outro cofre são as intenções - que são conhecidas por Deus, e são a musculatura do caráter. Encerrarei com essa parábola de Élder Talmage:
                "Entre as notícias recentes, havia o relato de um arrombamento cujos detalhes eram incomuns na literatura do crime. O cofre de uma casa de penhores que lidava com joias e pedras preciosas foi alvo do ataque. Pelo cuidado e habilidade com que os dois ladrões planejaram seu roubo era evidente que se tratavam de criminosos experientes.
                Conseguiram entrar secretamente no edifício e ficaram trancados dentro dele quando as pesadas portas reforçadas foram fechadas à noite. Sabiam que o grande cofre de aço e concreto era muito bem feito, do tipo que tem a garantia de ser à prova de roubos. Sabiam que ele continha um tesouro de imenso valor e confiavam em seu sucesso por causa da paciência, persistência e habilidade que tinham desenvolvido por meio de muitos outros arrombamentos anteriores, porém de menor monta.
                Seu equipamento era completo, incluindo furadoras, serras e outras ferramentas, que eram fortes o suficiente para perfurar até o aço temperado da enorme porta, a única via de acesso ao cofre. Havia guardas armados nos corredores do estabelecimento e as pessoas que se aproximavam do cofre-forte eram diligentemente vigiadas.
                Os ladrões trabalharam durante toda a noite, furando e serrando em volta da fechadura, cujo complicado mecanismo não podia ser manipulado, mesmo por alguém que conhecesse a combinação, antes da hora estipulada por um controlador de tempo. Eles haviam calculado que com trabalho persistente teriam tempo suficiente durante a noite para abrir o cofre e pegar tudo de valor que pudessem carregar. Depois confiariam na sorte, na ousadia ou na força para conseguirem escapar. Não hesitariam em matar, se fossem impedidos de fugir. Embora as dificuldades tivessem sido maiores do que o esperado, os hábeis criminosos conseguiram, com o uso de ferramentas e explosivos, chegar até o interior da fechadura.
                Então, moveram as trancas e abriram as pesadas portas.
                O que viram ali dentro? Vocês acham que foram gavetas cheias de joias, com bandejas de diamantes, rubis e pérolas?
                Era isso e muito mais que eles esperavam confiantemente encontrar e pegar, mas em vez disso encontraram outro cofre interno, com uma porta ainda mais pesada e resistente que a primeira, equipada com uma fechadura mecânica ainda mais complexa do que aquela na qual haviam trabalhado tão arduamente. O metal da segunda porta era de qualidade tão superior que quebrou suas ferramentas de aço temperado.
                Por mais que tentassem, nem conseguiram arranhá-lo. Sua energia mal direcionada havia sido desperdiçada. Seu plano abominável havia sido frustrado.
                A reputação de uma pessoa se assemelha à porta externa do cofre do tesouro. O caráter se assemelha à porta interna. Um bom nome é uma defesa muito forte, mas por mais que ele seja atacado ou até mesmo arruinado ou destruído, a alma que ele guarda estará segura, desde que o caráter interno seja inexpugnável." (A Liahona, Fevereiro de 2010, pg. 52)

               A soma de intenções e ações resulta em quem somos - e, no final, resultará em quem seremos. O que realmente importa é quem somos: quem somos para Deus e para nós mesmos. Por meio de Cristo podemos  intentar o que Ele intenta, agir como Ele age - tornando-nos como Ele é.


Para aprofundar recomendo esse ótimo discurso de Édler Oak: "O Desafio de Tornar-se" - http://www.lds.org/conference/talk/display/0,5232,23-2-148-15,00.html