18 de set. de 2010

As multidões estão sempre certas?

Um amigo me falou que a voz do povo é a voz de Deus. No presente momento do Brasil, encontramo-nos em época de eleições. Por isso a conclusão desse amigo é que um certo candidato que tem, segundo as pesquisas, maior intenção de voto para presidência, é o melhor preparado. Ele usou a seguinte escritura a seu favor:

“Ora, não é comum a voz do povo desejar algo contrário ao que é direito; mas é comum a minoria do povo desejar o que não é direito; portanto observareis e tereis isto por lei---resolver vossos negócios de acordo com a voz do povo. (Mosias 29:26)

A escritura é verdadeira. Entretanto a consideração deste amigo foi um equivoco. Devemos aplicar a escritura as situações de nossa vida, mas não podemos tirar um versículo de seu contexto e defender um ponto de vista. Isto é insensatez. Afinal, qualquer teoria e opinião pode ser defendida com as escrituras. Satanás usa escrituras mescladas com mentiras para enganar os homens.

Aquele meu amigo esqueceu do versículo seguinte de Mosias 29:

“E, se chegar o tempo em que a voz do povo escolher iniqüidade, então os julgamentos de Deus recairão sobre vós; sim, então será o tempo em que ele vos visitará com grande destruição, assim como tem, até agora, visitado esta terra.”

O Rei Mosias, um santo profeta, estava falando a seu povo, e não ao povo brasileiro. Verdade é que o principio ensinado pode ser aplicado a nós. As maiorias tendem a desejar o que é melhor para o povo. Mas, como esse profeta explicou, podem haver ocasiões em que a voz do povo quer iniqüidade – a maioria quer iniqüidade, porque se afastaram de Deus.

Foram as multidões que crucificaram o Filho de Deus. Foram as multidões que assassinaram Joseph Smith. Leí viu uma multidão no grande e espaço edifício que representava o mundo iníquo (1 Néfi 8, 11). As multidões desse mundo gemem sob o peso do pecado – e se não fosse pela oração dos justos, tal como Amonia, seriam destruídos (Alma 10:22). Os servos de Deus sempre foram, e até Cristo voltar, sempre serão, a minoria (1 Néfi14:12).

Agora, dizer que só porque nas pesquisas um candidato tem mais pontos e por isso é o candidato melhor preparado, visto que a voz do povo é a voz de Deus, e que tal doutrina esta nas escrituras, é absurdo, como demonstrei.

Para votarmos devemos considerar mais do que a opinião popular. Assim como para definirmos valores e acharmos princípios. Ouvir a voz das multidões fará com que uma pessoa seja levada pelo vento de uma para outra parte, até ser destruída moralmente e espiritualmente. Usemos os poderes de raciocino e observação. Levantemos dados e analisemos. Sejamos atentos para os comentários, debates, propostas, pesquisas, etc. E oremos a Deus para escolhermos bem.

4 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito Lucas. Essas épocas de eleições sempre me deixam confusa, as vezes tenho a impressão que não devo votar em ninguém. Sei que tem pessoas com boas intenções, ou pelo menos aparentemente, em todos os partidos, assim como temos membros fiéis em diversos partidos, como acontece nos estados unidos. Mas o fato de ter tido professores primordialmente esquerdista no ensino médio, e a faculdade é uma extensão disso, mas também ter tantas pessoas ao meu redor que defendem com tanto afinco as idéias dos partidos de direita é um complicador para mim, pois sei dos "podres" dos dois lados, e isso me deixa realmente em dúvida.
O que eu sei é que nenhuma ditadura é boa, seja ela de direita ou de esquerda, como o comunismo ou o fascismo, pois sei que o único que tentou impor sua vontade à todos seguindo seus próprios preceitos e tirando o livre-arbítrio dos homens, como em uma ditadura, foi expulso dos céus.

O que você acha sobre esse assunto? Anular voto seria tão ruim quanto votar em uma pessoa em que não se tem confiança em suas intenções?


Abraço

Unknown disse...

Nas palavras da 1ª Presidência em out/1928: "Embora a Constituição tenha sido dada por inspiração divina, a lei é administrada por mortais, cujas falhas humanas muitas vezes podem entremear-se com os princípios verdadeiros e justos. 'Quando os iníquos governam o povo pranteia' (D&C 98:9). Os cidadãos têm, portanto, a obrigação de, sempre que tiverem a oportunidade, apoiando a lei constitucional, eleger 'homens honestos e sábios' que administrarão da melhor forma possível. A Primeira Presidência disse o seguinte acerca desta admoestação:
"As leis instituídas para a proteção da sociedade não têm o menor valor, a não ser quando administradas com retidão e justiça, e tal não pode acontecer, se homens desonestos ocupam os cargos administrativos.
"O Senhor afirmou; 'Quando os iníquos governam o povo pranteia'. Para que isso não aconteça, devemos encontrar homens sábios, honestos, bons, homens patriotas em todas as comunidades, em todos os partidos políticos, em todas as crenças. Não devemos escolher a ninguém exceto eles...
"Sem o benefício das leis, corretamente adminsitradas, os alicerces da civilização desmoronariam, imperaria a anarquia, e a decadência e dissolução viriam a seguir."
"Ao decidirem quem deve representá-los no governo, os homens precisam manter a própria honra e integridade com cidadãos. Não é suficiente escolher líderes bons e honestos para conduzir os governos; os próprios indivíduos devem seguir princípios verdadeiros e santos. Uma cidadania reta é a melhor segurança para a paz e felicidade. Se quisermos que Sião seja estabelecida, devemos abandonar todo o mal."
(Doutrina e Convênios - Manual do Aluno, p. 232).

Unknown disse...

Como membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias fizemos convênio de contribuir para o estabelecimento de Sião, em preparação para a 2ª vinda.
Assim que "abandonar todo o mal", para poder votar com correção, para nós é essencial.
Isto, nas palavras do Élder McConkie, é ser valente no testemunho do Salvador.
"O que significa ser valente no testemunho de Jesus?
"Significa ser corajoso e intrépido; usar de toda a força, energia e capacidade na luta com o mundo, combater o bom combate da fé... A grande pedra da coragem, na causa da justiça é a obediência a toda a lei e a todo o evangelho.
"Ser valente no testemunho de Jesus é vir 'a Cristo, sede perfeitos Nele'; significa negar-nos a 'todas as impurezas' e amarmos a Deus, com todo 'poder, mente e força'. (Moroni 10:32).
(...)
"Ser valente no testemunho de Cristo é permanecer ao lado do Senhor em tudo. É votar como Ele votaria; é pensar como Ele pensaria, acreditar como Ele acreditaria, dizer o que Ele diria, fazer o que Ele faria na mesma situação´. É ter a mente de Cristo e ser um com Ele, como Ele é um com o Pai."
(Doutrina e Convênios - Manual do Aluno, p. 165).

Assim, se, ao buscar em que candidato votar, não encontrarmos nenhum que seja digno de nossa escolha, a lei brasileira permite a anulação do voto, sendo que se houver mais de 50% de votos nulos, deverá ser convocado novo pleito para esse cargo, porém com novos candidatos.
O voto em branco é cedido ao que tiver maior nº de votos válidos.
Ao ponderar sobre o assunto, podemos perguntar-nos: O Senhor escolheria o mesmo candidato que escolhi?

Anônimo disse...

Como foi comentado acima, vale ressaltar que se tivermos mais de 50% de votos NULOS além de termos novas eleições, os atuais candidatos não podem se candidatar pelos 4 anos seguintes. Infelizmente a mídia não ensina e não divulga este tipo de informação.
Outro ponto importante, para quem acredita que a voz do povo sempre escolhe o certo, pode estudar um pouco sobre comunicação de massa. Mais especificamente sobre a "espiral do silêncio".
Lamentável saber que as pessoas votam pela maioria ou no menos pior.
Repito a frase que ouvi essa semana e as faço como minha: "continuo aguardando ansiosamente pelo governo do milênio".
Isabella Araújo