Pergunta original: Tenho um duvida e gostaria da ajuda (...) para resolve-la : Bem, quando um bispo é chamado ele recebe todas as chaves do seu cargo, certo? E quando ele é desobrigado ele permanece com as chaves mas não as exerce. O que chamamos de "bispo sem ala"... E se esse mesmo irmão é chamado como bispo novamente ele não é ordenado a bispo e sim designado, porque ele já possui as chaves. Mas isso não é o mesmo com o presidente dos mestres e dos diáconos etc... Ou seja, eu já fui presidente dessas organizações e recebia todas as chaves referentes a elas, e agora que estou saindo dos rapazes... Eu ainda possuo essas chaves? Ou elas me foram tiradas? Ou eu ainda as possuo mas não as posso usar como no caso do bispo? Essa é minha duvida, deu pra entender?
Deus para entender sim. Para responder essa pergunta
devemos compreender dois pontos principais: o que "chave" significa nas
escrituras e na cultura da Igreja e a diferença entre "ofício" e
"chamado".
"Chaves dos
sacerdócio" nas escrituras quase sempre se relaciona com autoridade e poder
- ou seja, capacidade para realizar algo.
Esse é um sentido amplo para "chaves". Em sentido estrito as
chaves são dons e prerrogativas especiais para liderar no Reino de Deus. E esse
o sentido que usamos corriqueiramente na Igreja. Dizemos por exemplo: "o
Bispo tem as chaves para presidir a ala" ou "o presidente do quórum
de diáconos recebeu as chaves para liderar outros doze diáconos".
Observem algumas escrituras,
onde é demonstrado chaves do sacerdócio, em sentido amplo (poder) e outras em
sentido estrito (autoridade para liderar):
D&C 84:19 - "E esse
sacerdócio maior administra o evangelho e contém a chave dos mistérios do
reino, sim, a chave do conhecimento de Deus." - chave em sentido amplo (todo portador do sacerdócio de
Melquisedeque possui "a chave do conhecimento de Deus).
Isaías 22:22 - "Porei a chave da casa de Davi sobre o
seu ombro; ele abrirá, e ninguém fechará; fechará, e ninguém abrirá." (Apocalipse
3:7) - chave em sentido estrito
(apenas Jeová, que é Cristo, possui a chave do governo deste mundo - ele é o
Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, ver também http://lucasmormon.blogspot.com/2010/11/quem-e-o-davi-que-ha-de-surgir-nos.html)
D&C 13:1 - "A VÓS, meus
conservos, em nome do Messias, eu confiro o Sacerdócio de Aarão, que possui as
chaves do ministério de anjos e do evangelho do arrependimento e do batismo por
imersão para remissão de pecados; e ele nunca mais será tirado da Terra, até
que os filhos de Levi tornem a fazer, em retidão, uma oferta ao Senhor." -
chave em sentido amplo (todo
portador do sacerdócio Aarônico possui as "chaves do ministério de anjos e
do evangelho")
D&C 90:6 - "E também,
em verdade eu digo a teus irmãos, Sidney Rigdon e Frederick G. Williams, que
perdoados também lhes são os seus pecados; e eles são considerados iguais a ti [Joseph
Smith] na posse das chaves deste último reino" - chaves em sentido estrito (a Primeira Presidência possui chaves
para comandar o Reino de Deus).
D&C 124:127-128 - "Dou-vos
meu servo Brigham Young como presidente do conselho viajante dos Doze; Conselho
esse que tem as chaves para abrir a autoridade de meu reino nos quatro cantos
da Terra e, depois, enviar minha palavra a toda criatura." - chaves em
sentido estrito (o Quórum dos Doze possuem as chaves para "abrir a
autoridade" do Reino de Deus "nos quatro cantos da Terra")
Eu poderia colocar outras
passagens, mas estas já provam suficientemente que existe uma diferença entre
chaves em sentido estrito e chaves em sentido amplo.
O bispo, como portador do
Sacerdócio, como um Sumo Sacerdote, possui todas as chaves que todo portador do
sacerdócio possui - chaves em sentido amplo. Assim, mesmo quando o Bispo é
desobrigado essas chaves não lhe são retiradas - porque são inerentes ao
sacerdócio.
Mas "chaves" - como usamos atualmente na Igreja - em sentido estrito
- significa autoridade para liderar. Essas chaves sempre concedem certos dons
(mediante a dignidade) - como o dom do discernimento - e só podem ser exercidos
sobre certos limites territoriais e temporais (um Bispo será Bispo de uma determinada região geográfica, por um certo
número de anos - depois será desobrigado e deixará de ser Bispo).
O presidente Boyd K. Packer, que
é Presidente do Quórum dos Doze ensinou (observe que chave aqui é usada em
sentido estrito - e assim acontece na maioria dos discursos atuais da Igreja):"A
Primeira Presidência foi organizada com o Presidente, que possui todas as
chaves, e um Primeiro e um Segundo Conselheiros, juntamente com o Quórum dos
Doze Apóstolos, que também possuem as chaves. Juntamente com os Setenta e o
Bispado Presidente, eles administram a Igreja mundial. Esse padrão de um
presidente, que recebe as chaves, e um primeiro
e um segundo conselheiros repete-se em toda estaca, nos quóruns do sacerdócio,
nos templos, nas missões, nas alas e ramos. Repete-se nas auxiliares. Contudo, os
presidentes das auxiliares não possuem chaves do sacerdócio. Cada estaca é
independente de todas as outras estacas. O presidente possui as chaves, mas ele
não está sozinho. Com seus conselheiros, eles formam uma presidência.
Juntamente com o sumo conselho e outros
líderes, eles
governam a estaca.
A presidência da estaca tem autoridade
para chamar, desobrigar, organizar, ensinar, corrigir, de acordo com o padrão e
conforme a direção das Autoridades Gerais que os presidem. Há uma presidência
em cada quórum do Sacerdócio de Melquisedeque: os quóruns de élderes e sumos
sacerdotes. Cada uma delas tem um presidente, que possui as chaves, e
conselheiros. O mesmo acontece nas alas. Cada ala, independente de todas as
outras alas, tem um bispo que possui as chaves. Com seus conselheiros, eles formam
o bispado, que é uma presidência.
O bispo é nomeado pelo presidente
da estaca e aprovado pelas Autoridades Gerais, sob a direção da Primeira
Presidência. Ele é chamado, ordenado pelo presidente da estaca para ser um
bispo, e depois designado para presidir a ala. Ele também é designado como o
sumo sacerdote presidente da ala e como presidente do quórum de sacerdotes. Seus
conselheiros são designados. O bispo preside o Sacerdócio Aarônico. O bispado
chama e designa outros líderes e professores para zelarem pelas famílias e
membros." (Treinamento de Mundial de
Liderança, Janeiro de 2003, pg. 3).
Agora passemos a diferença entre
ofício e chamado no sacerdócio. Ofício é um cargo dentro do sacerdócio. Eles
são certos e determinados por revelação. Há quatro ofícios no sacerdócio
Aarônico e cinco no sacerdócio de Melquisedeque. Os ofícios do sacerdócio menor
são: diácono, mestre, sacerdote e Bispo; os ofícios do sacerdócio de
Melquisedeque são: élder, sumo-sacerdote, setenta, patriarca e apóstolo. Não há
outros ofícios na Igreja Restaurada.
Na época de Moisés os levitas
eram divididos em diferentes ofícios (parecidos com os ofícios do sacerdócio
Aarônico atuais). Entretanto a lei de Moisés foi superada e temos exatamente os
nove ofícios que mencionei.
Ser selador do Templo não é um
ofício. Ser profeta não é um ofício. Selador é um chamado. Profeta é uma
designação genérica para os que lideram na Igreja (os membros do Quórum dos
Doze Apóstolos e da Primeira Presidência) ou uma referencia a todo homem que é
digno de receber revelação (Apocalipse 19:10).
Quando um homem recebe o
sacerdócio é designado a um ofício no sacerdócio. Esse ofício representa qual
parcela do sacerdócio poderá exercer.
Um chamado é uma designação temporária.
Ser presidente de um quorum é um chamado e não um ofício. Os chamados são
feitos pelos homens que possuem chaves (chaves em sentido estrito). Há vários
chamados no sacerdócio, muitos - a
maioria - não necessita da concessão de chaves para liderar. Um secretário
do quorum de mestres e um sumo-conselheiro são chamados e não ofícios. Ser
presidente de Estaca é possuir um chamado para liderar uma Estaca em Sião - mas
o presidente de Estaca não recebe o ofício de presidente de Estaca - pois tal
não existe.
Assim, no caso de um Bispo -
quando este é designado Bispo recebe o ofício de Bispo (caso não tenha sido
ordenado Bispo em alguma ocasião anterior) e o chamado de Bispo! Quando ele
deixar honrosamente de ser Bispo seu chamado terá cessado, mas ele ainda portará
o ofício de Bispo. Se for chamado para ser Bispo uma outra vez não precisará
ser ordenado (receber o ofício) - apenas designado (como Bispo de tal ala).
Com isso concluímos que as
chaves em sentido estrito do chamado de Bispo cessam com a desobrigação. Essas
chaves - que são chaves para liderar, chaves dos dons - tais como o
discernimento - vão embora com a desobrigação. Mas um Bispo continuará a ser Bispo
- ou seja, portanto o ofício de Bispo. Esse ofício não se perde nem com a morte.
É eterno, como sacerdócio é eterno.
Assim, finalmente, um presidente
do quórum de diáconos deixa de ser presidente - e deixa de ter dons e
prerrogativas deste chamado - mas continuará a ser diácono para sempre!
Na cultura atual da Igreja (e essa
é a forma como usamos as palavras hoje): um Bispo deixa de ser Bispo com a
desobrigação e não carrega chaves nenhuma - o mesmo valendo para qualquer
chamado. Com a desobrigação encerram-se as obrigações e dons que acompanham
essas obrigações.
O élder L. Tom Perry explicou: "Os
Presidentes de (…) estaca (…), bispos, presidentes de ramo e de quórum a portar
as chaves do sacerdócio de que precisam para presidir. Uma pessoa que serve em uma
dessas posições detém as chaves somente até sua desobrigação. Os conselheiros
não recebem as chaves, mas recebem autoridade delegada por chamado e
designação." (Treinamento Mundial de
Liderança, Junho de 2003, pg. 5).
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