19 de nov. de 2010

Comentários de Isaías 1:18

Vinde então, e argüi-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã.


Vinde. A conjugação para o verbo vir nesta escritura esta no imperativo afirmativo – é, portanto, uma ordem, um mandamento. Todavia nos soa como um agradável convite: “Vinde a mim todos os que estais cansamos e oprimidos e eu os aliviarei” (Mateus 11:28) e “Vinde a mim e salvai-vos” (3 Néfi 12:20). “Vinde a mim” é um dos convites mais repetidos nas escrituras e sempre esta relacionado ao processo de santificação por meio do evangelho e da expiação. Eis alguns dos convites para irmos à Ele:
» Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei presentes, e vinde perante ele; adorai ao Senhor vestidos de trajes santos – I Crônicas 16:29
» Vinde, filhos, ouvi-me; eu vos ensinarei o temor do Senhor – Salmos 34:11
» Vinde contemplai as obras do Senhor – Salmos 46:8 (Salmos 66:5)
» Oh, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor, que nos criou – Salmos 95:6
» Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó – Isaías 2:3
» Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos – Isaías 45:20
» Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim – Isaías 55:3
» Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei – Mateus 11:28
» Vinde a mim todos vós, extremos da terra, comprai leite e mel sem dinheiro e sem preço – 2 Néfi 26:25 (Isaías 55:1)
» Vinde a mim, benditos, pois eis que vossas obras foram obras de retidão na face da terra – Alma 5:16
» Sim, diz ele, vinde a mim e participareis do fruto da árvore da vida; sim, comereis e bebereis livremente do pão e da água da vida; Sim, vinde a mim e apresentai obras de retidão; e não sereis cortados e lançados ao fogo – Alma 5:34-35
» Arrependei-vos e vinde a mim, ó vós, confins da terra, e salvai-vos – 3 Néfi 9:22 (3 Néfi 12:20)
» Vinde a mim e sede batizados em meu nome, a fim de que sejais santificados, recebendo o Espírito Santo, para comparecerdes sem mancha perante mim no último dia – 3 Néfi 27:20
» Vinde a mim e sede batizados em meu nome, a fim de que recebais a remissão de vossos pecados e recebais o Espírito Santo, para que sejais contados com o meu povo, que é da casa de Israel – 3 Néfi 30:2
» Arrependei-vos e vinde a mim e sede batizados e reorganizai a minha igreja; e sereis poupados – Mórmon 3:2
» Vinde a mim ó vós, gentios, e mostrar-vos-ei as coisas maiores, o conhecimento que está oculto por causa da incredulidade! – Éter 4:13
» Vinde a mim ó vós, casa de Israel, e ser-vos-ão reveladas as grandiosas coisas que o Pai vos reservou desde a fundação do mundo e que não chegaram a vós por causa da incredulidade – Éter 4:14
» Arrependei-vos pois, todos vós, confins da terra, e vinde a mim e crede no meu evangelho e sede batizados em meu nome; porque aquele que crer e for batizado será salvo, mas o que não crer será condenado – Éter 4:18
» E ele disse: Arrependei-vos todos vós, confins da terra; e vinde a mim e sede batizados em meu nome e tende fé em mim, para que sejais salvos – Morôni 7:34
» Sim, vinde a Cristo, aperfeiçoai-vos nele e negai-vos a toda iniqüidade – Morôni 10:32
O élder Neil L. Andersen, do Quorum dos Doze Apóstolos ensinou: “O convite ao arrependimento raramente é uma repreensão, mas um pedido amoroso para que nos voltemos e retornemos a Deus. É o convite de um Pai amoroso e de Seu Filho Unigênito para que sejamos mais do que somos, que busquemos um modo de vida mais elevado e que sintamos a felicidade de guardar os mandamentos. Sendo discípulos de Cristo, regozijamo-nos nas bênçãos do arrependimento e na alegria de sermos perdoados. Elas se tornam parte de nós, moldando nosso modo de pensar e sentir. (...)
Que maravilhoso privilégio temos de abandonar o pecado e achegar-nos a Cristo! O perdão divino é um dos frutos mais doces do evangelho, que remove a culpa e a dor de nosso coração e as substitui por alegria e paz de consciência. Jesus declara: “Não volvereis a mim agora, arrependendo-vos de vossos pecados e convertendo-vos, para que eu vos cure?”(...)
Ele nos ama. Somos membros de Sua Igreja. Ele convida cada um de nós a nos arrepender, a abandonar nossos pecados e a achegar-nos a Ele. Testifico-lhes que Ele está ao nosso lado. (“Arrependendo-vos (…) para que Eu Vos Cure”, A Liahona, Novembro de 2009, pg.41)

Vinde então, e argüir-me. Depois que os israelitas demonstrassem sincero e humilde arrependimento poderiam ir ao Senhor em franca petição para que o sangue expiatório tivesse efeitos sobre eles fazendo com que os julgamentos de Deus lhes fossem afastados.
O profeta Zenos disse: “E ouviste-me por causa das minhas aflições e da minha sinceridade; e é por causa de teu Filho que foste assim misericordioso comigo; portanto clamarei a ti em todas as minhas aflições, porque em ti está a minha alegria; porque, por causa de teu Filho, afastaste de mim teus julgamentos” (Alma 33:11).
Aqueles que se arrependem podem clamar: “Oh! Tende misericórdia e aplicai o sangue expiatório de Cristo, para que recebamos o perdão de nossos pecados e nossos corações sejam purificados” (Mosias 4:2).
Como o perdão é um dom concedido por Deus, não podemos obtê-lo a menos que ele deseje nos dar. Daí a palavra usada na escritura: argüir, que significa argumentar, disputar, examinar e arrazoar. O Senhor nos convida a esse tipo de conversa (D&C 50:10-12). Quando arrazoamos com o Senhor exercemos nossa fé e arbítrio lhe mostrando humildemente nossas obras e desejos. Demonstramos nossa esperança de que suas promessas podem e serão aplicadas a nós. E ainda exercemos caridade ao incluir o amor a Deus e aos homens. Uma oração desse tipo, por exemplo, foi feita por Jacó (Gênesis 32:24-20), Enos (Enos 1:2), Joseph Smith (D&C 121:1-6) e Néfi (Helamã 7:6-11). Todos nós, em algum momento da vida, precisaremos arrazoar com o Senhor, ou seja, ir até ele arrependidos e argüi-lo, para obtermos a remissão de nossos pecados e a palavra mais segura de profecia. Argüir deduz a oração da fé, a oração que leva a ação justa e consagrada.

Ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. Não há pecado que não possa ser perdoado, com exceção feita ao pecado de negar o Espírito Santo.
Tanto a escarlata como o carmesim são tons intensos de vermelho. A matéria colorante extraía-se de um inseto, Coccus ilicis, chamado kermes pelos árabes, nome de que provém o nosso vocábulo carmesim. Somente a fêmea produzia a cor. O simbolismo dessas cores esta claro em Isaías: mesmo os pecados mais crônicos, profundos, intensos e conspurcados poderiam ser alvejados e clareados pelo sangue do Unigênito.
O branco simboliza a pureza, a retidão e a luz. É oposto do imundo, profano e pecaminoso. O poder de Cristo é tão grande que pode tornar o mais negro carmesim no mais claro e reluzente branco. É por isso que Isaías usa a neve e a branca lã como símbolos do perdão absoluto.

O poder da Expiação na purificação do pecador. Isaías, assim como todos os outros profetas tinham como principal missão serem testemunhas especiais de Cristo (Jacó 7:11). Em seu livro encontramos mais referências a vida, missão e sacrifico de Jesus Cristo do que em qualquer outro livro do Velho Testamento.
Quando Adão comeu do fruto proibido trouxe ao mundo duas mortes: a morte física e a morte espiritual. A morte física é a separação do corpo mortal do espírito pré-mortal. A morte espiritual é o pecado. Por causa do pecado tornamo-nos impuros diante de Deus.
Para vencer os efeitos da Queda Jesus Cristo foi enviado. Só um ser perfeito, dotado de atributos divinos, poderia realizar um sacrifício infinito e eterno para que tanto a morte espiritual quanto a física fossem vencidas. Jesus Cristo é o Redentor porque por meio de seu sacrifício no monte da Oliveiras e na Cruz concede ao penitente perdão. Por meio Dele todos os homens podem se tornar limpos dos pecados (Pregar Meu Evangelho, capítulo 3, pg. 51-52; Alma 34:8-16).
Cristo também é o Salvador, pois nos salvou da morte física. Assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados por Cristo (I Coríntios 15:21-22).
A Expiação salvará todos os homens que nasceram da morte física incondicionalmente. Mas não redimirá a todos, ou em outras palavras não purificará a todos – somente os que viverem o evangelho (Alma 11:40; 2 Néfi 9:23-24)
Nenhum poder é maior do que a Expiação. A expiação é a expressão máxima de caridade. A fé, o sacerdócio, a esperança, a ciência, o conhecimento e todos os outros atributos, dons e faculdades são inferiores a caridade, que é o puro amor de Cristo (I Coríntios 13; Morôni 7:46-48). A purificação absoluta e completa só pode se dar por meio da expiação.
O presidente Boyd K. Packer, do Quorum dos Doze disse: “Não há circunstância na qual se manifestem mais intensamente a generosidade, a bondade e a misericórdia de Deus, do que no arrependimento. Vocês compreendem o supremo poder purificador da Expiação feita pelo Filho de Deus, nosso Salvador e nosso Redentor? Ele disse: “Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam” (D&C 19:16). Nesse sublime ato de amor, o Salvador pagou as penalidades por nossos pecados para que não tivéssemos que pagar.
Para aqueles que realmente desejarem, há um caminho de volta. O arrependimento é como um detergente. Ele faz sair até as manchas mais impregnadas de pecado.” (“Limpar o vaso interior”, A Liahona, novembro de 2010)

Neve. Embora o clima do tempo de Isaías fosse predominantemente seco, a neve podia ser vista durante o inverno no alto das montanhas. Ocasionalmente havia neve no deserto, quando a temperatura caia abruptamente.
Um estudioso disse: “O clima em Israel varia segundo as características de cada região: a costa, as montanhas, a depressão do Jordão. Fundamentalmente o ano se divide em duas estações: o verão, quente e seco, e o inverno, frio e úmido. A costa da Palestina é quente (de 10 a 15 graus no inverno e de 27 a 32 graus no verão). Nas montanhas, a temperatura é uns 5 graus mais baixa que na costa, com grandes diferenças entre o dia e a noite. No verão, nas montanhas (Jerusalém, por exemplo) as temperaturas são de 30 graus durante o dia e de 18 graus durante a noite. Nas montanhas, o mau tempo não se deve à umidade, como ocorre na costa, e sim, aos fortes ventos: o vento que arrasta as chuvas procede do Mediterrâneo, e o vento abrasador (siroco ou khamsin), vem do deserto nos meses de maio e outubro (Isaías 27:8; Jeremias 4:11) (...) A neve não é desconhecida nas montanhas da Palestina, por exemplo, em Belém, Jerusalém ou Hebrom. Na Transjordânia, as nevascas às vezes chegam a bloquear as estradas.” (Oseías de Lima Vieira, professor de Geografia e bacharel em direito Uberlândia. Texto postado no seguinte endereço eletrônico: http://oseiasgeografo.blogspot.com/2008/04/clima-da-terra-santa.html ).

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