8 de abr. de 2010

Como as guerras mencionadas no Livro de Mórmon nos aproximam de Deus?



O Livro de Mórmon foi escrito para persuadir os homens a achegarem-se a Cristo. (Página Rosto, Introdução; 1 Néfi 13:35-36; 2 Néfi 25:18; 2 Néfi 33:10). É o Livro que mais aproxima as pessoas de Deus. Contudo alguém pode duvidar disso, ao considerar as muitas páginas que o Livro trata de guerras. Um terço do Livro de Mórmon fala de guerras – esse número é relevante ao percebermos que os escritores do Livro de Mórmon tinham pouco espaço nas placas e escreviam somente as coisas que consideravam de grande valor para nós (1 Néfi 6:3-6; Jacó 4:1-2; Palavras de Mórmon 1:4;)
Antes de responder essa questão devemos saber por que o livro contém relatos de batalhas e guerras. Primeiro: Néfi, Mórmon e Morôni lutaram em várias guerras defendendo seu povo. A guerra era uma realidade presente na vida deles. Segundo: eles viram nossos dias e sabiam que haveria “guerras e rumores de guerras” (1 Néfi 13:17-19; Mórmon 7:4; Mórmon 8:29-30, Mórmon 5). Terceiro: estamos em guerra contra Satanás, e embora seja uma guerra invisível (pois não o vemos) é muito real e perigosa (1 Néfi 14:13) – as lições dos capítulos que tratam sobre guerra nos dão visão, coragem, sabedoria e fé para enfrentar o inimigo da retidão.
Também o povo de Deus via-se obrigado a guerrear seus inimigos para preservarem suas vidas, sua liberdade e sua religião (Alam 48:24). O Élder Bruce R. McConkie disse: “A auto defesa é justificável quando se trata de guerra (...) Espera-se dos homens justos que defendam a si próprios , pois tem o direito e a obrigação de assim proceder; eles devem optar pelo combate quando não houver outro meio de preservar seus direitos e prerrogativas, e para proteger suas famílias, lares, nações e as verdades de salvação que abraçam” (Mormon Doctrine, p.826.)

Lição 1: Guerra e desigualdade existem por causa da iniqüidade.
A primeira guerra mencionada no Livro de Mórmon é a causada pelo conflito familiar entre o povo de Néfi (nefitas) e o povo de Lamã e Lemuel (lamanitas): “E Eu, Néfi, tomei a espada de Labão; e com este modelo fiz muitas espadas, afim de que o povo que agora se denominava lamanita não caísse sobre nós para nos destruir; porque eu conhecia seu ódio para comigo e meus filhos e os que eram chamados meu povo” (2 Néfi 5:14). Esse ódio surgiu porque Lamã e Lemuel e todos os que permaneceram com eles foram afastados da presença do Senhor e tornaram-se insensíveis “como uma pedra” (2 Néfi 5:20-21). Essa divisão já havia sido prevista por Zenos, um profeta da antiguidade (Jacó 5:25).
Essa primeira guerra nos ensina que se nos afastarmos dos profetas seremos amaldiçoados, tal como os lamanitas (2 Néfi 5:2). Essa maldição faz com que haja preguiça, muita maldade, astúcia, incivilidade e um castigo para a humanidade (2 Néfi 5:24-25). Já os que ficam do lado do profeta, ou do lado do Senhor, aprendem a trabalhar duro, constroem templos, multiplicam-se e prosperam muito (2 Néfi 5:13, 15-17).
Satanás é o pai da discórdia e “leva cólera ao coração dos homens para contenderem uns com os outros” (3 Néfi 11:29). Na Terra, o diabo usa seus servos iníquos para incitarem os homens a ira, como fez com Amaliquias (Alma 48:1), que foi a causa de uma duradoura guerra entre os nefitas e lamanitas (Alma 62:35). “Foram suas desavenças e suas contendas, sim, seus homicídios e suas pilhagens, sua idolatria, sua libertinagem e suas abominações que lhes trouxeram guerras e destruição” (Alma 50:21).
Os nefitas consideravam ser seu dever para com Deus defenderem “suas terras e suas casas e suas esposas e seus filhos” e também “conservar seus direitos e seus privilégios, sim, e também sua liberdade, para poderem adorar a Deus segundo seus desejos” (Alma 43:9). Eles haviam recebido uma lei do Senhor de que se não fossem culpados da primeira ou segunda ofensa, não se deixariam matar (Alma 43:46, 48:24).
Um dos grandes governantes do povo nefita disse certa vez:
“E agora, eis que resistiremos à iniqüidade, mesmo com derramamento de sangue. E não derramaríamos o sangue dos lamanitas se eles permanecessem em sua própria terra. Não derramaríamos o sangue de nossos irmãos se eles não se rebelassem e levantassem a espada contra nós. Submeter-nos-íamos ao jugo da servidão, se isso fosse requisito da justiça de Deus ou se ele nos ordenasse que o fizéssemos. Mas eis que ele não manda que nos submetamos aos nossos inimigos, mas que tenhamos confiança nele e ele nos livrará. Portanto, meu amado irmão Morôni, resistamos ao mal; e ao mal que não pudermos resistir com nossas palavras, sim, como revoltas e dissensões, resistamos com nossas espadas, a fim de conservarmos nossa liberdade, a fim de regozijarmo-nos no grande privilégio de nossa igreja e na causa de nosso Redentor e nosso Deus” (Alma 61:10-14).
Quando acaba a iniqüidade acabam-se as guerras. Logo após a aparição de Cristo o povo viveu em paz – sem guerras ou contendas “em virtude do amor a Deus que existia no coração do povo” tornando-os Sião, o povo mais feliz (4 Néfi 1:13, 15-16).
Se persistimos no pecado seremos destruídos como a nação jaredita e nefita foram (Mórmon 5-6 e Éter 15).

Lição 2: As guerras podem nos aproximar de Deus.
Enos nos diz que presenciou “guerras entre os nefitas e lamanitas”. Ele também disse que “nada havia, exceto muitos dissabores, pregações e profecias de guerras; e contendas e destruições que continuamente os faziam lembrar da morte e da duração da eternidade e dos julgamentos e poder de Deus e todas essas coisas – levando-os a manterem-se continuamente no temor do Senhor. E digo que nada, salvo essas coisas e grande franqueza no falar, evitaria que precipitassem rapidamente na destruição” (Enos 1:23-24).
Assim, as guerras ajudam os filhos de Deus a lembrarem-se Dele. De fato, quanto “tudo vai bem em Sião; sim Sião prospera” então é quando o “diabo engana” as almas e as “conduz cuidadosamente ao inferno” (2 Néfi 28:21). A paz é perigosa à Igreja, pois, tal como fizeram os jareditas que “armaram suas tendas (...) à beira-mar, pelo espaço de quatro anos” e não se lembraram “de invocar o nome do Senhor” (Éter 2:13-14), assim também podemos nós nos tempos de tranqüilidade e quietude seremos acalentado com “segurança carnal”. Por isso o profeta escreveu; “ai do que repousa em Sião! Ai do que clama: tudo vai bem!” (2 Néfi 28:24-25):
“Sim, e vemos que é justamente quando ele faz prosperar seu povo, sim, aumentando seus campos, seu gado e seus rebanhos e ouro e prata e toda sorte de coisas preciosas de todo tipo e de todo estilo, preservando-lhes a vida e livrando-os das mãos de seus inimigos, abrandando o coração dos inimigos para que não lhes façam guerra; sim, e, em resumo, fazendo tudo para o bem e a felicidade de seu povo; sim, então é quando endurecem o coração, esquecendo-se do Senhor seu Deus e pisando o Santíssimo—sim, e isto em virtude de seu conforto e de sua enorme prosperidade.”
“E assim vemos que se o Senhor não castiga seu povo com numerosas aflições, sim, se não o fere com morte e com terror e com fome e com toda sorte de pestilências, dele não se lembram” (Helamã 12:2-3).
Lição 3: Essa vida é inconstante.
No livro de Ômni é mencionado que os nefitas tiveram “muitas épocas de paz; e tivemos muitas épocas de guerras sérias e derramamento de sangue” (Ômni 1:3). Esse pequeno trecho exemplifica quão inconstante é essa vida mortal. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu (...) Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz” (Eclesiastes 3:1, 8). Todos os mortais enfrentam ou enfrentarão períodos de bonança e épocas de guerras visíveis ou invisíveis, próximas ou distantes.

Lição 4: Podemos ter paz e felicidade nos tempos de guerra e perigo.
Lemos em Alma várias lições importantes a respeito de como, em tempos de guerra, se podem encarar as ondulações da vida:
“E este é o relato das guerras e contendas entre os nefitas e também das guerras entre nefitas e lamanitas. E do primeiro ao décimo quinto ano houve a destruição de muitos milhares de vidas; sim, houve um terrível derramamento de sangue. E os corpos de muitos milhares jazem debaixo da terra, enquanto outros milhares se estão putrefazendo, amontoados sobre a face da Terra; sim, e muitos milhares choram a perda de seus parentes, porque têm motivos para temer que estejam condenados a um estado de miséria sem fim, segundo as promessas do Senhor. Enquanto muitos milhares de outros, ainda que chorem sinceramente a perda de seus parentes, alegram-se e exultam na esperança e até sabem, segundo as promessas do Senhor, que eles serão elevados para habitar à mão direita de Deus, num estado de felicidade sem fim.”
“Vemos, assim, quão grande é a desigualdade entre os homens por causa do pecado e da transgressão e do poder do diabo, que provém dos astutos planos por ele engendrados para enredar o coração dos homens. E assim vemos a grande necessidade que o homem tem de trabalhar com diligência nas vinhas do Senhor; e assim vemos a grande causa da tristeza, como também da alegria—tristeza devido à morte e destruição dos homens; e alegria por causa da luz vivificante de Cristo” (Alma 28:9-14).
Como podemos em tempos de guerra alegrar-nos e exultar na esperança e até saber que a guerra e a morte não podem roubar a felicidade sem fim? Através da luz vivificante de Cristo: do seu Santo Evangelho que concede esperança:
“Portanto todos os que crêem em Deus podem, com segurança, esperar por um mundo melhor, sim, até mesmo um lugar à mão direita de Deus, esperança essa que vem pela fé e é uma âncora para a alma dos homens, tornando-os seguros e constantes, sempre abundantes em boas obras, sendo levados a glorificar a Deus” (Éter 12:4).
Com essa esperança tornamo-nos constantes, independente da inconstância do mundo.
É interessante notar que “nunca houve época mais feliz para o povo de Néfi, desde os tempos de Néfi, do que os dias de Morôni, sim, mesmo agora, no vigésimo primeiro ano do governo dos juízes” (Alma 50:23). Essa época é, no Livro de Mórmon, onde se mencionam mais guerras. Interessante: normalmente as grandes desigualdades, inconstâncias e terror causados pela guerra fazem do período uma ocasião sombria – mas para os nefitas havia luz: se viam livres do desanimo, desesperança ou medo – eram muito felizes, mais do que nas épocas de paz!

Lição 5: Como se preparar para os tempos de guerra e como proceder em tempos de guerra.
O Livro de Mórmon mostra que devemos nos preparar fisicamente para as guerras. Os homens de Morôni estavam “com couraças e com escudos nos braços, sim, e também com escudos para proteger-lhes a cabeça e também estavam vestidos com roupas grossas”, já os lamanitas estavam apenas com uma faixa de pele que lhes cobria os lombos (Alma 43:19-20). Mais adiante os lamanitas copiam a tática nefita e vestem armaduras (D&C 49:6) – mas Morôni e os nefitas estavam preparados de uma forma nunca antes vista entre os filhos de Leí (Alma 49:8) – pois ele preparara fortes, parapeitos e muralhas (Alma 48:8).
Em certa ocasião os nefitas armazenaram “seus cavalos, seus carros e seu gado e todos os seus rebanhos e suas manadas e seus grãos e todos os seus bens, e dirigiram-se aos milhares e dezenas de milhares ao lugar determinado, a fim de reunirem-se para defenderem-se de seus inimigos” (3 Néfi 3:22) Porque os nefitas se reuniram em um só grupo, seus inimigos (os ladrões) não subsistiram e perderam a guerra (3 Néfi 4:1-3, 18-20, 24-28). O armazenamento de mantimentos e a união foram determinantes nessa época.
A preparação intelectual também é essencial. Mesmo com apenas 25 anos, Morôni era capaz de comandar todos os exércitos nefitas (Alma 43;16-17). Laconeu, um grande juiz, usou “maravilhosas” palavras, as quais fizeram o povo segui-lo (3 Néfi 3:16). Estes homens e outros haviam estudado muito para que Deus usasse sua inteligência. Morôni, por exemplo, venceu muitas batalhas usando estratagemas, em vez de força física (Alma 55).
Mas a preparação mais importante e a que foi determinante para os nefitas foi à preparação espiritual. Zênife diz que embora seu povo fosse muito pequeno em relação aos lamanitas – com a “força do Senhor” venceram todas as batalhas (Mosias 9:17-18). Ouvir os profetas e lideres é um fator determinante – Zorã e seus filhos, grandes guerreiros, buscaram os conselhos de Alma, o profeta durante uma guerra (Alma 15:5-6).

As características de Morôni expõem o ideal de preparação física, mental e espiritual:
“E Morôni era um homem forte e poderoso; ele era um homem de perfeita compreensão; sim, um homem que não tinha prazer no derramamento de sangue; um homem cuja alma se regozijava com a liberdade e independência de seu país e com a libertação de seus irmãos da servidão e do cativeiro.
Sim, um homem cujo coração transbordava de gratidão a seu Deus pelos muitos privilégios e bênçãos que concedia a seu povo; um homem que trabalhava infatigavelmente pelo bem-estar e segurança do povo.
Sim, e ele era um homem firme na fé em Cristo; e havia prestado juramento de defender seu povo, seus direitos e seu país e sua religião, mesmo com a própria vida.
Ora, os nefitas foram ensinados a defenderem-se dos inimigos, ainda que fosse necessário derramar sangue; sim, e foram também ensinados a nunca ofenderem, sim, a nunca levantarem a espada, a não ser contra um inimigo, e apenas para preservarem a própria vida. E tinham fé que Deus lhes permitiria prosperar na terra ou, em outras palavras, que, se fossem fiéis na observância dos mandamentos de Deus, ele lhes permitiria prosperar na terra; sim, ele avisaria quando precisassem fugir ou preparar-se para a guerra, de acordo com o perigo; E também que Deus lhes revelaria para onde deveriam ir a fim de se defenderem de seus inimigos; e se assim fizessem, o Senhor os salvaria; e esta era a fé que tinha Morôni e seu coração gloriava-se nela; não no derramamento de sangue, mas em fazer o bem, em preservar seu povo, sim, em guardar os mandamentos de Deus, sim, e em resistir à iniqüidade.
Sim, em verdade, em verdade vos digo que se todos os homens tivessem sido e fossem e pudessem sempre ser como Morôni, eis que os próprios poderes do inferno teriam sido abalados para sempre; sim, o diabo nunca teria poder sobre o coração dos filhos dos homens. Eis que ele era um homem como Amon, o filho de Mosias, sim, e também como os outros filhos de Mosias; sim, e também como Alma e seus filhos, porque eram todos homens de Deus” (Alma 48:11-18).
Os ânti-néfi-leítas fizeram um juramento de que não mais lutariam (Alma 23). Eles venceram a guerra dando suas vidas:
“Quando o povo viu que os lamanitas vinham atacá-los, saíram-lhes ao encontro e prostraram-se por terra diante deles e começaram a invocar o nome do Senhor; e estavam nessa atitude quando os lamanitas começaram a atacá-los e a matá-los com a espada. E assim, sem encontrarem resistência alguma, mataram mil e cinco deles; e sabemos que eles são abençoados, porque foram morar com seu Deus.
Ora, quando os lamanitas viram que seus irmãos não fugiam da espada nem se voltavam para a direita nem para a esquerda, mas que se deitavam e morriam e louvavam a Deus até mesmo no momento de serem abatidos pela espada— Ora, quando os lamanitas viram isso, abstiveram-se de matá-los; e muitos houve que se sentiram condoídos pelos seus irmãos que haviam caído pela espada, porque se arrependeram do que haviam feito.
E aconteceu que arremessaram ao chão suas armas de guerra e não as quiseram mais pegar, porque estavam compungidos pelos assassinatos que haviam cometido; e ajoelharam-se, assim como seus irmãos, confiando na clemência dos que tinham os braços levantados para matá-los.
E aconteceu que, naquele dia, ao povo de Deus juntaram-se mais do que os que haviam sido mortos; e os que foram mortos eram justos; não temos, portanto, razão para duvidar de que foram salvos” (Alma 24:21-26).
Mais adiante vemos que os filhos desse nobres conversos desejaram unir-se aos nefitas para defenderem seus pais – são conhecidos como os jovens de Helamã. Eles também havia se preparado – não tanto militarmente, mas muito espiritualmente. Nos seguintes trechos de uma carta de Helamã à Morôni, podemos ver a grandeza desses jovens:
“Portanto, que dizeis, meus filhos? Quereis ir combatê-los?
E agora eu te digo, meu amado irmão Morôni, que eu nunca presenciara tão grande coragem, não, nem entre todos os nefitas!
Pois como eu sempre os chamara meus filhos (visto que eram todos muito jovens), responderam-me: Pai, eis que nosso Deus está conosco e não permitirá que sejamos vencidos; então avancemos. Não mataríamos nossos irmãos se eles nos deixassem em paz; portanto vamos, para que eles não derrotem o exército de Antipus.
Ora, eles nunca haviam lutado. Não obstante, não temiam a morte; e pensavam mais na liberdade de seus pais do que em sua própria vida; sim, eles tinham sido ensinados por suas mães que, se não duvidassem, Deus os livraria.
E repetiram-me as palavras de suas mães, dizendo: Não duvidamos de que nossas mães o soubessem.
E então aconteceu que nós, o povo de Néfi, o povo de Antipus e eu com meus dois mil, cercamos os lamanitas e matamo-los. Sim, a ponto de verem-se obrigados a depor suas armas de guerra e também a se entregarem como prisioneiros de guerra.
E então aconteceu que quando eles se renderam a nós, eis que contei o número dos jovens que haviam lutado comigo, temendo que muitos deles tivessem sido mortos.
Mas eis que, para minha grande alegria, nenhum deles havia caído por terra; sim, e haviam lutado como que com a força de Deus; sim, nunca se soube de homens que tivessem lutado com força tão miraculosa; e com tal vigor caíram sobre os lamanitas, que os aterrorizaram; e por esta razão os lamanitas entregaram-se como prisioneiros de guerra (...).
Mas eis que minha pequena tropa de dois mil e sessenta homens lutou desesperadamente; sim, permaneceram firmes diante dos lamanitas, infligindo à morte a todos os que se lhes opuseram.
E enquanto o resto de nosso exército estava prestes a ceder terreno aos lamanitas, eis que esses dois mil e sessenta permaneceram firmes e impávidos.
Sim, e eles obedeceram a cada palavra de comando e cumpriram-nas com exatidão; sim, e tudo lhes aconteceu de acordo com sua fé; e eu lembrei-me das palavras que eles me disseram ter aprendido com suas mães.
E aconteceu que duzentos de meus dois mil e sessenta haviam desmaiado em virtude da perda de sangue; não obstante, de acordo com a bondade de Deus e para nossa grande surpresa e também para alegria de todo nosso exército, nenhum deles perecera; sim, e não houve entre eles um só que não tivesse recebido muitos ferimentos.
Ora, sua sobrevivência encheu de espanto todo o nosso exército; sim, que eles tivessem sido poupados, enquanto mil de nossos irmãos foram mortos. E, com razão, atribuímos isso ao miraculoso poder de Deus, por causa de sua extraordinária fé naquilo que haviam sido ensinados a crer— que existia um Deus justo e que todo aquele que não duvidasse seria preservado pelo seu maravilhoso poder.
Ora, era esta a fé possuída por aqueles de quem falei; eles são jovens, de opinião firme, e depositam continuamente sua confiança em Deus. (Alma 56:44-48, 54-56 e 57:19-21, 25-27, itálicos adicionados)
A forma como procederemos nos tempos de guerra é um reflexo de nossa preparação. Devemos nos preparar como os nefitas de outrora, porque se estivermos preparados não temeremos (D&C 38:30). O Livro de Mórmon já nos advertiu – ouçamos sua voz!

Conclusão
O Senhor é o príncipe da paz (Isaias 9:6). Mas diante da iniqüidade Cristo veio trazer a espada (Mateus 10:34-39). A palavra de Deus é a arma mais poderosa para os tempos de guerra e paz (Alma 31:5; Helamã 5:20, 46-51-52) – ela é como uma espada de dois gumes que penetra até dividir a alma (Hebreus 4:12; D&C 33:1). Se nos agarrarmos à barra de ferro, que é a Palavra de Deus, as névoas de tentação e tristeza não nós destruirão (1 Néfi 11:25, 12:17). Devemos também “permanecer em lugares santos” (D&C 42:32, 87:8), ouvir “os atalaias” de Deus - os profetas (Ezequiel 33:7, 9), guardar os mandamentos (D&C 35:24) e perseveremos até o fim (3 Néfi 27:6). Desse modo, tendo o Espírito Santo como guia constante, seremos preservados pelo incomparável poder de Deus – mesmo que “a terra e o inferno se unam” contra nós eles não prevalecerão (D&C 6:34). Isso não significa que não sofreremos pelos pecados do mundo ou que as guerras não afligirão os santos, mas sim que os justos serão salvos (D&C 63:34).
Há muitas lições que podemos aprender com as guerras do Livro de Mórmon. Algumas foram expostas aqui. Cada um deve, ao ler e ponderar orar para entender as mensagens divinas que estão em todas as páginas do livro que mais aproxima as pessoas de Deus.
O Livro de Mórmon menciona tantas guerras porque mostra que o poder de Deus sempre é superior ao dos homens ou do diabo. Expõem que os fiéis são sempre libertados (Alma 50:22), pois pela fé tornam-se “forte com o poder de libertação” (1 Néfi 1:20). Também ensina que devemos nos lembrar das guerras e da liberdade dos antigos para mantermo-nos no caminho correto (Alma 5:4-6); demonstra como os justos devem reagir às guerras e qual esperança devem buscar.

Um comentário:

Mariane Guerreiro disse...

Gostei muito...continue escrevendo..
esse sobre as guerras é muito bom!!