12 de abr. de 2010
Jesus Cristo pregou a repulsão ao progresso financeiro? Ele desprezava os ricos e incentivava seus seguidores a manterem-se pobres?
NÃO. O Salvador nunca ensinou o que alguns historiadores e teólogos dizem: o repudio ao homem justo que é rico. Um estudo mais atento as escrituras revela que o Senhor deseja que prosperemos, inclusive financeiramente. É verdade que o Velho e o Novo Testamento não são tão claros neste ponto como o Livro de Mórmon que ensina repetidamente que Deus faz os justos “prosperarem na Terra” (1 Néfi 2:20, 4:14; 2 Néfi 1:9, 20; Mosias 2:22, 12:15; Alma 45:8, 48:15; 3 Néfi 1:7, 6:4-5), e Doutrina e Convênios que explica que é da vontade do Pai dar riquezas a seus filhos enquanto na mortalidade (D&C 38:39). Entretendo, creio ser possível provar que o Salvador não era um líder carismático que pregava o total desprezo as boas coisas do mundo, nem um filosofo que se irritava com os ricos e a prosperidade. Cristo pregava que o Espiritual era superior ao material, mas que devíamos buscar o bem-estar material, tanto quanto o espiritual (Mosias 4:26, 18:29; D&C 14:11, 24:3, 77:2)
Primeiro: O Velho Testamento. devemos compreender que Jesus Cristo seguia os ensinamentos e preceitos do Velho Testamento. Na cultura hebraica ficar rico não era um pecado. Esse pensamento surgiu na Idade Média, com a tirania dos nobres e da igreja católica. Abraão era muitíssimo rico. Jacó ficou muito rico em vida. José não só prosperou mais fez o mundo em seu tempo prosperar. E Jó era um homem sumamente rico, mas perdeu tudo ao ser provado. Todavia, após passar nos testes recebeu toda sua fortuna em dobro enquanto na mortalidade. Deus lhe abençoou materialmente. Vemos que foi importante para Salomão construir o Templo de Deus da melhor maneira possível – adornando-o com materiais caros e belos. O Deus do Velho Testamento desejava que seu povo prosperasse materialmente e se tornassem poderosos na Terra. Cristo era esse Deus, e por isso acreditava no bem-estar mortal e na auto-suficiência material. Entre os dez mandamentos encontramos o de trabalhar seis dias e descansar no sétimo. Trabalhar seis dias! É importante trabalhar e prosperar!
Segundo: O nascimento na manjedoura. Embora José e Maria estavam num estábulo na noite da natividade, onde Cristo nasceu – estavam numa casa quando os magos os visitaram. O que significa que prosperaram. José trabalhava para se manter. Cristo também trabalhava com José. Havia um simbolismo por trás do lugar pobre em que Cristo nasceu. O Filho do Homem veio à mortalidade nas circunstâncias mais humildes. Ele não tinha onde reclinar a cabeça. Ele era o unigênito do Pai. Nós não o somos. E não precisamos ter filhos numa situação miserável. Mas simbolicamente nascemos nus e sem nada e quando voltarmos a presença de Deus, tendo vencido o mundo – teremos tudo, como Cristo obteve após vencer todas as coisas.
Terceiro: O Sermão da Montanha. É importante salientar que Cristo fez parte de seu discurso a um grupo específico. Esse grupo seriam os apóstolos. Foi a eles que Cristo ensinou os princípios da lei da consagração e o repúdio ao mundo. A multidão ele não deu esses mandamentos. Entretanto ele falou a todos a maneira de orar: agradecemos pelo pão de cada dia. Ora! O pão que Deus nos dá não cai do céu – como o maná – vem pelo suor de nosso rosto. Por isso esta implícita a noção de trabalho – para nos sustermos. É verdade que o Senhor ensina neste mesmo sermão a não acumular tesouros na Terra, onde a traça e ferrugem os consomem e os ladrões minam e roubam. E que é bem-aventurado o que é pobre. Mas ele esta dizendo que se tivermos o coração nas riquezas morreremos e esta dizendo que o pobre é o pobre em espírito, não necessariamente pobre material. É muito claro seu ensinamento: Buscai primeiro, o reino de Deus e sua justiça e todas as coisas – inclusive as materiais – lhe serão acrescentadas. A prioridade deve sempre ser Deus. Temos o mandamento de sermos o sal da Terra e sabor dos homens. Olhe um dos mais relevantes ensinamentos do Senhor: o sal era algo caro em sua época. Deviam seus seguidores ter um valor tal como sal. Deviam também ser a luz do mundo. Uma das formas de brilharem perante os homens certamente incluía a prosperidade e serviço o próximo com os bens que Deus lhe abençoara ou abençoaria. Quão difícil seria dar esmolas aos pobres, sendo um pobre que necessita de esmola!
Ninguém pode servir a Deus e a Mamon. Mamon significa riquezas da Terra. A raiz do mal é o orgulho. Por causa do orgulho civilizações inteiras foram destruídas. Entretanto, se tivermos Deus em nosso coração, se nossos olhos estiverem fitos Nele, e nosso corpo estiver cheio de luz, as riquezas dessa Terra – que nos serão acrescentadas naturalmente – produziremos bons frutos. De fato teremos como edificar uma casa sobre a Rocha e ajudaremos outros a fazerem o mesmo. Teremos condição de dar boas coisas a nossos filhos e compreenderemos a promessa de pedir e receber – pois ela será uma verdade para nós, e por intermédio de nós, será uma realidade para outros. O Sermão da Montanha expressa a grandiosidade de Deus - ele é Todo-Poderoso, sendo que veste a erva do campo com glória maior do que se vestiu Salomão, mostra que ele deseja nos suster, vestir e cuidar. Mas mais importante dá o divino mandamento de sermos tão perfeitos como Nosso Pai que esta nos céus. Se cremos que Deus tem tudo, porque não deveríamos procurar ter também?
Quarto: a alegação que é muito difícil um rico entrar no céu. Poderia ser interpretada da seguinte maneira: é muito difícil alguém que tem o coração nas riquezas, na idolatria, no mundo, entrar no reino dos céus – porque este é orgulhoso. Jó disse: “Eu sei que meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a Terra” A fé desse homem o fazia crer que ele veria Deus, viveria com Ele. Suas grandes fortunas não o impediam de progredir. O Jovem Rico, ao contrario, colocou a riqueza acima de Deus, pois não desejava consagrar tudo que possuía. O pecado não é ser rico, o pecado é ser egoísta e cobiçoso.
Quinto: daí a Cezar o que é de Cezar. Devemos cuidar dos assuntos materiais. Não devemos ser do mundo, nem ter o coração em Mamon. Entretanto devemos estar no mundo – o que significa se envolver, participar e prosperar com as coisas boas que o mundo oferece. Devemos ter como cumprir nossas responsabilidades civis e sociais.
Sexto: os seguidores de Cristo eram pobres e recusados. Nem todos. A maior parte dos seguidores de Cristo durante seu ministério mortal devem ter sido pobres. Todavia, os três reis magos eram homens de posses quando visitaram Cristo. Mateus era um publicano (o que significava ter um status bem diferente de pobre), Paulo era um membro do sinédrio. Nicodemos era um fariseu de alta reputação. Lucas era um médico bem conceituado que escreveu seus livros a Teófilo, um homem de proeminência social. José de Arimatéia era um homem rico que solicitou o corpo de Cristo. Embora Pedro seja um pescador, deve-se levar em consideração que a pesca era uma atividade lucrativa naquela época. Parece que ele tinha homens que trabalhavam para ele, além de seu irmão. O Centurião e Jairo parecem ser homens de grande posse. Todos os que seguiram Cristo foram perseguidos, fossem ricos ou pobres. Mas o preço do discipulado não significava e nunca significaria miséria, embora a pobreza pudesse vir como prova de fé.
Sétimo: A riqueza pode contribuir para o reino de Deus. Por isso o mandamento:
“Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos” (Lucas 16:9). Sem dúvida é importante haver um local para adorar a Deus, é importante ter uma capa para doar, e uma quantia para dizimar. A Bíblia ensina que o homem deve prosperar em todos os aspectos para contribuir com a obra e glória de Deus.
As escrituras modernas ampliam todos os conceitos discutidos acima. Elas dizem que Deus deseja nosso bem-estar material, e que devemos pregar “primeiro ao rico e instruído” (D&C 58:10).
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