Não! Não precisamos saber, precisamos acreditar! Raramente alguém que é ensinado pelos missionários compreende a extensão dos convênios firmados no batismo. Na realidade, uma pequena parcela de entendimento é dada ao converso para que ele saiba que o convênio provém de Deus, mas a maior parte se explica com fé.
O Senhor não pede que entendamos tudo sobre as ordenanças, doutrinas e convênios antes de os recebermos. Alguém que recebe a Iniciatória e Investidura no santo Templo dificilmente entenderá a ordenança por completa, mesmo depois de várias vezes observando-a, pois é cheia de simbolismo. Assim percebemos que o Senhor exerce grande misericórdia em permitir-nos tomar sobre nós algumas obrigações que não entendemos por completo. Afinal sem essas ordenanças não podemos voltar a Sua presença.
Os candidatos ao Chamado e Eleição não precisam de conhecimento sobre essa ordenança para recebê-la. Entretanto, após aceitarem-no devem procurar entender as obrigações e responsabilidades que advém desse sagrado convênio. O mesmo principio é valido para todos os convênios.
O que se precisa é fé – que não é um conhecimento perfeito (Alma 32:21). Esse princípio é muito esclarecedor, pois ajudará o missionário a entender que não precisa informar minuciosamente o pesquisador sobre os pontos do evangelho; e o pesquisador se sentirá confiante que, embora não saiba tudo (e talvez quase nada) a respeito da Igreja, do batismo e da doutrina, acha que sua escolha é boa e tem grande desejo de fazê-la.
O requisito mais importante para o recebimento de uma ordenança é o desejo – não o conhecimento (Alma 32:16). É verdade que é melhor que aqueles que recebem uma ordenança tenham um testemunho e conhecimento sobre o que estão firmando com Deus. Todavia, o Senhor não exige esse conhecimento antes. Ele o exige depois. Ninguém será salvo em ignorância aos convênios firmados (D&C 131:6). Deve ser por isso que o Senhor ordenou aos élderes que pregassem segundo os convênios (D&C 107:89) – por que nenhum dos élderes entende plenamente o que consiste o juramento e convênio do sacerdócio quando o recebe.
Creio que se esse princípio for bem compreendido haverá menos barreiras para que conversos sejam batizados, para que os irmãos recebam o sacerdócio e para que as pessoas entrem no Templo. Se todos os membros da Igreja entendessem o quanto Deus confia em seus filhos, a ponto de permitir que recebam as sagradas responsabilidades em ritos divinos mesmo conhecendo tão pouco, então não haveria porque impedir muitos dos filhos de Deus que já foram aprovados por Ele a receberem os mesmos convênios que nós. E em Sua grande condescendência para com os filhos dos homens Deus é capaz de absolver um transgressor que não conhecia suficientemente e pecou, por ignorância, contra um convênio.
O pesquisador não precisa saber sobre a doutrina da “água, sangue e Espírito”, não precisa saber sobre o simbolismo da ressurreição no batismo e nem precisa entender alguns pontos que os missionários julgam vitais, e não o são. Um missionário não deve deixar de batizar uma pessoa porque ela não sabe se Joseph Smith foi um profeta de Deus. Vocês devem estar pensando: “mas como? Isso é um absurdo: ela vai se afastar do reino sem um testemunho”. Mas ela não precisa de um testemunho para receber o batismo – não de um testemunho como o dos missionários. Ela precisa acreditar. Quais são as perguntas da entrevista batismal? As perguntas são: Você acredita em Deus, o Pai Eterno? Você acredita em Jesus Cristo? Você acredita que Joseph Smith foi um profeta? Você acredita que temos um profeta vivo? etc. Percebam que a pergunta começa com “Você acredita...?” e não “você sabe...?” Isso indica que o pesquisador não precisa de um testemunho para ser batizado. Mas nas perguntas para uma recomendação para o Templo o tom difere, pois são “Você sabe...?” e não “Você acredita...?”
Deixo bem claro aqui que o Senhor alistou os requisitos para o batismo, e ninguém que não os cumpra deve ser batizado. Há requisitos para todas as ordenanças do evangelho. Os missionários-líderes entrevistam os pesquisadores para verificar se os candidatos: (1) humilharam-se perante Deus; (2) desejam ser batizados; (3) apresentaram-se com um coração quebrantando e espírito contrito; (4) testificaram a Igreja (isso é feito na entrevista batismal perante um representante oficial da Igreja) que se arrependeram e estão dispostos a tomar sobre si o nome de Jesus Cristo, com o firme propósito de servi-lo até o fim, e realmente manifestarem por suas obras que receberam o espírito de Cristo para remissão de seus pecados.
Não noto nenhum requisito do tipo: decorar as datas da Restauração, ter lido todo o Livro de Mórmon ou saber o nome dos Doze apóstolos atuais? Não! Então porque protelar o batismo de alguém que já tem o que se precisa: humildade, desejo e disposição?
Alguém poderia dizer: “É claro que não vou exigir tudo isso, mas se eu sentir que o pesquisador ainda não esta pronto, e que ele vai se afastar da Igreja?” Tenho um conselho sobre isso, decorrente de meus estudos e minha própria missão: batize-o! Se ele deseja ser batizado, batize-o. É claro que pecados sérios, como lei da castidade, crimes contra lei, aborto, homossexualismo, e outros devem ser resolvidos antes do batismo. E não devemos batizar alguém que não tenha o desejo sincero ou não cumpra os requisitos que a Primeira Presidência alistou em Pregar Meu Evangelho, página 222: como, por exemplo, a freqüência a várias reuniões sacramentais. Também não é a mera curiosidade que qualifica alguém. Outros cuidados, como ter a permissão do conjugue e a assinatura dos pais, no caso de menores de idade, devem ser observados. Mas isso tudo esta bem explicado no capítulo 12 de Pregar Meu Evangelho.
Não existe batismo para condenação. O batismo da Igreja verdadeira é para salvação. Não batizamos ninguém para ser expulso da presença de Deus! Se o Espírito confirmar ao missionário que deve batizar tal pessoa, e logo depois ele pensa: “mas ela tem duvidas sobre isso ou aquilo...” Ele deve lembrar-se que ele também tem perguntas! Todos nós temos! Enquanto vivermos debaixo do véu há coisas que não entendemos. Isso faz parte.O missionário deve ajudar o seu pesquisador a saber que não precisa saber muito para ser batizado. Tal missionário não deve deixá-lo num campo de conforto – deve ensiná-lo a buscar, pedir e bater com diligência – mas deve assegurar que o que é necessário é fé – que Deus o ajudará mesmo que não haja certeza – apenas uma intuição de que é algo bom, algo louvável, algo a ser buscado.
Alguém pode se impressionar com esse ensinamento, mas é a pura verdade. Lorenzo Snow recebeu um testemunho apenas cinco semanas depois do seu batismo! Não foi antes, foi depois.
Quando, aos 23 anos, Heber J. Grant foi chamado para presidir a Estaca Tooele, disse aos santos que acreditava que o evangelho era verdadeiro. O Presidente Joseph F. Smith, que era conselheiro na Primeira Presidência, perguntou: “Heber, você disse que acreditava no evangelho do fundo do coração, mas não prestou seu testemunho de que sabe que ele é verdadeiro. Você não tem certeza absoluta de que o evangelho é verdadeiro?”
Heber respondeu: “Não, não tenho”. Joseph F. Smith virou-se para John Taylor, que era presidente da Igreja, e disse: “Em minha opinião, devemos desfazer agora à tarde o que fizemos pela manhã. Não creio que um homem deva presidir uma estaca sem um conhecimento perfeito e inabalável da divindade desta obra”.
O Presidente Taylor respondeu: “Joseph, Joseph, Joseph, [Heber] sabe tão bem quanto você. A diferença é que ele ainda não sabe que sabe”.
Em poucas semanas, esse testemunho foi reconhecido, e o jovem Heber J. Grant verteu lágrimas de gratidão pelo perfeito, inabalável e absoluto testemunho que recebeu nesta vida."
Todos os pesquisadores sabem, mas não se lembram disso por causa do véu. O Espírito pode fazê-los lembrar de tudo, pois penetra até as profundezas de Deus.
Deve-se respeitar o arbítrio do pesquisador caso ele não sinta que é à hora. Mas deixe muito claro que um entendimento melhor sobre os convênios, ordenanças e leis de Deus só virá após o batismo – porque é o Espírito Santo que nos ensinará todas as coisas, não a Luz de Cristo.
A Luz de Cristo que o pesquisador já tem o ajudará a reconhecer o certo e o errado. O poder do Espírito Santo trabalhará com essa luz e o pesquisador sentirá que os missionários falam a verdade. Tal pessoa desejará seguir o que os representantes de Cristo falarem – por causa do poder do Espírito. Ela pensará algo do tipo: “Não entendi bem o que eles disseram, mas me sinto bem a respeito e desejo conhecer mais”; ou: “Nunca vi esses rapazes, não obstante tenho a impressão que me são familiares, parece que já os ouvi e que somos amigos a longo tempo”; ou ainda: “Orei a respeito desse livro, não sei se senti o que eles me disseram que sentiria, e nem entendi bem o que é apostasia, mas me sinto tão feliz ao ir a Igreja e ouvir esses jovens... parece que o vazio que eu sentia foi preenchido!” Esse é o Espírito ajudando!
Para finalizar desejo lembrar qual é o propósito dos missionários, já que entrei neste assunto.
Ele esta na página 1 de Pregar Meu Evangelho, entretanto, quero lhes dizer que este propósito se encontra resumido na página nove: “batizar e confirmar é o ponto central de seu propósito”. Não é ensinar, é batizar! É obvio que se batiza alguém que se ensina, pois a fé é pelo ouvir. Mas todo o ensino, estudo, oração devem ser direcionados para o batismo. Depois deve haver um acompanhamento sincero para que os convênios batismais sejam vividos plenamente.
É muito melhor, e creio ser possível, que um pesquisador entre nas águas do batismo com certeza de pelo menos cinco coisas: Deus vive, Jesus é o Cristo, Joseph é um profeta, o Livro de Mórmon é verdadeiro e temos um profeta vivo. Creio que ele pode saber isso antes do batismo, se desejar buscar. Mas se ele não obter esse conhecimento pode se batizar como uma prova de fé, uma prova de que quer um testemunho. Se ele o fizer satisfará a necessidade de agirmos para recebermos um testemunho, pois a ação, ou obra, será a prova da fé.
Elder Callister, dos Setenta, disse numa conferência geral: “Conversei certa vez com um excelente rapaz que não era da nossa religião, embora tivesse assistido à maior parte de nossas reuniões de adoração por mais de um ano. Perguntei por que ele não havia-se filiado à Igreja. Ele respondeu: “Porque não sei se ela é verdadeira. Acho que ela pode muito bem ser verdadeira, mas não posso levantar-me e testificar, como vocês fazem: ‘Sei, sem dúvida, que é verdadeira’”.
Perguntei: “Você já leu o Livro de Mórmon?” Ele respondeu que tinha lido algumas partes do livro.
Perguntei se tinha orado a respeito do livro. Ele respondeu: “Eu o mencionei em minhas orações”.
Disse a esse jovem amigo que, enquanto ele fosse superficial em sua leitura e orações, jamais descobriria, nem que se passasse uma eternidade. Mas, se ele reservasse uma ocasião para jejum e súplica, a verdade arderia em seu coração, e então saberia que sabia. Ele não falou mais nada, mas disse à esposa, na manhã seguinte, que faria um jejum. No sábado seguinte, foi batizado.
Se você quiser saber que sabe o que sabe, é preciso pagar o preço. E só você pode pagar esse preço. Há procuradores para realizar as ordenanças, mas não para adquirir um testemunho.”
Alma descreveu a conversão com estas belas palavras: “Eis que jejuei e orei durante muitos dias, a fim de saber estas coisas por mim mesmo. E agora sei por mim mesmo que são verdadeiras, porque o Senhor Deus mas revelou (Alma 5:46)”.
Eu sei que a Igreja de Jesus Cristo é verdadeira. Tenho um testemunho ardente sobre essas cinco verdades: Deus vive, Jesus é o Cristo, Joseph é um profeta, o Livro de Mórmon é verdadeiro e temos um profeta vivo. Sei dessas coisas muito bem, e creio que sempre o soube, mas me dei conta delas na juventude. Os pesquisadores se darão conta do testemunho deles em alguma ocasião, que talvez será após o evento de seu batismo.
A conversão não é um evento, é um processo, mas o marco do batismo é um evento que ajudará na conversão. Testifico que a conversão não se finaliza com o batismo. Na realidade o batismo é a porta inicial. Portanto batizemos todos que desejarem e preparemos o caminho para a Segunda Vinda do Messias.
Eu sei que Ele vive, e Seu Espírito nos ajudará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário