Não começamos a existir com o nascimento. E também não terminaremos a vida com a morte. O Senhor explicou isso a Abraão: “[os espíritos] não tiveram princípio; eles existiam antes, eles não terão fim, eles existirão depois, pois são gnolaum, ou seja, eternos” (Abraão 3:18).
O profeta Joseph Smith representou a eternidade dos espíritos de maneira brilhante: “Tiro meu anel do dedo e o comparo à mente do homem: a parte imortal, porque não tem princípio. Suponham que o cortemos em dois; então ele passa a ter um princípio e um fim; mas se os unirmos de novo ele volta a ser um círculo eterno. O mesmo acontece com o espírito do homem. Tal como vive o Senhor, se ele tivesse um princípio, teria um fim. Todos os homens tolos, instruídos e sábios desde o princípio da criação que dizem que o espírito do homem teve um princípio provam que ele deve ter um fim; e se essa doutrina é verdadeira, então a doutrina da aniquilação também seria verdadeira. (...) Todas as mentes e espíritos que Deus enviou ao mundo são capazes de progredir. Os primeiros princípios do homem são auto-existentes com Deus” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja – Joseph Smith, capítulo 17 – “O Grande plano de Salvação”, pg. 219).
Quando as escrituras falam “no princípio” ou “antes da fundação do mundo” ou mesmo “fundação do mundo” estão referindo-se a vida pré-mortal. Muitos eventos sumamente importantes aconteceram naquele primeiro estado.
Sabemos que éramos inteligências e que fomos gerados por Deus, ganhando um corpo espiritual. Devo ser cuidadoso agora para explicar claramente essa frase: “éramos inteligências...” Primeiro por que muitos têm especulado sobre o assunto criando mais confusão do que entendimento. Quando falo Inteligência não estou falando, obvio, somente de capacidade intelectual. Estou falando da luz e verdade de Deus (D&C 93:29). Nas escrituras há três significados mais relevantes para o termo inteligência: (1) a luz de Cristo – que dá vida a todas as cosias; (2) os filhos espirituais de Deus; (3) “elemento-espírito espírito que existia antes de sermos gerados como filhos espirituais” (GEE “Inteligência(s)”).
Para ser franco, mesmo com todas as escrituras que temos disponíveis pouco nos foi revelado do que realmente consistem as inteligências no terceiro sentido apontado acima. Eu e você somos inteligências. Os animais do campo e as árvores também são inteligências. Essa Terra e tudo que nela há são inteligências. Todos éramos um elemento-espírito antes de ganharmos um corpo espiritual. Ainda somos todos inteligências por sermos eternos e termos direito a luz de Cristo.
O Senhor reina sobre todas as inteligências (Abraão 3:21). E as inteligências não podem ser criadas nem feitas (D&C 93:29). Em sua esfera (isto é, dentro de certos parâmetros ou limites) toda inteligência é independente para agir, pois sem isso não há existência (D&C 93:30). Sobre isso o profeta Joseph Smith ensinou mais: “(...) Posso proclamar com destemor do alto dos telhados que Deus nunca teve de maneira alguma o poder para criar o espírito do homem. O próprio Deus não poderia criar a Si mesmo. A inteligência é eterna e baseia-se em um princípio auto-existente. É um espírito de era em era, e não houve uma criação envolvida. (...) O próprio Deus, vendo que estava em meio a espíritos e glória, porque era mais inteligente, considerou adequado instituir leis por meio das quais eles poderiam ter o privilégio de progredir como Ele próprio. O relacionamento que temos com Deus nos coloca em condições de avançar em conhecimento. Ele tem poder para instituir leis para instruir as inteligências mais fracas, para que possam ser exaltadas com Ele mesmo, de modo a terem glória sobre glória e todo o conhecimento, poder, glória e inteligência exigidos para salvá-las (...).”
Inteligência é luz e verdade – essa é a definição das escrituras (D&C 93:29, 36). Verdade é o conhecimento do que foi, do que é e do que será. Luz é a energia, poder ou influência divina (GEE “Luz, Luz de Cristo”). Quanto mais luz e verdade obtemos mais inteligentes ficamos. A Glória de Deus é inteligência (D&C 93: 36). Glória é quantum de luz e verdade: quanto mais glória, mais inteligência há. Deus é cheio de glória – é cheio de luz e verdade. De fato, Ele é o mais inteligente entre todas as inteligências (Abraão 3:19). Ele conhece todas as coisas e tem todo poder (2 Néfi 2:24, D&C 19:3). Quanto mais nos aproximamos de Deus mais luz e verdade recebemos, mais inteligentes nos tornamos.
Neste ponto, alguns poderiam se perguntar: se Deus tem todo poder, como o Profeta Joseph Smith ensinou que Deus não pode “criar” inteligências – não seria essa uma contradição?
Tratarei do assunto dos atributos de Deus no futuro. Entretanto tanto para a resposta que darei, quanto para o assunto das inteligências quanto para vários outros temas que o Senhor, em sabedoria decidiu não nos revelar completamente, advirto: somos, enquanto na mortalidade, seres finitos e não podemos compreender o infinito a menos que nossos olhos sejam abertos – como dos antigos profetas. De fato, se entendêssemos tudo na condição frágil que estamos isso seria uma prova que Deus é frágil como nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário