4 de dez. de 2012

Anarquismo e o Evangelho

Não pretendo fazer um estudo completo sobre o anarquismo e o evangelho, mas apenas traçar algumas linhas de consideração que permitirão, especialmente os jovens, entenderem que o evangelho não combina com o anarquismo, e portanto deve ser refutado.
Não achei nenhuma citação sobre o anarquismo nos livros da Igreja em português. Achei três citações em inglês e as traduzi livremente. Estão abaixo, depois de minhas considerações.
Há muitas referencias ao mal do comunismo e socialismo na literatura da Igreja. Como o anarquismo é ainda mais extremo que o comunismo e nunca foi aplicado com sucesso, entende-se ser muito pior.
O anarquismo prega a ordem sem sistema de governo, sem Estado, sem autoridade. A maioria dos anarquistas diz que a verdadeira liberdade humana advirá com o total desprendimento dos sistemas jurídicos, religiosos e legais. A maioria também defende que até mesmo a religião e a moral deverão ser totalmente extintas para que haja paz, igualdade e liberdade.

Há um ponto verdadeiro na ideia por trás do anarquismo. Aprendemos, por exemplo, que em uma condição Celestial não haverá Estado. Seremos todos iguais e participantes do dom celestial (4 Néfi 1:3). Cristo ainda será nosso Rei Eterno, mas seremos como Ele, reis e sacerdotes para sempre - portanto, pode-se dizer que não haverá Estado como conhecemos hoje.
O anarquismo, todavia, esta longe de ser celestial! Ele só funcionaria se todos fossem puros, santos e justos, com desejos abnegados e bondosos. Mas não é assim. Nesse estado mortal todos pecam (Romanos 3:23). O homem natural procura satisfazer seus próprios desejos egoístas, em vez de trabalhar pelo bem de todos. Além disso, devemos lembrar que "nós cremos que os governos foram instituídos por Deus em benefício do homem; e que ele considera os homens responsáveis por seus atos em relação aos mesmos, tanto na formulação de leis como em sua execução, para o bem e segurança da sociedade" (D&C 134:1)

A ideia de "plena liberdade" proposta pelo anarquismo é muito bonita, mas totalmente equivocada. A verdadeira liberdade sempre é acompanhada de responsabilidade e compromisso. E tal responsabilidade se fundamenta sobre a obediência a princípios eternos e verdadeiros.  É por isso que Paorã escreveu ao capitão Morôni dizendo que sua alma permanecia "f
irme nessa liberdade com a qual Deus nos fez livres" (Alma 612:9). O Senhor também nos instou a permanecer na "liberdade que vos faz livres" (D&C 88:86). Permanecer livre na liberdade só é possível se obedecermos a Deus. Ele disse: "Eu, o Senhor Deus, liberto-vos; portanto sois verdadeiramente livres. E a lei também vos liberta" (D&C 98:8). As nossas "leis da terra", embora imperfeitas, garantem direitos fundamentais: como a vida, a liberdade, o direito de ir e vir, etc. Em um mundo desigual as leis humanas oferecem alguma segurança e garantia miníma. Antes de desprezarmos todo sistema legal, politico e social que temos hoje deveríamos estudar a História com cuidado e ponderar um pouco em quanto sangue foi derramado para que tivéssemos garantido na nossa Constituição e em de outros países, em Pactos Internacionais e também em diversas leis do mundo inteiro direitos essenciais ao bem-estar do homem. O mundo precisa melhorar muito, é verdade. Mas será que uma súbita revolução e a instituição de uma ordem sem ordem estatual, social, religiosa promoveria melhoras? Eu desconfio disso. Desconfio, porque nas escrituras vejo exemplos de civilizações que acabaram se destruindo inteiramente porque erroneamente não se submeteram a Deus e a seu governo e desprezaram as boas tradições de seus pais e "leis da terra". Os nefitas, por exemplo, em certo ponto, "constituíam um povo obstinado, de tal modo que não podiam ser governados pela lei nem pela justiça, a não ser para sua destruição" (Helamã 5:3). E é isso o que acabou acontecendo: foram todos destruídos (Mórmon 6)
O anarquismo excluí a ideia de responsabilidade até mesmo pela família. E esse é um dos principais perigos, pois sem a família o Plano de Deus esta destruído. E a felicidade vai embora junto.

Eis as três citações sobre o anarquismo (espero que ajude a compreender a posição dos profetas e da Igreja):
O Presidente Lorenzo Snow disse: "Tomem cuidado com os caminhos do mundo. Vós que estais labutando junto a milhões que, com o suor de seus rostos obtém o seu pão a cada dia, olhem e reconheçam o poder do alto que irá livrá-los da escravidão! O dia da vossa redenção se aproxima. Parem de desperdiçar o seu salário pois é ele que lhes livra da miséria. Não considerem a riqueza como sua inimiga, nem seus empregadores como seus opressores. Busquem a união do capital e do trabalho. Sejam previdentes durante vossa prosperidade. Não se tornem uma presa de homens cujo designo é provocar contendas para os seus próprios fins egoístas. Lutem por seus direitos através de meios legais, e desistam da violência e da destruição. Anarquismo e ilegalidade são seus inimigos mortais. (1 de Janeiro de 1901, MFP, 3:334). (The Teachings of Lorenzo Snow, pg. 131)
O Presidente Joseph F. Smith disse: "Agora, estes são os mandamentos de Deus, e os princípios contidos nesses mandamentos do Grandioso e Eterno estão também na Constituição de nosso país, e em todas as leis justas. Joseph Smith, o profeta, foi inspirado ao fazer essa afirmação e a ratificá-la (...) Não podemos tolerar o sentimento anarquista. O anarquismo se espalhou até certo ponto e está se espalhando sobre esta "terra de liberdade". Nós não toleraremos isso! Os Santos dos Últimos Dias não podem tolerar um espírito como este. É a anarquia. E isso significa destruição. (...) Não podemos nos dar ao luxo de ceder a esse espírito ou contribuir para ele, nem mínimo grau. Nós devemos estar à frente como uma rocha, contra todo o espírito ou forma de desprezo ou desrespeito à Constituição de nosso país e as leis constitucionais de nossa terra." (Oct. C. R., 1912, pp. 8-11. The Laws of God And the Laws of the Landpg.) (Gospel Doctrine, pg. 404)
[O dom de discernir] as diversidades de operações [mencionado em Doutrina e Convênios 42] refere-se ao reconhecimento das diversas influências espirituais no cotidiano, por exemplo, como se manifestam no Espiritismo, no anarquismo, e nos numerosos outros "ismos". Para saber se uma influência [é benéfica] precisa-se do Espírito Santo." (Doctrine and Covenants Commentary, pg. 264)
O anarquismo é um filosofia de homem mesclada com escritura. Há verdades na ideia do fim do Estado e o auge da liberdade e da igualdade. Mas o meio promulgado para atingir tal fim é iníquo. Além disso, sem um poder sacerdotal divino que presida, Satanás exerceria o domínio injusto e levaria caos até destruir todos os homens. O anarquismo como entendido e ensinado nas escolas é uma ideia diabólica e perversa, que nunca funcionou e nunca funcionará com sucesso.

3 comentários:

Meu Papagaio disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Não encontrei a primeira citação, do Presidente Snow, no manual indicado. Poderia me informar onde posso encontrar o texto original? Tenho interesse em saber. antoniocarloslimase@gmail.com

Lucas Guerreiro disse...

Você deve ter procurado no Manual Ensinamentos dos Presidentes da Igreja. Não é este manual que me refiro. É um livro em inglês, ainda inédito no Brasil, em português.