4 de dez. de 2012

Surgimento do Livro de Abraão


Um blog, que diz fazer "estudos mórmons" (e que é uma "associação para estudos mórmons") tem escrito corriqueiramente alguns artigos, que ainda que aparentemente bem intencionados, carecem da verdade e de convicção espiritual. Fui procurado por uma irmã para esclarecer a respeito do Livro de Abraão, porque esse blog distorceu alguns fatos relacionados ao mesmo. Como as dúvidas que envolveram minha amiga podem atingir outros, publico o que se segue.

Usarei citações dos manuais e livros aprovados pela Igreja. Antes de fazê-lo, porém, desejo expressar meus sentimentos sobre o Livro de Abraão e sobre a Pérola de Grande Valor: trata-se de uma escritura sagrada. É um livro incrível e não poderia ter nome mais apropriado: é realmente uma pérola de grande valor. É nesse livro, o menor entre as obras-padrão, que encontramos o próprio Deus dizendo qual seu propósito e glória (Moisés 1:39). É também na Pérola de Grande Valor que temos as Regras de Fé e o relato da Primeira Visão. Temos uma porção maior e mais completa das palavras do Salvador sobre os últimos dias. E também o grandioso livro de nosso pai Abraão.
Assim como outras escrituras modernas, muitos tentam desacreditar a origem do Livro de Abraão e seu conteúdo. Essas pessoas se esforçam inutilmente. Porque, no final, a verdade prevalecerá. Na última Conferência Geral o Élder Neil L. Andersen disse:
"Algumas das informações sobre a Igreja, por mais convincentes que sejam, simplesmente não são verdadeiras. Em 1985 (antes da Internet) lembro que um colega entrou no escritório onde eu trabalhava, na Flórida. Ele tinha em mãos um artigo da revista Time intitulado “Desafiando as Raízes do Mormonismo” que falava de uma carta recém-descoberta, supostamente escrita por Martin Harris, que conflitava com o relato de Joseph Smith sobre a descoberta das placas do Livro de Mórmon.
Meu colega perguntou se aquela nova informação destruiria a Igreja mórmon. O artigo citava um homem que disse estar deixando a Igreja por causa daquele documento. Mais tarde, relatou-se que outras pessoas deixaram a Igreja.20 Tenho certeza de que essa foi uma prova da fé que eles tinham.
Poucos meses depois, alguns estudiosos descobriram (e o falsificador confessou) que a carta era uma fraude total. Lembro-me de ter esperado realmente que aqueles que deixaram a Igreja por causa daquela falsidade encontrassem seu caminho de volta.
Alguns questionam sua fé quando encontram uma declaração feita por um líder da Igreja, há várias décadas, que parece incongruente com nossa doutrina. Há um princípio importante que governa a doutrina da Igreja. A doutrina é ensinada por todos os 15 membros da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze. Não está oculta num obscuro parágrafo de um discurso. Os princípios verdadeiros são ensinados frequentemente por muitos. Nossa doutrina não é difícil de achar." (http://www.lds.org/general-conference/2012/10/trial-of-your-faith?lang=por)


1.
Os seguintes trechos foram retirados do livro "História da Igreja na Plenitude dos Tempos", páginas 159, 246, 258 e 488.
                "Em um túmulo na margem ocidental do rio Nilo, do outro lado da cidade egípcia de Tebas (hoje chamado Luxor), Antonio Lebolo, um explorador de língua francesa proveniente de Piedmont (uma região do noroeste da Itália), descobriu várias múmias, juntamente com alguns pergaminhos de papiro. Depois da morte de Lebolo, em 1830, as múmias e os papiros foram enviados aos Estados Unidos, onde Michael H. Chandler, que se apresentou como sobrinho de Lebolo, tornou-se seu proprietário em 1833. Em 1835, Chandler exibiu seus artefatos em várias cidades do leste.
                Quando chegou a Kirtland, no final de junho, os santos mostraram grande interesse pelas múmias e papiros. Chandler havia ouvido falar que Joseph Smith dizia poder traduzir registros antigos. Ele pediu a Joseph Smith se poderia traduzir os papiros. Orson Pratt relembra: “O Profeta examinou-os e recolheu-se a seu quarto, onde perguntou ao Senhor a respeito deles. O Senhor disse-lhe que eram registros sagrados” e revelou a tradução de alguns dos caracteres. Chandler tinha previamente enviado alguns caracteres do registro a estudiosos a fim de determinar qual seria seu provável significado. Ao receber a tradução do Profeta, ele assinou um testemunho assegurando que correspondia nos mínimos detalhes à dos estudiosos. (History of the Church, 2:235.)
                Extremamente interessado em seu conteúdo, os santos compraram as múmias e os pergaminhos por dois mil e quatrocentos dólares. Joseph começou imediatamente a trabalhar nos pergaminhos e descobriu que continham escritos de Abraão e escritos de José, que foi vendido ao Egito.
                “Podemos verdadeiramente dizer que o Senhor está começando a revelar a abundância da paz e da verdade”. Durante o restante desse tempo, em Kirtland, ele manteve um ativo interesse em trabalhar com aqueles escritos antigos. O fruto de seus esforços, o livro de Abraão, não foi impresso, contudo, até 1842, quando outra parte da tradução havia sido terminada em Nauvoo. Em fevereiro de 1843, o Profeta prometeu suprir mais da tradução do livro de Abraão. Contudo, sua agenda bastante lotada não lhe permitiu terminar a obra antes de ser assassinado.
(...)
                "A principal fonte de notícias de Nauvoo eram os jornais. Os santos haviam publicado jornais em Missouri e Ohio. Durante o cerco de Missouri, os líderes da Igreja enterraram a prensa usada para imprimir o Elder’s Journal. Ela foi recuperada em 1839 e levada para Nauvoo, onde foi usada para imprimir o Times and Seasons, a partir de novembro daquele ano. Como publicação oficial da Igreja, o Times and Seasons, era cuidadosamente controlado e supervisionado pelo Profeta. Durante o curto período em que foi publicado, o Times and Seasons divulgou importantes pontos de doutrina e normas estabelecidas, incluindo parte da biografia oficial de Joseph Smith, parte do Livro de Moisés e do Livro de Abraão, que posteriormente foram incluídas na Pérola de Grande Valor. O jornal também publicou discursos de conferência, cartas circulares do Quórum dos Doze Apóstolos, atas de reuniões importantes da Igreja, reimpressões de artigos de outros jornais e o discurso King Follet. Houve inúmeros artigos a respeito do Livro de Mórmon, incluindo evidências e achados arqueológicos e debates sobre a localização geográfica de pontos referidos no Livro de Mórmon."
(...)
                No início de 1842, aproximadamente na mesma época em que Joseph Smith escreveu sua carta a John Wentworth (que é a carta que continha as 13 regras de Fé), o Profeta estava bastante atarefado com a “tradução dos Registros de Abraão”. Esses registros haviam sido adquiridos em 1835, quando a Igreja comprou vários rolos de antigos papiros egípcios de Michael Chandler. Joseph e seus escreventes fizeram algumas investigações preliminares a respeito deles, mas seu trabalho no Templo de Kirtland e a subseqüente apostasia e perseguições impediram-nos de continuar esse trabalho em Ohio ou Missouri. Por fim, na primavera de 1842, o Profeta conseguiu dedicar-se à tarefa por várias semanas, sem ser interrompido.
                O Élder Wilford Woodruff, que ficou sabendo nos conselhos de liderança que o Profeta estava traduzindo parte do conteúdo dos papiros, escreveu em seu diário seus sentimentos a respeito do trabalho do Profeta: “Verdadeiramente o Senhor ergueu Joseph, o vidente (...) e hoje cobriu-o com seu imenso poder, sabedoria e conhecimento. (...) O Senhor está abençoando Joseph com o poder de revelar os mistérios do reino de Deus; para traduzir, por meio do Urim e Tumim, os registros antigos e hieróglifos tão velhos quanto Abraão ou Adão, o que faz com que nosso coração arda dentro de nós, ao vermos suas gloriosas verdades abrirem-se diante de nós”.
                Extratos do Livro de Abraão apareceram pela primeira vez no Times and Seasons e no Millennial Star no verão de 1842. Joseph Smith indicou que mais seria revelado posteriormente, mas não pôde continuar a tradução depois de 1842 (por que ele foi assassinado!). O que a Igreja recebeu — cinco capítulos do livro de Abraão, na Pérola de Grande Valor — era apenas uma parte do registro original.
                Em 1967, onze fragmentos do papiro de Joseph Smith foram redescobertos pelo Doutor Aziz S. Atiya, no Metropolitan Museum of Art de Nova York. Os estudos confirmaram que se tratam de textos funerários do Egito, do tipo que normalmente eram enterrados junto com pessoas da realeza e da nobreza, destinando-se a guiá-los em suas jornadas eternas. Isso renovou a questão da relação entre os registros e o livro de Abraão. Joseph Smith não explicou o método pelo qual traduziu o livro de Abraão, assim como nunca explicou plenamente o método de tradução do Livro de Mórmon.
                Não obstante, assim como o Livro de Mórmon, o livro de Abraão é sua própria evidência e foi-nos dado pelo dom e poder de Deus.
(...)
                Por várias décadas, o mundo havia testemunhado o crescente interesse pelas novas descobertas e teorias da ciência moderna. Com a chegada do século XX, o ritmo do desenvolvimento tecnológico foi apressado, e importantes invenções, como o automóvel movido a gasolina e o avião, tiveram enorme impacto na vida diária. Esses avanços também fizeram crescer o interesse pela ciência, que por sua vez levou mais pessoas a confiar no intelecto humano em vez da teologia para entender a natureza do universo e da sociedade.
                Os estudiosos passaram a considerar a Bíblia de modo bastante crítico. Começaram a questionar o significado e mesmo a autenticidade das escrituras. A assim chamada “crítica superior” também voltou sua atenção para escrituras SUD. Em 1912, o reverendo F. S. Spalding, bispo da igreja episcopal de Utah, publicou um panfleto intitulado Joseph Smith Jr. como Tradutor. A publicação contrastava as interpretações de oito egiptólogos com as explicações de Joseph Smith referentes aos fac-símiles do livro de Abraão na Pérola de Grande Valor. Embora a maior parte dos santos dos últimos dias aceitasse a veracidade das escrituras por uma questão de fé, a Igreja ainda assim reconheceu a necessidade de responder a essas críticas. De fevereiro a setembro de 1913 uma série de artigos foi publicada a quase todo mês na revista Improvement Era, fornecendo possíveis respostas.


2.
Os trechos abaixo foram retirados do Manual do Aluno da Pérola de Grande Valor, pg. 28-29

Quem Foi Abraão e Quando Ele Viveu?
                Adão e Eva e a Queda (aproximadamente 4.000 a.C.), Enoque (aproximadamente 3.000 a.C.), Noé e o Dilúvio (aproximadamente 2.400 a.C.) e a torre de Babel (aproximadamente 2.200 a.C.) precederam a época de Abraão. Abraão, nascido por volta de 2000 a.C., foi pai de Isaque e avô de Jacó, cujo nome mais tarde foi mudado para Israel. (Ver Guia para Estudo das Escrituras, “cronologia”, pp. 49–52.)

Como a Igreja Recebeu o Livro de Abraão?
                Em 3 de julho de 1835, um homem chamado Michael Chandler levou quatro múmias egípcias e vários rolos de papiro contendo escritos do egípcio antigo para Kirtland, Ohio. As múmias e os papiros tinham sido descobertos no Egito, vários anos antes, por Antonio Lebolo. Kirtland era uma das muitas paradas da exposição das múmias que Chandler estava fazendo no Leste dos Estados Unidos. Chandler tinha colocado as múmias e os papiros à venda e, a pedido do Profeta Joseph Smith, vários membros da Igreja fizeram uma doação para adquirirem-nas. Em uma declaração de 5 de julho de 1835, Joseph Smith escreveu o seguinte a respeito da importância desses antigos escritos egípcios: “Comecei a tradução de alguns dos
caracteres hieroglíficos, e para minha grande alegria, descobri que os rolos continham escritos de Abraão (...). Verdadeiramente posso dizer que o Senhor está começando a revelar a abundância de paz e verdade”. (History of the Church, 2:236.)

Como o Profeta Traduziu os Antigos Escritos?
                O Profeta Joseph Smith não explicou seu método de traduzir esses registros. Como acontece com todas as outras escrituras, um testemunho da veracidade desses escritos é basicamente uma questão de fé. A maior evidência da veracidade do livro de Abraão não se encontra em uma análise de suas evidências físicas nem de seu fundo histórico, mas ao ponderar-se fervorosamente o seu conteúdo e poder.

Por Que o Profeta Joseph Smith Disse Ter Traduzido os Escritos de Abraão Se os Manuscritos Não Datam da Época de Abraão?
                Em 1966, onze fragmentos dos papiros que foram de propriedade do Profeta Joseph Smith foram descobertos no Metropolitan Museum of Art da cidade de Nova York. Eles foram dados à Igreja e analisados por estudiosos que os dataram entre 100 a.C. e 100 d.C. Uma objeção frequente à autenticidade do livro de Abraão baseia-se no fato de que os manuscritos não são suficientemente antigos para terem sido escritos por Abraão, que viveu quase dois mil anos antes de Cristo. Joseph Smith jamais declarou que os papiros tivessem sido escritos pelo próprio Abraão nem que fossem de sua época. É frequente referir-nos às obras de um autor
como “seus” escritos, quer ele os tenha escrito pessoalmente ou ditado a outros, quer tenham sido copiados por outros posteriormente.

O Que o Profeta Joseph Smith Fez com Sua Tradução?
                O livro de Abraão foi publicado originalmente em partes no Times and Seasons, uma revista da Igreja, a partir de março de 1842, em Nauvoo, Illinois. (Ver Introdução no início da Pérola de Grande Valor.) O Profeta Joseph Smith explicou que publicaria outras partes do livro de Abraão posteriormente, mas foi morto como mártir antes de poder fazê-lo. A respeito do possível tamanho da tradução completa, Oliver Cowdery disse certa vez que seriam necessários “volumes” para contê-la. (Ver Messenger and Advocate, dezembro de 1835, p. 236.) Além dos escritos hieroglíficos, o manuscrito também continha desenhos egípcios. Em 23 de fevereiro de 1842, o Profeta Joseph Smith pediu a Reuben Hedlock, um entalhador de madeira profissional e membro da Igreja, que preparasse uma xilogravura dos desenhos para que pudessem ser impressos. Hedlock terminou a xilogravura em uma semana, e Joseph Smith publicou os fac-símiles juntamente com o livro de Abraão. As explicações de Joseph Smith dos desenhos acompanham os fac-símiles.

O Que Aconteceu com as Múmias e os Papiros?
                Depois da morte do Profeta Joseph Smith, as quatro múmias e os papiros tornaram-se propriedade da mãe viúva de Joseph, Lucy Mack Smith. Quando Lucy morreu, em 1856, Emma Smith, a esposa do Profeta, vendeu a coleção ao Sr. A. Combs. Existem várias teorias sobre o que teria acontecido com as múmias e os papiros depois disso. Parece que pelo menos duas das múmias foram destruídas pelo fogo no grande incêndio de Chicago, em 1871. (Ver B. H. Roberts, New Witnesses for God, 3 vols., 1909–1911, 2:380–382.)
                No início da primavera de 1966, o Dr. Aziz S. Atiya, um professor da Universidade de Utah, descobriu vários fragmentos dos papiros do livro de Abraão, enquanto fazia uma pesquisa no Metropolitan Museum of Art na cidade de Nova York. Esses papiros foram presenteados à Igreja pelo diretor do museu, em 27 de novembro de 1967. O paradeiro atual das outras múmias e dos outros papiros é desconhecido. (Ver H. Donl Peterson, “Some Joseph Smith Papyri Rediscovered, 1967”, em Studies in Scripture, Volume Two, pp. 183–185.)

Qual É o Significado do Livro de Abraão?
                O livro de Abraão é uma evidência do chamado inspirado do Profeta Joseph Smith. Ele surgiu em uma época em que o estudo da língua e cultura do antigo Egito estava apenas começando. Os estudiosos do século XIX mal tinham acabado de começar a explorar o campo da egiptologia, mas sem nenhum estudo formal em línguas antigas e sem nenhum conhecimento do antigo Egito (com exceção de seu trabalho no Livro de Mórmon), Joseph Smith começou sua tradução dos antigos manuscritos. Seu conhecimento e capacidade foram-lhe concedidos pelo poder e dom de Deus, juntamente com sua determinação e fé. O livro de Abraão revela verdades do evangelho de Jesus Cristo que eram anteriormente desconhecidas pelos membros da Igreja na época de Joseph Smith. Ele também esclarece passagens difíceis encontradas em outros textos das escrituras.

Os Manuais citados podem ser encontrados aqui: http://institute.lds.org/manuals?lang=por

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom, irmão Lucas! Eu recomendo o seguinte site também:
http://historiamormon.org/992/papiros-egipcios-e-o-livro-de-abraao

Anônimo disse...

Eu recomendo esse outro site também: http://www.amai.jc.nom.br/livro_abraao.htm